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A EXPANSÃO DA Escola Pública

Brasileira ENTRE 1890-1961 E O


TRABALHO DOCENTE

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO II

Prof. André Paulo Castanha


HINO ESCOLAR

Salve! Escola que tanto adoramos.


Salve! O templo do bem e saber.
Em teu seio fecundo esperamos
A ciência e virtude sorver.
O progresso se funda no ensino,
E no ensino o Brasil se fará;
Mais brilhante será seu destino...
O futuro da pátria aqui está.
(Hino escolar, letra de R. Puigari,
Revista de Ensino, n. 5, 1902. Citado por Souza, 2008, p. 18)
LEGADO EDUCACIONAL ILUMINISMO
REPUBLICANO (1890-1931) (SAVIANI)
 No final do Império intensificaram os debates sobre a
questão da Instituição Pública articuladas com temas
candentes que agitavam a sociedade brasileira, como o
problema da abolição da escravatura, ampliação do
crédito, a modernização técnica da produção pela
introdução de máquinas, incentivo a imigração, a reforma
eleitoral, a questão republicana.
 A linha geral dos debates apontava na direção da
construção de um sistema educacional de ensino,
colocando-se a instrução pública, com destaques para
escolas primárias, sob a égide do governo central,
seguindo na verdade,, a tendência dominante dos países
europeus.
 Nesse clima parecia que, efetivada a abolição da escravatura em
1888 e proclamada a república em 1889, a organização do
sistema educacional de ensino, em que o governo central
assumiria a função de instalar e manter escolas em todos os
povoados, seria uma consequência lógica. Mas não foi isso que
aconteceu, seja pelo argumento de que, se no Império, era um
regime politico centralizado, a instrução estava descentralizada.
 Seja pela influência do modelo norte americano, seja
principalmente pelo peso econômico do setor cafeeiro que
desejava a diminuição do poder central em favor do mando
local, o certo que o novo regime não assumiu a instrução pública
como uma questão de responsabilidade do governo central, o que
foi legitimado na primeira constituição republicana.
Transformações econômicas
• No alvorecer do século XX, foram muitos e notáveis os
traços de modernização da sociedade brasileira:
• crescimento urbano, remodelação e embelezamento
das cidades com a abertura e calçamento de ruas,
prolongamento de avenidas, construção de prédios
públicos e arranha-céus, arborização, parques e
jardins públicos, casas de comércio, bondes,
iluminação elétrica, expansão das estradas de ferro,
instalação de fábricas, entre outros melhoramentos.
• A escola despontava como mais um símbolo do grau
de civilização atingido pelos núcleos urbanos.
As reformas nos Estados

■ Nos anos que se seguiram à proclamação da


República, em vários estados brasileiros, os governos
estaduais buscaram implementar reformas da
instrução pública.
■ Os dispositivos legais incorporaram os princípios
liberais de educação, estabelecendo:
■ Obrigatoriedade e a gratuidade do ensino;
■ Educação laica;
■ Ampliação das oportunidades educacionais mediante
a multiplicação das escolas e a elevação do número de
matrículas.
A REFORMA PAULISTA
• A REFORMA DA EDUCAÇÃO PAULISTA DO INICIO DA DÉCADA DE 1890,
FIXOU O CURSO PRIMÁRIO EM 8 ANOS DE DURAÇÃO, DIVIDIDO EM DOIS
CURSOS:
• O PRELIMINAR, OBRIGATÓRIO ATÉ AOS 12 ANOS DE IDADE, DESTINAVA-
SE À FORMAÇÃO DO CIDADÃO PELA APRENDIZAGEM DA LEITURA,
ESCRITA, CÁLCULO E RUDIMENTOS DAS CIÊNCIAS NATURAIS E SOCIAIS;
• O COMPLEMENTAR, TAMBÉM COM DURAÇÃO DE 4 ANOS, TINHA
CARÁTER MAIS COMPLETO, DIRECIONANDO-SE PARA A AMPLIAÇÃO DA
CULTURA GERAL.
• A REFORMA AMPLIOU OS PROGRAMAS DO ENSINO PRIMÁRIO E NORMAL,
EXCLUIU A EDUCAÇÃO RELIGIOSA, REAFIRMANDO A LAICIDADE DA
ESCOLA PÚBLICA, E ADOTOU O MÉTODO INTUITIVO COMO MARCO DA
RENOVAÇÃO EDUCACIONAL.
• EM 1895 O CURSO COMPLEMENTAR FOI DESTINADO PARA A FORMAÇÃO
DE PROFESSORES, COM ISSO, A DURAÇÃO DO CURSO PRIMÁRIO FOI
REDUZIDA PARA QUATRO ANOS.
Os Grupos Escolares
•O grupo escolar ou escola graduada pressupunha um edifício com
várias salas de aula e vários professores, uma classificação mais
homogênea dos grupos de alunos por níveis de adiantamento, a
divisão do trabalho docente, atribuindo a cada professor uma classe
de alunos e adotando a correspondência entre classe, série e sala de
aula.
• Na esfera administrativa, a nova instituição ampliou as funções
burocráticas, exigindo um diretor responsável pela fiscalização das
atividades escolares, pelo controle dos professores e pela
manutenção da ordem e disciplina dos alunos. E, ainda, outros
funcionários de apoio administrativo como secretários, serventes e
porteiros.
• Na parte pedagógica, implicou uma ordenação mais sistemática e
regulada do currículo com a distribuição dos conteúdos por séries,
exigiu mecanismos mais rígidos de avaliação dos alunos para a
classificação em classes e dispositivos minuciosos de controle do
tempo, como calendário letivo e jornada escolar.
Impactos no Trabalho Docente

 A divisão do trabalho significou para os professores a perda da


autonomia docente sobre o trabalho educativo e a submissão à
hierarquia e à burocracia escolar;
 Reduziu consideravelmente a dispersão das tarefas de ensino,
facilitando o trabalho dos professores, permitindo-lhes maior
concentração de esforços nos conteúdos e atividades de uma mesma
série e favorecendo, até mesmo, uma certa especialização.
 A racionalização pedagógica, que encontrava respaldo na organização
do trabalho fabril teve, de certo modo, boa aceitação pelos professores
ávidos por soluções palatáveis aos problemas cotidianos do ensino.
A classificação dos
alunos em classes
com o mesmo nível
de adiantamento;

A Grupos mais
Classificação homogêneos de
dos Alunos alunos;

A medida
potencializava o
ensino simultâneo.
ESCOLAS UNITÁRIAS E REUNIDAS

• A racionalização atingiu também as escolas unitárias ou isoladas.


• Nesse tipo de escola, o mesmo professor continuava ministrando o
ensino para diferentes classes de alunos, numa mesma sala de aula.
• O número de classes foi estabilizado, e os programas, horários e
exames possibilitaram uma ordenação mais orgânica.
• Havia uma terceira modalidade de escola primária, as escolas
reunidas;
• Consistia na reunião das escolas isoladas em um mesmo edifício,
estabelecendo a divisão do trabalho, as escolas reunidas foram
concebidas como um estabelecimento de baixo custo e mais uma
alternativa para a disseminação da educação popular.
A Divisão entre os Sexos
 A separação entre meninos e meninas também
prevaleceu durante boa parte do século XX, ratificando
valores sociais ancorados na moral religiosa.
 Apenas em localidades onde não havia número
suficiente de crianças de um mesmo sexo para o
funcionamento da escola era permitido salas mistas.
 Nos grupos escolares, esta separação foi reforçada na
distribuição dos espaços - entradas específicas para a
seção masculina e feminina, recreios separados, alas e
classes distintas.
Os Instrumentos de Avaliação
 Por meio de prêmios e castigos, como o elogio perante a sala,
cartões de boa nota, nome do aluno no quadro de honra,
admoestação particular, notas baixas, privação do recreio, entre
outros, as crianças apreenderiam as condutas desejáveis.
 A avaliação também se revestia de uma dupla finalidade:
pedagógica e disciplinar.
 Os exames aperfeiçoaram o sistema de classificação dos alunos
em classes e, séries e ao mesmo tempo, tornaram-se mecanismos
de punição, controle e hierarquização.
 Nos primeiros anos da República, os exames foram utilizados
como instrumento simbólico para propagar a importância da
escola pública no meio popular.
A RACIONALIZAÇÃO DO PROGRAMA ESCOLAR
 Ao longo da Primeira República, cada vez mais os programas do
ensino primário buscaram regrar a prática docente, determinando
minuciosamente o que e como ensinar.
 Padronização da rede de ensino:

 O calendário letivo com ano meses e dias;

 Os horários de entrada, saída e intervalos;

 programas com a distribuição do conhecimento no curso, nas


séries, nas unidades e lições, na semana e no dia;
 Novos os métodos de ensino.

 Buscava-se a uniformidade e padronização no ato educativo.


Período Vargas
 Revolução de 1930
 Criação do Ministério da Educação e Saúde Pública.
 A educação começava a ser reconhecida, no plano institucional, como
uma questão nacional.
 Principais medidas do ministro Francisco Campos:
 Decreto n. 19.850, de 11 de abril de 1931: cria o Conselho Nacional de
Educação
 Decreto n. 19.851, de 11 de abril de 1931: dispõe sobre a organização'
do ensino superior no Brasil e adota o regime universitário;
 Decreto n. 19.852, de 11 de abril de 1931: dispõe sobre a organização
da Universidade do Rio de Janeiro;
 Decreto n. 19.890, de 18 de abril de 1931: dispõe sobre a organização
do ensino secundário;
 Decreto n. 20.158, de 30 de junho de 1931: organiza o ensino
comercial, regulamenta a profissão de contador e dá outras
providências; is
 Decreto n. 21.241, de 14 de abril de 1932: consolida as disposições
sobre a organização do ensino secundário. (SAVIANI, 2004, p. 32).
MANIFESTO DOS PIONEIROS DE 1932
A educação é uma função essencialmente pública, assim
defendiam os princípios da laicidade, gratuidade,
obrigatoriedade, co-educação e unicidade da escola.
O Manifesto é um documento de política educacional em que,
mais do que a defesa da Escola Nova, está em causa a defesa
da escola pública.
Propôe a construção de um amplo e abrangente sistema
nacional de educação pública.
Como documento de política educacional, o Manifesto
expressa a posição de uma corrente de educadores que
buscava firmar-se pela coesão interna e pela conquista da
hegemonia educacional diante do conjunto da sociedade.
Os manifestantes exerceram vários cargos de direção da
educação pública, tanto no âmbito do governo central como
dos estados federados. (Saviani, 2004, p. 33-4)
A CONSTITUIÇÃO DE 1934
A Constituição Federal de 1934 foi a primeira das
nossas cartas magnas a fixar como competência
privativa da União "traçar as diretrizes da educação
nacional" (art. 5o, inciso XIV).
 As propostas inscritas no Manifesto dos Pioneiros,
de 1932, foram contemplada em sua maior parte na
Constituição Federal de 1934, o que permitiu fazer
avançar o debate e a mobilização da sociedade civil
em torno da questão da educação.
 Os escola-novistas acreditavam que a
municipalização do ensino primário constituiria uma
reforma política, e não mera reforma administrativa
ou pedagógica.
As reformas da década de 1940
◦ Capanema assumiu o Ministério da Educação em 1934 e
deu sequência ao processo de reforma educacional, de
caráter centralizador. Dentre elas destacam-se:
◦ As "leis orgânicas do ensino” de 1942: ensino industrial e
secundário (1942), comercial (1943). Criação do Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) (1942).
◦ O caráter centralizador pemaneceu com a queda de Vargas.
◦ Publicação das "leis orgânicas do ensino” normal, primário
e agrícola (1946)
◦ Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac)
(1946).
CONSTITUIÇÃO DE 1946
 Definiu como privativa da União a competência para
"fixar as diretrizes e bases da educação nacional.
 Proposta de LDBEN em 1948
 Debate entre liberais e católicos em torno dos
interesse públicos e privados
 Em 1959 houve um novo Manifesto dos educadores,
intelectuais, estudantes e sindicalistas, em defesa da
escola pública.
 Defendiam o uso dos recursos públicos
prioritariamente para as escolas públicas e a
fiscalização estatal para as escolas privadas.
LDBEN de 1961
 Do ponto de vista da organização do ensino, a LDBEN
(Lei n. 4.024/61) manteve, no fundamental, a estrutura
em vigor decorrente das reformas da década de 1940.
 O curso primário de quatro anos;
 Ensino secundário com a duração de sete anos,
dividido verticalmente em dois ciclos, o ginasial, de
quatro anos, e o colegial, de três anos;
 Divididos horizontalmente em secundário, normal e
técnico. O curso técnico era subdividido em industrial,
agrícola e comercial.

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