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Charles Baudelaire foi um dos precursores do Simbolismo francês do séc. XIX..

Considerado o último
romântico por entregar-se a uma vida boêmia ao mesmo tempo que iniciava uma nova perspectiva
estética por meio de seus poemas, sendo o primeiro poeta a falar abertamente sobre os efeito
alucinógeno dos psicotrópicos ao qual denominava de paraísos artificiais. A publicação de seu livro “ As
flores do mal” foi cercada de polêmicas. Apesar de ser considerado proibido na França até 1924 por ser
considerado imoral, seu livro continuava a ser vendido clandestinamente. Sua inovação estética,
fundamental para a poesia moderna e para toda a literatura ocidental, é direcionada às reflexões
subjetivas oriundas das observações do comportamento da sociedade da época tendo como mote o
pessimismo, a angústia existencial e à negação aos exageros românticos. Seus poemas tem como
características atribuir feições racionais ao subjetivo, revestindo corporeamente por meio da linguagem
suas impressões de forma sinestésica e metafórica. Ou seja, sua relevância reside na racionalização da
paixão como representação linguística da tensão cósmica entre estas forças (paixão e razão) pois tais
contrários e sua consequente harmonização é essencial para a vida, sendo a linguagem um reflexo deste
fenômeno tanto estética quanto tematicamente por meio de símbolos (metáforas) e da estética rítmica
do poema. Tais características são atestadas pelo poema abaixo.

Chagas de amor

Esta luz, este fogo que devora.

Esta paisagem gris que me rodeia.

Esta dor por uma só ideia

Esta angústia de céu, mundo e hora.

Este pranto de sangue que decora

lira já sem pulso, lúbrica teia.

Este peso do mar que me golpeia

Esta lacraia que em meu peito mora.

São grinaldas de amor, cama de ferido,

onde sem sono, sonho tua presença

entre as ruínas de meu peito oprimido.

E ainda que busque o cume da prudência,

me dá teu coração vale estendido

com cicuta e paixão de amarga ciência.


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