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Dessa forma, no Brasil, a escola graduada de ensino primário, com múltiplas salas
de aula, várias classes e alunos, e diversos professores, apareceu pela primeira vez no
ensino público do Estado de São Paulo na década de 1890. No entanto, essa modalidade
não foi rigorosamente discutida entre educadores, intelectuais e políticos nas últimas
décadas do Império. A predominância ainda era da escola unitária, apesar do
conhecimento do modelo de escola graduada pelos intelectuais brasileiros.
A introdução dos grupos escolares em São Paulo ocorreu em um contexto de
reforma do ensino iniciada em 1890, focada na Escola Normal e na formação de
professores. Os reformadores acreditavam na importância da formação dos professores
para a renovação da escola pública, especialmente na adoção de novos métodos de
ensino, como o método intuitivo. A Escola-Modelo foi estabelecida como uma escola de
prática para experimentação dos alunos-mestres da Escola Normal, sendo considerada a
base da reforma da instrução pública.
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A criação dos grupos escolares foi uma resposta prática à necessidade de reunir
escolas em um só prédio, sendo preferida a denominação "grupo escolar" em vez de
"escolas centrais". A legislação permitia que, em locais com mais de uma escola dentro
do raio de obrigatoriedade escolar, o governo autorizasse sua operação em um prédio
único, constituindo um grupo escolar. Cada grupo escolar podia abrigar de 4 a 10 escolas
isoladas, com a designação numérica correspondente em cada localidade. O governo
incentivava doações particulares para a construção ou adaptação desses prédios,
reconhecendo os doadores com denominações especiais. Os grupos escolares permitiam
a coexistência de escolas masculinas e femininas no mesmo edifício, mas mantinham a
separação completa dos sexos. Apesar de ter proporcionado maior acesso à educação
feminina, a escola primária em São Paulo, ao adotar a coexistência, não avançou em
relação aos padrões morais predominantes na sociedade brasileira.
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O provimento dos professores adjuntos para os grupos escolares era baseado na
proporção de um professor para cada grupo de 35 alunos efetivamente frequentes, com
nomeações feitas pelo governo sem concurso. Os critérios incluíam professores
intermediários ou normalistas, sujeitos à indicação do diretor, o que reforçava a influência
desse cargo.
Em 1904, para resolver problemas nas escolas isoladas, novas prescrições foram
estabelecidas, incentivando o início da carreira do professor nas escolas rurais.
Professores para escolas isoladas na sede do município necessitavam de um ano de
exercício em escola isolada no bairro ou sede do distrito. Para grupos escolares, eram
necessários dois anos de exercício em escola isolada da sede do município. No entanto,
isso marcou o início do "tempo de desterro", uma transição rápida dos professores pelas
escolas isoladas em direção ao desejado grupo escolar.
O problema de falta de professores nos grupos escolares levou à criação dos
professores substitutos em 1904. Eram nomeados por ato do secretário dos Negócios do
Interior e da Justiça, muitas vezes diplomados pela Escola Normal ou escolas
complementares. Eles substituíam os adjuntos efetivos em faltas e impedimentos,
comparecendo diariamente ao estabelecimento e recebendo vencimentos apenas quando
substituíam efetivamente.
Os professores dos grupos escolares, em 1911, eram em sua maioria normalistas
na capital (63,08%) e complementaristas no interior (55,60%). Nas cidades do interior, os
professores do sexo masculino superavam ligeiramente os da capital (33,47%). O
exercício da docência nos grupos escolares era disputado pelos professores públicos,
pois ofereciam melhores salários, condições de trabalho e prestígio social. O grupo
escolar era visto como o ápice da carreira, especialmente para mulheres, já que os cargos
superiores eram reservados aos homens.
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O diretor assumiu papel central na estrutura hierárquico-burocrática, sendo
considerado único responsável perante o governo. Sua escolha era vista como crucial
para o sucesso do grupo escolar, conforme destacado pelo inspetor geral João Lourenço
Rodrigues em 1908. Esperava-se que o diretor organizasse, coordenasse, fiscalizasse e
dirigisse o ensino primário.
Inicialmente, os diretores eram nomeados entre os professores das escolas
reunidas, diplomados pela Escola Normal, continuando a reger uma classe com auxílio de
um adjunto. No entanto, atividades de docência foram consideradas obstáculos,
resultando na demanda por um auxiliar para melhor desempenho das atividades
administrativas e pedagógicas. A visão organicista da época enfatizava a importância do
diretor para criar uma escola graduada orgânica.
A figura do "auxiliar de diretor" foi criada em 1898, compreendendo um professor
adjunto nomeado pelo governo. Entretanto, essa posição foi eliminada em 1904,
possivelmente por razões econômicas. A nomeação do diretor passou a ter caráter
político, com o governador exercendo livre escolha entre professores diplomados na
Escola Normal ou escola complementar, considerando indicações do inspetor do distrito.
A estrutura administrativa revelou uma coexistência paradoxal de elementos
burocráticos e relações pessoais, refletindo resquícios do patrimonialismo monárquico e
da estrutura oligárquica republicana. O cargo de diretor adquiriu status de sinecura, sendo
visto como fator de honra e distinção.
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Os diretores eram vistos como autoridades do governo, assim como os inspetores
de ensino, cuja admissão era baseada na livre escolha do governador, recaíndo sobre
professores diplomados pela Escola Normal do Estado com experiência no ensino. O
exercício do cargo misturava normas estabelecidas e compromissos pessoais, tornando a
estrutura administrativa vulnerável a interferências políticas.
A identidade do diretor como autoridade do ensino foi construída nos primeiros
anos dos grupos escolares. A autoridade do diretor estava fundamentada na encarnação
do poder do Estado, sendo visto como representante legítimo do governo. Era esperado
que fosse respeitado pelos professores, alunos e comunidade local.
O secretário do Interior, Dino da Costa Bueno, via a vitaliciedade dos professores
como obstáculo para o funcionamento eficaz dos grupos escolares, dificultando a
autoridade dos diretores sobre eles. A autoridade do cargo legitimava a competência dos
diretores em questões administrativas e pedagógicas. Eles se tornaram articulistas em
revistas e jornais, sendo consultados pelo secretário dos Negócios do Interior e pelo
diretor geral sobre questões do ensino público.
O diretor, como expoente máximo da autoridade do ensino em muitas cidades,
fazia parte das figuras ilustres locais junto com o presidente da Câmara, o vigário, o juiz e
o delegado. Realizavam exames e festas escolares de visibilidade pública, além de
difundirem sua ação educadora por meio de conferências públicas. Essas conferências
abordavam temas como família, dever, pátria, causas e efeitos de datas históricas,
educação da mulher brasileira, amor à pátria e respeito às instituições. Os professores
públicos tornaram-se "professores de toda a sociedade", ensinando valores morais e
cívicos.
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