Cap.1 – Escravismo Colonial – modo de produção historicamente novo (83)
- “O modo de produção resultante da conquista – o escravismo colonial- não pode ser
considerado uma síntese dos modos de produção preexistentes em Portugal e no Brasil. Ao tempo em que se iniciou a colonização do Brasil, empregavam-se escravos na economia portuguesa, mas esse emprego tinha caráter subsidiário, complementar. Refiro-me aqui, está claro, ao Portugal continental e não às ilhas atlânticas, uma vez que estas, à semelhança do Brasil, entram no conceito de conquistas e colonização. No Portugal continental, o emprego de escravos teve, sem dúvida, a significação de um sintoma relevante da conjuntura ela qual transitava o país, sem que indicasse a tendência fundamental de desenvolvimento da formação social portuguesa. Apesar do retardamento multissecular que lhe imporiam as relações de produção feudais, enrijecidas pela própria expansão ultramarina, essa tendência era a da transformação capitalista.” (p.84)
A escravidão no Brasil não é uma síntese entre os modos de produção Brasil e
Portugal, mas um novo modo de produção fruto da expansão ultramarina da Europa.
-“Bem ao contrário, o escravismo colonial surgiu e se desenvolveu dentro de
determinismo socioeconômico rigorosamente definido, no tempo e no espaço. Deste determinismo de fatores complexos, precisamente, é que o escravismo colonial emergiu como um modo de produção de características novas, antes desconhecidas na história humana. Nem ele constituiu repetição ou retorno do escravismo antigo, colocando-se em sequencia “regular” ao comunismo primitivo, nem resultou da conjugação sintética entre as tendências inerentes à formação social portuguesa do século XVI e as tribos indígenas” (p.84)
É um modo de produção de características novas, nunca vistas antes. Não é como a
escravidão antiga.
- “Quando se rouba o escravo, rouba-se diretamente o instrumento de produção. Mas
é preciso que a produção do país, para o qual se roubou, esteja organizada de tal maneira que admita o trabalho dos escravos ou então (como na América do Sul etc.) é preciso que se crie um modo de produção que corresponda à escravidão.” (p.85)
Citação de Marx sobre escravidão na América.
- “Com efeito, ocorreu na América do Sul, mais exatamente no Brasil, a criação de um
novo modo de produção, cujo reconhecimento, se pensado em suas profundas implicações, corrobora as modernas linhas de pesquisa e de generalização sistemática de materialismo histórico.” (p.85)
Se cria, então, um novo modo de produção.6
- “No primeiro trecho, a sociedade burguesa é dada como pressuposto da escravidão moderna, sem implicar a identificação entre ambas. Quanto à própria escravidão moderna, Marx