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O LPUDICO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA


HATSCHBACH, Paula Cristina Arcie Domingos1
RU 2817975
ORIENTADOR2

RESUMO

Atualmente percebe-se a necessidade de utilizar metodologias que chamem a


atenção dos alunos e façam com que os mesmos queiram aprender e estejam
motivados a desenvolver o conhecimento, nesta linha se pode citar a utilização
de jogos e atividades lúdicas como facilitador no processo de ensino
aprendizagem, o jogo proporciona a interação entre os educandos e faz com
que os mesmos aprendam entre si, criando uma situação diferente em sala,
pois, o professor deixa de ser o detentor do saber e passa a induzir os
discentes ao conhecimento e a adquirir a aprendizagem de forma mais
divertida e com maior facilidade. Também se percebe que o professor
consegue observar com maior facilidade o desenvolvimento dos alunos no
decorrer do jogo, notando os que aprenderam o conteúdo e os que ainda
possuem dificuldade, bem como, desenvolve o raciocínio logico matemático
das crianças. Para a elaboração deste artigo será realizada uma pesquisa
bibliográfica, onde será descrito a história da educação brasileira, bem como o
surgimento da educação infantil, logo após será apresentado os benefícios dos
jogos na alfabetização matemática.

Palavra-chave: Jogos matemáticos. Aluno. Professor. Objetivos pedagógicos.

1. INTRODUÇÃO

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HARSCHBACH, Paula Cristina Arcie Domingos Fonseca de aluna do curso de pedagogia.
Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso.
2
Professor Orientador do Centro Universitário Internacional UNINTER.
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O período educacional vivido atualmente é de uma escola dinâmica,


pois, os alunos que estão nas salas de aula são adolescentes “conectados”
(utilizam redes sociais, internet e possuem um conhecimento em tempo real de
vários fatos), deste modo faz-se preciso que o ensino se adapte a tais
situações e que o professore busque atualizar sua metodologia e se abra a
novas experiencias para tornar mais fácil alcançar os objetivos pedagógicos
traçados no início do ano letivo.
Neste mesmo período educacional enfrentado atualmente percebe-se a
importância da inclusão para o desenvolvimento de alunos com necessidades
especiais, pois, a escola é um espaço de interação e que faz com que estes
adolescentes-crianças com dificuldades se desenvolvam no convívio com os
alunos que não possuem estas necessidades intelectuais especiais.
Deste modo o presente artigo irá utilizar a metodologia de jogos
matemáticos afim de auxiliar o desenvolvimento do raciocínio lógico dos alunos
e ao mesmo tempo tornar mais fácil a compreensão dos conteúdos a serem
aprendidos, tal metodologia terá como foco os alunos com necessidades
intelectuais, pois, através do lúdico procura-se que tais alunos interajam com o
professor e seu colegas de sala e ao mesmo tempo aprendam os conteúdos de
forma fácil e rápida.

2. HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

A Educação Brasileira desde que foi formalizada e planejada sofreu


muitas transformações fazendo com que chegasse a forma como está
hodiernamente, desde a colonização até o presente momento existem fatos
que marcaram o processo educacional no Brasil, desta forma serão destacados
cinco períodos históricos e suas características.
 Início da colônia: neste período os jesuítas “criaram” salas de aula
para catequizar os filhos de índios e órfãos de portugueses, mais tarde os filhos
de donos de engenho e de fazendeiros também participaram dessas aulas que
eram oferecidas apenas à meninos, deste modo estes foram os primeiros
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alunos da Educação formal e letrada brasileira. Tempos depois com a chegada


do padre Manuel da Nóbrega (1517-1570) que veio na caravela do governador
geral Tomé de Souza (1503-1579), até 1759, quando o marques de Pombal-
Sebastião José de Carvalho e Mello (1699-1782), expulsou a companhia de
Jesuítas houve que o ensino e a catequização se misturaram. Sendo o objetivo
principal a catequização, mas as aulas eram dadas em duas línguas português
e Tupy afim de abranger a todos os meninos.
 Fim da colônia e império: Sabe-se que durante os séculos 16 a
18 os jesuítas lideraram o ensino, com a sua expulsão, Marquês de Pombal,
iniciou uma reforma da Educação buscando modernizar o Reino de Dom José
(1714-1777), com o objetivo de substituir os padres, ele criou as chamadas
aulas régias, em que seus efeitos concretos foram percebidos anos depois. Em
1760, houve o primeiro concurso para professores régios (públicos), em Recife,
porém as nomeações oficiais demoraram tanto que as aulas iniciaram apenas
em 1774, no Rio de Janeiro, sendo assim, quem tinham condições recorriam a
professores particulares, os demais esperaram até poder assistir aulas. As
aulas ministradas foram chamadas de “estudos menores”, os quais tinham
como objetivo aulas de leitura, escrita, contagem e humanidade (gramática
latina e grega, etc). Mais tarde com a morte de Dom José e a ascensão de sua
esposa ao poder, o ensino passou a ser chamado de Público, porém houve a
mudança apenas no nome.
 Primeira república, também conhecido como o período das
reformas: Com a proclamação da república, o poder que até então era
centralizado na mão do imperador, foi dividido entre o presidente e os Estados,
neste período ocorreram muitas revoluções que contribuíram para a evolução
do Brasil, desta forma a educação como direito público foi fortalecido, surgindo
modelos educacionais que se perpetuaram. Com a constituição de 1891 os
Estados tidos como rico se responsabilizaram pela educação e a União ficou
responsável pela educação do Distrito Federal (Rio de Janeiro), os estados
mais pobres repassavam a responsabilidade para seus municípios que eram
ainda mais pobres. Levando em consideração esta fragmentação houve muitas
reformas as quais buscavam espaços, deste modo, surgiram o positivismo e o
escolanovismo, porém ainda existiam os ideais católicos e anarquismos. Num
primeiro momento houve uma priorização das disciplinas científicas em
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detrimento das humanas- que eram o foco das escolas de primeiro letramento.
 Erva de Vargas: Em 1932 a educação gratuita, e laica ganhou
forças. Onde em 1930 foram criados os Ministérios da Saúde e Educação,
porém em 1934, foi instituído aulas religiosas, quebrando então a ideia de que
as escolas eram laicas, isso ocorreu devido à presença fortíssima da Igreja
Católica na participação de muitas instituições, fato que causou muitas
discussões, sendo criado o ginásio (segundo ciclo do ensino fundamental),
quatro anos colegiado (ensino médio), e que adultos poderiam realizar seus
aprendizados em dois anos pelo ensino supletivo.
 Ditadura Militar: Neste período abandonou-se a escola
democrática e surgiu uma escola em que os alunos eram formados para a
industrialização, sendo capazes de efetuar a tarefa, mas não necessariamente
de se pensar sobre ela, onde a escola primária era voltada para uma atividade
prática, e o ensino médio era técnico, voltado para o mercado de trabalho,
nesse contexto, todos os pensadores que se opunham ao modelo imposto
eram exilados, tornando difícil as discussões e a busca por direitos.
 Pós ditadura e até os dias de hoje: Com o fim da ditadura, o
ensino tornou-se para todos, foi criado o piso para professores, houve a
destinação de um valor fixo para a educação brasileira, afim de que hajam
vagas a todos, surgindo a LDB- Leis de Diretrizes e Bases, a qual garante uma
universalização do ensino Brasileiro, e dividiu o ensino da maneira como temos
hoje, nota-se que a educação está sempre nas discussões políticas.
Na segunda metade do século XIX houve o surgimento das creches no
Brasil, pois as mulheres ingressaram no mercado de trabalho, e este fator
acarretou no abandono, desnutrição e aumento na mortalidade infantil, aí
houve a criação de creches como guarda diária de crianças pequenas. Deste
modo a creche é uma instituição criada de forma filantrópica, estruturada
através do merecimento patronal e fundamentada nas áreas da pediatria e
puericultura, utilizada de elementos de fé e ação cristão, onde se manteve por
obras sociais da igreja católica e apoiadores da organização de damas e
senhoras da sociedade que a patrocinava.
Foi criado em 1940, o Departamento Nacional da Criança- DNCr
(MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E SAÚDE) afim de orientas as creches que
neste momento estavam sob os cuidados da assistência privada ou pública.
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Por volta de 1970 iniciaram alguns movimentos sociais que foram organizados
por mulheres que viviam nas periferias e grandes centros urbanos que acabam
por findar com a tutela filantrópica das creches e estas instituições se
expandiram por todo o País.
Ao contrário das creches os jardins de infância ou escolas infantis
surgem como a resposta aos objetivos de socialização e preparação das
crianças de quatro-seis anos para a escolarização. Mesmo que o jardim de
infância ter se iniciado com as escolas privadas, sua raiz vem dos
estabelecimentos públicos. A ampliação das creches e jardins de infância foi
um processo lento e gradativo, que coincidiu com o final dos anos 70, os quais
obedeceram a várias situações como:
 Aumento na demanda social em busca pela escolarização de crianças
com menos de sete anos;
 Crescimento da participação de mulheres e jovens no mercado de
trabalho, onde muitas mulheres se apresentavam como chefes de
famílias/ possuíam filhos pequenos;
 A maioria da população brasileira esta na zona urbana, ruas se tornam
perigosas, fato que exige a criação de ambientes institucionais para a
permanência de crianças;
 Necessidade de creches como direito as mulheres trabalhadoras e
direito das crianças à educação;
 Influência de propostas para políticas sociais de organizações
intergovernamentais como a UNESCO (Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), UNICEF (Fundo das
Nações Unidas para a Infância) e a OMS (Organização Mundial da
Saúde).
Tais eventos se deram num contexto de precária legislação social. A Lei
Federal nº 5.692/71 diz respeito a educação infantil em dois artigos, onde
caracteriza responsabilidade do Estado “velar” para que as instituições vigentes
ofertassem o atendimento necessário para as crianças até os sete anos.
Só foi possível que 1988, acontecessem mudanças significativas no
plano de legislação educacional, os quais foram resultado de anos de lutas e
reinvindicações. A Constituição Federal reconhece o direito da criança menor
de sete anos a educação como competência do Estado à garantia de
atendimento em creches e pré-escolas as crianças menores de sete anos,
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conforme diz o artigo 208, além dos avanços trazidos pela legislação, a
concepção de criança é alguém que possui direitos no tempo presente e não
no futuro, traduzem uma nova concepção de infância, os quais trazem
resultados na prática pedagógica e social. De acordo com Drago (2011), a
educação infantil é um campo educacional que tem avançado nos últimos
anos, levando em consideração o ponto de vista conceitual, político e prático.
Em 1996 ocorreu a introdução da creche e da pré-escola nas Leis de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, sendo esta a primeira etapa da
educação básica, trouxe um novo significado a esses estabelecimentos que
deixam de ser locais para a compensação de carências sócio afetivas,
alimentares, culturais ou cognitivas para crianças vindas da classe baixa e

tornam-se locais de educação e cuidado infantil. “Em outras palavras, tornou-


se contexto privilegiado de interação dos pares e com adultos, cuja função
social é oferecer cuidado e educação indissociáveis, a pequena infância”
(FRELLER; FERRARI; SEKKEL, 2008, p.41), quebrando assim a tradição
assistencialista e apresentando-se como instituição educacional. “Atualmente,
nosso país possui uma legislação moderna e vibrante no que concerne à
Educação Infantil. Pode-se afirmar que nunca houve uma legislação tão
enfática e consistente no que se refere aos direitos da criança” (DRAGO, 2011,
p.34).
Drago (2011) traz duas reflexões acerca do que é a educação infantil, as
quais são:
1. A criança de zero a cinco anos é considerada um ser em
desenvolvimento que necessita da educação para se tornar “alguém”,
tal concepção de educação está firmada em dispositivos legais e
estudos neste campo;
2. Na segunda reflexão a criança também é tida como um ser em
desenvolvimento, porém, é vista como sujeito ativo, que se transforma,
sendo mediador cultural e capaz de produzir seu próprio conhecimento.
Vê-se que a educação Brasileira hodiernamente é laica, para todos, e
que para chegar neste modelo foram necessárias várias mudanças, reformas,
discussões, deste modo não se pode ter na escola um espaço em que não se
debata melhores formas para que o ensino aconteça.
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3. JOGO NO ENSINO DA MATEMÁTICA

De acordo com Kuratani (2004) lúdico é derivado do latim ludus que tem
por significado brincar. Porém, Machado (2004), argumenta que definir o que é
lúdico torna-se uma tarefa difícil por sua abrangência, pois, esta relacionada
com sentimentos de satisfação, prazer e divertimento, os quais são
possibilitados através de brinquedos, jogos e brincadeiras. Para Emerique
(2004) vale ressaltar que ao falar de brinquedo não se pode pensar apenas
naqueles que são comprados, mas sim os que podem ser utilizados como
instrumentos lúdicos.
A existência dos jogos e brinquedos é tão especial por eles estarem
presentes durante todas as fases da vida dos seres humanos, sendo o lúdico a
essência da infância, afirma Kuratani (2004), mas que não se limita apenas à
criança, pois se manifesta também em adolescentes e adultos de formas
diferentes para cada grupo, de acordo com as necessidades de cada um
(ALMEIDA, 1990 apud MACHADO, 2004).
Emerique (2004) afirma:
[...] penso que o próprio processo de aprendizagem possa ser visto
como uma grande brincadeira de esconde-esconde ou de caça ao
tesouro: tanto uma criança pré-escolar brincando num tanque de
areia quanto um cientista pesquisando no laboratório de uma
universidade estão lidando com sua curiosidade, com o desejo da
descoberta, com a superação do não-saber, com a busca do novo,
que sustentam a construção de novos saberes (EMERIQUE, 2004, p.
4).
É determinado pelo ECA- Estatuto da Criança e do Adolescente- 2004,
na Lei nº 8.069/90 estando no capitulo IV, art. 53, previstas como direito da
criança e do adolescente a educação, cultura e lazer. Onde estas três
instâncias estão diretamente ligadas as manifestações lúdicas
(BUSTAMANTE,2004).

Para Silva (2004), o lúdico não está limitado apenas à diversão ou


recreação, podendo ser utilizado como elemento educativo, o qual permite ao
ser humano aprender de forma descontraída. Tal manobra pedagógica é
facilitadora no processo de aprendizagem, entretanto, o professo deve gostar
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do que faz e saber justificar a utilização do lúdico, de modo, que fique claro os
objetivos que pretende alcançar, devendo também preparar a aula e os
materiais anteriormente bem como preparar os alunos para a participação da
atividade. Também é dever do professor avaliar se aquele jogo ou brincadeira
proposta é uma atividade educativa, pois não é qualquer atividade lúdica que
promove o desenvolvimento de habilidades cognitivas, motoras e psicológicas
dos alunos e ainda se esta atividade está de acordo com o nível de
escolarização dos mesmos (SILVA; SILVEIRA, 2005).
Dever e prazer poderão tornar-se aliados no processo de aprendizagem,
sem que um torne-se mais importante que o outro. Essa metodologia na
educação contribui para o trabalho, tornando esses futuros trabalhadores
críticos e criativos, onde os quais buscam experiências prazerosas no ambiente
de trabalho. (BUSTAMANTE, 2004).
De acordo com Emerique (2004), mesmo com todas as contribuições
trazidas pelo lúdico à educação, ainda existe muita resistência por parte da
escola com relação as brincadeiras. A escola possui o enfoque principal que é
a formação para o trabalho, e por este motivo, o lúdico se vê excluído das
aulas. Todo o prazer existente no ato de ensinar e aprender é dificultado e
limitado pela escola, acarretando na formação de sujeitos não estimulados a
criar, ousar, saber fazer escolhas próprias, questionar, realizar-se como ser
humano, o qual possui desejos e vontades (BUSTAMANTE, 2004).
Embora seja um direito reconhecido pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente de 2004, no artigo 58, capítulo IV, que no processo educacional
devem-se respeitar os valores culturais e criar acesso às fontes de cultura,
reconhecer o lúdico como expressão cultural e inseri-lo nas práticas escolares
não é tarefa fácil, por depender de ações e reflexões dos que trabalham nesse
espaço. O que se pode fazer é começar a refletir sobre essa manifestação
humana, tão importante na realização pessoal do ser humano (BUSTAMANTE,
2004).
Inserir atividades lúdicas nas aulas é uma forma de que a mesma se
torna mais atrativas, deste modo o aluno aprender e diverte-se ao mesmo
tempo. Quando o professor elenca a aula teórica com atividades lúdicas, o
mesmo facilita o processo de ensino aprendizagem, pois associa algo
agradável e divertido ao conteúdo. Apesar de possuir uma definição complexa
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e afim de facilitar o entendimento do que é lúdico, Machado (2004) coloca a


atividade como brincadeiras, jogos e brinquedos que trazem sentimentos de
satisfação, prazer e divertimento.
Existe uma aplicação do lúdico que é fazer leitura de Histórias em
quadrinhos, pois, estas simples linguagens e imagens que são chamativas para
o leitor, tornam-se uma grande manobra pedagógica no processo de ensino e
aprendizagem. (CARUSO; CARVALHO; SILVEIRA, 2002).
Segundo Ferreira e Júnior (1986), essa forma simples de combinar os
recursos audiovisuais com a linguagem oral é muito significativa, pois como
comprovado cientificamente a utilização do sentido da visão possibilita um
incremento na aprendizagem. Contudo, o docente necessita de condições para
que possa se atualizar e assim se sinta pronto para trabalhar com a linguagem
audiovisual (KENSKI, 2000).
Devido a falta de preparação dos professores há uma dificuldade na
aplicação do lúdico nas salas de aulas, pois, muitos desses profissionais não
veem nestas atividades o instrumento educativo, sendo assim, preferem utilizar
métodos tradicionais de ensino, ou até mesmo não sabem ao certo como
utilizar tais recursos.
As histórias em quadrinhos despertam atenção, principalmente, pela
leitura fácil e consequentemente a compreensão do que foi lido e visto, deste
modo a aplicação deste ou demais recursos lúdicos na sala de aula podem
trazer uma contribuição com relação a uma melhor apreensão de conteúdos
que tenham uma série de palavras novas, que aparentemente são complicadas
de serem compreendidas. (SANTOS, FISCHER, VASCONCELOS, 2000).
Baseado nestes dados, acredita-se que é possível uma mudança
positiva na forma de ensinar, utilizando o lúdico, a fim de trazer para as aulas
mais interesse, e tal situação poderá facilitar no aprendizado dos alunos,
motivando também o próprio educador que se utilizou deste recurso em suas
aulas.
Para o ensino de matemática utilizando jogos podemos citar as reflexões
de Huizinga (1996, p. 10):
O jogo é uma função da vida, mas não é passível de defini- ção exata
em termos lógicos, biológicos ou estáticos. O conceito de jogo deve
permanecer distinto de todas as outras formas de pensamento,
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através das quais exprimimos a estrutura da vida espiritual e social


(HUIZINGA, 1996, p.10).
Com relação ao jogo junto aos processos de interação e aprendizagem
da criança na escola, Negrini (1994, p. 19) ressalta que:
As contribuições do jogo no desenvolvimento integral indicam que ele
contribui poderosamente no desenvolvimento global da criança e que
todas as dimensões do jogo estão intrinsecamente vinculadas: a
inteligência, a afetividade, a motricidade e a sociabilidade são
inseparáveis, sendo que a afetividade constitui a energia necessária
para a progressão psíquica (NEGRINI, 1994, p. 19).
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Deste modo vê-se que jogar e brincar é uma forma de crescimento


pessoal da criança e uma forma de facilitar o aprendizado, mas para perceber
os resultados no dia a dia é preciso que sejam colocados em práticas situações
que permitam tais acontecimentos. Os alunos necessitam utilizar de sua
criatividade para sentir-se motivados a aprender bem como se desenvolver na
questão social e adaptar-se a rotina escolar.
Ao se falar em ensino de matemática percebem-se muitas dificuldades
para que atividades lúdicas e/ou jogos sejam colocados em práticas, pois,
muitos profissionais desta área possuem receios e preferem dar aquela aula
tradicional de quadro e giz à sair do espaço da sala e realizar um jogo de
perguntas, ou uma dinâmica que envolva racicionio. Neste sentido pode-se
ressaltar que:
(...) O jogo corresponde a um impulso natural da criança, e neste
sentido satisfaz uma necessidade interior, pois o ser humano
apresenta uma tendência lúdica. A atidude do jogo se apresenta em
dois elementos que a caracterizam: o prazer e o esforço espontâneo.
E é este aspecto de envolvimento que torna jogo uma atividade com
forte teor motivcional, capaz de gerar um estado de vibração e
euforia. A situação do jogo mobiliza os esquemas mentais: sendo um
atividade física e mental, o jogo aciona e ativa as funções
psiconeurológicas e as operações mentais, estimulando o
pensamento. O jogo integra as várias dimensões da personalidade:
afetiva, motora e cognitiva. (RIZZI;HAYDT, 2002, p. 11).

Também nota-se que a desconcentração ocorrida nas brincadeiras é


fator auxiliador no desenvolvimento da criança, pois, cria situações em que o
mesmo torna-se capaz de vencer desafios e enfrentar barreiras que em outras
situações talvez não alcançasse sucesso, para tal pode se citar Cardazzo e
Vieira (2007), os quais consideram que :
Algumas crianças que não alcançam um determinado rendimento
escolar esperado, ou apresentam algumas dificuldades de
aprendizagens porque determinados aspectos do seu
desenvolvimento estão em défict quando comparados com a sua
idade cronológica. Nestes casos, a brincadeira é uma forma que pode
ser utilizada como estímulos dos processos de desenvolvimento e de
aprendizagem. Alguns exemplos de brincadeiras que estimulam o
desenvolvimento físico e motor podem ser: os jogos de perseguir,
procurar e pegar. A linguagem pode ser estimulada pelas brincadeiras
de roda e de advinhar. O aspecto social pode ser estimulado pelas
brincadeiras de faz-de-conta, jogos em grupos, jogos de mesa e
modalidades esportivas. O desenvolvimento cognitivo pode ser
estimulado com a construção de brinquedos, com os jogos de mesa,
de raciocínio e estratégias.(...) A brincadeira é uma ferramenta
suporte para estimular o desenvolvimento infantil e a aprendizagem
no contexto escolar. (CARDAZZO; VIEIRA, 2007, p.9).
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O profissional da disciplina de matemática deve estar aberto e fazer uso


desta metodologia para vivenciar a experiência e visualizar o avanço de seus
educandos no processo de ensino aprendizagem, bem como, estar preparado
para recorrer a mesma quando notar que seus discentes não conseguem
entender um conteúdo com a metodologia tradicional aplicada nas aulas. Por
exemplo, quando se tem na classe um aluno de inclusão é preciso pensar na
metodologia utilizada para que o conteúdo seja apreendido por aquele aluno de
forma natural, sem se tornar massante, neste caso, é mais fácil recorrer a um
jogo de damas ou batalha naval para ensina-los as posições, ou até mesmo ao
ensinar plano cartesiano pode ser utilizado o jogo de batalha naval, pois a
experiência do jogo com os colegas e as trocas de conhecimento ajudarão os
educandos a construirem com mais tranquilidade o conhecimento no entorno
do conteúdo.
Apesar da utilização de jogos trazer um sucesso no processo de ensino
aprendizagem muitos são os professores que ainda relutam por utilizar este
método, a respeito disso Fortuna (2010) diz que:
Muitos educadores buscam sua identidade na oposição entre brincar
e estudar: os educadores de crianças pequenas, recusando-se a
admitir sua responsabilidade pedagógica, promovem o brincar; os
educadores das demais séries de ensino promovem o estudar. Outros
tantos, tentando ultrapassar esta dicotomia, acabam por reforça-la,
pois, com frequencia, a relação jogo aprendizagem invoca privilegia a
influencia do ensino dirigido sobre o jogo, descaracterizando-o ao
sufocá-lo. (FORTUNA, 2010, p.3)
Sendo assim é necessário que o professor não adote uma postura
radical frente a utilização de jogos, sem entender a eficiência e eficácia do
mesmo no processo de ensino aprendizagem.
Os jogos favorecem o dominio das habilidades de comunicação, nas
suas várias formas, facilitando a auto-expressão. Encorajam o
desenvolvimento intelectual por meio do exercício da atenção, e
também pelo uso progressivo de processos mentais mais complexos,
como comparação discriminação;e pelo estimulo da imaginação.
Todas as vontades e desejos das crianças são possíveis de serem
realizados através do uso de imaginação, que a criança faz através
dos jogos. (GIOCA,2001, p. 22).
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Desta forma cabe ao professor preocupar-se com alguns preparativos


como a organização do espaço, como também a preparação dos alunos para a
realização da atividade, não haverá sucesso se não houver uma organização,
deve se pensar quais são os objetivos a serem atingidos com a atividade, bem
como quais os fatores positivos e negativos e estar preparado para qualquer
situação que possa vir a ocorrer. É preciso que a atividade seja bem explicada
para que os discentes não a vejam como um passatempo ou uma forma de
“matar aula” e sim como uma ferramenta pedagógica para auxiliar o
aprendizado.

4. METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste artigo foi utilizado uma pesquisa


bibliográfica de cunho qualitativo, a qual se desenvolvem no intuito de
demonstrar a importância de aula mais lúdicas nas séries iniciais do ensino
fundamental, buscando mostrar a necessidade da utilização desta metodologia
como maneira de alcançar com maior sucesso uma alfabetização matemática e
o desenvolvimento do raciocínio lógico matemático dos educandos.
Vale ressaltar que para tal utilizou-se de citações de autores como
Kuratani, Emerique, Cardazzo, e demais, acima elencados, a fim de mostrar
que cada criança aprender de uma forma e que aprender pode ser algo
divertido, dinâmico e construído através de atividades e jogos que envolvam o
grupo.
É importante mostrar também o histórico vivido pela educação brasileira
a fim de verificar como a mesma chegou a maneira que é executada hoje, bem
como, pensar em educação de maneira viva, que se reinventa e se transforma
de acordo com a necessidade do ambiente e dos educandos.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Levando em consideração todas as discussões ocorridas no entorno da


educação brasileira, onde se tem uma sociedade que avançou
tecnologicamente, o ensino precisa evoluir e utilizar-se de ferramentas
pedagógicas que alcancem os educandos e os façam querer aprender, bem
como, é preciso pensar em manobras que desenvolvam alunos com
necessidades intelectuais, para tal, é imprescindível que os profissionais
estejam abertos a novas tentativas.
Utilizar jogos nas aulas é uma maneira de criar vínculo entre os alunos e
até mesmo dos alunos com o professor, bem como, desenvolver o raciocínio
lógico de forma dinâmica e interessante para os discentes, como também
transformar o aprendizado em algo leve e de fácil compreensão.
Muitos são os motivos que levam professores a terem receios de
adquirem tal metodologia, quando falamos de professores que lecionam no
ensino fundamental II e médio, têm-se que vários profissionais veem a
realização desta prática como a forma de fingir dar aula, e isto muitas vezes
causa um desconforto e até mesmo a não realização de aulas que fujam da
utilização de quadro e giz. É preciso que haja nas escolas formações que
possibilitem a quebra de tal concepção, e que apresente aos docentes a
importância da utilização de metodologias para o alcance dos objetivos
relacionados a tais conteúdos, bem como, o auxilio que as atividades lúdicas
trazem para o desempenho de alunos com necessidades educacionais
especiais e a sua contribuição no desenvolvimento das habilidades tanto
educacionais quanto pessoais.
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