AULA
Caminhos da
História ensinada 1
Meta da aula
Analisar a trajetória do ensino de História
no Brasil até a década de 1960.
objetivos
!
O título desta aula foi retirado do nome dado ao livro Caminhos da História ensinada, de Selva
Guimarães Fonseca, Editora Papirus, 1993.
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No Brasil, a criação da disciplina de História no currículo ocorreu
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na primeira metade do século XIX, quando foi implantada no Colégio
Pedro II, na 6ª série, em 1838. Diversas tendências historiográficas e
concepções de História sustentaram tal disciplina. Sob a influência
do pensamento liberal francês e no bojo do movimento regencial,
estruturou-se o Colégio Pedro II, que foi, no Império, o estabelecimento
padrão de ensino secundário, status que manteve durante a República.
Assim, o modelo francês foi adotado e, desde o início, a base do ensino
de História centrou-se nas traduções de compêndios franceses.
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ATIVIDADE
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Ao analisarmos esse regulamento, percebemos que integravam o plano
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proposto tanto História Universal quanto História do Brasil, sendo que
a carga desta última era mínima.
Na década de 1920, a Escola Nova, particularmente com John
John Dewey
Dewey, avaliou que a História deveria se ocupar prioritariamente (1859 – 1952)
!
Dos cientistas estrangeiros que vieram para o Brasil na década de 1930, nos campos de
História e Geografia houve a contribuição principalmente de cientistas franceses, como
Fernand Braudel, Lucien Febvre, Claude Lévi-Strauss, dentre outros, que auxiliaram a
delimitar os métodos e objetos de estudo das Ciências Sociais. O método é o caminho
que se utiliza para chegar ao conhecimento.
ATIVIDADE
2. Explique como a Escola Nova contribuiu com sua crítica para o ensino
de História.
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RESPOSTA COMENTADA
John Dewey fez críticas afirmando que a História deveria estudar as
sociedades contemporâneas. Mas seus maiores ataques recaíram
sobre a metodologia usada. Era contra a excessiva memorização
utilizada para gravar nomes e datas (infelizmente ainda usado em
diversas escolas brasileiras), a periodização política, a valorização
apenas da História factual (não se estudava a História como processo
permeado por diversos fatores determinantes, ou seja, políticos,
econômicos, sociais e culturais) e a passividade do aluno.
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de país colonizado, bem como as diferenças nas condições de trabalho
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e de posição em face da colonização das diversas etnias.
Os “silêncios” nos programas escolares – ou seja, o que não
está explícito, nem escrito, a ideologia que perpassa as entrelinhas –,
assim como o “falado” – ou seja, o que está explícito, o que está nos
programas, na lei, em normas, ou regulamentos –, foram determinados
pelas idéias de nação, de cidadão e de pátria que se pretendiam legitimar
pela escola. O discurso histórico enfatizava a “harmoniosa” contribuição
de brancos, negros e índios. Valorizou-se o passado na medida em que
este podia legitimar o discurso do presente. Por isso, podemos entender
o tratamento dado à escravidão do africano, por exemplo. Valorizou-se
a sujeição pacífica do africano ao regime escravo; já em relação à
escravização indígena percebem-se os “silêncios”, ou seja, o não-falado,
o intencionalmente esquecido, assim como em relação à sua resistência
à conquista colonial. Outro exemplo são as representações mostrando
a ocupação portuguesa do território como um espaço natural, vazio,
não como conquista.
A América e a África foram praticamente esquecidas do currículo
na maior parte do período, apesar de críticas feitas por historiadores.
Somente a partir de 1950 introduziu-se História da América no currículo
do ginásio.
ATIVIDADE
RESPOSTA COMENTADA
Na escola, nas aulas de História, estudava-se a formação da nação
brasileira como resultado da união das três raças – branca, índígena
e negra –, como se isso tivesse ocorrido em igualdade de forças.
Silenciava-se, por exemplo, sobre a questão da exploração do branco
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ATIVIDADE
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AULA
RESPOSTA COMENTADA
A História passa a ser reconhecida como ciência no século XIX, porém,
sendo igualada em método às Ciências Naturais. Por exemplo, o
fato histórico era visto como verdade única, não havendo diversas
interpretações possíveis. Haveria uma neutralidade na análise do
historiador. Foram valorizados ao máximo determinados heróis da
pátria, como Tiradentes, D. Pedro I, Deodoro da Fonseca, entre
outros. Em contrapartida, silenciou-se sobre os movimentos e os
heróis populares. Prestigiava-se a ordem, o personagem como o
que faz a História, e não o coletivo, os movimentos, as resistências.
A História é identificada apenas com o passado, sendo, portanto,
relegado o estudo do presente. O sujeito comum não era visto como
alguém que é sujeito e produtor de História.
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Conclusão
RESUMO
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ATIVIDADE FINAL
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AULA
Imagine dois professores dando aula de História sobre a Independência do Brasil.
O primeiro deles valoriza em suas aulas escrever no quadro, falar de heróis e datas.
Nesta aula, os alunos prestam muita atenção ao que o professor diz e anotam
tudo no caderno. Já o segundo professor estabelece um diálogo com a turma
sobre o tema, pergunta o que eles já sabem sobre isso, lê textos sobre o assunto
em sala e explica como se desenrolou esse processo histórico. Ao final de sua aula,
o professor 2 fixa o conhecimento mandando os alunos fazerem uma caricatura
sobre o tema da aula. Identifique que modelos pedagógicos foram apresentados
para você nesse exemplo.
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RESPOSTA COMENTADA
O professor de História número 1 tem uma forte influência do Positi-
vismo; portanto sua aula valoriza a figura do herói, a “decoreba”,
a passividade do aluno, e o tempo histórico é associado à cronologia,
à linearidade etc. Os alunos não são vistos como autores sequer de
sua própria história. Portanto, podemos imaginar uma aula sobre a
Independência do Brasil, onde se valorizaria a figura de D. Pedro I, o grito
do Ipiranga etc. O aluno é visto como um depositário de informações
de datas e nomes que vão se acumulando. O professor número 2
é diferente, trabalha numa perspectiva crítica, por isso vai abordar
a Independência do Brasil como processo; vai trabalhar a questão
histórica desde a vinda da família real portuguesa para o Brasil devido
ao bloqueio continental; vai identificar as mudanças e permanências
que ocorreram com a Independência, ou seja, será trabalhada a noção
de que, embora o Brasil tenha se tornado politicamente independente,
permaneceu dependente economicamente da Inglaterra, assim como,
também, permaneceram a escravidão e o latifúndio; não será dada
ênfase à história pessoal de D. Pedro I.
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Leitura recomendada
MOMENTO PIPOCA
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