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2- Poesia satírica
Gregório de Matos é amplamente conhecido por suas críticas à situação econômica da Bahia,
especialmente de Salvador chegando a fazer, inclusive, uma crítica ao então governador da Bahia Antônio
Luís da Câmara Coutinho. Além disso, faz duras críticas à Igreja e a religiosidade presente naquele
momento. Essa atitude de subversão por meio das palavras rendeu-lhe o apelido de "Boca do Inferno", por
satirizar seus desafetos.
Sua poesia pode ser considerada um exemplo muito peculiar de barroco brasileiro, visto que ele
abrasileirou esse estilo europeu, tropicalizando o léxico com termos indígenas, africanos, locuções
populares e gírias. ...
O “Boca do Inferno”, como era chamado, não perdoava ninguém: ricos e pobres, negros, brancos e
mulatos, padres, freiras, autoridades civis e religiosas, amigos e inimigos, todos, enfim, eram objeto de sua
“lira maldizente”.
O governador Câmara Coutinho, por exemplo, foi assim retratado:
“Nariz de embono
com tal sacada,
que entra na escada
duas horas primeiro
que seu dono.”
Análise principais poemas
1- Rompe o poeta com a primeira impaciência querendo declarar-se e temendo perder por ousado
No Poema Gregório fala sobre as diferenças sociais no mundo.” Neste Mundo é mais rico o que mais
rapa”, pensava o autor indignado com as diferenças que o mundo apresenta, e com as injustiças que o
mundo apresenta.
“Quem dinheiro tiver, pode ser Papa”, o autor critica que quem tem mais dinheiro pode ser o que quiser,
até mesmo um Papa, isto mostra o quão crítico o poeta se apresenta, contrário a esses tipos de injustiças.
O autor mostra que as diferenças fazem bem para um, mas ao mesmo tempo fazem mal para o outro.
O poeta faz uso de aliterações, principalmente da última estrofe.
O primeiro verso da última estrofe sugere que o poeta, ao utilizar ...vazo a tripa, significa não se importar,
ou seja, numa linguagem chula e atual “estava cagando” para os corruptos, pois vazar a tripa é defecar.
Há a presença de hipérbatos – “Com sua língua, ao nobre o vil decepa”- O vil decepa, com sua língua, o
nobre.
O poeta faz uso do cultismo pois explora, de modo excessivo, a linguagem abstrata e metafórica.
O último verso do soneto temos a aplicação cômico do processo da disseminação e recolha: o poeta
reagrupa as rimas usadas ao longo das estrofes. Pode-se pensar, também, no caráter onomatopaico
desses sufixos, que sugerem o som dos excretos caindo.
A linguagem adotada pelo poeta é satírica, portanto, também agressiva. Com um vocabulário chulo
–no qual são encontrados termos como “chupa”, “tripa” e “patife” que contém somente artigos definidos, tudo é bem
claro e determinado, não ficando nas entrelinhas a quem o ataque dirige-se, fazendo com que o poemaseja curto e
grosso, sem cuidados ou delicadezas.
09- Desenganos da vida humana metaforicamente
O soneto filosófico/reflexivo em metáforas. O que quer dizer com desenganos da vida humana? Desengano significa
desilusão, a vaidade é um desses desenganos, esse desejo de ser admirado, mas com a mesma rapidez que surge,
esvai-se como a vida com sua finitude. A efemeridade e a finitude da vida permeiam o soneto e levam a um
questionamento, de que vale ser vaidoso, se a morte é inexorável ?
É no trinômio efêmero: rosa, planta e nau (metáforas da vaidade) que o poema se desenvolve. E também que o
poeta explica a Fábio o que é a vaidade. Afirma que ela é rosa (primeiro quarteto), que é planta (segundo quarteto) e
que é nau (primeiro terceto).
Mas vejam o ambiente dessa rosa, está desabrochando, é real, enquanto que a vaidade é a beleza aparente que
seduz, brilha como púrpura, mas tem um efeito passageiro.
A vaidade é planta, e por ser primavera sua aparência é mais viçosa. Assim, a vaidade é esplendor que se exibe pela
vida com orgulho, mas que sempre tem um fim próximo.
Mas quando ele afirma que ela é nau, quer mostrar que o ser humano vaidoso embora tenha a presunção da
perpetuidade, valoriza os brilhos exteriores, porém efêmeros.
(Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?) Vejam que há uma inversão na ordem dos termos que eram rosa, planta e
nau, o que pode indicar um desejo de renascimento. O soneto acaba com um ponto de interrogação levando o leitor
a buscar a compreensão do poema. Entretanto, resume os acontecimentos: penha indicando o naufrágio do navio,
ferro o corte da planta, e tarde o murchar da rosa (durante o dia está em todo o seu esplendor, brilhando como o sol)
ratificando a efemeridade da vida dos seres.
Esse soneto permeado de metáforas deixa um questionamento real. O que quero para minha vida? O que de fato
preencherá minha alma e alimentará meu espírito?
10- Ao casamento de Pedro Álvares da Neiva
Sete anos a nobreza da Bahia
Servia a uma pastora indiana e bela,
Porém servia a Índia, e não a ela,
Que a Índia só por prémio pretendia.
O poeta mais uma vez está exibindo seus preconceitos, irá ridicularizar a mulher indiana,
fazendo paródia do famoso soneto de Camões, inspirado na Bíblia, que se inicia assim: “Sete
anos de pastor de Jacó servia/Labão, pai de Rachel, serrana bela...” O conhecimento de
Camões é determinante para entender a paródia da forma lírica, não a agressão satírica. O
tema do poema versa sobre a “limpeza do sangue” e boatos sobre o Frei Tomás e o noivo,
Pedro Álvares de Neiva; e a degradação da noiva, de “sujo sangue”
No primeiro terceiro, Dona Elvira é provável alusão a uma senhora fidalga da época. O nome
feminino contrastará com o de Rachel e de Lia, nomes bíblicos, presentes em Camões,
distante da realidade social baiana. Ainda nesse terceto, encontramos o verso “quase a
golpes de um maço e de uma goiva”, onde maço é uma espécie de martelo e goiva uma
espécie de formão, instrumentos usados por carpinteiros e escultores
SETE ANOS DE PASTOR JACÓ SERVIA