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O Livro Didático de Sociologia em Debate

Anita Handfas1
2
Mario Bispo dos Santos

Introdução

Nos últimos anos, temos acompanhado o crescimento e a consolidação de


eventos acadêmicos, tanto em âmbito estadual como nacional, reunindo estudantes,
professores e pesquisadores interessados na presença da Sociologia na escola básica.
Entretanto, é somente nesta terceira edição do Encontro Nacional sobre o Ensino de
Sociologia na Educação Básica – III ENESEB que registramos, pela primeira vez, a
ocorrência de um Grupo de Trabalho sobre o livro didático de Sociologia. Até então,
este artefato cultural historicamente valorizado na escola ainda não havia merecido um
espaço exclusivo de discussão, ficando, geralmente, atrelado ao debate sobre as
metodologias de ensino e recursos didáticos.

É evidente que nossa maior motivação ao propor um GT intitulado “O Livro


Didático de Sociologia” foi a entrada da disciplina, desde 2012, no Programa Nacional
do Livro Didático – PNLD. Com efeito, a distribuição de mais de oito milhões de livros
para estudantes do Ensino Médio de todas as escolas públicas do país, e os impactos
disso na difusão em larga escala do conhecimento sociológico foram os principais
fatores que nos alertaram para a importância de se criar espaços específicos de
discussão, onde se possam avaliar os usos do livro didático pelo professor e a recepção
pelo aluno, a mediação didática proposta no livro, assim como as possibilidades e
também as lacunas identificadas. Conforme explicitado na ementa do GT:

“O objetivo do GT é discutir, sob as mais diversas dimensões,


os impactos do livro didático de Sociologia na difusão do
conhecimento sociológico para os estudantes das escolas de
Ensino Médio no Brasil, assim como para o trabalho
pedagógico do professor. Serão aceitos trabalhos que, a partir
de pesquisas concluídas ou em andamento, tragam estudos de
casos sobre a adoção do livro didático como recurso

1
Professora Adjunta da Faculdade de Educação da UFRJ e do Programa de Pós-Graduação em Educação.
Coordenadora do laboratório de Ensino de Sociologia Florestan Fernandes (www.labes.fe.ufrj.br).
2
Professor de Sociologia da rede pública do Distrito Federal e doutorando do Programa de Pós-
Graduação em Sociologia da UNB.
pedagógico em sala de aula; que apresentem estudos
comparativos entre diferentes livros didáticos; que
identifiquem no livro didático as disputas em torno das
concepções sobre os sentidos da Sociologia na educação
básica; que analisem, tanto do ponto de vista prático, como
teórico, as implicações epistemológicas da transformação do
conhecimento acadêmico para o conhecimento escolar; que
socializem investigações sobre o livro de Sociologia do
Programa Nacional do Livro Didático – PNLD.”

A julgar pelo número de trabalhos inscritos e selecionados, podemos afirmar que


nossas expectativas se confirmaram. Foram 16 trabalhos selecionados3, divididos em
duas sessões, o que, em nosso entender, é um número significativo para uma primeira
edição do GT. Neste artigo, vamos fazer uma síntese das principais temáticas abordadas
nas comunicações, resgatando algumas questões postas em debate no GT, para, em
seguida, fazer algumas considerações, buscando apontar questões que podem se
constituir numa futura pauta de pesquisas e debate no prosseguimento do GT.

O GT “O Livro Didático de Sociologia”

Os trabalhos apresentados no GT versaram sobre as seguintes temáticas: (1)


análise dos fundamentos teóricos e conceituais dos dois livros didáticos aprovados pelo
PNLD; (2) o livro didático e sua relação com as diretrizes curriculares nacionais; (3)
análise de manuais e outros materiais didáticos para o ensino de Sociologia; (4) os
conteúdos sociológicos ausentes dos livros didáticos; (5) análise comparativa de livros
didáticos do Brasil e da França; (6) os usos do livro didático em sala de aula.

Traçando o perfil institucional e regional dos autores dos trabalhos, bem como o
tipo de investigação realizada, registramos a participação de alunos de graduação em
Ciências Sociais, professores de Sociologia da escola básica e pesquisadores vinculados
a programas de pós-graduação. O quadro abaixo agrupa os trabalhos de acordo com a
instituição e o tipo de pesquisa.

3
Alguns trabalhos não foram apresentados, devido à ausência de seus autores no III ENESEB.
INSTITUIÇÃO PESQUISA PIBID/ EDUCAÇÃO
BÁSICA
GRADUAÇÃO
UFRJ 2
UFF 1
USP 1
UNIFESP 1
IFMT 1
UFSM 1
UFPE 1
UFCG 4
COLÉGIO PEDRO II 1
UERN 1
4
UFBA 1
UEL 1
TOTAL 6 7 3
Dados coletados nos resumos. Elaboração dos autores.

Tendo em vista esses dados, um primeiro aspecto a ser ressaltado no conjunto de


textos é o número expressivo de trabalhos provenientes de pesquisas desenvolvidas na
pós-graduação, tanto no nível de especialização, como no mestrado ou doutorado. Tal
fato só corrobora com nossa avaliação do potencial que o livro didático carrega como
objeto de investigação, uma vez que ele permite visualizar os caminhos percorridos para
a síntese didática, trazendo à tona, ao mesmo tempo, os problemas e as lacunas
decorrentes da mediação didática do conhecimento científico das Ciências Sociais para
o conhecimento escolar da disciplina de Sociologia.

Outra característica a ser ressaltada é a presença de trabalhos provenientes das


ações do PIBID na escola básica. São alunos de graduação, que a partir do
acompanhamento cotidiano da escola e da sala de aula, direcionaram o olhar para o
livro didático, ora como recurso pedagógico utilizado pelo professor em sala de aula,
ora em sua relação com as diretrizes curriculares nacionais para o ensino de Sociologia.

É importante destacar, também, os trabalhos apresentados por professores de


Sociologia que atuam na escola básica, trazendo para o debate tanto os elementos que
potencializam o livro didático como forma de difusão do conhecimento sociológico,
como aqueles que nos remetem à reflexão dos problemas concernentes à seleção de
conteúdos sociológicos para o Ensino Médio.

4
O autor deste trabalho também é mestrando do programa de pós-graduação em Ciências Sociais da
UFBA.
Feita a caracterização dos trabalhos apresentados, vamos passar para a
apresentação de uma síntese das principais questões trazidas pelos autores em suas
comunicações.

No processo de avaliação dos resumos enviados pelos autores, identificamos,


basicamente, dois principais eixos de investigação. Um primeiro eixo reunindo os
trabalhos que se preocuparam com os fundamentos teóricos e conceituais contidos nos
livros didáticos aprovados no PNLD e outro eixo que reuniu os trabalhos mais voltados
às consequências práticas do livro didático em sala de aula, incluindo, nesse grupo, os
trabalhos que analisaram outros recursos didáticos, tais como manuais e apostilas, ou as
diretrizes curriculares nacionais para o ensino de Sociologia.

No que diz respeito aos fundamentos teóricos e epistemológicos que serviram


como eixo condutor para a elaboração dos livros didáticos, os trabalhos contemplados
nesse eixo se concentraram na análise dos livros didáticos, buscando compreender como
as teorias, temas e pensadores da tradição sociológica são apresentados pelos autores
dos livros, assim como os sentidos atribuídos à Sociologia como disciplina escolar.

Vamos à síntese dos trabalhos desse eixo temático.

O trabalho de Muniz apresentou os resultados da análise de conteúdo do livro


Sociologia para o Ensino Médio, de Nelson Tomazi, identificando uma “historicização”
dos conteúdos e dos temas sociológicos, caracterizada pela não distinção entre uma
sociologia e uma história da sociologia, podendo trazer, segundo Muniz, dificuldades na
apreensão do conteúdo sociológico por parte dos alunos.

No trabalho apresentado por Bertão, o autor expôs os resultados da análise dos


dois livros aprovados no PNLD – Sociologia para o Ensino Médio, de Nelson Tomazi e
Tempos Modernos, Tempos de Sociologia, de Helena Bomeny e Bianca Freire-
Medeiros. Bertão identifica um desequilíbrio em ambos os livros no que diz respeito aos
conteúdos relativos à antropologia, argumentando que isso pode significar uma lacuna
importante na formação dos alunos do Ensino Médio.

O trabalho de Souza abre um debate sobre algumas questões concernentes ao


ensino de Sociologia na Educação Básica, a partir da análise de diretrizes curriculares
nacionais e do Estado de São Paulo para o ensino de Sociologia, além dos dois livros
didáticos aprovados no PNLD. Souza problematiza as noções de estranhamento e
desnaturalização, eixos presentes nos documentos analisados, e sugere a pedagogia
histórico-crítica, como concepção e método de ensino capaz de enfrentar os principais
problemas concernentes à sociologia escolar, identificadas por Souza como “a
neutralidade axiológica, o tratamento de sua diversidade teórica, o dilema na articulação
entre temas, teorias e conceitos, e a tensão entre o verbalismo e o ativismo".

Outro trabalho que também realizou uma análise do livro Tempos Modernos,
Tempos de Sociologia, foi o de Santos e Rocha que, além de enaltecerem o livro
didático como recurso didático fundamental na prática pedagógica do professor,
ressaltaram a obrigatoriedade do ensino de Sociologia e o fato da disciplina passar a
integrar o PNLD. As autoras fizeram uma descrição detalhada do livro em pauta e
buscaram na análise de discurso a compreensão dos caminhos percorridos pelo livro que
toma o cinema como pano de fundo para a apresentação dos conteúdos sociológicos.

Em uma ação do PIBID, Batista e Guedes apresentaram uma análise do livro


Sociologia para o Ensino Médio, escolhido e adotado pelos professores da rede estadual
de Mato Grosso do Sul. Para tal, fizeram uma análise de conteúdo, recortando a análise
por meio de conceitos e princípios estruturantes.

O trabalho de Lima apresentou os resultados da análise dos dois livros


aprovados no PNLD a partir do tema “movimentos sociais”, de modo a compreender de
que maneira é realizada a mediação, observando o tratamento didático dado a um tema
considerado clássico na Sociologia.

Albuquerque, Cardeal e Cravo focaram na presença da ciência política nos livros


didáticos, buscando identificar de que maneira os autores dos livros operam com a
transposição didática de conteúdos relacionados à política numa ciência, cuja natureza,
segundo os autores do trabalho, é caracterizada pela diversidade de paradigmas e
correntes teóricas de pensamento.

Por fim, o último trabalho apresentado nessa sessão foi o de Maçaira, o qual fez
uma análise comparada entre livros didáticos do Brasil e da França, buscando identificar
os sentidos atribuídos à sociologia escolar.

No que se refere aos desdobramentos decorrentes de orientações curriculares e


do uso de livros, manuais e apostilas - temática do segundo eixo -, vários trabalhos
lançaram mão de técnicas de pesquisa, tais como, a análise de discurso, de conteúdo e
documental, buscando evidenciar como foram tratadas, nesses diversos materiais e
documentos oficiais, questões conceituais e de natureza ideológica, cultural e étnico-
racial.

Vejamos a síntese dos trabalhos desse eixo temático.

O trabalho de Duarte e Santos trouxe algumas indagações e reflexões sobre as


consequências práticas em sala de aula da invisibilidade da diversidade indígena nos
PCNs, OCNs e livros de Sociologia selecionados no PNLD 2012. Conforme as autoras,
essa ausência traz dificuldades para que o estudante possa praticar o exercício da
desnaturalização – uma das funções do ensino de Sociologia –, superando as visões do
senso comum, segundo as quais os índios são "seres atrasados, ignorantes e selvagens".

Como em trabalhos anteriores, Silva e Souza também propuseram uma análise


de conteúdo das obras aprovados no PNLD 2012: Sociologia para o Ensino Médio, de
Nelson Tomazi e Tempos Modernos, Tempos de Sociologia, de Helena Bomeny e Bianca
Freire-Medeiros. As autoras indagaram se as metodologias daquelas obras estariam em
consonância com as abordagens sugeridas pelas OCNs. A partir de um estudo
detalhado, apontaram que o uso em sala de aula de qualquer um dos livros didáticos
contempla as OCNs, quanto ao aspecto metodológico.

Lima e Corrêa apresentaram um trabalho que teve também as OCNs como uma
das referências. Os autores questionam se os diversos materiais didáticos disponíveis
ajudariam nos processos de estranhamento e desnaturalização preconizados nas
referidas orientações. Eles indagam ainda se haveria aproximação ou afastamento entre
a proposição de uma Sociologia Pública e os critérios de seleção de livros definidos no
PNLD, e se seria conveniente a adoção de livros didáticos em nível nacional em razão
da diversidade de públicos dentro das escolas.

Enquanto em análises anteriores foram apontadas ausências no que diz respeito à


questão étnico-racial, o trabalho de Nascimento e Oliveira se preocupou com a presença
de uma ideologia racista nos livros didáticos e paradidáticos. Para tanto, investigaram
como a instituição escolar difunde o mito da democracia racial com o apoio dos
referidos materiais.

O trabalho de Freitas, Gaige e Oliveira não teve como objeto um material


específico, mas buscou analisar as experiências de docentes da escola básica e de
estagiários da licenciatura com vistas à elaboração de um livro didático de Ciências
Sociais.
O estudo de Leite teve como objeto o uso da linguagem fotográfica nos
Cadernos de Sociologia - material próprio da rede de ensino do Estado de São Paulo. O
autor conclui que o uso dessa linguagem ignorou seu potencial educativo na medida em
que as fotografias são tratadas como meras ilustrações, desconsiderando as diversas
possibilidades de leituras sobre as imagens.

Os dois últimos trabalhos, ao analisarem os livros selecionados pelo PNLD


2012, manuais e apostilas, trouxeram importantes reflexões acerca das consequências
práticas decorrentes de escolhas teóricas e conceituais. Fonseca fez uma análise do
material didático utilizado nas escolas de Cuiabá. No caso da rede pública, a autora
chamou a atenção para os desdobramentos da fragilidade da contextualização histórica
da produção sociológica, e mesmo, da ausência de certos conceitos básicos nos livros
distribuídos pelo PNLD. Em relação à rede privada, enfatizou as consequências da falta
de estruturação sequencial do conteúdo nos diversos materiais apostilados.

Por fim, Rodrigues e Santos analisaram o livro Sociologia para o Ensino Médio,
de Nelson Tomazi, observando na obra uma variedade de autores e teorias em
contraposição à quantidade mínima de hora-aula destinada à Sociologia na maioria das
escolas. Por conseguinte, para os autores, evidencia-se como fundamental o debate
sobre "o que ensinar", com objetivo de se evitar na prática escolar a "mera transposição
daquilo que se vê na academia".

Muito embora o conjunto dos trabalhos tenham apresentado resultados parciais


de pesquisas em andamento, é possível levantar alguns pontos positivos e negativos
trazidos pelos autores e evidenciados nos debates do GT.

Uma questão importante diz respeito à própria validade do livro didático como
recurso central no trabalho pedagógico do professor. Nesse sentido, questionou-se uma
possível perda de autonomia do professor, na medida em que os livros poderiam cercear
a criatividade do professor na elaboração de materiais e recursos didáticos de várias
naturezas. O livro didático foi problematizado também em sua relação com o currículo
de Sociologia, já que sua permanência na escola poderia acabar por padronizar os
conteúdos e ignorar as especificidades regionais existentes. Outro aspecto levantado que
também afeta o livro didático, se refere à realidade do ensino de Sociologia em vários
estados do país que ainda convivem com um quadro precário no tocante ao número
considerável de professores formados em outras áreas disciplinares que ministram a
disciplina de Sociologia. Nesse sentido, salientou-se que, nesses casos, o livro didático
poderia se comportar quase como uma enciclopédia a ser seguida cegamente pelo
professor leigo.

No que diz respeito à reflexão sobre os fundamentos teóricos, foram


identificados alguns problemas na apresentação dos temas, conceitos e conteúdos,
caracterizando o livro didático, em alguns casos, muito mais como uma história das
Ciências Sociais do que propriamente uma Sociologia guiada por um arcabouço teórico
e conceitual capaz de analisar o mundo social do aluno. Outro ponto assinalado se refere
às ausências ou aos silêncios identificados nos livros didáticos. Nesse sentido, tanto o
desequilíbrio entre as áreas disciplinares das Ciências Sociais, como já apontado
anteriormente, como a ausência de algumas temáticas foram apontadas nos trabalhos e
nos debates. Nessa mesma direção, foi registrado também o desequilíbrio entre uma
Sociologia mais urbana, ignorando em vários momentos os processos sociais inerentes à
população do campo.

Em relação à reflexão sobre as consequências práticas do uso do livro didático e


demais materiais, foram apontados problemas referentes às próprias condições objetivas
sob as quais se desenvolve o trabalho pedagógico. Nessa perspectiva, assinalou-se
novamente a presença majoritária de docentes atuando sem formação em Ciências
Sociais associada à escassez de concursos para professor de Sociologia, não obstante, a
obrigatoriedade da disciplina desde 2008. Foram destacadas também as condições de
trabalho em algumas localidades referentes aos livros do PNLD 2012: processo de
escolha do livro didático carente de discussão aprofundada no interior da escola,
número insuficiente de exemplares para atender aos alunos e apenas uma hora-aula
semanal na maioria dos estados. No debate, apontou-se que as referidas condições
contribuem para aprofundar os problemas já citados relativos à transposição didática,
aos desequilíbrios das áreas e à invisibilidade de certas temáticas.

No próximo item faremos nossas considerações finais.

Conclusões

A recepção de um número considerável de trabalhos, assim como os debates


ocorridos durante o III ENESEB atestam o interesse pela temática e comprovam nosso
acerto na criação do Grupo de Trabalho “O Livro Didático de Sociologia”.
Desse conjunto de trabalhos, resumidos no presente artigo, nos chama a atenção
a preocupação dos participantes do GT com a presença da disciplina de Sociologia no
Programa Nacional do Livro Didático, trazendo para o debate problemas que vão desde
as dificuldades na seleção dos livros, passando pela análise de seus fundamentos
teóricos e conceituais e dos problemas relativos à mediação didática dos conteúdos, e
chegando até mesmo à reflexão sobre a própria validade do livro didático como
ferramenta pedagógica para o professor em sala de aula.

Percebemos também que muito embora a quase totalidade dos trabalhos não
tenha um caráter conclusivo, na medida em que apresenta resultados parciais de
pesquisas ou de ações de estudantes de graduação, bolsistas do PIBIB, consideramos
importante levantar algumas ausências, que no nosso entender podem justificar futuras
pesquisas e debates para o GT.

Nesse sentido, registramos a falta de pesquisas que acompanhem o uso do livro


didático pelo professor de sociologia em sala de aula. Avaliamos que pesquisas como
essas podem nos ajudar não somente a estimar quantitativamente o uso do livro pelos
professores, como compreender as diferentes formas de apropriação desse recurso
didático. Nessa mesma direção, chamamos a atenção para pesquisas que analisem os
diversos suportes didáticos presentes nos livros didáticos, tais como imagens, poemas e
músicas, uma vez que eles representam importantes recursos didáticos.

Destacamos também a importância de pesquisas que possam investigar os


sentidos atribuídos à Sociologia e àquelas que possam acompanhar a apropriação que
alunos fazem dos conhecimentos sociológicos, tendo o livro didático como referência,
na medida em que podem trazer elementos para se pensar a mediação didática a partir
de situações concretas da dinâmica escolar.

Outro ponto a destacar refere-se aos trabalhos que tiveram como objetivo a
análise dos livros didáticos. A esse respeito, reconhecendo a importância de estudos
dessa natureza, observamos que as análises ainda ficaram circunscritas a determinadas
temáticas ou aspectos e, nesse sentido, consideramos que as pesquisas podem avançar
no sentido de lançar olhares mais abrangentes sobre os livros didáticos, uma vez que
seus resultados podem vir a formar um direcionamento no que diz respeito à mediação
didática do conhecimento sociológico.
Destacamos ainda a importância de realizar estudos que possam fazer uma
história do livro didático de Sociologia, no sentido de compreendê-lo como um artefato
cultural que difunde distintas concepções sobre a sociologia escolar, a partir de
contextos políticos e sociais específicos.

Concluímos afirmando que essa primeira edição do GT O Livro Didático de


Sociologia abre uma perspectiva interessante para as discussões sobre esse importante
recurso didático e, nesse sentido, nossas expectativas são que possamos avançar, no
próximo ENESEB, nas pesquisas sobre essa temática.

ANEXO

RELAÇÃO DOS TRABALHOS E RESPECTIVOS AUTORES E INSTITUIÇÕES


POR SESSÃO – GRUPO DE TRABALHO O LIVRO DIDÁTICO DE SOCIOLOGIA

SESSÃO 1

1. A “Historicização” da Sociologia no Livro Didático: Um Estudo do Livro


“Sociologia para Ensino Médio”, de Nelson Tomazi
Autor: Cícero Muniz (PPGCS-UFBA \ SECBA)

2. As Limitações dos livros didáticos do PNLD na discussão de conceitos e


temáticas da antropologia
Autor: Bruno Ueno Bertão (PIBID - UEL)

3. O ensino de Sociologia e a Pedagogia Histórico-Crítica: uma análise dos


fundamentos teórico-metodológicos das propostas curriculares e dos livros
didáticos.
Autor: Davisson C. Cangussu de Souza (UNIFESP)

4. Análise de Discurso Livro Tempos Modernos, Tempos de Sociologia


Autores: Maria Carleanne Fernandes Dos Santos e Rosines Justino Rocha
(PIBID - UFCG)

5. PNLD 2012: análise dos manuais de Sociologia e do processo de escolha do


livro didático
Autores: Tereza Raquel Gomes Batista e Waschington Alves Guedes (PIBID -
UFCG)

6. Os movimentos sociais no livro didático de Sociologia: Um estudo a partir dos


livros aprovados no Programa Nacional do Livro Didático
Autor: Vinícius Carvalho Lima (UFRJ/CESPEB \ SEEDUC-RJ)
7. A presença da Ciência Política nos livros didáticos de Sociologia aprovados pelo
PNLD 2012: algumas reflexões
Autores: Gustavo Cravo, Marcel Albuquerque e Vinicius Cardeal (UFF)

8. A abordagem dos fenômenos socioeconômicos nos livros didáticos: diferenças e


similaridades entre o ensino de Ciências Sociais na França e no Brasil.
Autora: Julia Polessa Maçaira (UFRJ)

SESSÃO 2

1. A Submersão da Diversidade Indígena no Ensino de Sociologia: Um Olhar


Analítico nas OCN’S PCN’S E PNLD.
Autores: Diana Dayane Amaro de Oliveira Duarte e Marcia Maria dos Santos
(PIBID - UERN)

2. Manuais de Sociologia: uma Análise Comparativa entre Conteúdos e


Metodologias para o Ensino Médio
Autores: Maria Josivânia de Souza Silva e Mirna Miqueliny Ribeiro Souza
(UFCG)

3. Nas salas de aula e na vida: O livro didático como ferramenta de construção do


conhecimento sociológico
Autores: Raphael Millet Camarda Corrêa e Rogerio Mendes de Lima (Colégio
Pedro II)

4. Um olhar sobre os livros didáticos e paradidáticos como forma de superação das


práticas racistas
Autores: Waneska Andressa Viana de Oliveira e Emanuele Cristina Santos do
Nascimento (UFPE)

5. Sociologia ou Ciências Sociais para o Ensino Médio?: reflexões acerca da


disciplina para a elaboração de um livro didático de qualidade.
Autores: Diessica Shaiene Gaige, Rúbia Machado de Oliveira e Marília
Fernandes Rehermann Freitas (UFSM)

6. Olhar sociológico: uma análise sobre os usos das fotografias presentes nos
cadernos de Sociologia do projeto São Paulo faz escola
Autora: Maria Cristina Stello Leite (USP)

7. O material didático utilizado nas aulas de Sociologia no Ensino Médio em


escolas públicas e privadas de Cuiabá/MT
Autora: Christiany Regina Fonseca (IFMT)

8. Análise de conteúdo do livro Sociologia para o Ensino Médio: Os conceitos,


conteúdos e teorias elencadas por Nelson Dácio Tomazi
Autoras: Mariana Rodrigues e Rosângela da Silva Santos (UFCG)

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