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Aula 01
Aula 01
1 ª Aula
Breve história da
educação brasileira
Caro(a) aluno(a),
Objetivos de aprendizagem
Seções de estudo
O formato de escola que conhecemos atualmente nem sempre foi assim, tanto em
relação a sua estrutura física como aos seus objetivos e organização.
Como era então?
Vamos ler o trecho a seguir, pois ele traz um rápido panorama do surgimento da
escola e suas funções em relação a sociedade no decorrer do tempo histórico.
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rece irreversível. Diante de tantos problemas, faz-se necessário os teóricos da edu-
cação e a sociedade a repensarem as funções sociais da Escola.(REVELAT, 2013).
É possível perceber que a escola passa por mudanças em seus objetivos e organiza-
ção a depender das necessidades e interesses no dado momento histórico.
É importante, então, ter conhecimento sobre a história da educação a fim de com-
preender quais influências o trabalho do professor recebe dos formatos passados e qual papel
deve desempenhar em meio ao contexto em que vai atuar. Esse contexto envolve aspectos
sociais, culturais e econômicos e que influenciam os rumos da educação.
Nesse sentido, na próxima seção, faremos uma breve exposição da história da edu-
cação no Brasil.
Vamos iniciar nossa breve jornada pela história da educação no Brasil a fim de
melhor compreender o sentido da formação da nossa educação escolar e suas características
formais na atualidade. Para tanto, é preciso lembrar que o Brasil era uma colônia de Portugal
e sua formação tem vínculo com os acontecimentos no continente europeu.
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A educação imposta pelos jesuítas visava, no primeiro momento, atender aos nativos,
mas o rumo dos acontecimentos mudou essa estratégia: passou a formar professores
missionários e letrados, que iriam fazer parte de uma elite capaz de contribuir com os
desígnios da colônia. (FRANÇA, 2008, p. 76).
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nal e representativo. Quanto à educação, em seu Art. 179, instituía a instrução primária e gra-
tuita para todos os cidadãos e a criação de Colégios e Universidades, que ensinavam ciências,
Belas Letras e Artes (FRANÇA, 2008).
Curiosidade:
A Constituição de 1824 estabeleceu que a Educação deveria ser gratuita para todos
os cidadãos. Para cumprir essa determinação, deputados e senadores aprovaram uma
lei em 15 de outubro de 1827 que marcou o Dia do Professor e indicou que fossem
criadas escolas de primeiras letras em todas as cidades e vilas. (NOVA ESCOLA,
2013, p. 1)
para educação. Em 1826, um decreto do governo imperial instituiu quatro graus de instrução,
sendo: Pedagogias (escolas primárias), Liceus, Ginásios e Academias.
Em abril de 1831, D. Pedro II passou a ser o novo rei do Brasil, com 5 anos de idade,
e o país passou a ser administrado pelas chamadas Regências, que duraram de 1831 a 1840.
Nesse período, a educação continuou deficitária, embora ter sido criadas escolas e faculda-
des, como as primeiras escolas normais, o curso jurídico e alguns projetos na área médica.
A Constituição de 1834 trouxe a descentralização que delegou às províncias a tarefa
de regular e promover a educação primária e secundária, a educação passou por momentos
difíceis, pois:
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Explicando:
– O Brasil é uma República Federativa, ou seja, funciona com uma estrutura de Estado
que ao mesmo tempo é uma República e uma Federação. Mas, o que isso quer dizer
mesmo?
– República: forma de organização do Estado nação. Possui um sistema de governo no
qual o poder emana do povo, por meio de eleições para a escolha de seus represent-
antes. Diferentemente da hereditariedade ou o direito divino como era na Monarquia.
– Federalismo: É um Estado composto por entes territoriais autônomos. Ou seja, cada
estado que compõe a Federação, apesar de ser subordinada à ela, tem sua autonomia.
Curiosidade: Somos uma República Federativa desde 1889, com a Proclamação da
República liderada por Marechal Deodoro da Fonseca. Porém, éramos denominados
Estados Unidos do Brasil, nome que só foi substituído no final dos anos 1960 para
República Federativa do Brasil.
Assim, cada estado passou a ter sua própria constituição e forças políticas mais
autônomas. As classes sociais dominantes como os latifundiários e colonos estrangeiros,
requeriam escolas para seus filhos, pois era o momento apropriado. Houve demanda para os
cursos secundários e superiores o que resultou na abertura de novas escolas e faculdades. En-
tretanto, todas essas iniciativas de flexibilização das decisões divididas com os estados da fe-
deração comprometeu a qualidade do ensino, por admitir candidatos sem conhecimento para
acompanhar um curso superior. Para conter essa prática que comprometiam a qualidade do
ensino, foi assinado o Decreto 8.659, de 5 de abril de 1911, com os objetivos de desoficializar
e conter a invasão de candidatos sem habilitação e o Decreto 16.782-A, de 13 de janeiro de
1925, barrou o acesso indiscriminado ao ensino superior ao estabelecer o critério de seleção
e classificação impondo o limite de vagas (FRANÇA, 2008).
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1 - A ideia de democratização
Em geral, a escola exigia comportamento exemplar, havia turmas mistas nas séries
iniciais apenas e a maioria dos professores era do sexo masculino.
Seguindo no processo histórico do país nos anos 1950 e 1960 a política se caracteri-
zou pelo populismo e, na educação, surgiu o movimento de Educação popular, representada
pela proposta de Paulo Freire (1921-1997):
Nesse perído, o foco da educação recai sobre a preparação para o trabalho e as ideias
de uma escola mais democratica foram rejeitadas. De modo geral:
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[...] a meta do evento era a elaboração de um plano de Educação com a escola primá-
ria voltada para uma atividade prática e o 2º grau técnico que preparasse o estudante
para o mercado. Também foram assinados acordos entre os governos brasileiro e
norte- americano que vinham sendo discutidos há alguns anos e previam a vinda de
técnicos para treinar professores.[...]. Na Educação de adultos, as ideias de Freire
deram lugar a um modelo assistencialista por meio do Movimento Brasileiro de Alfa-
betização (Mobral). A leitura passou a ser tratada como uma habilidade instrumental,
sem contextualização. Os alunos aprendiam palavras acompanhadas de imagens, fa-
ziam a divisão silábica e, por último, trabalhavam com frases e textos. Também eram
estudados os cálculos matemáticos, a escrita e hábitos para a melhoria da qualidade
de vida. [...], o incentivo ao patriotismo era uma marca forte nas escolas públicas.
Uma vez por semana, meninos e meninas se posicionavam com a mão direita no
peito, observavam a bandeira ser hasteada e cantavam o Hino Nacional. Um desejo
desde o início do regime, a disciplina de Educação Moral e Cívica (EMC) foi tornada
obrigatória em 1969. A maior parte dos que a lecionaram era militar ou religioso e
lia na aula cartilhas com temas como cidadania, patriotismo, família e religião. [...]
Em julho de 1971, o ministro da Educação e Cultura Jarbas oficializou o vestibular
classificatório nas universidades, algo que se mantem até hoje. No mês seguinte, foi
aprovada a Lei nº 5.692 que determinava a organização do ensino em 1º e 2º graus
em vez de primário, ginásio e colegial. A obrigatoriedade escolar foi ampliada até os
14 anos de idade e o exame de admissão necessário para entrar no ginásio foi extinto.
(FERREIRA, 2013, p.2).
Quanto aos recursos para educação no país, embora havia sido criado o salário-edu-
cação (1964), os investimentos eram poucos e foram dimininuido cada vez mais ao longo do
regime. Muitos profissionais foram trabalhar na rede privada de ensino.
Anos 1970 o mundo enfrentou uma forte crise do petróleo que acabou com o chama-
do milagre econômico e no aspecto político, no Brasil, moviemtnos pela volta da democracia
foram ficando mais intensos.
Diante do fortalecimento da oposição democrática, os govenantes foram iniciando
processo lento de abertura, começando pelo general Ernesto Geisel e depois João Figueiredo,
que foi o último presidente militar.
Em 1985, o regime militar teve fim no Brasil. Tancredo
Neves ganhou a eleição indireta, porém, morreu antes da posse
e José Sarney, seu vice, se tornou o primeiro presidente da cha-
mada Nova República.
Com a Nova República vários aspectos da política na-
cional foram repensados, inclusive a Educação. De início o foco
político esteve na elaboração da Constituição Federal, momento esses que varias instituições
ligadas a educação reivindicaram a efetivação do direito de todos os cidadãos ao ensino e o
dever do Estado em garanti-lo. Assim:
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Entre as principais conquistas, estava o reconhecimento da Educação como direito
subjetivo de todos, uma evolução do que os escolanovistas haviam propagado du-
rante a Era Vargas. "Isso significa que qualquer um que queira estudar, mesmo se
estiver fora da idade obrigatória, deve ter a vaga garantida", explica Carlos Roberto
Jamil Cury, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A legislação tornou
urgente a tomada de providências como a abertura de mais escolas e a formação de
docentes, o que acarretou a necessidade de investimentos. Para isso, a lei indicava a
aplicação na área de no mínimo 18% da receita dos impostos pela União e 25% pelos
estados e municípios. (FERREIRA, 2013, p.3).
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No final dos anos 1990 e primeiros anos do século XXI, a educação prossegue no
mesmo curso.
Em 2001, foi aprovado o Plano Nacional de Educação (PNE) válido por dez anos,
ou seja, 2000-2010. O plano é composto por metas que no conjunto buscam aumentar o nível
de escolaridade dos brasileiros e garantir o acesso à Educação, porém, “[...] não teve êxito na
maioria delas. Um dos motivos apontados por especialistas é o veto do governo ao investi-
mento de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) na área.” (FERREIRA, 2013, p. 4).
A mudança de governo a partir de 2003 trouxe nova propostas para educação, mas
também permanências de programas que envolviam empréstimos junto ao Banco Mundial,
como o Programa Fundescola que trazia várias ações para as escolas implementar, entre elas
o PDE-Escola, que permanece até os dias atuais com o nome de PDE-Interativo.
Em 2014 foi aprovado o novo Plano Nacional de Educação (PNE), para o período de
2014-2024, pela Lei nº 13.005.
Quanto a LDBEN/1996, ela passou por diversas modificações, em especial, em re-
lação ao ensino fundamental que passou de 8 para 9 anos e, mais recentemente, a reforma do
Ensino Médio, instituída pela Lei nº 13.415/2017. Daremos maiores detalhes nas próximas
aulas.
Em dezembro de 2017 a Resolução CNE/CP nº 2, instituiu a implantação da Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) que é um documento normativo que define o conjunto
de aprendizagens essenciais para os alunos, a ser respeitada obrigatoriamente ao longo das
etapas e respectivas modalidades no âmbito da Educação Básica. A partir da sua aprovação
começou o processo de formação e capacitação dos professores e o apoio aos sistemas de
Educação estaduais e municipais para a elaboração e adequação dos currículos escolares.
(BRASIL, 2018)
Porém, sua elaboração e implantação foram seguidas de muitos debates e movimen-
tos contrários por diferentes segmentos da educação que apontam suas limitações, equívocos,
problemas dentre outros. Maiores informações sobre a BNCC serão vistas na aula 3.
A partir do ano de 2019, assume o novo governo no Brasil e algumas mudanças nas
políticas educacionais estão sendo implementadas e elas podem ser acompanhadas na atuali-
dade por meio dos sites do MEC, dos noticiários dentre outros, enfim é importante que façam
leituras constantes para acompanhar tais mudanças.
Caro(a) aluno(a), chegamos ao final desta aula com a expectativa que tenham apro-
veitado bem a leitura e percebido que os desafios para a educação brasileira são muitos.
Por isso, é importante que todos e principalmente os que atuam na educação acompanhem
as políticas educacionais propostas a fim de participar ativa e criticamente do debate e das
proposições possíveis para a melhoria do quadro educacional.
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RETOMANDO A AULA
A intenção, nessa breve seção, foi demonstrar que a escola passa por mudanças em
seus objetivos e formas de organização e que isso vai depender das necessidades e interesses
do dado momento histórico.
Essa seção trata dos fatos que estão em andamento, então, o principal objetivo é que
você possa com os conhecimentos adquiridos ficar atento e em condições de acompanhar as
propostas e ações para a educação em seu próprio tempo.
Minhas anotações:
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