Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FERNANDA SOARES
JUCINÉIA SILVA
LUANA FRANÇA
MÁRIA LIZ
MONIQUE SILVEIRA
TAIANA GOMES.
Quanto aos objetivos dos movimento, Boulos ressalta que “os cabanos queriam
terras para plantar e o fim da escravidão; já os fazendeiros queriam escolher o presidente
da província, que na época era imposto pelo governo central” (BOULOS, 2012, p.207).
Com isso ricos e pobres uniram-se na Revolução Cabana, cada grupo com seu propósito.
Magda afirma que os ideais da Cabanagem eram diversos, nisso a abordagem de Boulos
não destoa, mas a autora apresenta uma gama mais variada de objetivos, diferente do
autor que os apresenta de forma bem resumida.
Segundo Magda Ricci a bandeira de luta dos revolucionários era muito variada, o
que havia de comum nos anseios dos distintos grupos envolvidos no movimento se
resumia na morte aos portugueses e aos maçons. Já os mais radicais, que eram os pobres
e escravos, almejavam o fim da escravidão e o direito de ir e vir. No entanto, a abolição
não era uma bandeira levantada por todos revolucionários. Os membros da elite lutavam
pela ampliação de seus direitos e por maior liberdade política, as classes populares
também disputavam por espaço, direitos e poderes.
Quanto às lideranças da Cabanagem, o autor não faz uma abordagem aprofundada,
apenas cita os nomes de dois dos principais líderes do movimento, Félix Clemente
Malcher e Eduardo Angelim. Portanto, o educador deve apresentar aos educandos o papel
desses personagens dentro do contexto estudado, bem como daqueles que não foram
referenciados na abordagem de Boulos. Pois a sua compreensão é de grande importância
para o entendimento do processo.
Quanto aos mecanismos de repressão lançados contra a Cabanagem, Boulos
escreve que
O governo central não aceitou a República paraense e, em 1836, enviou ao Grão-Pará
uma poderosa força militar apoiada por navios e mercenários estrangeiros. Os cabanos
resistiram até 1840, mas não conseguiram impedir a tomada de Belém pelas forças
imperiais, que eram mais numerosas e mais bem armadas. A repressão à Cabanagem
foi brutal, as forças do governo mataram cerca de 40% da população do Grão-Pará.
(BOULOS, 2012, p.207)
Magda Ricci, explana que entre todos os que foram mortos pela Cabanagem,
estavam mestiços, índios, africanos, pobres, escravos, além de boa parte da elite. Ela
apresenta a estimativa de 30 mil mortes oficiais, além de uma grande quantidade de povos
indígenas que foram dizimados. Afirma, ainda, que “Toda chacina populacional da
Cabanagem, entre 1835 e 1840, deixou um trauma local e um vazio de explicações”
(RICCI, 2006, p.7).
A questão que Boulos apresenta para que seja resolvida pelos estudantes no final
do capítulo é composta por 4 tópicos. Primeiramente é apresentado um trecho de um
discurso de Eduardo Angelim, em seguida o autor pede para que os educandos respondam
às seguintes questões com base no trecho do manifesto aos cabanos: a) O que o líder
cabano quis dizer com “os paraenses querem ser súditos, mas não querem ser escravos”?
b) Identifique e copie o trecho em que o autor defende a causa paraense. c) O que o líder
cabano reivindica? d) Segundo Eduardo Angelim, como os paraenses reagiriam se o
governo central usasse a força para reprimi-los? O trecho apresentando por Boulos como
subsídio para a resolução dessas questões é o seguinte.
[...] Saibam, pois, o governo geral e o Brasil inteiro que [...] os paraenses querem ser
súditos, mas não querem ser escravos, [...] os paraenses querem ser governados por
um patrício paraense que olhe com amor para as suas calamidades e não por um
português aventureiro como o Marechal Manoel Jorge; os paraenses querem ser
governados com a lei e não com arbitrariedades, estão todos com os braços abertos
para receber o governo nomeado pela regência mas que seja de sua confiança, aliás
eles preferem morrer no campo de batalha a entregar de novo seus pulsos às algemas
e grilhões do despotismo; se o governo da corte teimar em subjugar-nos pela força,
nós teimaremos em dar-lhe provas de valor de um povo livre que esquece a morte
quando defende a sua liberdade. (BOULOS, 2012, p. 214)
Um ponto positivo do autor nessa atividade foi a utilização desse documento,
possibilitando o contato dos educandos com uma fonte, o que contribui para uma maior
análise e compreensão da história. Mas, sugerimos que o educador acrescente algumas
questões à atividade, com base nas explicações feitas durante a aula, evidenciando pontos
como: composição social, mecanismos de repressão, local e período em que ocorreu,
principais características e objetivos, entre outros que julgar necessários.
A abordagem da temática da Cabanagem feita por Boulos no livro didático aqui
analisado se dá de forma bastante sintetizada e simplificada, como pudemos perceber ao
longo desse texto. Mas é importante salientar que esse é um problema inerente a todo e
qualquer livro didático, onde não existe a possibilidade de se aprofundar em todos os
assuntos trabalhados, uma dessas limitações se dá, por exemplo, devido à restrição quanto
a quantidade de páginas, fator que força a sintetização dos conteúdos. Mas ainda assim,
o autor poderia ter aproveitado melhor o espaço do qual dispôs para a apresentação da
temática, com uma reorganização da dimensão das imagens e disposição do texto, por
exemplo.
BOULOS, Alfredo. História Sociedade & Cidadania, 8º ano / Alfredo Boulos Júnior. –
2. Ed. – São Paulo: FTD, 2012.