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Separação do material dos grupos sobre a Escola Nova

Escola Nova - Grupo 1: trechos da introdução do artigo de José Romulo

Escola Nova - Grupo 2: trechos do tópico “Os Fundamentos da Escola Nova” do artigo de José Romulo

Escola Nova - Grupo 3: trechos da sobre o movimento renovador do livro de Otaíza de Oliveira Romanelli

Escola Nova - Grupo 4: trechos sobre as reformas e o dualismo do sistema educacional do livro de Otaíza
de Oliveira Romanelli

Escola Nova - Grupo 5: trechos sobre a situação do ensino alguns anos depois do livro de Otaíza de
Oliveira Romanelli
Escola Nova - Grupo 1: trabalhar trechos selecionados da introdução do artigo de José Romulo

o movimento escolanovista surgiu nas últimas décadas do século XIX, na Europa, por meio de
experiências isoladas e de um confronto crítico com a escola tradicional.

uma revisão crítica dos meios ou recursos tradicionais do ensino, admitindo-se como função geral do
processo educativo o desenvolvimento individual de capacidades e aptidões.

Segundo Ghiraldelli Jr. (1994), os ideais da Escola Nova tomaram força no Brasil, na década de 1920,
período em que dominava uma Pedagogia Tradicional, que tinha como opositora a Pedagogia Libertária,
proposta de setores populares e/ou anarco-sindicalistas.

Pedagogia Tradicional, defendida principalmente pela Igreja Católica.

Para este autor, o grande empreendimento propiciado pelo escolanovismo foi a realização das citadas
reformas estaduais, e seu maior mérito, o fato dessa proposta ter se apresentado como um pensamento
educacional completo já que "...compreendia uma política educacional, uma teoria da educação e uma
organização escolar e metodologia próprias." (Idem p.26)

Tal clima de mudança exigia, segundo Lourenço Filho (1978), transformações na educação, pois esta
precisava acompanhar o desenvolvimento advindo da nova realidade econômica e social do país.

a influência do referencial teórico norte-americano, especialmente de autores da linha pragmatista,


como John Dewey e William Kilpatrick, havia sido marcante.

a teoria da educação mais conseqüente para a realidade brasileira

manifestos da Educação Nova de 1932 ("Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova") e de 1959 ("Ao
Povo e ao Governo") -> a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

várias reformas educacionais realizadas sob a direção de respeitados teóricos desta linha, como

- Sampaio Dória (1920), em São Paulo;

- Lourenço Filho (1923), no Ceará; <- permaneceu a serviço do regime

- Anísio Teixeira (1924), na Bahia; <- democrata incômodo ao regime

- e Fernando de Azevedo (1928), no Distrito Federal, <- postura conciliadora ao regimo

Para Saviani (1983, p.36), a Escola Nova se prolonga no tecnicismo, com as devidas adaptações, através
da corrente que o autor denomina de "liberal-pragmatismo" da qual cita como membro o professor
Valnir Chagas, assumido continuador do movimento renovador e defensor da escola única, embora
tenha servido à ditadura militar instalada no país a partir de 1964.

Para Ghiraldelli Jr. (1994, p.200), a Pedagogia Nova se manteve nas décadas de 1960, 1970 e 1980, como
uma espécie de Escola Nova Popular", que é como o autor entende a Pedagogia Libertadora de Paulo
Freire, bastante divulgada na metodologia das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) e entre outros
grupos ligados à educação popular.

O fracasso do tecnicismo, apesar do aparato político-ideológico-repressivo oficial que o sustentava, pode


ser identificado na falta de recursos humanos e materiais para efetivação desta pedagogia, como na
rejeição da mesma por parte o magistério, já que, segundo Saviani (1997), os professores trabalhavam
sob condições materiais tradicionais e mantinham em suas cabeças ideário escolanovista.
Escola Nova - Grupo 2: trechos do tópico “Os Fundamentos da Escola Nova” do artigo de José Romulo

entender o fascínio pela Escola Nova e seu poder de permanência como ideário pedagógico junto aos
professores

A democracia nesta concepção, portanto, é baseada no liberalismo político, além de apoiar-se no


liberalismo econômico, contanto que a escola não seja vista como empresa e que o Estado assuma suas
responsabilidades com a educação.

Criticaram de forma veemente o autoritarismo da escola tradicional, que centralizava suas ações na
figura do professor e não permitia ao aluno livre manifestação. Pregavam que os interesses, as
necessidades e os sentimentos dos alunos fossem o ponto de partida do processo educativo.

A escola, como comunidade artificial, prepararia os educandos para o exercício democrático do poder
em níveis macro-sociais e para corrigir as disfunções do organismo social, como pobreza, alcoolismo,
banditismo, etc.

O professor seria um profundo conhecedor da psicologia evolutiva e da psicologia da aprendizagem para


saber agir como orientador ou facilitador.

A fundamentação teórica escolanovista baseava-se em autores de reconhecimento mundial, com


destaque não só na Educação, como na Sociologia, na Filosofia, e na Psicologia.

Rousseau

- concepção de sociedade, moldada no Contrato Social e na sociedade democrática,

- obra Emílio ou Da educação

- Influenciou muitos escolanovistas, também com a crença na bondade natural da criança, o que
reforçou em ambos o viés espontaneísta. São ainda comuns a Rousseau e à Escola Nova a crítica ao
inatismo e a valorização da experiência.

Durkheim

- a crise da escola tradicional como resultado da crise moral da sociedade, na qual a consciência coletiva
não conseguia acompanhar as grandes mudanças ocorridas, nem introjetar as novas normas ou códigos
morais necessários à coesão social, produzindo, assim, um estado de anemia 6

- como escola da ciência e da pesquisa

6 Em Durkheirn, esse termo tem sentido de ausência de leis ou regras que regulem comportamento
individual e coletivo.

John Dewey

- união entre educação e trabalho, através da escola ativa

- sinal de crescimento de sua indústria e comércio

- pragmatismo como fundamento filosófico


o pensamento e a ação devem formar um todo indivisível, o que implica tratar qualquer formulação
teórica como hipótese ativa que careça de demonstração em situação própria de vida

o pragmatismo buscou um tipo de educação que unisse ação e pensamento, por meio de mediação da
atividade do trabalho: "...o ensino se tem de fazer pelo trabalho e pela ação, e não somente pelas
palavras e pela exposição, como outrora, quando o conhecimento racional era de natureza especulativa
e destinado à contemplação do mundo" (TEIXEIRA, 1994, p.45).
Escola Nova - Grupo 3: tópico sobre o movimento renovador do livro de Otaíza de Oliveira Romanelli
“História da Educação no Brasil (1930 - 1973)”

Entre 1909 e 1924

- em 1924 -> um grupo de educadores brasileiros cria a Associação Brasileira de Educação (ABE)

- vários livros sobre a “Escola Nova” no Brasil, resultado da influência das ideias então vigentes nos
Estados Unidos e na Europa

- as reformas estaduais de ensino

Em 1932 -> “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nacional”

Que é que caracterizava, precisamente, esse movimento? Para servir-nos das palavras de um de seus
líderes, Fernando Azevedo, diremos que “nesse período crítico, profundamente conturbado, mas
renovador e fecundo, que sucedera a um longo período orgânico, de domínio da tradição e de ideias
estabelecidas, a vida educacional e cultural do país caracterizou-se pela fragmentação do pensamento
pedagógico, a princípio, numa dualidade de correntes e, depois, numa pluralidade e confusão de
doutrinas, que mal se encobriam sob a denominação genérica de “Educação Nova” ou de “Escola Nova”,
suscetível de acepções muito diversas” - AZEVEDO, Fernando. A cultura brasileira, vol. 111, p. 179.

Conferências Nacionais de Educação

- realizadas pela ABE representavam o confronto de duas correntes opostas: a dos reformadores, que se
batiam pelos princípios acima citados, e a do grupo chefiado pelos católicos, que viam na interferência
do Estado um perigo de monopólio e na laicidade e coeducação uma afronta aos princípios da educação
católica.

As lutas ideológicas e o “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”

Constituição de 1891, ainda em vigor até 1934: “Será leigo o ensino ministrado nos estabelecimentos
públicos”.

Constituição de 1934: “O ensino religioso será de frequência facultativa, e ministrado de acordo com os
princípios da confissão religiosa do aluno manifestada pelos pais ou responsáveis e constituirá matéria
dos horários nas escolas públicas primárias, secundárias, profissionais e normais”.

Constituição de 1937: “O ensino religioso poderá ser contemplado com matéria de curso ordinário das
escolas primárias, normais e secundárias. Não poderá, porém, constituir objeto de obrigação dos
mestres ou professores, nem de frequência compulsória por parte dos alunos”.

Além da laicidade, o movimento renovador reivindicava a institucionalização da escola pública e sua


expansão, assim como a igualdade de direitos dos dois sexos à educação. Estes três aspectos – laicidade,
obrigatoriedade do Estado de assumir a função educadora e a coeducação – constituíram o pomo da
discórdia entre os educadores

As classes médias em ascensão reivindicavam o ensino médio, e as camadas populares, o ensino


primário. Daí por que o movimento renovador compreendeu que havia chegado a hora de o Estado
assumir o controle da educação e que, portanto, esta deveria ser gratuita e obrigatória, dadas as
necessidades da nova ordem econômica em implantação.
A campanha em torno da escola pública foi uma campanha que, crescendo de intensidade na época,
visava, antes de tudo, à concretização de um dos princípios máximos do movimento: o do direito de
todos à educação. Entendiam os reformadores que esse direito só poderia ser garantido, na sociedade
de classes em que vivíamos, se o Estado assegurasse às camadas menos favorecidas o mínimo de
educação compatível com o nível do desenvolvimento então alcançado. Daí a razão pela qual o ensino,
sem se tornar monopólio do Estado, deveria ser também público e gratuito. Como ensino ministrado
pelo Estado, numa sociedade heterogênea, ele só poderia ser leigo, a fim de garantir aos educandos o
respeito à sua personalidade e confissão religiosa e a fim de evitar que a escola se transformasse em
instrumento de propaganda de doutrinação religiosa. Por fim, entendiam os reformadores que o direito
de todos significava a igualdade de direito do homem e da mulher às mesmas oportunidades educativas.
Entendiam também que as diferenças que pudessem existir, quanto à ação pedagógica, só poderiam
advir das naturais diferenças psicológicas dos indivíduos, seus interesses e aptidões. Essas diferenças,
segundo as descobertas da ciência, não advinham da diferença de sexos.

Se, porém, ao movimento renovador não faltava consistência, já que ele conseguira, de alguma sorte,
implantar reformas educacionais em alguns Estados, ele se mostrava, contudo, bastante confuso, no
campo teórico. As mais diversas doutrinas sobre educação se misturavam, sem objetividade.

Foi então que os líderes desse movimento resolveram precisar seus princípios e torná-los públicos,
através do “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”, publicado em 1932

a inclusão do ensino religioso em caráter facultativo, nas duas Constituições, é o resultado prático dessa
luta.
Escola Nova - Grupo 4: as reformas e o dualismo do sistema educacional

A primeira coisa que precisa ser definida, para melhor compreensão de todo o problema do dualismo
educacional, é a posição das camadas sociais em face da oferta de educação.

Como o ensino de formação demandava o mesmo tempo necessário ao ensino secundário e como este
era o ramo que “classificava”, não restava dúvida de que a maioria da população, que podia permanecer
na escola o tempo necessário à conclusão do ensino médio, procurava aquele ramo do ensino, de
preferência ao ensino profissional de formação. Mesmo assim, as camadas que procuravam este o
faziam somente quando, por suas condições financeiras, podiam permanecer o tempo indispensável à
conclusão dos cursos, isto é, se não precisassem trabalhar de imediato.

O mesmo já não se dava com a população que procurava as escolas de aprendizagem, na sua maioria
mantidas pelo Senai e pelo Senac. Tratava-se de uma população que tinha urgência de preparar-se para
o exercício de um ofício. Em se tratando de pré-adolescentes, a população que procurava as escolas de
aprendizagem era a população que precisava começar a trabalhar mais cedo, portanto, não podia
frequentar as escolas do sistema oficial. Em se tratando de adolescentes e jovens, a população que
procurava preparo era a população que já estava empregada havia mais tempo, portanto, também fora
do sistema escolar oficial, e exigindo qualificação para o trabalho, a fim de obter melhor remuneração. É
preciso não esquecer, por outro lado, que as escolas do Senai e do Senac eram as únicas nas quais os
alunos eram pagos para estudar, o que funcionava como um grande atrativo para as populações pobres.

Desta forma, pois, as escolas de aprendizagem acabaram por transformar-se, ao lado das escolas
primárias, em escolas das camadas populares. Como aquelas passaram a ser, na sua maioria, mantidas
pelo Senai e pelo Senac e, portanto, ligadas ao chamado sistema “paralelo” de ensino profissional e,
como o ensino profissional oficial tinha uma matrícula sensivelmente inferior à do sistema paralelo,
tornou-se evidente que o sistema oficial de ensino, em seus ramos secundário e superior, continuou
sendo o sistema das elites, ou, ao menos, das classes médias e altas, enquanto o sistema “paralelo” de
ensino profissional, ao lado das escolas primárias, passou a ser mais acentuadamente o sistema
educacional das camadas populares.

Isso, evidentemente, transformava o sistema educacional, de modo geral, em um sistema de


discriminação social.
Escola Nova – Grupo 5: situação do ensino alguns anos depois

Analisando o problema da educação popular no Brasil, escrevia Florestan Fernandes, na época, que “Os
países subdesenvolvidos são, também, os que mais dependem da educação como fator social
construtivo. Tais países precisam da educação para mobilizar o elemento humano e inseri-lo no sistema
de produção nacional; precisam da educação para alargar o horizonte cultural do homem, adaptando-o
ao presente e a uma complicada trama de aspirações, que dão sentido e continuidade às tendências de
desenvolvimento econômico e de progresso social; e precisam da educação para formar novos tipos de
personalidade, fomentar novos estilos de vida e incentivar novas formas de relações sociais, requeridos
ou impostos pela gradual expansão da ordem social democrática. Todavia esses países não encontram,
na situação sociocultural herdada, condições que favoreçam quer uma boa compreensão dos fins, quer
uma boa escolha dos meios para atingi-los. Mesmo os recursos materiais, humanos e técnicos,
mobilizados efetivamente, acabam sendo explorados de maneira extensamente irracional e
improdutiva” - FERNANDES, Florestan. Educação e sociedade no Brasil, p. 351.

Se a maior parte da população que ela atinge pertence às camadas menos favorecidas e se sabe que as
condições econômicas dessas camadas as colocam em situação desvantajosa, para competir no esquema
seletivo do nosso ensino, e ainda se um mínimo de eficácia na educação elementar precisa ser
assegurada, cabe indagar também se não seria justo e mais produtivo que, ao invés de o governo
distribuir bolsas de estudos a “alunos pobres”, para pagarem colégios particulares, fossem essas bolsas
convertidas num fundo de assistência ou mesmo em bolsas de manutenção (alimentação, vestuário,
transporte e material escolar, por exemplo), para os alunos pobres das escolas públicas. Assim, a bolsa
de estudos iria beneficiar diretamente o aluno.

4.8. A legislação escolar e suas relações com o contexto sociopolítico

Em primeiro lugar, cremos poder tranquilamente afirmar que a organização da educação em


determinada sociedade é, antes de tudo, um problema de ordem política. Essa afirmação decorre do
fato de que a organização se faz através da legislação, e esta, votada pelo legislativo ou apenas decretada
pelo executivo, depende sempre do poder real de quem a vota ou decreta e da representação própria
desse poder e emanada das camadas sociais existentes. Enfim, a legislação é sempre o resultado da
proposição dos interesses das classes representadas no poder.

Disso resultou que a vitória dos antidemocratas e conservadores, sendo mais constante, colocou os
destinos da educação, sua expansão e rumos sob controle desses grupos.

Assim sendo, parece-nos lícito afirmar, mais uma vez, que a manutenção do atraso da escola em relação
à ordem econômica e à ordem social, longe de ser uma contradição de fato, era uma decorrência da
forma como se organizava o poder e, portanto, servia aos interesses dos grupos nele mais notavelmente
representados.

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