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Introdução:
Neste contexto, é crucial destacar que a busca pela simplicidade no Arcadismo não
é uma jornada linear, mas sim um trajeto sinuoso que atravessa os extremos das emoções
humanas. A exaltação da beleza natural no primeiro poema é complementada pela imersão
nas profundezas do Sublime no segundo, formando um diálogo rico entre o êxtase e o
terror. Assim, esta análise propõe desvendar não apenas as divergências aparentes, mas
também as conexões intrínsecas que existem entre essas perspectivas opostas,
proporcionando uma compreensão mais holística do papel da natureza como musa e
espelho das complexidades humanas no âmbito arcádico.
Desenvolvimento:
Por mais que os poemas se distingam em algumas partes, existem também algumas
semelhanças entre eles, como a idealização da natureza em que ambos os poemas
celebram a natureza como um refúgio puro e intocado, destacando elementos como
campos, flores e rios de maneira idealizada. Outro exemplo de semelhança está no fato de
que os dois poemas incorporam elementos clássicos, como personificação de elementos
naturais e referências a ventos, associando-se à estética greco-latina. Podemos citar
também que ambos os poemas fazem uma crítica à sociedade urbana, crítica à
artificialidade da sociedade urbana, destacando a preferência por uma vida simples e em
comunhão com a natureza.
Ambos os textos têm suas semelhanças, como citado acima, porém se diferem em
diversas características, como a tonalidade emocional, o primeiro poema, mediante uma
tonalidade mais leve e exuberante, abraça uma atmosfera de celebração, onde a Primavera
é personificada como "a mãe das flores," evocando uma sensação de renovação e alegria.
O convite à amada para compartilhar a beleza dos campos e árvores transmite uma
serenidade e amor pela natureza, como podemos ver nos versos: "A fértil Primavera, a mãe
das flores / O prado ameno de boninas veste.” Em contraste, o segundo poema assume
uma tonalidade mais sombria e melancólica ao descrever uma cena noturna e tempestuosa.
O uso de termos como "medonha", "irado" e "fereza" contribui para uma atmosfera de
intensidade emocional, mergulhando o leitor em um estado de inquietação e tristeza, vemos
isso nos seguintes versos: "Desfeito em furacões o vento irado; / Pelos ares zunindo a solta
areia.".
Conclusão:
Assim, concluímos que o Arcadismo não é uma moldura estática, mas sim um
cenário fluido onde as dualidades se entrelaçam, proporcionando ao leitor uma experiência
multifacetada. Nesse universo, a natureza é tanto um Éden luminoso quanto uma
tempestade enigmática, e as emoções humanas transcendem a simples alegria para
abraçar as profundezas da tristeza. Em última análise, essa exploração revela que, dentro
do movimento arcáde, a diversidade de perspectivas e a capacidade de harmonizar
dualidades constituem um aspecto intrínseco que enriquece a compreensão e apreciação
dessa expressão literária.
Referências: