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Introdução

O pensamento educacional brasileiro é resultado de uma história complexa e diversa,


influenciada por diversos movimentos pedagógicos que surgiram ao longo do tempo.
Esses movimentos, também chamados de correntes pedagógicas, foram desenvolvidos
em diferentes contextos históricos, políticos e sociais, e influenciaram diretamente a
maneira como a educação é pensada e praticada no Brasil.

Neste texto, faremos uma análise das principais correntes pedagógicas que
influenciaram o pensamento educacional brasileiro, desde o período colonial até os dias
atuais. Para isso, abordaremos as principais características de cada corrente, bem como
suas influências e críticas.

Período colonial

Durante o período colonial, a educação no Brasil era voltada para a formação de clérigos
e destinada apenas a uma elite econômica e social. As escolas eram controladas pela
igreja e a educação tinha como objetivo principal a formação de padres e missionários.

Nesse contexto, a pedagogia jesuítica foi a principal corrente pedagógica a influenciar a


educação no Brasil. Os jesuítas utilizavam métodos educativos que visavam formar
indivíduos moralmente corretos, obedientes e fiéis à igreja católica. A educação era
baseada em preceitos religiosos e na memorização de conteúdos.

Essa corrente pedagógica foi criticada por alguns intelectuais brasileiros, como o padre
Antonio Vieira, que argumentava que os jesuítas estavam mais interessados em manter
o poder da igreja do que em formar indivíduos críticos e autônomos.

Período imperial

No período imperial, a educação começou a se expandir, mas ainda era destinada


apenas a uma elite. A influência da pedagogia jesuítica ainda era muito forte, mas
começavam a surgir novas correntes pedagógicas.

Uma dessas correntes foi o positivismo, que defendia a ideia de que a educação deveria
estar voltada para a formação de cidadãos úteis e produtivos, capazes de contribuir para
o desenvolvimento do país. Os positivistas pregavam a disciplina, a ordem e a
valorização da ciência e da tecnologia.

Essa corrente pedagógica foi criticada por intelectuais como Joaquim Nabuco, que
argumentava que o positivismo estava mais preocupado em formar indivíduos
submissos e conformados com a ordem estabelecida do que em desenvolver a crítica e
a reflexão.

Período republicano
Com a proclamação da república, em 1889, a educação passou a ser vista como um
instrumento para o desenvolvimento do país e para a construção de uma sociedade
mais justa e igualitária. Nesse contexto, surgiram novas correntes pedagógicas, como o
escolanovismo e o marxismo.

O escolanovismo, que teve grande influência na educação brasileira durante as décadas


de 1920 e 1930, defendia a ideia de que a educação deveria estar voltada para o
desenvolvimento integral do indivíduo, levando em conta suas características
individuais e sociais.

Pedagogia Tradicional
A pedagogia tradicional teve seu auge no Brasil no final do século XIX e início do século
XX. Baseada na ideia de que a educação deve transmitir conhecimentos prontos e
acabados aos alunos, essa corrente pedagógica tinha como objetivo preparar os
estudantes para o mercado de trabalho.

Nessa perspectiva, o papel do professor era o de transmissor de conhecimento,


enquanto o aluno era visto como um receptáculo passivo de informações. O método de
ensino utilizado era o da repetição, em que os alunos repetiam mecanicamente o que
era ensinado pelo professor.

A pedagogia tradicional teve grande influência no pensamento educacional brasileiro,


especialmente na educação básica. Durante muito tempo, essa corrente pedagógica foi
a dominante no país, o que contribuiu para a reprodução de um sistema educacional
hierarquizado e excludente.

Escola Nova
A Escola Nova foi uma corrente pedagógica que surgiu no final do século XIX e se
consolidou no início do século XX. Essa corrente tinha como objetivo reformar a
educação, tornando-a mais democrática e inclusiva.

Diferentemente da pedagogia tradicional, a Escola Nova valorizava a experiência e a


participação do aluno no processo de aprendizagem. Nessa perspectiva, o papel do
professor era o de orientador e facilitador do processo educativo.

A Escola Nova teve grande influência no pensamento educacional brasileiro,


especialmente na década de 1920. A partir desse período, a educação brasileira
começou a passar por uma série de mudanças, com a criação de escolas experimentais
e a adoção de métodos pedagógicos mais participativos.

Pedagogia Tecnicista
A pedagogia tecnicista surgiu na década de 1960, durante a ditadura militar. Essa
corrente pedagógica tinha como objetivo preparar os alunos para o mercado de
trabalho, enfatizando o desenvolvimento de habilidades técnicas e comportamentais.

Nessa perspectiva, o papel do professor era o de facilitador do processo de


aprendizagem, enquanto o aluno era visto como um sujeito ativo e participante do
processo. O método de ensino utilizado era o da programação, em que os objetivos
educacionais eram definidos previamente e o aluno era avaliado a partir do alcance
desses objetivos.

A pedagogia tecnicista teve grande influência no pensamento educacional brasileiro


durante a ditadura militar. Durante esse período, a educação foi vista como um
instrumento de controle social e de preparação para o mercado de trabalho, o que
contribuiu para a reprodução de um sistema educacional excludente e desigual.

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