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O maior representante do arcadismo e precursor do romantismo foi Bocage.

Notabilizou-se por
sua poesia satírica, erótica e pornográfica, que confrontou a sociedade e costumes da época.
Elmano Sadino como era conhecido, satirizava a igreja e por isso, foi perseguido e preso pela
inquisição e teve que levar uma vida mais regrada após isso. A semelhança de expressão de
pensamento e sentimento da lírica camoniana e de Bocage são discutidas por Camões ter sido
sua maior fonte de inspiração em obras.
Analisando o poema “Ó retrato da morte, ó Noite amiga”, percebe-se que é predominante o
sentimento e a emoção com ênfase no desespero íntimo. Por exemplo na substituição do "locus
amoenus" (lugar ameno) por "locus horrendus" (lugar horrível) nas seguintes expressões:
"escuridão", "medonha sociedade", expressões estas que fazem estreita relação com seu impulso
para a solidão, que o levou a escolher lugares ermos e a preferir a paisagem noturna. Exemplos
disso são: "Ó noite amiga por cuja escuridão suspiro há tanto". Tal passagem nos mostra com
clareza sua preferência pelo ambiente noturno, pela solidão.
O arrebatamento e o senso de auto-dilaceração demonstram o quanto sua poesia antecipa a
atmosfera lúgubre e noturna dos ultra-românticos. Também o uso dos vocativos - "ó retrato"; "ó
noite", "ó cortesãos" - extrapola o equilíbrio e a contenção próprias de um texto neoclássico.
No soneto “À Mesma” , Bocage fala sobre os prazeres vividos pelos amantes em um cenário
acolhedor diferentemente do analisado anteriormente. Uma declaração exagerada de amor, como
no último verso ele descreve a morte da paixão. A presença da natureza como descrição de
emoções e comparações é uma característica forte do arcadismo, como no primeiro verso: “Se é
doce no recente, ameno Estio, Ver toucar-se a manhã de etéreas flores.”
Os dois poemas se distinguem em seu conteúdo mas não de sua forma. Enquanto o primeiro é
descrito como pessimista, o outro é otimista e romantizado. Ambos contam com elementos da
natureza para expressar sua emoção do momento, além do exagero que está presente do começo
ao fim dos sonetos.

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