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DA ESPIRITUALIDADE REFORMADA
EM MARTYN LLOYD-JONES
Por
DIEGO SANTOS BLANCO
ORIENTADOR: Marco Antônio Carvalho
RIO DE JANEIRO
2021
OS FUNDAMENTOS TEOLÓGICOS
DA ESPIRITUALIDADE REFORMADA
EM MARTYN LLOYD-JONES
Por
DIEGO SANTOS BLANCO
RIO DE JANEIRO
2021
AGRADECIMENTOS
INTRODUÇÃO........................................................................................................... 6
4. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 46
INTRODUÇÃO
1
BÍBLIA de Estudo da Reforma. O bom samaritano. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.
p.228 Novo Testamento.
2
BEEKE, Joel R. Espiritualidade Reformada. São José dos Campos: Fiel, 2014. p.17.
3
A Reforma Protestante foi um movimento religioso com desdobramentos sociais e políticos,
irrompido por Martinho Lutero, que tinha como um dos objetivos principais o retorno às antigas
práticas cristãs, em oposição à forma de governo da Igreja Católica Romana.
4
BEEKE, Joel R. Espiritualidade Reformada. São José dos Campos: Fiel, 2014. p.18.
5
Movimento protestantista do séc. XVI, oriundo da Inglaterra e alinhado com as igrejas calvinistas da
Europa continental que rejeitavam a Igreja Católica Romana e a Igreja Anglicana; esta considerada
pelo segmento puritano como apenas uma reforma parcial em relação à igreja romana.
7
sociedade.6 O desejo de viver uma vida digna, integral e profundamente bíblica não
só trouxe resultados evangelísticos, mas também reavivou a tradição da genuína
espiritualidade. Segundo BEEKE e JONES (2016), o Puritanismo pode ser
denomidado de “vigoroso Calvinismo”.7 Considerado por muitos como o maior
pregador do séc. XX8, David Martyn Lloyd-Jones, de acordo com COSTA (2012),
“resgatou a tradição calvinista de teologia e vida cristã... sendo um autêntico
pregador reformado que deixou sua geração marcada pelo resgate que fez de uma
de espiritualidade que não pode ser ignorada”.9
Este trabalho tem como objetivo expor o conceito bíblico de espiritualidade
reformada, bem como seus traços específicos, além de sua influência no
pensamento deste pregador galês. Em vista da grande importância de
Martyn Lloyd-Jones no Cristianismo Reformado do séc. XX, ao resgatar as bases
essenciais da teologia calvinista, se faz necessária a avaliação de como estes
elementos ainda podem ser relevantes no atual cenário evangélico, em grande parte
desprovido de profundidade doutrinária e compreensão madura da espiritualidade
cristã.
O presente texto será divido em três partes: primeiramente, será apresentada
uma breve biografia de Lloyd-Jones, além da exposição de como a mentalidade
puritana veio a ser seu referencial doutrinário e prático de Cristianismo.
Em seguida, se desenvolverá o conceito de espiritualidade cristã reformada e como
ela serviu de fundamento para seu legado como pastor e expositor bíblico.
Por fim, serão tratados aspectos de espiritualidade e avivamento na
contemporaneidade, bem como a contribuição que Martyn Lloyd-Jones pode
oferecer para a discussão destes elementos, de maneira bíblica, saudável e
equibrada.
6
LOPES, Augustus Nicodemus. Puritanismo. Disponível em:
http://www.monergismo.com/textos/puritanos/puritanismo_augustus.html. Acesso em 17.mai.2021.
7
BEEKE, Joel R.; JONES, Mark.Teologia Puritana: Doutrina Para a vida. São Paulo: Vida Nova,
2016. p.29.
8
BEEKE, Joel R. Pregação Reformada: Proclamando a Palavra de Deus do Coração do
Pregador Para o Coração do Povo de Deus. São Paulo: Fiel, 2019. p.500.
9
COSTA, Antônio Carlos. As Dimensões da Espiritualidade Reformada. Goiânia: Primícias, 2012.
p.18-19.
8
10
LAWSON, Steven J. A Pregação Apaixonada de Martyn Lloyd-Jones: Um Perfil de Homens
Piedosos. São José dos Campos: Fiel, 2016.p.19.
11
MURRAY, Iain H. A Vida de D. Martyn Lloyd-Jones 1899-1981: Uma Biografia. São Paulo: PES,
2014. p13.
12
Daniel Rowland (1711-1790), juntamente com Howell Harris (1714-1773) e William Willians
(1717-1791) foram notórias figuras dentre os responsáveis pelo Grande Avivamento Galês, em 1735.
10
MURRAY (2014) destaca que não havia interesse dele pela leitura. O futebol
e outras atividades eram mais atraentes. Ainda assim, o menino Martyn era
brilhante, bastante prático e com inclinação para os negócios. 13 À mesma época,
recebeu o convite para ser bolsista em Tregaron, uma cidade vizinha, na Tregaron
County Intermediate School. Por conta dos problemas financeiros familiares,
necessitava obter boa nota para esturar gratuitamente no ano letivo seguinte, o que
aconteceu. Desde então, tomou consciência da sua genialidade.14
Na trajetória acadêmica, Martyn Lloyd-Jones frequentou a escola masculina
St. Marylebone Grammar School, onde concluiu os estudos preparatórios.
Ao final destes estudos, optou pela medicina, sua paixão. Em 1916, com dezesseis
anos, foi aceito no renomado programa de treinamento do Hospital St. Bartholomew,
em Londres, um dos mais famosos hospitais-escolas da Inglaterra.
Aos vinte e um anos de idade, Lloyd-Jones recebeu o bacharelado em medicina e
cirurgia. Tornou-se então membro do Real Colégio de Cirurgiões, em 1921, e
licenciado pelo Real Colégio de Médicos, também em 1921.15 LAWSON (2016)
atesta que, para Lloyd-Jones, a vida permanecia instável e vazia. Sua vida
13
MURRAY, Iain H. A Vida de D. Martyn Lloyd-Jones 1899-1981: Uma Biografia. São Paulo: PES,
2014. p. 26.
14
Ibid. p 27.
15
Ibid. p.49.
11
16
LAWSON, Steven J. A Pregação Apaixonada de Martyn Lloyd-Jones: Um Perfil de Homens
Piedosos. São José dos Campos: Fiel, 2016. P.23.
17
MURRAY, Iain H. A Vida de D. Martyn Lloyd-Jones 1899-1981: Uma Biografia. São Paulo: PES,
2014. p.62.
18
Ibid. p. 57.
19
Ibid. p. 59.
12
O autor acima mencionado ressalta que, desde o início de seu ministério, era
observada a ênfase na pregação expositiva do texto bíblico e na aplicação vívida
desta mensagem.22 A este tipo de pregação, Lloyd-Jones deu-lhe a definição que
marcaria seu ministério: “... lógica pegando fogo! É raciocínio eloquente”.23
Iniciado seu trabalho na nova igreja, Lloyd-Jones manteve uma estrutura
simples. As atividades eclesiásticas tinham dois objetivos claramente estabelecidos:
o crescimento espiritual dos convertidos, com base nas Escrituras, além da
pregação evangelística, tendo em vista a conversão dos não crentes. Bethan, sua
própria esposa, revela que havia se convertido nesta época: “Estive por dois anos
sob o ministério de Martyn antes que eu realmente compreendesse o que era o
evangelho... pensei que tinha de ser um bêbado ou uma prostituta para ser
convertido.” 24
20
Ibid. pp. 59-60.
21
COSTA, Antônio Carlos. As Dimensões da Espiritualidade Reformada. Goiânia: Primícias, 2012.
p.40.
22
COSTA, Antônio Carlos. As Dimensões da Espiritualidade Reformada. Goiânia: Primícias, 2012.
p.45.
23
LLOYD-JONES , David Martyn. Pregação e Pregadores. São José dos Campos: Fiel, 2008. P.95.
24
LAWSON, Steven J. A Pregação Apaixonada de Martyn Lloyd-Jones: Um Perfil de Homens
Piedosos. São José dos Campos: Fiel, 2016.p. 26.
13
25
LAWSON, Steven J. A Pregação Apaixonada de Martyn Lloyd-Jones: Um Perfil de Homens
Piedosos. São José dos Campos: Fiel, 2016.p. 26.
14
26
COSTA, Antônio Carlos. As Dimensões da Espiritualidade Reformada. Goiânia: Primícias, 2012.
p. 52-53.
27
LAWSON, Steven J. A Pregação Apaixonada de Martyn Lloyd-Jones: Um Perfil de Homens
Piedosos. São José dos Campos: Fiel, 2016. p.31.
16
Igreja Batista de Barcombe. Dois dias antes de sua morte, escreveu à sua esposa e
filhos: “Não orem pedindo que eu seja curado. Não me privem da glória”. 28
No dia 1° de março de 1981, justamente treze anos após ter pregado seu último
sermão em Westminster, morria Martyn Lloyd-Jones, a quem John Stott afirmou: “A
mais poderosa e persuasiva voz da Grã-Bretanha por uns trinta anos, está agora
silenciosa”.29
28
LAWSON, Steven J. A Pregação Apaixonada de Martyn Lloyd-Jones: Um Perfil de Homens
Piedosos. São José dos Campos: Fiel, 2016. p.36.
29
Quarta capa do livro de MURRAY, Iain H. A Vida de D. Martyn Lloyd-Jones 1899-1981: Uma
Biografia. São Paulo: PES, 2014.
30
COSTA, Antônio Carlos. As Dimensões da Espiritualidade Reformada. Goiânia: Primícias, 2012.
p. 59.
17
seu discurso, com inteira ausência de empenho em produzir efeito oratório, retratam
este puritano moderno” (MURRAY, 2014, p.179).”31 Além de Richard Baxer, Martyn
Lloyd-Jones cita também Jonathan Edwards, o notável pastor norte-americano do
Primeiro Grande Avivamento.32 De linha teológica calvinista, Edwards foi outro
teólogo que influenciou grande parte do seu ministério pastoral.33
31
MURRAY, Iain H. A Vida de D. Martyn Lloyd-Jones 1899-1981: Uma Biografia. São Paulo: PES,
2014. p.179.
32
Também conhecido como Primeiro Grande Despertamento, foi um período de grande
transformação espiritual, ocorrido principalmente no Reino Unido e nos Estados Unidos, entre os
anos de 1730 e 1740.
33
LLOYD-JONES , David Martyn. Os Puritanos – Suas Orígens e Seus Sucessores. São Paulo:
PES, 2016. p.278.
34
Ibid.
35
A Confissão de Fé de Westminster é parte dos documentos chamados “Padrões de Westminster”,
elaborado em 1649 pela Assembleia de Westminster, com mais de mil sessões. De autoria
majoritariamente puritana, teve o intuito de estabelecer uma maior unidade teológica entre as igrejas
reformadas inglesas e escocesas.
18
36
ASSEMBLEIA DE WESTMINSTER. Símbolos de Fé: contendo a Confissão de Fé, Catecismo
Maior e Breve. São Paulo: Cultura Cristã, 2005. p.11.
37
VAN DIXHOORN, Chad. Guia de Estudos da Confissão de Fé de Westminster. São Paulo:
Cultura Cristã, 2017. p.38.
19
38
CALVINO, João. As Institutas da Religião Cristã, Tomo I, Livros I e II. São Paulo: UNESP, 2008.
p. 71.
39
REYKE, Leland. Santos no Mundo: Os Puritanos Como Realmente Eram. São José dos
Campos: Fiel, 2012. p. 239.
40
GRUDEM, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999. p. 4.
41
LLOYD-JONES , David Martyn. Pregação e Pregadores. São José dos Campos: Fiel, 2008. p.66.
42
BÍBLIA de Estudo da Reforma. A inspiração, valor e utilidade das Santas Escrituras. Barueri:
Sociedade Bíblica do Brasil, 2017. p.2073. Novo Testamento.
20
43
PACKER, J. I. Entre os Gigantes de Deus: Uma Visão Puritana da Vida Cristã. São José dos
Campos: Fiel, 2016. p. 468.
44
LLOYD-JONES , David Martyn. Pregação e Pregadores. São José dos Campos: Fiel, 2008. p.71.
45
COSTA, Antônio Carlos. As Dimensões da Espiritualidade Reformada. Goiânia: Primícias, 2012.
p. 102.
21
46
McGRATH, Alister E. Teologia Sistemática, Histórica e Filosófica: Uma Introdução à Teologia
Cristã . São Paulo: Shedd Publicações, 2010. p.186
47
COSTA, Antônio Carlos. As Dimensões da Espiritualidade Reformada. Goiânia: Primícias, 2012.
p.33.
48
CALVINO, João. As Institutas da Religião Cristã, Tomo I, Livros I e II. São Paulo: UNESP, 2008.
p. 13.
49
BEEKE, Joel R.Espiritualidade Reformada. São José dos Campos: Fiel, 2014. p.24.
22
Para o reformador genebrino, pietas designa a atitude correta do homem para com a
Divindade.50 Este posicionamento diante de Deus é tema fundamental para a
Teologia Reformada. No Catecismo Maior de Westminster, a primeira questão trata
sobre a finalidade do homem: “O fim supremo e principal do homem e glorificar a
Deus e gozá-lo para sempre”.51
Historicamente, o Puritanismo é considerado a segunda geração da
Reforma Protestante, que aconteceu na Alemanha e na França de Lutero e Calvino
respectivamente, assim como em outros países da Europa continental.
Martyn Lloyd-Jones afirma que a manifestação do espírito puritano começou com
William Tyndale, por volta de 1524, através do desejo de traduzir a Bíblia para
a língua inglesa, que fosse acessível às pessoas comuns, num período em que
a igreja da Inglaterra adotava os mesmos moldes da Igreja Romana.52
Posteriormente, Henrique VIII, rei da Inglaterra, rompeu com Roma por
um motivo excuso: ter o direito de se casar novamente, o que era intolerável aos
olhos de Roma. Debaixo de pretextos doutrinários, estabeleceu a Igreja Anglicana e
se tornou o chefe supremo eclesiástico, viabilizando um novo matrimônio para si
mesmo. Por se tratar de um desejo não genuíno de reformar a Igreja, aspectos
essenciais da liturgia católica permaneceram na Igreja Anglicana, como imagens e
cultos ministrados em latim. Mais uma vez, Lloyd-Jones afirma que tudo isto
reacendeu o espírito puritano, uma década depois.53 Alguns permaneceram no
Anglicanismo, desejando mudá-la de dentro para fora; já outros foram para a Europa
Continental, onde puderam aprender sob a tutela de João Calvino e Ulrico Zwinguio.
Um vento de esperança soprou para os cristãos dissidentes da Igreja
Anglicana quando o rei Eduardo VI, com apenas 9 anos, subiu ao trono. Apesar de
ser apenas uma criança, Eduardo era entusiasta da teologia reformada protestante.
50
BEEKE, Joel R. Espiritualidade Reformada. São José dos Campos: Fiel, 2014. p.24.
51
O Catecismo Maior de Westminster. Disponível em:
http://www.monergismo.com/textos/catecismos/catecismomaior_westminster.html. Acesso em
27.abr.2021.
52
LLOYD-JONES , David Martyn. Os Puritanos – Suas Orígens e Seus Sucessores. São Paulo:
PES, 2016. p.281.
53
Ibid.
23
54
LOPES, Hernandes Dias Lopes. Reforma Protestante – Hernandes Dias Lopes. Youtube, 2017.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=YoujvnpbBLY
55
Puritanos: Toda a Vida Para a Glória de Deus. Direção: Joel Beeke. Produção: John Snyder.
New Albany: Media Gratiae, 2020.
56
REYKE, Leland. Santos no Mundo: Os Puritanos Como Realmente Eram. São José dos
Campos: Fiel, 2012. p.337.
24
57
BEEKE, Joel R. Espiritualidade Reformada. São José dos Campos: Fiel, 2014. p.18.
58
Ibid.
59
RYKEN, Leland. Santos no Mundo: Os Puritanos Como Realmente Eram. São José dos
Campos: Fiel, 2012. p.355.
60
COSTA, Antônio Carlos. As Dimensões da Espiritualidade Reformada. Goiânia: Primícias, 2012.
p. 109.
25
61
COSTA, Antônio Carlos. As Dimensões da Espiritualidade Reformada. Goiânia: Primícias, 2012.
p. 21.
62
BEEKE, Joel R. Pregação Reformada. São Paulo: Fiel, 2019. p.46.
63
Ibid. p. 47.
64
Puritanos: Toda a Vida Para a Glória de Deus. Direção: Joel Beeke. Produção: John Snyder.
New Albany: Media Gratiae, 2020.
65
RYKEN, Leland. Santos no Mundo: Os Puritanos Como Realmente Eram. São José dos
Campos: Fiel, 2012. p.178.
66
Ibid. p. 225
26
67
LLOYD-JONES, David Martyn. Pregação e Pregadores. São José dos Campos: Fiel, 2008. p.28.
68
LAWSON, Steven J. A Pregação Apaixonada de Martyn Lloyd-Jones: Um Perfil de Homens
Piedosos. São José dos Campos: Fiel, 2016. p.55.
69
LLOYD-JONES, David Martyn. Puritanos: suas origens e seus sucessores. São Paulo: PES,
2016. p.440.
27
70
Ibid.
71
BEEKE, Joel R. Pregação Reformada: Proclamando a Palavra de Deus do Coração do
Pregador Para o Coração do Povo de Deus. São Paulo: Fiel, 2019. p.227.
72
LLOYD-JONES, David Martyn. Pregação e Pregadores. São José dos Campos: Fiel, 2008. p.?
73
LLOYD-JONES, David Martyn. Pregação e Pregadores. São José dos Campos: Fiel, 2008. p.19.
74
LAWSON, Steven J. A Pregação Apaixonada de Martyn Lloyd-Jones: Um Perfil de Homens
Piedosos. São José dos Campos: Fiel, 2016.p.52.
75
Ibid.
28
76
LAWSON, Steven J. A Pregação Apaixonada de Martyn Lloyd-Jones: Um Perfil de Homens
Piedosos. São José dos Campos: Fiel, 2016.p.149.
77
BEEKE, Joel R. Pregação Reformada: Proclamando a Palavra de Deus do Coração do
Pregador Para o Coração do Povo de Deus. São Paulo: Fiel, 2019. p.507.
78
LLOYD-JONES, David Martyn. Discernindo os Tempos. São Paulo: PES, 1994. p.273.
30
Em sua obra “Teologia Puritana: Doutrina Para a Vida”, Joel Beeke (2016)
argumenta que o movimento puritano foi mais diversificado do que podia parecer aos
olhos de quem o enxergava.80 Para comprovar esta tese, ele afirma que
Richard Baxter (1615-1691) não poderia ser considerado um puritano nos mesmos
moldes que John Owen (1616-1683), por exemplo. Ademais, o autor supracitado
assevera que “debates teológicos vigorosos entre Baxter e Owen revelam que suas
diferenças iam bem além de questões semânticas”.81 Mesmo assim, estes dois
homens, bem como muitos outros, eram considerados verdadeiramente parte do
movimento teológico mais abrangente denominado “ortodoxia reformada” puritana.
79
PACKER, J. I. Entre os Gigantes de Deus: Uma Visão Puritana da Vida Cristã. São José dos
Campos: Fiel, 2016. p.456.
80
BEEKE, Joel R., JONES, Mark. Teologia Puritana: Doutrina Para a Vida. São Paulo: Vida Nova,
2016. p.24.
81
Ibid.
31
82
BEEKE, Joel R., PEDERSON, Randall J. Paixão Pela Pureza: Conheça os Puritanos. São Paulo:
PES, 2010. p.123.
83
Ibid. p.125.
32
cerca de 150 tratados teológicos, como também centenas de cartas e ensaios não
publicados.84
Algumas características de Baxter ressaltam do seu legado como pastor
e teólogo. De acordo com Joel Beeke, ele carregava um grande senso de urgência e
solenidade em suas pregações.85 A respeito disto, Baxter afirmou que ele era como
um “homem morrendo pregando para homens morrendo”.86 Por conta desta
necessidade, considerava cada sermão como o último que pregaria, além de
entender que a exposição do evangelho era o único meio para salvar os pecadores
e santificar os santos. A obra “Call to the Unconverted” (Chamado ao Não-
Convertido), em que se baseia num texto de Ezequiel 33:11, revela o apaixonado
interesse de Baxter pela evangelização. Outra caracterísca que Beeke destaca
é o ensino catequético realizado com os membros de sua igreja, de casa em casa,
comprovando o zelo pelo ministério pastoral.87 Da necessidade de direcionar os
esforços para o trabalho de visita aos membros das suas igrejas e também em
preparar pastores para esta dura tarefa, Baxter escreveu “The Reformed Pastor”
(Manual Pastoral de Discipulado, Cultura Cristã, 2008), na tentativa de corrigir
a negligência pastoral de seus dias, detalhando o zelo e a supervisão que ministros
deveriam exercer sobre eles mesmos e suas igrejas. Sobre este cuidado que
os pastores deveriam ter sobre si mesmo, BAXTER (2008) afirma, nesta obra, que:
84
Ibid.
85
BEEKE, Joel R., THOMPSON, Nicholas J. Puritanos: lições sobre o puritanismo. Franca:
Defesa do Evangelho, 2021. p.41.
86
Ibid.
87
Puritanos: Toda a Vida Para a Glória de Deus. Direção: Joel Beeke. Produção: John Snyder.
New Albany: Media Gratiae, 2020.
33
88
BEEKE, Joel R., PEDERSON, Randall J. Paixão Pela Pureza: Conheça os Puritanos. São Paulo:
PES, 2010. p.558.
89
Puritanos: Toda a Vida Para a Glória de Deus. Direção: Joel Beeke. Produção: John Snyder.
New Albany: Media Gratiae, 2020.
34
90
BEEKE, Joel R., PEDERSON, Randall J. Paixão Pela Pureza: Conheça os Puritanos. São Paulo:
PES, 2010. p.565.
91
BEEKE, Joel R., REEVES, Michael. Puritanos: toda a vida para a glória de Deus. Franca:
Defesa do Evangelho, 2021. p.45.
92
OWEN, John. O Espírito Santo. Recife: Os Puritanos, 2012. p.15.
93
Ibid.
94
FERGUSON, Sinclair B. A Devoção Trinitária de John Owen: Um Perfil de Homens Piedosos.
Campos: Fiel, 2015. p.37.
95
MURRAY, Iain H. A Vida de D. Martyn Lloyd-Jones 1899-1981: Uma Biografia. São Paulo: PES,
2014. p.299.
96
Ibid. p.470.
35
por seus sintomas, por assim dizer, mas por pelo seu princípio. LLOYD-JONES
(2016) comenta a respeito de como Owen tratou da controvérsia entre
independentes e presbiterianos em seus dias:
97
LLOYD-JONES, David Martyn. Vida no Espírito: no casamento, no lar e no trabalho:
Exposição sobre Efésios 5.18-6.9. São Paulo: PES, 2014. p.99.
36
Conforme registrado por Iain Murray, por mais que houvesse uma preferência
de Lloyd-Jones à teologia de John Owen em comparação com Richard Baxter98,
estes dois puritanos contemporâneos tiveram grande influência em seu
empreendimento pastoral e expositivo da Palavra.
98
MURRAY, Iain H. A Vida de D. Martyn Lloyd-Jones 1899-1981: Uma Biografia. São Paulo: PES,
2014. p.301.
37
99
Também conhecido como o Segundo Grande Despertamento, que ocorreu em alguns países da
Europa e nos Estados Unidos. Sucedeu ao Primeiro Despertamento, do século anterior. Neste,
nomes como Jonathan Edwards, John Wesley e George Whitefield tiveram grande proeminência.
100
LLOYD-JONES, David Martyn. Avivamento e sua urgente necessidade na igreja hoje. São
Paulo: PES, 2017. p.11.
101
Ibid.
38
102
LLOYD-JONES, David Martyn. Avivamento e sua urgente necessidade na igreja hoje. São
Paulo: PES, 2017. p.21.
103
Ibid. p.23.
104
Ibid.
105
Ibid. pp.26-27.
39
106
BLEDSOE, David Allen. Movimento Neopentecostal Brasileiro: IURD: um estudo de caso. São
Paulo: Hagnos, 2012. pp.34-35.
107
LLOYD-JONES, David Martyn. Avivamento e sua urgente necessidade na igreja hoje. São
Paulo: PES, 2017. p.28.
108
LLOYD-JONES , David Martyn. Os Puritanos – Suas Orígens e Seus Sucessores. São Paulo:
PES, 2016. p.16.
109
Ibid.
40
110
LLOYD-JONES, David Martyn. Avivamento e sua urgente necessidade na igreja hoje. São
Paulo: PES, 2017. p.35.
111
Ibid. p.36.
112
Ibid. p.45.
113
Ibid.
41
114
LLOYD-JONES, David Martyn. Avivamento e sua urgente necessidade na igreja hoje. São
Paulo: PES, 2017. p.56.
115
LLOYD-JONES , David Martyn. Os Puritanos – Suas Orígens e Seus Sucessores. São Paulo:
116
117
FERREIRA, Franklin. Avivamento para a igreja: o papel do Espírito Santo e da oração na
renovação. São Paulo: Vida Nova, 2015. p.50.
118
BEEKE, Joel R. O Método da Evangelização Puritana. Disponível em:
https://bereianos.blogspot.com/2011/06/o-metodo-da-evangelizacao-puritana.html. Acesso em
29.set.2021.
43
119
HANKO, Herman. Charles Grandison Finney: Reavivalista (1). Disponível em:
http://www.monergismo.com/textos/biografias/finney-reavivalista_h-hanko.pdf. Acesso em
29.set.2021.
120
HORTON, Michael. O Legado de Charles Finney. Disponível em:
https://ministeriofiel.com.br/artigos/o-legado-de-charles-finney. Acesso em 29.set.2021.
121
O banco dos ansiosos era um método no qual a primeira fileira de cadeiras nas pregações de
Finney ficavam vazias com o objetivo de que as pessoas ansiosas com os apelos de Finney
pudessem assentar-se e recebessem uma ministração pessoal. Esta prática deu origem à chamada à
frente do altar, tão utilizada nos dias atuais.
122
HORTON, Michael. O Legado de Charles Finney. Disponível em:
https://ministeriofiel.com.br/artigos/o-legado-de-charles-finney. Acesso em 29.set.2021.
123
Ibid.
44
LLOYD-JONES , David Martyn. Os Puritanos – Suas Orígens e Seus Sucessores. São Paulo:
124
125
Ibid.
126
Ibid. p.35.
127
Ibid.
128
Ibid.
129
Ibid.
130
LLOYD-JONES, David Martyn. Avivamento e sua urgente necessidade na igreja hoje. São
Paulo: PES, 2017. p.240.
46
4. CONCLUSÃO
BEEKE, Joel R. Espiritualidade Reformada. São José dos Campos: Fiel, 2014.
BEEKE, Joel R., JONES, Mark. Teologia Puritana: Doutrina Para a Vida. São
Paulo: Vida Nova, 2016.
BEEKE, Joel R., REEVES, Michael. Puritanos: toda a vida para a glória de Deus.
Franca: Defesa do Evangelho, 2021.
CALVINO, João. As Institutas da Religião Cristã, Tomo I, Livros I e II. São Paulo:
UNESP, 2008.
Puritanos: Toda a Vida Para a Glória de Deus. Direção: Joel Beeke. Produção:
John Snyder. New Albany: Media Gratiae, 2020.