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Anita Handfas1
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Mario Bispo dos Santos
Introdução
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Professora Adjunta da Faculdade de Educação da UFRJ e do Programa de Pós-Graduação em Educação.
Coordenadora do laboratório de Ensino de Sociologia Florestan Fernandes (www.labes.fe.ufrj.br).
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Professor de Sociologia da rede pública do Distrito Federal e doutorando do Programa de Pós-
Graduação em Sociologia da UNB.
pedagógico em sala de aula; que apresentem estudos
comparativos entre diferentes livros didáticos; que
identifiquem no livro didático as disputas em torno das
concepções sobre os sentidos da Sociologia na educação
básica; que analisem, tanto do ponto de vista prático, como
teórico, as implicações epistemológicas da transformação do
conhecimento acadêmico para o conhecimento escolar; que
socializem investigações sobre o livro de Sociologia do
Programa Nacional do Livro Didático – PNLD.”
Traçando o perfil institucional e regional dos autores dos trabalhos, bem como o
tipo de investigação realizada, registramos a participação de alunos de graduação em
Ciências Sociais, professores de Sociologia da escola básica e pesquisadores vinculados
a programas de pós-graduação. O quadro abaixo agrupa os trabalhos de acordo com a
instituição e o tipo de pesquisa.
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Alguns trabalhos não foram apresentados, devido à ausência de seus autores no III ENESEB.
INSTITUIÇÃO PESQUISA PIBID/ EDUCAÇÃO
BÁSICA
GRADUAÇÃO
UFRJ 2
UFF 1
USP 1
UNIFESP 1
IFMT 1
UFSM 1
UFPE 1
UFCG 4
COLÉGIO PEDRO II 1
UERN 1
4
UFBA 1
UEL 1
TOTAL 6 7 3
Dados coletados nos resumos. Elaboração dos autores.
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O autor deste trabalho também é mestrando do programa de pós-graduação em Ciências Sociais da
UFBA.
Feita a caracterização dos trabalhos apresentados, vamos passar para a
apresentação de uma síntese das principais questões trazidas pelos autores em suas
comunicações.
Outro trabalho que também realizou uma análise do livro Tempos Modernos,
Tempos de Sociologia, foi o de Santos e Rocha que, além de enaltecerem o livro
didático como recurso didático fundamental na prática pedagógica do professor,
ressaltaram a obrigatoriedade do ensino de Sociologia e o fato da disciplina passar a
integrar o PNLD. As autoras fizeram uma descrição detalhada do livro em pauta e
buscaram na análise de discurso a compreensão dos caminhos percorridos pelo livro que
toma o cinema como pano de fundo para a apresentação dos conteúdos sociológicos.
Por fim, o último trabalho apresentado nessa sessão foi o de Maçaira, o qual fez
uma análise comparada entre livros didáticos do Brasil e da França, buscando identificar
os sentidos atribuídos à sociologia escolar.
Lima e Corrêa apresentaram um trabalho que teve também as OCNs como uma
das referências. Os autores questionam se os diversos materiais didáticos disponíveis
ajudariam nos processos de estranhamento e desnaturalização preconizados nas
referidas orientações. Eles indagam ainda se haveria aproximação ou afastamento entre
a proposição de uma Sociologia Pública e os critérios de seleção de livros definidos no
PNLD, e se seria conveniente a adoção de livros didáticos em nível nacional em razão
da diversidade de públicos dentro das escolas.
Por fim, Rodrigues e Santos analisaram o livro Sociologia para o Ensino Médio,
de Nelson Tomazi, observando na obra uma variedade de autores e teorias em
contraposição à quantidade mínima de hora-aula destinada à Sociologia na maioria das
escolas. Por conseguinte, para os autores, evidencia-se como fundamental o debate
sobre "o que ensinar", com objetivo de se evitar na prática escolar a "mera transposição
daquilo que se vê na academia".
Uma questão importante diz respeito à própria validade do livro didático como
recurso central no trabalho pedagógico do professor. Nesse sentido, questionou-se uma
possível perda de autonomia do professor, na medida em que os livros poderiam cercear
a criatividade do professor na elaboração de materiais e recursos didáticos de várias
naturezas. O livro didático foi problematizado também em sua relação com o currículo
de Sociologia, já que sua permanência na escola poderia acabar por padronizar os
conteúdos e ignorar as especificidades regionais existentes. Outro aspecto levantado que
também afeta o livro didático, se refere à realidade do ensino de Sociologia em vários
estados do país que ainda convivem com um quadro precário no tocante ao número
considerável de professores formados em outras áreas disciplinares que ministram a
disciplina de Sociologia. Nesse sentido, salientou-se que, nesses casos, o livro didático
poderia se comportar quase como uma enciclopédia a ser seguida cegamente pelo
professor leigo.
Conclusões
Percebemos também que muito embora a quase totalidade dos trabalhos não
tenha um caráter conclusivo, na medida em que apresenta resultados parciais de
pesquisas ou de ações de estudantes de graduação, bolsistas do PIBIB, consideramos
importante levantar algumas ausências, que no nosso entender podem justificar futuras
pesquisas e debates para o GT.
Outro ponto a destacar refere-se aos trabalhos que tiveram como objetivo a
análise dos livros didáticos. A esse respeito, reconhecendo a importância de estudos
dessa natureza, observamos que as análises ainda ficaram circunscritas a determinadas
temáticas ou aspectos e, nesse sentido, consideramos que as pesquisas podem avançar
no sentido de lançar olhares mais abrangentes sobre os livros didáticos, uma vez que
seus resultados podem vir a formar um direcionamento no que diz respeito à mediação
didática do conhecimento sociológico.
Destacamos ainda a importância de realizar estudos que possam fazer uma
história do livro didático de Sociologia, no sentido de compreendê-lo como um artefato
cultural que difunde distintas concepções sobre a sociologia escolar, a partir de
contextos políticos e sociais específicos.
ANEXO
SESSÃO 1
SESSÃO 2
6. Olhar sociológico: uma análise sobre os usos das fotografias presentes nos
cadernos de Sociologia do projeto São Paulo faz escola
Autora: Maria Cristina Stello Leite (USP)