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INTRODUÇÃO:

O Canal do Panamá está entre os maiores esforços da


humanidade que vem contribuindo para o progresso do mundo. Este
marco foi possível graças a força internacional, sobre a liderança dos
Estados Unidos. Esse canal artificial está localizado no istmo do
Panamá, na América Central. A passagem une os oceanos Atlântico e
Pacífico, possuindo 81 quilômetros de extensão, 91,5 metros de
largura e 26 metros de profundidade. Sua travessia leva cerca de
nove horas e o tráfego é intenso, passando a cada ano 14 mil
embarcações, fluxo que representa quatro por cento do comércio
marítimo mundial.

Pode-se notar assim a importância estratégica e econômica do


canal, que contribui com o comércio mundial e com a economia dos
países envolvidos

A HISTÓRIA:

Após a descoberta do continente americano, recorde-se que o


objectivo foi atingir a Índia pelo Ocidente, vários foram os
navegadores que procuraram a passagem que dava o acesso ao outro
oceano. Apenas Fernão de Magalhães em 1520 logrou descobri-la,
bem ao sul do continente americano, através de um estreito batizado
com o seu nome. Isso significava que para ligar por via marítima os
dois lados desse continente tinha-se de rodear esse mesmo
continente pelo sul. Essa penosa viagem significava meses de
navegação. Não admira portanto que desde então se tenha pensado
em abrir um canal que unisse os oceanos Atlântico e Pacífico

Tal idéia de abrir uma via de navegação marítima através do


istmo do Panamá remonta ao século XVI, quando o conquistador
espanhol Vasco Nunes de Balboa atravessou pela primeira vez a faixa
de terra que separa os oceanos Atlântico e Pacífico e verificou que a
sua largura não chegava a cem léguas. Em 1534, o Imperador Carlos
V mandou investigar e encarou a possibilidade de abrir um canal que
pouparia à armada castelhana meses de navegação para atingir o
Peru. No entanto, a região era um caos geológico dificultando e muito
a exploração do local.

Após quatro séculos de nenhuma tentativa de construção do


canal, em 1848 reinicia-se a idéia de implementação de um projeto
de edificação do canal. Com a descoberta de ouro na Califórnia,
milhares de aventureiros de várias partes do mundo, para encurtar o
caminho até o metal precioso, atravessaram o istmo do Panamá a pé
ou pelo então recém construído caminho-de-ferro. Os Estados Unidos
por sua vez também utilizaram esta via para mandar reforços
militares para a Costa Oeste e ali consolidar uma soberania ainda
pouco segura.

A PRIMEIRA TENTATIVA:

No entanto, o francês construtor do Canal de Suez apresentou


em 1876 o seu projeto de construção de um canal no istmo do
Panamá. Foram feitos os primeiros levantamentos e as primeiras
negociações com o governo da Colômbia, a quem pertencia a
província do Panamá, acerca da concessão da construção e
exploração do futuro canal.

Em 1878 ocorre a assinatura de um tratado com o governo de


Bogotá, repassando à sociedade francesa a exclusividade da
construção do canal e da sua exploração posterior por um período de
99 anos. Iniciam-se assim os trabalhos e logo surgem os primeiros
imprevistos, a malária,a febre amarela e outras doenças tinham
dizimado 20.000 operários e a hostilidade ao empreendimento pelos
Estados-Unidos não favorecia o bom andamento do projeto.

Traçado Final do primeiro projeto (1878) de construção do canal

Em 1887, o projeto foi finalmente abandonado. A companhia


francesa foi encarregada pelos credores de salvar o que ainda podia
ser salvo do desastre financeiro. Uma nova companhia, a Compagnie
Nouvelle du Canal de Panama, foi criada em 1894 pelos franceses
para tentar acabar o canal, mas também não teve sucesso. Restava
agora encontrar um comprador já que a concessão dos terrenos só
terminava em 1903. O governo dos Estados Unidos encontrava-se
atento e, em 1902, o Congresso norte-americano autoriza a compra
da concessão dos franceses.

O OPORTUNISMO NORTE-AMERICANO:

O governo colombiano, apoiado pelas demais repúblicas latino-


americanas, já inquietas com a ambição hegemônica dos Estados
Unidos, não autorizou a transação. Em contrapartida, os Estados
Unidos apoiaram a agitação separatista no Panamá. Quando, em 1 de
novembro de 1903, o Parlamento de Bogotá veta a concessão do
canal aos Estados Unidos, a frota norte-americana bloqueia todos os
portos do Panamá e, três dias depois era proclamada a independência
da República do Panamá. Finalmente, um mês mais tarde, as novas
autoridades panamenhas assinam um acordo com os Estados Unidos
para a construção e exploração do canal. O tratado, ratificado em
1909, entregava aos Estados Unidos a posse da futura via navegável
e de uma faixa de cinco milhas de terras de ambos os lados do canal,
pelo preço de dez milhões de dólares.

A marinha norte-americana tinha sido encarregada de levar o


projeto com sucesso, e as obras recomeçam em 1904, marcada por
uma disciplina e estratégia militar que havia faltado aos europeus.

A CONSTRUÇÃO DO CANAL:

A construção demorou 10 anos desta


vez com mais recursos tanto
financeiros (371 milhões de
dólares),como
tecnológicos.Trabalharam
mais de 35 mil homens.
Mesmo assim o projeto inicial
foi várias vezes alterado e
o responsável inicial
John F.Wallace demitiu-
se sendo substituído
por John Stevens e este
finalmente por George
Goethals.
Ao lado está uma das
primeiras fotos tiradas do
local onde mais tarde iriam
transformar em um dos 3
canais, do canal do Panamá

Desbravamento de terras 1908

A solução de comportas mostrou-se a mais acertada. Um dique


em Gatun criou um lago artificial cujas águas enchem as eclusas. As
eclusas de Gatun elevam os navios a 26 metros até ao lago artificial.
Como são duplas permitem a subida e descida simultânea de navios.
Ao fim de 8/9 horas os navios atingem o oceano Pacífico depois de
terem descido 9,5 m na eclusa de Pedro Miguel e 16,5 na de
Miraflores. Todas as eclusas têm 305 metros de comprimento por 33
metros de largo e nestas os barcos são puxados por pequenos
comboios chamados de "mulas".
Em Agosto de 1914 terminaram as obras e o cargueiro SS
Ancon foi oficialmente o primeiro navio a passar o canal.

PERÍODO PÓS-CONSTRUÇÃO:
A importância deste canal, é de vital importância para o
comércio mundial, justifica a presença de um forte continente militar
norte-americano numa base sediada no Panamá.

Desde então se inicia o comércio marítimo na região do canal,


intensificando os laços entre os Estados Unidos e o Panamá, que
conviveram pacificamente até a década de 50, com a administração
militar norte-americana na Zona do Canal.

No entanto, a partir dos anos 60, os nacionalistas panamenhos


começaram a ver no canal e nas altas grades eletrificadas que o
envolviam, um símbolo do imperialismo norte-americano, remetendo
a idéia do Muro de Berlim. A situação se agrava em 1964, quando
ocorre a morte de 21 estudantes panamenhos que tentavam içar a
bandeira de seu país na Zona do Canal. Tal fato inicia uma
mobilização popular.

Em 1968, o general Omar Torrijos assume o poder no Panamá


e inicia árduas negociações com os Estados Unidos para fazer vingar
os seus projetos de reforma agrária e de recuperação da soberania
sobre o canal.
Por fim, inicia-se a década de 70 e as negociações precisam ser
efetivadas, regulamentando a questão do canal o mais rápido
possível. Algumas questões devem ser repensadas e profundamente
analisadas. Os direitos de exploração da área do canal foram
adquiridos pelos Estados Unidos, que construíram o Canal do
Panamá. No entanto, tal intervenção ameaça a soberania panamenha
sobre o seu território e sobre os seus recursos. A idéia da
transferência do canal também fere o orgulho norte-americano, que
possui objetivos de consolidar sua supremacia mundial,
principalmente no cenário da Guerra Fria vigente, o que torna a área
do canal ainda mais estratégica.

O impasse fica ainda maior pois a repercussão do caso se


alastra em nível internacional, despertando a opinião pública para a
importância desse problema nas Américas. A questão ameaça a
segurança continental, principalmente levando-se em consideração a
área de neutralidade no canal e o contexto da década de 70. Sendo
assim, a Organização dos Estados Americanos coloca o assunto em
pauta nas suas discussões como forma de alcançar a resolução
definitiva do problema.

Em 1977, o tratado foi revisto passando o Panamá a controlar o


canal desde de 31 de Dezembro de 1999.

O CANAL DO PANAMÁ HOJE:

Eclusa de Miraflores
Eclusas de Gatun

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