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perspectivas de pesquisa
Alessandra Frota Martinez de Schueler
Ana Maria Bandeira de Mello Magaldi
2008
Resumo
Reflexão sobre a educação escolar, enfocando os debates, projetos e
iniciativas voltadas para a disseminação da escola primária, no período da
Primeira República (1889 - 1930)
Problematização da produção historiográfica sobre a educação republicana
Resumo
Dados sobre os primeiros manuais didáticos de sociologia elaborados no
Brasil particularmente no período compreendido entre os anos de 1930 e
1945, quando houve uma produção notável destes livros
Análise das condições institucionais e editoriais que permitiram a formação do
conjunto de obras
Identificação da origem intelectual dos autores dessas obras e as
expectativas de que a disciplina era depositária
Os livros didáticos
Brasil
o A publicação de um conjunto significativo de obras introdutórias ao
conhecimento sociológico ocorreu repentinamente na década de 30
Iniciativas dedicadas à institucionalização da sociologia nos anos 30
o Introdução da cadeira de sociologia nos cursos secundários chamados
‘complementares’ (1925) e nas Escolas Normais de Pernambuco
(1928), Rio de Janeiro (1928) e São Paulo (1933)
o Criação dos cursos de Ciências Sociais na Escola Livre de Sociologia
e Política (1933) na Universidade de São Paulo (1933), na
Universidade do Distrito Federal (1935) e na Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras do Paraná (1938)
o Publicação das consagradas obras Evolução Política do Brasil (Caio
Prado Júnior, 1933), Casa Grande & Senzala (Gilberto Freyre, 1933) e
Raízes do Brasil (Sérgio Buarque de Holanda, 1936)
o Surgimento de dicionários, coletâneas de textos e periódicos que,
juntamente com os manuais didáticos, se constituíram como os
primeiros veículos de difusão do conhecimento sociológico, entre eles
o Dicionário de etnologia e Sociologia (1939) de Herbert Baldus e
Emílio Willems; o Dicionário de Sociologia (1939) de Achiles Archero
Júnior e Alberto Conte; a revista Sociologia (1939), primeiro periódico
especializado em Sociologia publicado por Romano Barreto e Emílio
Willems; e a coletânea Leituras Sociológicas (1940), organizada por
Romano Barreto e composta por traduções de artigos publicados
originalmente na Europa e nos Estados Unidos, traduzidos e reduzidos
ao que se considerava essencial para o conhecimento da teoria social
entre nós
As iniciativas demonstram o complexo esforço dedicado à formação dos
primeiros portadores do conhecimento sociológico, à consagração das
questões, obras e autores fundamentais para a disciplina nova e à formação
de uma dinâmica de produção e divulgação das pesquisas e teorias
sociológicas no Brasil
Rotinização
o Fenômeno de formação de uma comunidade científica e de um quadro
institucional a partir do qual é possível uma nova ciência ser produzida
sobre bases duráveis
O surgimento do primeiro conjunto de livros didáticos de sociologia esteve
particularmente relacionado a duas condições favoráveis
o A consolidação da disciplina no sistema regular de ensino
o O surgimento de um mercado editorial especialmente voltado à
reprodução de obras sobre o Brasil e ao investimento na área
pedagógica
Os autores
As expectativas
Resumo
As datas estão longe de ser dados indiscutíveis - são construídas também, tal
como os fatos históricos: fazem parte de uma versão
Sociologia
o Presença/ausências se deve a contextos ideológicos (o que é
superficial)
o Presença - períodos democráticos
o Ausência - períodos totalitários
Amansar o giz
Célia Xakriabá
2020
Escritos de Educação
Maria Alice Nogueira e Afrânio Catani (org.)
2007
A escolha do destino
As atitudes dos membros das diferentes classes sociais, pais ou crianças e,
muito particularmente, as atitudes a respeito da escola, da cultura escolar e
do futuro oferecido pelos estudos são, em grande parte, a expressão do
sistema de valores implícitos ou explícitos que eles devem à sua posição
social
Alain Girard e Henri Bastide
o Os objetivos das famílias reproduzem de alguma maneira a
estratificação social, aliás tal como ela se encontra nos diversos tipos
de ensino
As mesmas condições objetivas que definem as atitudes dos pais e dominam
as escolhas importantes da carreira escolar regem também a atitude das
crianças diante dessas mesmas escolhas e, consequentemente, toda sua
atitude em relação à escola
A estrutura das oportunidades objetivas de ascensão social e, mais
precisamente, das oportunidades de ascensão pela escola condicionam as
atitudes frente à escola e à ascensão pela escola
O capital cultural e o ethos, ao se combinarem, concorrem para definir as
condutas escolares e as atitudes diante da escola, que constituem o princípio
de eliminação diferencial das crianças das diferentes classes sociais
Ainda que o êxito escolar, diretamente ligado ao capital cultural legado pelo
meio familiar, desempenhe um papel na escola da orientação, parece que o
determinante principal do prosseguimento dos estudos seja a atitude da
família a respeito da escola, ela mesma função, como se viu, das esperanças
objetivas de êxito escolar encontradas em cada categoria social
O princípio geral que conduz à superseleção das crianças das classes
populares e médias estabelece-se assim: as crianças dessas classes sociais
que, por falta de capital cultural, têm menos oportunidades que as outras de
demonstrar um êxito excepcional devem, contudo, demonstrar um êxito
excepcional para chegar ao ensino secundário
Resumo
Parte de uma perspectiva combinada entre a sociologia da cultura e a história
cultural, para enfatizar a experiência inglesa da educação de adultos contada
a partir da história particular de Raymond Williams e de duas instituições
educacionais
Organização do artigo
o 1º: explanação geral sobre a educação de adultos como um projeto
político, intelectual e voluntário atrelado à defesa da democracia na
Inglaterra
o 2º: discussão de como Raymond Williams participou desse processo,
oferecendo significativas contribuições teórico-práticas para o debate
da educação democrática daquele momento
Introdução
“Education, not propaganda”
Defesa da educação, não da propaganda
o Qual educação e qual propaganda?
Educação: educação democrática relacionada à educação no
Reino Unido no pós-guerra, com destaque para educação de
adultos, naquele momento em discussão sobre a necessidade
de sua integração ao sistema nacional de educação
Propaganda: não se trata de uma crítica propriamente dita ao
sistema privado de comunicação inglesa, mas de uma atitude
contra o caráter panfletário que estaria emoldurando um dos
relatórios oficiais do governo britânico para a reconstrução da
educação inglesa após a Segunda Guerra
Relatório: a educação deveria ser praticada
democraticamente, sobretudo, pelo governo britânico, até
aquele momento ausente no movimento de educação de
adultos
1943
o Segundo a revista de educação de adultos, trata-se de um momento
ideal para expansão e renascimento do movimento de educação dos
trabalhadores ingleses
A Inglaterra do período pós-guerra trata-se de um cenário político e
educacional bastante fértil tendo em vista as ações governamentais e
voluntária, incluindo o movimento de educação de adultos
Raymond Williams
o Sua história individual faz parte da história cultural da intelectualidade
inglesa do pós-guerra combinada com o movimento de educação de
adultos
Toda história intelectual é uma história cultural, algo que se
constrói a partir de várias histórias particulares relacionadas
entre si e com as formas de organização que elas ajudam a
engendrar
Há pouca apropriação dos escritos de educação de Williams no Brasil
o Criou-se uma linhagem interpretativa única, que tornou o assunto da
educação de adultos como um suplemento das discussões de cultura e
comunicação, estudos culturais, materialismo cultural, marxismo e
literatura, e não como algo centra na obra de Williams
Educação democrática
Williams
o Problema centra da sociedade moderna: uso de recursos para
construir uma cultura em comum
Para que a cultura seja algo comum é preciso aprender para depois começar
a alterar as diferentes formas e instituições existentes, como aquelas que
regem o sistema comunicativo, afinal, comunicar é um intenso processo de
aprendizagem
Williams
o A educação é a confirmação dos significados comuns de uma
sociedade e das habilidades necessárias para corrigi-los
o Seu projeto consistia em formar a classe trabalhadora com a
expectativa de produzir uma sociedade mais democrática, educada e
participativa
Educação de adultos
Williams
o Construção de tópicos que levassem os adultos-estudantes a refletirem
sobre: cultura, linguagem, imprensa, consumo, industrialização;
liberdade de expressão, rádio, teatro, cinema...
O princípio da crítica da cultura é o que parece reger o programa de estudos
e os diferentes assuntos arrolados
o Crítica: conjunto de respostas obtidas por meio da análise e
interpretação de ideias e valores que marcaram determinadas
sociedades em constantes mudanças
Williams
o Entender o que é comum, uma cultura em comum, uma experiência
em comum, ordinária e reciprocamente compartilhada
o O exercício da crítica é fundamental para compreendermos nossa
cultura e sociedade, sobretudo em tempos de crise
o The human crisis is always a crisis of understanding: what we
genuinely understand we can do
Trata-se de um mal-estar provocado por uma crise de
consciência, uma crise teórica e também (e ao mesmo tempo)
de aprendizagem
Essa crise é, entre outras coisas, sintoma dos problemas
e dilemas da comunicação, que deve ser compreendida
como extensão do desenvolvimento da democracia
A expansão da comunicação coincide com “a mudança da natureza do
trabalho e da educação”, gerando novas oportunidades sociais e alguns
desafios para a classe trabalhadora que, por sua vez, não tem acesso a todos
os meios disponíveis ou simplesmente não consegue compartilhar
experiências em comum
Richard Hoggart
o O problema nem é tanto a falta de informação, mas a falta de
capacidade de lidar com as informações comunicadas ou de
compreendê-las
Williams
o A luta para aprender, descrever, compreender, educar, é uma parte
central e necessária para o desenvolvimento da nossa humanidade
Um dos dilemas da sociedade democrática é fazer uso da comunicação não
para controle político ou lucro comercial, mas para expandir as capacidades
dos homens de aprender e trocas ideias e experiências, algo que não tem
acontecido, porque há muita propaganda (ou discurso) e pouca educação (ou
ação)
A dificuldade de comunicação entre as pessoas, o estranhamento da
linguagem ou no uso de determinadas, de certas palavras-chave, é, portanto,
uma das expressões dessa, algo que, segundo Williams, agravou após a
Segunda Guerra
O método de ensino das palavras-chave é um recurso de análise histórica e
de seus significados, embora Williams não estivesse interessado apenas em
distinguir os significados das coisas; ele quer compreender sua origem e os
nexos causais produzidos, haja vista o interesse na produção de um saber
Williams
o Defende método de ensino de literatura estendido à crítica sociológica
para ser usado nas aulas para adultos e com o objetivo de dotar os
estudantes do instrumental crítico necessário para perceber e discutir
as mudanças sociais
O mundo da educação é um universo de compreensão, de consciência e
tomadas de decisão, partindo do reconhecimento de que existe uma relação
orgânica entre cultura e organização prática, que envolve os sistemas de
decisão (política) e manutenção (economia)
A linguagem encontra nas instituições políticas e econômicas da
comunicação seu espaço de poder e atuação
Williams
o Certas atitudes, certas formas de governo, certos estilos de vida, estão
corporificadas nas instituições de comunicação, que têm um efeito
social poderoso sobre todas as pessoas graças às “novas tecnologias
da linguagem” dos meios de comunicação, sobretudo a publicidade e a
propaganda
o A cultura atual é sintética, é expressão da organização da cultura de
massas, firmemente entrelaçada com a organização da sociedade
capitalista
Reações
Necessidade de resolver a equação entre a educação popular e a nova
cultura comercial, tendo em vista que o progresso de nossa sociedade
depende também da combinação entre educação e os meios de comunicação
o Comunicação é educação, não propaganda
Crítica ao caráter utilitário atribuído à educação de adultos pelos professores
universitários, que comumente associam esse tipo de ensino ao trabalho de
extensão acadêmica
o As práticas de ensino devem ser outras, daí a necessidade da
universidade pensar a educação de adultos não como uma extensão,
algo que reproduz a mesma lógica universitária, com suas regras e seu
currículo, mas criar um outro projeto educacional próprio
Observa-se que as formas culturais, graças à circulação de jornais e aos
programas de rádio e televisão, modificaram-se de todas as maneiras diante
de novos leitores e telespectadores, todavia, os processos de “transmissão,
recepção e resposta” não se deram de forma efetiva, pois as condições de
acesso à cultura escrita ou midiática permaneceram desiguais
Pedagogia do oprimido
Paulo Freire
1968
Educação problematizadora
Diálogo
o Fenômeno humano
o Palavra
Encontra-se a palavra, na análise do diálogo, como algo mais
que um meio para que ele se faça
Necessidade de buscar, também, seus elementos constitutivos
Palavra
o Duas dimensões: ação e reflexão
o Não há palavra verdadeira que não seja práxis
Daí, que dizer a palavra verdadeira seja transformar o mundo
A palavra inautêntica, com que não se pode transformar a realidade, resulta
da dicotomia que se estabelece entre seus elementos constituintes
Não há denúncia verdadeira sem compromisso de transformação, nem este
sem ação
Esgotada a palavra de sua dimensão de ação, ela se transforma em
verbalismo
Se, se enfatiza ou exclusiviza a ação, com o sacrifício da reflexão, a palavra
se converte em ativismo
Existir, humanamente, é pronunciar o mundo, é modificá-lo
O mundo pronunciado, por sua vez, se volta problematizado aos sujeitos
pronunciantes, a exigir deles novo pronunciar
Não é no silencia que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na
ação-reflexão
Se é dizendo a palavra com que, “pronunciando” o mundo, os homens o
transformam, o diálogo se impõe como caminho pelo qual os homens ganham
significação enquanto homens