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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

UNIDADE ROBERTO FREIRE - EAD


HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

MARCOS AURÉLIO GARCIA DE LEMOS


202004165577

O ENSINO DE HISTÓRIA NO PRIMEIRO ANO FUNDAMENTAL EM QUATRO


TEMPOS.

NATAL-RN
2020
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1 OBJETIVOS

Refletir sobre as mudanças que ocorreram no ensino de história na série inicial


do Ensino Fundamental, no Brasil, ao longo dos últimos 100 anos e buscar
contextualizar essa mudança à luz dos teóricos que fundamentam a disciplina da
História da Educação.

2 INTRODUÇÃO TEÓRICA

2.1 A HISTORIOGRAFIA NA CULTURA OCIDENTAL

A historiografia, compreendida como história da história, é uma ciência que vem


se desenvolvendo desde a invenção da escrita, e até antes, e envolve alguns períodos
distintos que refletem o modo pelo qual cada sociedade convencionou contar sua
história. Na antiguidade clássica ocidental, desde as primeiras narrativas míticas até
as primeiras obras escritas de história, observamos um modo idealizado de se
produzir história, basicamente valorizando os grandes feitos, protagonizados por
grandes heróis. Já na idade média, com o forte domínio da Igreja Católica, as
narrativas passaram a incorporar o divino como o fio condutor da história, mas, ainda
assim personagens marcantes, heroicos e santos abundavam. Na renascença, entre
o século XV e XVIII, os humanistas e posteriormente os iluministas incorporaram uma
perspectiva mais racional e passaram a contar com elementos de outras ciências para
compor a análise histórica. Com o positivismo, no Século XIX, a história alcança o
status de ciência e passa a incorporar metodologias próprias das ciências naturais na
busca por uma verdade única, positiva e cientificamente provável. Ainda no século
XIX, Karl Marx propõe uma abordagem materialista da história, incorporando a tese
de que o desenvolvimento das forças produtivas e as relações entres as classes
sociais são o fio condutor dos acontecimentos históricos, à esta perspectiva dá-se o
nome de materialismo histórico e dialético. (BORTOLOTI, 2015)

Depois de mais de vinte séculos de evolução, com encontros e desencontros,


idas e vindas, a historiografia chega ao Século XX e experimenta profundas
transformações. A principal delas é o surgimento em 1929 da escola dos Annales,
responsável por questionar as perspectivas historiográficas vigentes: a história
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tradicional, a história dos eventos e a história política; por lançar um novo paradigma
de tempo histórico, dividido em três tempos: pequena duração (os eventos), média
duração (as conjunturas) e longa-duração (as estruturas); por alterar a noção de fonte
histórica: ao abandonar a primazia do documento histórico e adotar a perspectiva de
que todo vestígio deixado pelo homem pode ser considerado documento histórico e
ainda por incorporar à historiografia: “novos problemas”, “novas abordagens” e “novos
objetos”, lançando o que se conhece hoje por “nova história”. (BORTOLOTI, 2015)

Analisar esse percurso histórico trilhado pela história na cultura ocidental é


fundamental para entender as bases que norteiam o ensino de história. Cada
historiador, cada sistema de ensino, em cada contexto, pode orientar sua prática
pedagógica aproximando-se ou distanciando-se de cada escola histórica.

2.2 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL ATÉ O SÉCULO XX

A história da educação no Brasil antecede a fundação das primeiras escolas,


pelos Jesuítas, no século XVI. Os povos tradicionais que habitavam nosso território
tinham suas próprias práticas educativas, muito própria das comunidades primitivas,
na qual a educação era uma forma de inserir os mais jovens na vida do grupo,
ajustando-os aos ambientes físico e social. Nesse fazer pedagógico, o educando
aprendia essencialmente pela imitação.

A instituição escola, no Brasil, surge no século XVI, como parte do projeto


português para o Brasil. Para assegurar seu domínio sobre o território, era necessário
alcançar a dominação cultural dos povos originários, os indígenas brasileiros, para
esta empresa o Estado português contou com o Concurso da Companhia de Jesus,
fundada por Inácio Loyola em 1540 e que tinha a função de catequisar e evangelizar
as pessoas, pregando a palavra de Jesus. A chegada dos primeiros jesuítas no Brasil
se deu 1549, chefiados pelo padre Manuel da Nóbrega. As primeiras escolas fundadas
no brasil foram os Colégio dos Meninos de Jesus fundados na Bahia e em São Paulo,
em 1549 e em 1554, respectivamente. (SHIGUNOV NETO; MACIEL, 2008).

A educação elementar implementada pelos jesuítas inicialmente voltou-se para


a conversão dos índios e em seguida estendeu-se aos filhos dos colonos. Já a
educação média era totalmente voltada para os homens da classe dominante,
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enquanto que o ensino superior era exclusividade dos filhos dos aristocratas, porém
daqueles que quisessem ingressar na classe sacerdotal pois os demais deveriam ir
estudar na Universidade de Coimbra para depois voltarem aptos a dirigir o país.
(RIBEIRO, 1993).

Outras ordens religiosas – beneditinos, carmelitas, franciscanos e mercedários


– se instalam no Brasil colonial e se dedicam à missão educacional, serão elas que
assumirão a grande maioria das escolas jesuíticas depois da expulsão da companhia
de Jesus do Brasil e dos domínios portugueses em 1759. Inspirado pelos ideais
iluministas, o Marquês de Pombal, instituiu a primeira intervenção pública na
educação uma vez que o ensino jesuítico, embora atrelado ao projeto português para
o Brasil, dotava de autonomia perante o Estado. A instrução pública passa a ser
assumida pelo Estado, embora não se promovam medidas substanciais.

Com a chegada da família portuguesa, em 1808, algumas mudanças na


educação brasileira foram observadas com a criação de novos cursos, especialmente
de nível superior. Já em 1834 um Ato Institucional delega às províncias a organização
dos sistemas de ensino, esse sistema, consagrado pela Constituição da República de
1891, contribuiu para uma segregação entre as classes sociais:

O resultado foi que o ensino, sobretudo o secundário, acabou ficando nas


mãos da iniciativa privada e o ensino primário foi relegado ao abandono, com
pouquíssimas escolas, sobrevivendo à custa do sacrifício de alguns mestres-
escolas, que, destituídos de habilitação para o exercício de qualquer
profissão rendosa, se viam na contingencia de ensinar. O fato de a maioria
dos colégios secundários estarem em mãos de particulares acentuou ainda
mais o caráter classista e acadêmico do ensino, visto que apenas as famílias
de altas posses podiam pagar a educação de seus filhos. (ROMANELLI,
2002, 40 apud SILVA, 2010).

As mudanças ocorridas no início do século XX, com a industrialização, a


urbanização, crescimento das cidades, imigração e emergência da classe média,
demandaram mudanças significativas na educação e neste esteio diversas reformas
foram feitas a nível estadual, especialmente na Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo, na
década de 20. Até que em 1932 surge o manifesto dos pioneiros da educação - sob a
influência do pensador norte-americano John Dewey - defendendo uma escola
pública, gratuita e laica para todos os brasileiros. (SILVA, 2010).
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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Em uma pesquisa bibliográfica, foram selecionados materiais didáticos de


diferentes épocas para fundamentar a análise das mudanças observadas no ensino
de história, são eles: o livro didático “Resumo de História do Brazil para uso das
escolas primárias brasileiras”, de autoria da professora Maria G. L de Andrade,
publicado em 1928 (ANDRADE, 1928); o manual “Manual do Ensino Primário 1º ano:
rigorosamente de acordo com o programa oficial do estado de São Paulo”, de autoria
de Miguel Milano em 1943 (MILANO, 1943); o manual “Estudos Sociais na escola
primária”, de redação de Josephina Gaudenzi em 1962 (GAUDENZI, 1962); e o livro
didático “Ápis História, 1º Ano: Ensino Fundamental”, da Editora Ática e utilizado pelo
Programa Nacional do Livro Didático (PNLD 2019) (CHARLIER; SIMIELLI, 2017).

A seleção privilegiou livros de épocas distintas e pode-se dizer que foi aleatória,
a partir de consultas a diversos repositórios de materiais didáticos disponíveis on-line
e de acesso gratuito. Portanto, trata-se de uma seleção arbitrária e que não pretende
tomar como representativa do método de ensino predominante em cada época,
podendo apenas serem tomadas como exemplos ilustrativos.

Procedi à leitura das obras, especialmente a parte que diz respeito ao ensino
de história que deveria ser ministrado nos anos iniciais da escola primária com base
em tais materiais didáticos. A análise procurou levar em conta o contexto de cada
obra, especialmente no que diz respeito aos conteúdos abordados e metodologias de
ensino-aprendizagem que embasaram a produção de cada material.

4 RESULTADOS E CONCLUSÃO

É possível notar mudanças significativas no ensino de História destinado ao


primeiro ano escolar a partir de uma leitura das quatro obras selecionadas. Em
Andrade (1928) a perspectiva é unicamente da história tradicional e a metodologia é
expositiva e bastante cansativa para crianças. Em Milano (1943) percebe-se uma
maior preocupação com a capacidade cognitiva da criança, mas ainda se observa um
forte vínculo com a forma tradicional da história. A mudança de perspectiva
historiográfica se inicia em Gaudenzi (1962) e se consagra em Charlier e Simielli
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(2017). A história dos grandes personagens e dos feitos heroicos tão marcantes nas
duas primeiras obras, dá lugar a história dos eventos e dos sujeitos e à noção de que
os sujeitos fazem história, nas duas últimas.

A metodologia variou muito também. Nas duas primeiras obras, infere-se uma
metodologia essencialmente expositiva. Em Gaudenzi (1962) à criança já são
prescritas atividades de observação e registro, do tempo, de seus horários etc com o
objetivo de despertar uma reflexão própria, contextualizada. Mas é em Charlier e
Simielli (2017) que a aula expositiva desaparece e cede lugar à atividade de pesquisa,
levando a criança a construir outro significado para o conhecimento histórico: aquele
que parte de sua observação, seu registro e sua reflexão, tomados a partir de objetos
que lhe são próximos.

4.1 RESUMO DE HISTÓRIA DO BRAZIL PARA USO DAS ESCOLAS PRIMÁRIAS


BRASILEIRAS (1928)

Nesta obra, Andrade adota uma perspectiva da história tradicional em sua


máxima expressão, o que já resta claro na dedicatória: “Desejando despertar nos
corações dos meninos brasileiros o interesse e o amor pelas cousas pátrias, oferece-
lhes esse opúsculo sobre História do Brazil”. Por opúsculo compreendemos um
pequeno livro, contudo, a obra ostenta mais de 300 páginas e custo acreditar que
pudesse ser interessante para os alunos da primeira série, ainda mais pelo seu
conteúdo e método de ensino, segundo Andrade (1928): “no qual seguiu o método do
Professor G. W. Pockels, seu venerável mestre”.

Neste livro, a história é contada a partir de fatos gloriosos e nomes heroicos.


Quando pretende falar da história do “Brazil colônia”, recorre a descrição
pormenorizada das três dinastias da coroa portuguesa (Avis, Hasburgo-Aragão e
Bragança) trazendo inclusive as suas árvores genealógicas. Neste Capítulo I “Resumo
da História de Portugal antes do descobrimento do Brazil – 1137 e 1500” desfilam
nomes e feitos da história portuguesa, com menções honrosas aos reis e às suas
vitórias sobre os povos invasores.
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Da metodologia de ensino depreende-se aulas expositivas e leitura do texto,


tendo ao final do Capítulo I uma atividade avaliativa composta de um questionário com
33 questões abertas:

- Como se divide a história do Brazil?

[...] – Quantas dynastias portuguesas governaram o Brazil?

[...] – Porque é notável Affonso IV?

[...] – Quantos reis representam a época de desenvolvimento da nação


portuguesa? Como se chamavam?

[...] – Que efeito produziu no ânimo de D. João II o descobrimento do Novo-


Mundo por Cristovão Colombo em outubro de 1492? (ANDRADE, 1928: 5-6);

O conteúdo do livro segue todas as fases da divisão tradicional da historiografia


brasileira (descobrimento, brasil colônia, reinados, império e república), com o mesmo
nível de pormenores e com a mesma abordagem pedagógica. O último capítulo traz
a reprodução integral (fac-símile) da Constituição Política da República dos Estados
Unidos do Brasil, promulgada em 1891.

4.2 MANUAL DO ENSINO PRIMÁRIO 1º ANO (1943)

O manual de Milano (1943) orienta os professores com as diretrizes curriculares


e métodos de ensino a serem aplicados junto aos estudantes do 1º ano primário na
Rede de Ensino de São Paulo. O capítulo 5 é dedicado ao componente de história e
traz a descrição do programa de ensino que deverá ser adotado, embora reconheça
que nesta classe o programa não necessariamente será delimitado com rigor e
outorgue ao professor modificá-lo a seu critério.

Milano (1943) preconiza a adoção de um método diferente, chamado


regressivo, entendido como “mais conveniente para criança de pouca idade, que
compreende melhor o que a cerca, e só com o maior esforço que o que fica distante
no espaço e no tempo”. O ensino deveria partir (1) de uma “palestra com a criança”
sobre seu lugar de nascimento e de sua família, sua casa, sua rua, bairro, cidade,
Estado até chegar no nome da pátria, e o gentílico de seus filhos. A segunda unidade
(2) deveria ilustrar as belezas naturais da pátria (Baía da Guanabara, Rio Amazonas
etc); as próximas unidades seguiriam: (3) O atual presidente da nação, (4) nomes dos
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presidentes que precederam o atual, (5) o último Imperador do Brasil Dom Pedro II,
(6) o que era o Brasil antigamente, (7) os indígenas seus usos e costumes, (8) o
descobrimento, (9) o Hino Nacional e (10) A bandeira brasileira.

Embora o conteúdo inove com relação ao método regressivo, pensando em


uma perspectiva cognitiva da criança pequena, o vínculo com a história tradicional é
fortíssimo. O apelo aos personagens fortes e aos feitos heroicos mantem-se presente
como fio condutor da narrativa. Quando aborda, na unidade três, o “atual presidente
da nação”, Milano (1943):

- A família, meninos, é formada pela reunião de pessoas do mesmo


sangue, que trabalhavam para o bem de todos, que se amam e protegem
durante a vida toda, respeitando-se e obedecendo-se uns aos outros. É uma
pequena sociedade dirigida por chefes modelos – o pai e a mãi.

A nação é uma família muito grande, também dirigida por um chefe,


a quem todos obedecem.

O Brasil é uma grande nação, cujo chefe é chamado presidente.


Dirige-o atualmente o dr. Getúlio Vargas.

Com relação ao método de ensino, fica clara a abordagem expositiva. As aulas


deveriam ser conduzidas pelos mestres a partir de uma narrativa que contivesse
elementos suficientes para despertar o interesse dos pequenos, recorrendo quando
muito a gravuras e imagens:

Mas dar uma lição de história essa classe não é ensinar a própria
ciência nem enumerar datas e nomes, é fazer contos interessantes em
linguagem simples, acessível a cérebros tão jovens, e ainda principalmente
evocativa tomando como ponto de partida, sempre que for possível, o
comentário de uma gravura. Ao narrar um acontecimento, ao descrever um
cenário ou apresentar uma personagem tão firmes devem ser os traços, tão
vivas as tintas, tão expressivas as frases que a criança deve ter por
momentos a ilusão de que o professor viu aquela cena, contemplou aquela
paisagem, conheceu de perto aquele vulto histórico. (MILANO, 1943)

4.3 ESTUDOS SOCIAIS NA ESCOLA PRIMÁRIA (1962)

As diretrizes curriculares vigentes foram expostas por Gaudenzi (1962), nesse


manual, levando em conta uma nova organização do ensino primário na qual não
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havia história como um componente autônomo, mas sim junto ao estudo da geografia,
integrando o componente “Estudos Sociais”. Por meio desta disciplina, as noções de
espaço e tempo seriam desenvolvidas nos primeiros anos e os conteúdos mais
propriamente ligados à história e à geografia seriam trabalhados com mais
propriedade nos anos finais da educação primária:

Iniciamos ainda o estudo das relações entre os aspectos geográficos e


as formas de vida, ao mesmo tempo que procurávamos ir criando, para a
criança, atmosfera de respeito ao passado, preparando a formação do
conceito de história.

Aliás, cabe aqui esclarecer que a aprendizagem da história se inicia,


propriamente, no 4º ano, quando a criança vai amadurecendo para a
conceituação de tempo histórico. A noção de tempo vai sendo adquirida aos
poucos, desde o 1º ano, tendo mesmo constituindo uma de nossas
preocupações constantes, por ser de gradativa apreensão, pela criança,
dificultando sobremodo o curso de História na escola primária. (GAUDENZI,
1962);

O conteúdo descrito por Gaudenzi inova ao procurar despertar na criança a


idéia de que a história é fruto de um esforço coletivo, ou de somatórios de esforços,
buscando levá-la a uma percepção própria de indivíduo que faz história. Aqui percebe-
se uma ruptura com a história tradicional significativa e uma certa aproximação com a
nova história proposta pelos pensadores da escola dos annales, na medida que o
conteúdo de história passa a envolver novos sujeitos, novas temáticas, novos objetos
e novas fontes documentais:

Ao mesmo tempo, os fatos ligados ao histórico da escola e que foram


documentados através de fotografias despertam a curiosidade dos alunos e
levam a professora a narrações simples sobre esse passado. Se houver na
escola ou na localidade uma pessoa ligada a esses fatos, essa pessoa deverá
narrá-los às crianças, o que significará, nessa reconstrução do passado,
precioso apoio na realidade. (GAUDENZI, 1962);

Uma seção interessante do manual é dedicada a orientação para que os


professores elaborem junto aos alunos fichas que permita às crianças observar as
mudanças no tempo. Propõe que as crianças registrem, em linguagem simples, as
condições climáticas de cada dia e assim desenvolvam a observação e o
entendimento que o clima varia de acordo com o dia, a época do ano etc.
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4.4 ÁPIS HISTÓRIA, 1º ANO: ENSINO FUNDAMENTAL (2017)

O livro didático de Charlier e Simielli (2017) reflete o estado da arte na prática


pedagógica de história, consagrado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)
e pela Base Nacional Curricular Comum (BNCC) e apresenta sensíveis mudanças
com relação aos demais materiais aqui apresentados.

A perspectiva histórica já não apresenta nenhum traço da história tradicional e


busca despertar nos alunos o senso de indivíduo histórico, fazedor de história, e
relacionar a construção dos conceitos de tempo histórico com objetos muito próximos
a eles mesmos. A ordem dos capítulos já evidencia isso: (1) minha vida de criança,
(2) a família e a escola, (3) a boa convivência e (4) criança gosta de brincar.

Por meio dos conteúdos a criança vai percebendo que ela própria tem uma
história, que sua família e a sua escola têm história, que a convivência entre as
pessoas evoluiu na história e que as próprias brincadeiras passaram por
transformações ao longo do tempo. Novos sujeitos, novos objetos, novos temas e
novas fontes.

A metodologia já não valoriza a aula expositiva, ao contrário, é toda centrada


em atividades de pesquisa, nas quais as crianças são instigadas a conversar com
seus familiares, a indaga-los sobre o que mudou no seu corpo e nos seus hábitos
desde que ela era um bebê, a refletir sobre fotografias e inferir suas próprias
conclusões e outras atividades que pretendem leva-la a assumir a autonomia da
formação de seu próprio conhecimento histórico:

VOCÊ JÁ PERCEBEU QUE, COM O TEMPO, AS SUAS ROUPAS


VÃO FICANDO PEQUENAS E É PRECISO TROCÁ-LAS POR OUTRAS?
VOCÊ TEM ALGUM BRINQUEDO DE QUE GOSTAVA MUITO QUANDO
ERA MENOR E, HOJE, NÃO BRINCA MAIS COM ELE? NA VERDADE,
NADA MUDOU NOS OBJETOS, VOCÊ É QUE CRESCEU.

PODEMOS REPARAR EM NOSSO CRESCIMENTO OBSERVANDO


NOSSOS OBJETOS ANTIGOS. ELES TAMBÉM CONTAM PARTE DE
NOSSA HISTÓRIA.

- QUE OBJETO VOCÊ SE LEMBRA DE TER USADO QUANDO ERA


MENOR E QUE HOJE NÃO USA MAIS? (CHARLIER; SIMIELLI, 2017: 12)
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5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, Maria G. L. de. RESUMO DA HISTÓRIA DO BRAZIL: para uso das


escolas primarias brazileiras. São Paulo: Typ. Siqueira, 1928. 308 p.

BORTOLOTI, Karen Fernanda. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO. Rio de Janeiro: SESES,


2015. 232 p.

CHARLIER, Anna Maria; SIMIELLI, Maria Elena. ÁPIS HISTÓRIA, 1º ANO: ENSINO
FUNDAMENTAL. 2. ed. São Paulo: Ática, 2017. 80 p.

GAUDENZI, Josephina de Castro e Silva. ESTUDOS SOCIAIS NA ESCOLA


PRIMÁRIA. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura (MEC), 1962.

MILANO, Miguel. MANUAL DO ENSINO PRIMÁRIO 1º ANO: rigorosamente de


acordo com o programa oficial do estado de São Paulo.. 3. ed. São Paulo: Livraria
Francisco Alves, 1943. 274 p.

RIBEIRO, Paulo Rennes Marçal. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESCOLAR NO BRASIL: NOTAS


PARA UMA REFLEXÃO. Paidéia: FFCLRD, USP, Ribeirão Preto, v. 4, n. , p. 15-30, fev. 1993.

SHIGUNOV NETO, Alexandre; MACIEL, Lizete Shizue Bomura. O ensino jesuítico no


período colonial brasileiro: algumas discussões. Educar em Revista, [s.l.], n. 31, p.
169-189, 2008. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0104-
40602008000100011.

SILVA, Odair Vieira da. TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO ESCOLAR BRASILEIRA:


análise reflexiva sobre as políticas publicas de educação em tempo integral. Revista
CientÍfica EletrÔnica de Pedagogia: ISSN: 1678-300X, Garça, v. 16, n. 8, p. 1-13, jul. 2010.
Disponível em:
http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/RZlpLbZvikizJtb_2013-7-10-
12-0-56.pdf. Acesso em: 07 jun. 2020.

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