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Camões produziu poemas nas duas vertentes que vigoravam no seu tempo,
a medieval/tradicional, expressa na “medida velha” (redondilhas), e a
clássica/renascentista, expressa pela “medida nova”, subdividida em lírica e
épica (“Os Lusíadas”).
Surgiu a ideia para escrever a sua epopeia “Os Lusíadas” que tem como
tema central a expedição de Vasco da Gama à Índia
Lendas contam que Camões terá sofrido um naufrágio quando navegava
no rio Mecong (Ásia), e terá nadado para salvar o seu grande poema
épico
Em 1563, foi nomeado Provedor dos Defuntos, em Macau
Lusíadas publicado em 1572
Dedicatória: Rei D. Sebastião (que morreu ainda muito jovem na
batalha de Alcácer Quivir)
Rei D. Sebastião atribuiu-lhe uma pensão 15 000 réis anuais, em
recompensa dos serviços prestados.
Faleceu, em Lisboa, a 10 de junho de 1580
O poeta terá amado várias mulheres, incluindo a sua amada chinesa,
Dinamene
Os Lusíadas só foi publicado em 1595, cerca de quinze anos após a sua
morte por Fernão Rodrigues Lobo, e não teve responsabilidade pela
organização das suas rimas.
Corrente tradicional
MEDida velha (de influência da poesia tradicional, como a
trovadoresca e palaciana)
Poesia lírica tradicional, composta em verso de 4 ou de 7 sílabas
(redondilha maior), existente nos cancioneiros peninsulares ao longo do
séc. XV e XVI.
É possível organizar a poesia tradicional de Camões em: tópicos de
circunstância; o desconcerto do mundo; o desengano e o amor.
Corrente renascentista
MEDIDA NOVA
A maior parte da lírica camoniana é escrita em medida nova.
Poesia de influência renascentista, nomeadamente de Dante e
Petrarca.
Algumas composições poéticas: sonetos, odes, canções, éclogas.
Do ponto de vista temático, em sonetos como noutras composições,
Camões aborda temas de natureza sentimental- (amor platónico) o
Amor e as suas contradições, a mulher amada e os seus efeitos sobre
o sujeito lírico, o descontento sentimental que provoca no mesmo
(desconcerto do mundo), a Natureza e a relação som o sujeito lírico e
os sentimentos dos amantes, a mudança e a mulher petrarquista.
A representação da amada
Leva na cabeça o pote
Vilancete onde o poeta faz uma descrição da mulher amada (mulher típica da
aldeia/donzela, de pele clara e cabelos claros).
Refrão: Lianor vai para a fonte insegura, pois a sua fermosura atraía vários
homens, o que a deixava desconfortável.
Tema: representação da amada.
Caracterização psicológica: Lianor, apaixonada pelo seu amado, e de quem não tem notícias,
demonstra-se saudosa (“Posto o pensamento nele” e “eram suspiros por ele”) e encontra-se num grande
sofrimento (“Olhai que extremos de dor!” e “mais pesada sente a dor”).
Os três versos que antecedem a exclamação final apresentam a causa da dor e sofrimento presente na
exclamação (as amigas deram más notícias de seu amado).
A verdura amena
“gados, que paceis”- apóstrofe (indica o remetente do sujeito lírico que beneficia dos efeitos
transformadores de Helena).
“Faz serras floridas/ faz claras as fontes” – enfatiza o poder transformador do olhar de Helena.
1ª volta: Os gados que pastam nos campos verdes, cuja verdura se deve ao olhar de Helena.
O poeta realça a beleza de Helena com recurso a adjetivos, verbos no presente do indicativo “os ventos
serena” e “corações prende” para tornar mais real e viva a presença dos olhos de Helena. E ainda
utiliza formas verbais no futuro do indicativo ”nascerão abrolhos” para exprimir os efeitos do
afastamento dos seus olhos.
Análise forma: Trata-se de um vilancete, uma vez que é constituído por um mote de três versos e
voltas de sete versos. Quanto à métrica é constituído por redondilhas menores.
Aquela Cativa
Entre os versos 7-14, estão presentes várias comparações de Bárbora com elementos da Natureza que
servem para enaltecer as suas qualidades – a beleza da cativa supera a beleza da Natureza.
Retrato físico da cativa: bela “fermosa”, com um rosto invulgar “Rosto singular”, cabelos e olhos
pretos “olhos sossegados, pretos” “Pretos os cabelos”, e com um tom de pele negro “Pretidão de
Amor”.
O seu retrato físico não se encaixa com o estereotipo/ideal da mulher de Petrarca (mulher de pele
alva, olhos e cabelos claros). Nesta composição poética, Camões retrata uma imagem realista da
amada e não uma imagem petrarquista.
Análise Formal: Endecha constituída por 5 oitavas com versos em redondilha menor (5 sílabas
métricas).
Vv 27-30 – até a neve queria ser negra
“Presença serena/ que a tormenta amansa” – hipérbole
“nela enfim descansa/ toda a minha pena” – sofrimento do poeta
No último verso da quarta volta há um trocadilho com a palavra ”bárbora” (nome Bárbora com
adjetivo bárboro – selvagem – intensifica o seu carácter doce).