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ESTADO E SERVIÇO SOCIAL NO

BRASIL
Aula 5

Profª Carla Andréia Alves da Silva Marcelino


CONVERSA INICIAL

Após estudarmos o contratualismo, a formação do Estado Liberal, o Welfare State e a gênese do

ideário de Direitos Humanos, chegou a hora de estudarmos como estes processos se deram no Brasil,

ou melhor, de verificarmos se estes processos ocorreram no Brasil e de que forma. Para os futuros

assistentes sociais, conhecer a história do Brasil, a formação econômica do país e os seus

rebatimentos nas políticas sociais é fundamental para compreender como os padrões de


(des)proteção social foram se alterando conforme o contexto econômico, político e social do Brasil.

Sabe-se que a questão social é a contradição entre capital e trabalho e que a pobreza, miséria,

violência, desemprego, relações precarizadas de trabalho, são as expressões desta questão social, que

é a matéria-prima do trabalho do Assistente Social, portanto seu fazer profissional recai sobre estas

expressões e os seus espaços sócio-ocupacionais são afetados diretamente pelas mudanças

econômicas e políticas do país. É importante conhecermos a história, pois muitos fatos, muitas

desigualdades históricas, têm seus fundamentos na formação da propriedade privada e construção

da economia do país.

Iniciaremos esta aula discutindo sobre a formação da propriedade privada no Brasil após a

ocupação do país pela coroa portuguesa, na expectativa de dar subsídios para a compreensão de
como ocorreu a distribuição das terras e da riqueza produzida nela, dando origem a classe

economicamente dominante brasileira. Na sequência, trataremos da formação econômica do Brasil,

focando a partir do processo de independência do país no contexto da produção agrária da cana-de-

açúcar, depois do capital cafeeiro, até o processo tardio de industrialização.

Trataremos também sobre a democracia no Brasil: como seu deu este processo, os contextos

históricos e analisarmos a sua consolidação (ou não) no país. Por fim, apresentaremos como se

deram as políticas sociais ao longo da história e os seus rebatimentos na proteção social dos

brasileiros.
CONTEXTUALIZANDO

Os livros de história oficiais trazem a abolição da escravatura como sendo um grande feito de

um grupo de pessoas, consolidado pela “heroína” Princesa Izabel e arquitetado por homens de
ideários republicanos como Joaquim Nabuco e José do Patrocínio. O Brasil ia na contramão do

demais países do mundo, já que ganhava força o Estado Liberal e sua defesa intransigente da

liberdade individual. Grande parte dos países já havia libertado seus escravos, mas estes ainda eram

parte fundamental na organização capitalista brasileira. Mas, por que o interesse da coroa, através da

Princesa Izabel, em abolir os escravos tardiamente? Seria de fato a intenção de libertação ou a

reorganização do capitalismo no Brasil? Será que existem outras versões da história?

Leia as duas reportagens, estude os temas desta aula e reflita sobre as questões apresentadas.

Abolição da Escravatura

<http://acervo.estadao.com.br/noticias/topicos,abolicao-da-escravatura,484,0.htm>

Por que os negros não comemoram o dia 13 de maio

<http://www.geledes.org.br/por-que-os-negros-nao-comemoram-o-13-de-maio-dia-da-ab
olicao-da-escravatura/>

PESQUISE

TEMA 1 - FORMAÇÃO DA PROPRIEDADE PRIVADA NO BRASIL

Como vimos na aula anterior, o capitalismo começa a tomar forma e a se fortalecer a partir do

século XVII com a ascensão da burguesia na Europa, impulsionada pela Revolução burguesa Inglesa.

Mazzeo (1988), explica melhor este processo:

Nesse processo de profundas mudanças, na Europa, surge também, como consequência direta do
desenvolvimento de novas forças produtivas, a burguesia como agente propulsor de novas formas

produtivas e os Estados nacionais (o Estado modernos), politicamente centralizado, administrando


e dando suporte às atividades econômicas da burguesia comercial, materializadas no mercantilismo

(MAZZEO, 1988).

Caio Prado Junior (1981) e Mazzeo (1988), afirmam que o descobrimento do Brasil foi parte

também da expansão capitalista europeia, já que neste período as colônias tinham um papel

fundamental na produção da riqueza e de capitais para a metrópole (Estado ao qual a colônia estava
vinculada). A ocupação das terras que hoje são o Brasil teve início no ano de 1530, quando Martin

Afonso de Sousa e os primeiros colonos chegaram ao Brasil e passaram a ocupar as chamadas

Capitanias Hereditárias, a partir de 1934.

Mazzeo (1988), explica que as Capitanias Hereditárias foram o primeiro empreendimento

mercantil privado brasileiro, pois apesar da posse da terra ser dada pelo Estado, a produção destas

terras e obtenção de riqueza a partir delas era responsabilidade do donatário. Este donatário podia

também doar pedaços destas terras, ainda não cultivados ou tidos como improdutivos, na forma das

conhecidas Sesmarias, as quais também produziam para ampliar a riqueza. Donatários e sesmeiros

produziam e pagavam impostos à metrópole.

Importante frisar que, conforme estuda Ricardo Costa de Oliveira (2001), esta centralidade da

economia na posse da terra é a estrutura inicial para se entender a classe dominante brasileira, com

especial atenção à concessão das Sesmarias pela Coroa Portuguesa. Ao contrário do que alguns

historiadores colocam, de que as sesmarias foram ocupadas por camponeses, o mesmo autor afirma

que para se ter acesso a uma Sesmaria, era necessário ter escravos e posições sociais. Assim,
[1]
conforme afirma Osório Silva (1996 apud OLIVEIRA, 2001, p. 37), o sesmarialismo com a formação

de um senhoriato rural possui características fundamentais na construção de relações de prestígio e

poder. Ricardo Costa Oliveira (2001), segue analisando que o grupo social que recebeu as Sesmarias

formou as estruturas elementares de poder político local. As Sesmarias também eram redutos

familiares, conforme podemos observar:

A posse da terra e de Sesmarias sempre teria sido um empreendimento familiar quando não

clânico. Quase não se encontravam pioneiros isolados nas regiões de fronteira, mas a presença de
patriarcas com os seus grupos parentais, seus agregados e recursos nas duras condições iniciais de

colonização e implantação colonial. A posse da terra era a mais segura reserva de riqueza no Brasil

Colônia e a melhor garantia de permanência na classe dominante por parte das principais famílias.

Fizemos aqui este adendo, pois entender este processo de distribuição da terra e consolidação
da propriedade privada no Brasil nos permite entender fenômenos presentes na política e na
economia brasileira até os dias de hoje, tal como a prática sistemática do nepotismo, do “extrativismo

estatal” por famílias que ocupam as classes dominantes desde o Brasil colonial, dando origem aos

“coronéis” e grandes latifundiários, como chama a atenção Oliveira (2001), os quais até hoje possuem

parentes ocupando cargos nos três poderes, são proprietários de empreiteiras e mantêm uma vasta

rede de poder e parentesco que garantem longevidade no poder.

Retomando nosso assunto central, vale reafirmar que a ocupação das terras e a produção em
grande escala nelas eram a base do capitalismo mercantil brasileiro da época, processo no qual a

riqueza produzida nas colônias era fundamental. Mazzeo (1988), critica os autores que afirmaram que

o capitalismo mercantil não existiu no Brasil colonial, pois acredita que apesar de não ter havido o

capitalismo clássico, com a prevalência do trabalho assalariado, houve uma incorporação das

riquezas produzidas pelas monoculturas nos grandes latifúndios, com itens produzidos por escravos.

O mesmo autor, ao parafrasear Karl Marx, diz que o capitalismo possui um processo chamado de

“subjunção formal do trabalho ao capital”, que consiste na incorporação à estrutura orgânica do

capital das formas produtivas pré-capitalistas não típicas do sistema capitalista em expansão. Assim,

embora a acumulação de riquezas no Brasil estivesse baseada no latifúndio e na produção agrária

com utilização de escravos, esta riqueza produzida, na sua forma original, foi incorporada à lógica

capitalista prevalente na Europa.

A prevalência da escravidão no Brasil tem sua explicação, segundo Mazzeo (1988), no fato de as

condições propícias ao plantio, principalmente da cana-de-açúcar, o que fez com que as metrópoles

europeias transferissem suas grandes plantações para a América. Ainda em colonização, não havia

supostamente outra alternativa para resolver a questão da mão de obra que não fosse o tráfico de

escravos. Assim, de forma legal, os capitalistas que estavam em terras “brasileiras”, proprietários de

terras, passaram a utilizar os escravos, como parte desta expansão capitalista nas Américas:

Concluímos, então, que a produção escravista instalada na América e, portanto, no Brasil, não se

constitui em um modo de produção distinto do capitalista, ao contrário, estrutura-se como um tipo


específico de capitalismo. Um capitalismo da extração colonial e escravista que objetiva o mercado

externo, grandes lucros e, fundamentalmente, que utiliza a mais-valia que expropria do escravo
para investir na produção açucareira e agrária (MAZZEO, 1988, p. 11).

>

Esta condição de colônia a serviço do capitalismo europeu, com predomínio da produção com

escravos, dos grandes latifúndios e do baixo caráter técnico da produção, marcará a história do Brasil
de forma particular com o surgimento de uma sociedade conservadora rígida, pautadas nas culturas

europeias, em especial Inglaterra, França e Holanda, e uma classe dominante subordinada econômica

e culturalmente ao grande capital.

Assim, em breve resumo, temos a formação da propriedade privada brasileira, ainda no Brasil

colonial, com grandes proprietários de terras, latifundiários, herdeiros das Capitanias e Sesmarias,

focados nos produtos agrários, que produziam sua riqueza por meio da exportação de seus

produtos, estes produzidos por meio da mão de obra de escravos negros. Mazzeo (1988, p. 12), de
forma similar a Oliveira (2001), afirma que este latifúndio moderno implementado no Brasil:

[...] marcará profundamente o desenvolvimento histórico-social do Brasil [...] onde as ricas famílias

rurais dominarão quase que exclusivamente o poder político, com seus maneirismos aristocráticos
somados à típica sede de lucros da burguesia (MAZZEO, 1988, p.9).

Assim se construiu a classe dominante brasileira, através do crescimento de uma classe


constituída no comércio de escravos, nos grandes latifúndios, na produção agrícola e na exportação

destes produtos.

TEMA 2 - FORMAÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL

Para esta seção utilizaremos basicamente três referenciais teóricos: Florestan Fernandes e sua

obra A Revolução Burguesa no Brasil, Caio Prado Junior e a obra História Econômica do Brasil e
Antonio Carlos Mazzeo com o livro Burguesia e Capitalismo no Brasil. Todos estes autores fazem uma

análise histórica da economia brasileira a partir da teoria crítica marxista, o que implica dizer que o
fazem a partir da lógica do desenvolvimento do capitalismo em nosso país, levando em consideração

nestes contextos os interesses e as lutas de classes. Há também outros importantes autores que você
poderá buscar, com análises mais tradicionais e conservadoras, tal como Celso Furtado e a obra

Formação Econômica do Brasil, com o qual não trabalharemos nesta seção.

Como em nosso tema anterior nos atemos a falar da formação da propriedade privada focada
no período do Brasil Colônia, falaremos aqui do desenvolvimento da economia brasileira a partir do

processo de independência do país. Em meados do século XVIII, Portugal era uma metrópole
conservadora e falida. A colônia brasileira era o coração da economia portuguesa, “constituindo-se

no elemento basilar da economia do império português, uma metrópole bastante debilitada pela
crise do sistema colonial e subordinada aos interesses do capitalismo britânico” (MAZZEO, 1988, p.
14). Além da produção agrícola, neste meado do século XVIII o Brasil começa também a crescer com

o minério, se tornando uma economia muito mais prospera que a metrópole (Portugal) que, por sua
vez, apropriava-se desta prosperidade cobrando altos impostos sobre a produção brasileira e

impondo sérias restrições ao comércio com outros países. Com a vinda da família real para o Brasil
(fugidos do exército de Napoleão Bonaparte) abrem-se as condições favoráveis ao processo de

independência motivada pela prosperidade da colônia, a metrópole dominada pelos franceses e a


burguesia brasileira tentando se inserir nos processos de governo da coroa portuguesa.

A monarquia instalada no Brasil pós-independência, diante dos processos revolucionários


ocorridos na Europa, como a Revolução Francesa que espalha a ideia do liberalismo e do
republicanismo pelo mundo, endurece o seu regime no Brasil, aproximando-se das monarquias

absolutistas. Isto porque a base da economia brasileira ainda era a produção agrícola, toda esta
tendo como mão de obra os escravos negros. Como vimos em nossa aula 3, com a Revolução

Francesa, a implementação do liberalismo e o avanço do capitalismo, quase todos os países europeus


libertaram seus escravos, e para o Brasil esta libertação teria, nesse momento, um grande custo à

economia do Estado nacional nascente. Assim, vê-se que houve uma conciliação entre os interesses
da nobreza e da burguesia local, criando condições para que o molde econômico do país continuasse

da mesma forma que no período colonial. Sobre este processo, Mazzeo (1988, p. 22) explica: “A não-
ruptura com a estrutura de produção escravista e exportadora confirmará a dimensão colonial da

economia brasileira subordinada e dependente dos polos centrais da economia mundial.”

Até então, no Brasil colonial, a economia era pautada no extrativismo do pau-brasil e


posteriormente na agricultura, com o plantio da cana-de-açúcar e do algodão. No período pós-

independência a economia é reforçada pela produção do café, fazendo com que o Brasil, em 1830,
chegasse ao posto de maior produtor de café do mundo. A economia cafeeira faz com que os demais

produtos sejam desvalorizados e tenham a sua produção estagnada. Por outro lado, traz uma grande
modernização da produção, principalmente pela melhoria dos sistemas de transporte, com franca

expansão das estradas de ferro e mecanização dos processos de produção. Neste contexto, a queda
do plantio de outras culturas e a mecanização, começa a sobrar mão de obra escrava no Brasil e a se

fortalecer a economia pautada no trabalho livre assalariado.

A produção cafeeira também deslocou o centro da atividade econômica do Brasil para o Sul do
país, em detrimento aos senhores rurais do Nordeste do país, que perderam espaço na ocupação do

aparelho estatal. Com a ascenção desta nova burguesia cafeeira, a implementação do trabalho
assalariado e o deslocamento dos centros de poder para o Sul, abre-se os caminhos para a
implementação da República no Brasil. A república foi proclamada em um processo burguês sem a

participação das massas de trabalhadores e os primeiros governos implementados, conforme


veremos em nossa próxima aula, será de militares, similar ao governo bonapartista implementado na

França após o processo revolucionário. Estes governos militares tinha o claro propósito de defender
os interesses da burguesia cafeeira, mantendo os grandes latifúndios que sustentavam a economia

local, a exportação dos produtos agrícolas. Apesar de parecer um processo de ruptura, a república
manterá esta base economia, tendo a Inglaterra ainda como seu principal “parceiro” de negócios,

gerando um processo de dependência aos ingleses que Mazzeo (1988) chama de modelo capitalista
“prussiano-colonial”. Sobre este processo, autor explica que:

[...] a burguesia proclama a República, longe das massas populares. A tradição prussiana da classe

dominante articula, “pelo alto”, o golpe de Estado que implanta o regime republicano e uma
ditadura militar no país, como conclusão de um processo modernizador iniciado na segunda

metade do século XIX, expressando assim o apogeu da burguesia do café (Mazzeo, 1988, p.26).

Segundo Mazzeo (1988) e Prado Junior (1981), a modernização do café impulsionou a


modernização do capitalismo como um todo no Brasil, expandindo a economia na República Velha

ou Primeira República para a área industrial. A migração do capital agroexportador para o industrial
deu-se pelas “fissuras” na economia cafeeira, pelo excedente de mão de obra com a mecanização

dos processos na produção agrícola e pela demanda por bens de consumo, como alimentos, que até
então tinham que ser importados. Assim, o dinheiro produzido pelo capital cafeeiro foi utilizado para

expandir o capital industrial. Além de tardio, o processo de industrialização no Brasil também foi
falho, já que as indústrias nacionais fabricavam bens de consumo e não bens de capital (os bens de

capital são aqueles que servem à própria indústria, como produção de matérias-primas, máquinas e
equipamentos). Ademais, os autores citados no início deste parágrafo afirmam que a expansão

industrial brasileira se deu de forma subordinada à economia cafeeira, já que o dinheiro do café é
que era utilizado para os grandes investimentos em infraestrutura, como as ferrovias, e a formação

dos grandes bancos que cuidavam das exportações do produto, ou seja, havia uma submissão da
burguesia industrial à burguesia cafeeira.

Nos primeiros anos do século XX, vê-se no Brasil a penetração do capital financeiro estrangeiro

com grande força, em especial o capital inglês, que financiou empréstimos públicos para grandes
investimentos para a expansão da economia cafeeira, como a construção de portos, fornecimento de

energia elétrica, dentre outros. “Gradativamente, o capital internacional foi assenhoreando-se dos
setores mais importantes da economia nacional” (MAZZEO, 1988, p.29). Esta fase é conhecida como

“Imperialismo”, quando o Brasil se subordina ao capitalismo imperialista, dominado pelos grandes


países europeus. Esta entrada do capital estrangeiro e a consequente desvalorização da moeda

nacional interessavam à burguesia cafeeira, já que favorecia as exportações. A subordinação ao


imperialismo inglês também vinha na forma das importações, já que o Brasil precisava trazer do

estrangeiro os bens de capital, pois nossa indústria era basicamente de bens de consumo. Por esta
necessidade de bens de consumo, faz-se também o caminho para instalação de indústrias

internacionais, subsidiárias de grandes indústrias europeias.

Neste contexto, com a expansão da industrialização brasileira, ocorre de novo mais um golpe da
burguesia, agora contra a burguesia voltada à agroexportação. Assim, a chamada “Revolução de 30”

inaugura uma nova etapa na economia e no desenvolvimento do capitalismo nacional, reforçando a


subordinação de nossa economia aos grandes centros capitalistas, ou seja, há a revolução, mas não a

ruptura com os “parceiros” internacionais de negócios do Brasil. Portanto, o poder econômico e


político saiu das mãos da burguesia agrária e passou para a burguesia industrial. Isto porque após a

crise de 1929, chamada de a “Grande Depressão”, o café perdeu espaço nas exportações e se
enfraqueceu, abrindo espaço para um reordenamento da economia e do capitalismo nacional.

Leia o artigo <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/crise-1929.htm> e

conheça melhor a Crise de 1929.

Mazzeo (1988, p. 33), faz uma crítica a tal “Revolução de 30”, afirmando que mais uma vez há
uma revolução burguesa no Brasil, feita “pelo alto”, sem beneficiamento nenhum à massa

trabalhadora e proletarizada: “o que consagrou chamar de revolução não passou de mais um golpe
de Estado, comandado pela facção modernizadora da burguesia nacional, de onde emergirá, mais

uma vez, a solução bonapartista, representada por Getúlio Vargas”. Além da ascendência de uma
nova burguesia, viu-se também um novo proletariado, supostamente protegido pelas leis trabalhistas

de Vargas. Vê-se no governo de Vargas uma expansão em massa da industrialização marcando,


segundo Mazzeo (1988), um período positivo da economia nacional, gerando a modernização do

país, o aumento das exportações dos produtos industriais, com destaque para os tecidos. Porém,
todo este progresso econômico, ocorrido durante o período da Segunda Guerra Mundial, favoreceu

apenas a burguesia brasileira, conforme afirma Prado Junior (1981, p. 230):


A economia brasileira encontrava assim, graças às circunstâncias excepcionais da guerra, um novo

equilíbrio provisório; e apesar dos grandes sacrifícios suportados pelo país, os anos de duração do
conflito representam uma fase de nítido progresso. É certo que este se fazia à custa da massa

trabalhadora do país, que suportou todo o ônus daqueles sacrifícios (por efeito, em particular, das
restrições alimentares e do encarecimento considerável da vida), e são somente as classes

possuidoras que dele participarão efetivamente (PRADO JUNIOR, 1981, p.230).

Com tanta prosperidade, a burguesia brasileira, desconfiada por causa dos regimes totalitários

europeus e vivendo a ditadura Varguista chamada de “Estado Novo”, começa a achar que já não
precisa mais de todo o protecionismo de Getúlio Vargas e começa a requerer uma maior participação

no governo e nos processos decisórios. A vitória das forças aliadas na Segunda Guerra Mundial,
contra os regimes totalitaristas (nazismo e fascismo), alicerçam as bases das reivindicações burguesas

pela democratização do país. Pressionado, Getúlio Vargas convoca eleições, promovendo o tão
ensejado processo democrático. Esta mudança, segundo Mazzeo (1988, p. 37), foi para seguir a lógica

de “mudar para manter o que aí está”, já que atendeu uma vez mais aos interesses da burguesia.
Porém, desta vez, a massa trabalhadora foi cooptada para o movimento, principalmente através dos

movimentos sociais de esquerda nascentes no período. Repetindo a história de tantas outras


revoluções no mundo, usando a classe trabalhadora para ganhar força e depois a excluindo dos

processos de poder. Um exemplo deste fato foi que, após consolidada a nova democracia, o Partido
Comunista Brasileiro (PCB) foi cassado e colocado à margem do processo político.

Após a reeleição de Getúlio Vargas para presidente em 1950, temos uma expansão de um

projeto nacionalista de economia, focado na criação de grandes monopólios industriais, grande parte
deles de caráter estatal com a criação das empresas nacionais de petróleo e de siderurgia (indústria

do aço), em uma tentativa de manter uma certa autonomia do Brasil em relação aos grandes países
capitalistas. Porém, havia um certo interesse da burguesia em negociar com os EUA e seus grandes

monopólios. Os EUA vão paulatinamente se inserindo na economia nacional, com o argumento de


auxiliar e fortalecer o crescimento de nossa economia. Foi apenas uma questão de tempo para que,

neste contexto tenhamos tardiamente a chegada do capitalismo monopolista no Brasil, sendo o


principal país a atuar em nossa nação os EUA e suas grandes empresas, ocorrendo o processo que

Mazzeo (1981) chama de “imperialismo americano”. Uma vez mais há o predomínio da economia
focada no capital industrial, mas ainda subordinado aos países estrangeiros. Temos então a expansão,

a exemplo, da indústria automobilística no Brasil e uma aproximação dos vários blocos da burguesia
nacional com o capital internacional.
Para saber mais sobre o capitalismo monopolista ou capitalismo financeiro, acompanhe o
artigo disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/capitalismo-financeiro.ht

m>.

A expansão das indústrias transnacionais no Brasil foi em grande parte custeada por
investimentos públicos, através do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek. Houve também no

período, para impulsionar o crescimento, uma grande emissão de moeda brasileira, elevando assim a
inflação, levando o Estado ao “afundamento” em dívidas e uma crise econômica. Para tentar salvar a

economia brasileira, Jânio Quadros, que sucedeu a Juscelino, toma uma série de medidas anti-
inflacionárias, arrochando os salários dos trabalhadores e congelando subsídios para a importação de

produtos como trigo e gasolina. Estas medidas, segundo Mazzeo (1981), não surtiram os efeitos
esperados e houve um aumento inflacionário ainda maior, tendo o governo que recorrer ao Fundo

Monetário Internacional. João Gourlart, o presidente que substituiu Jânio Quadros tenta estabelecer

uma série de medidas para conter a inflação, como a ampliação do mercado interno, conservação
real do salário dos trabalhadores e iniciou uma reforma agrária, no sentido impulsionar de novo a

economia no campo, reforçando os setores internos da burguesia em detrimento do capital

internacional. Porém, apesar de tentar beneficiar a burguesia, as medidas nacionalistas de Goulart

não agradaram a burguesia que queria continuar beneficiando-se do capital internacional.

Neste contexto, o golpe de 1964, que instaurou a ditadura militar no Brasil, foi mais um
movimento da burguesia na tentativa de impor as suas vontades. O golpe também foi motivado por

uma “paranoia”, como chama Mazzeo (1981, p. 47), da burguesia brasileira de que João Gourlat tinha

a intenção de abrir o Estado para o exercício político dos trabalhadores e da grande massa de não

proprietários: “mais uma vez a burguesia brasileira cederia seu poder econômico (para o capital
internacional) para manter o poder político”.

A economia no período da ditadura militar, segundo Mazzeo (1981), pode ser dividida em duas

etapas, sendo a primeira entre 1964 e 1968 e a segunda de 1968 a 1965. A primeira etapa ficou

marcada pela tentativa do controle inflacionário, o que ocorreu com uma forte compressão dos

salários dos trabalhadores. Tal atitude foi amplamente combatida pelos movimentos de
trabalhadores e pelos sindicatos, os quais foram brutalmente reprimidos e oprimidos pelas forças

armadas. Outra medida foi a contenção de créditos às pequenas indústrias nacionais, favorecendo as

indústrias estrangeiras. Surgiram também, neste período, as principais empresas estatais que
conhecemos até hoje, as quais visavam fortalecer o capital produtivo fornecendo-lhes matéria-prima.
Assim, houve uma aliança entre o capital industrial e comercial ao capital financeiro, unindo forças

pelo desenvolvimento econômico. Já na segunda etapa, no bojo da extinção de todos os processos

democráticos existente no país, a burguesia ligada ao capital financeiro domina o país, com uma

economia totalmente internacionalizada. Este período ficou conhecido como o “milagre econômico”.
Surge aí uma nova classe média brasileira, consumidora de produtos de padrão internacional como

automóveis e eletrodomésticos. Surge também aí uma nova classe trabalhadora, sem acesso aos

caros bens de consumo comercializados no Brasil e ainda mais expropriados do produto do seu

trabalho, tanto no campo como na cidade. Com o enfraquecimento das indústrias nacionais e das
exportações agrícolas, uma grande massa de trabalhadores desempregados estava à margem da

economia e eram mantidos sob controle pelo aparato repressor estatal militar. Mais de 50% da

população brasileira estava à margem do “milagre econômico”, o que gerou a própria crise do

regime militar.

A crise do capitalismo mundial ocorrida no final da década de 1960 e início de 1970 gerou a
retração dos investimentos estrangeiros no Brasil, e o custo do milagre passou a ser também

compartilhado pela classe média. O país estava ainda mais comprometido com a dívida externa e as

verdades sobre o tal milagre começam a vir à tona. A classe média, juntamente com os movimentos

de esquerda, começa a buscar a democratização, mas sempre na busca do atendimento das


necessidades do desenvolvimento capitalista. A ideia era redemocratizar e reformar o aparelho do

Estado para impulsionar novamente o crescimento econômico.

Com o primeiro governo do período da redemocratização há uma forte intervenção do Estado,

novamente, para salvar a economia, marcado por medidas drásticas para conter a inflação que

chegava a 235% ao ano, nos anos de 1980. Para isso, o Estado congela os preços de todos os
produtos, substituição da moeda nacional (para o cruzado) e melhora nos salários dos trabalhadores

para ampliar o seu poder de compra para desenvolver a economia. Estas medidas geraram uma nova

crise, pois houve falta de produtos ocasionada tanto pelo aumento da procura quanto pela recusa

dos setores produtivos em vender seus produtos pelos preços tabelados pelo governo.

A partir de então, nos anos que sucederam a democratização até o início do século XXI vimos no

Brasil o avanço da economia de caráter neoliberalista. Vê-se no início dos anos de 1990 uma
alteração na essência das regras econômicas vigentes no país com a implementação do chamado

“Plano Real”. A tão almejada estabilidade foi alcançada, com a contenção da inflação, controle
cambial e criação de uma moeda que pudesse ser equiparada ao dólar. A emissão de moeda também

foi regulamentada, sendo que o Brasil somente podia emitir moeda em quantidade suficiente ao
lastro de dólar depositados no Banco Central. Com a estabilidade o Brasil atraiu novos investimentos

internacionais e houve uma abertura da economia às exportações, fomentando a concorrência da

indústria nacional com o mercado externo, inserindo o Brasil no contexto da globalização econômica.

Para saber mais sobre a Globalização acesse: <http://brasilescola.uol.com.br/geografia/glob

alizacao.htm>.

No final do século XX e início do século XXI o Estado primeiro intervém fortemente na economia
para garantir a estabilidade e depois adere às políticas neoliberais, as quais preveem a redução do

Estado com a privatização de várias atividades que até então eram de caráter pública e a redução das

políticas de proteção social aos cidadãos. Outra característica é a baixíssima intervenção do Estado na

economia. Neste contexto, temos a prevalência do financeirização do capital, pautado na


transferência dos grandes capitais para as instituições financeiras, sendo a especulação e o “giro” de

capital fictício os principais pontos deste modelo que trouxe ao mundo e ao Brasil o deslocamento

do capitalismo focado na produção industrial para o capital financeiro, gerido por profissionais

experts no assunto. A financeirização do capital gerou desemprego, maior empobrecimento e parcas


políticas sociais de amparo ao chamado “exército industrial de reserva” (massa de pessoas à margem

do mercado de trabalho), dando origem às principais expressões da questão social com a qual atuam

os assistentes sociais até os dias atuais.

TEMA 3 - DEMOCRACIA NO BRASIL

Sabemos que a democracia é um sistema político no qual o poder emana do povo, o qual

escolhe através do sufrágio universal (do voto) os seus governantes e pode participar dos processos
e espaços decisórios das políticas de Estado. Para falarmos do processo democrático no Brasil, é

importante lançarmos mão aqui das teses de Nicos Poulantzas e suas obras Poder Político e Classes

Sociais e O Estado, o Poder e o Socialismo, autor contemporâneo grego de orientação marxista. Para
entender nossa construção, faz-se necessário delimitar aqui o termo poder de Estado. Para

Poulantzas, o Estado não possui poder em si, uma vez que o poder está nas classes ou frações de

classes que detêm o poder político. O Estado é a instância de organização e exercício do poder
político das classes dominantes. O autor delimita ainda que a classe politicamente dominante é

composta pela classe economicamente dominante, ou ainda, que o Estado é o âmbito de

representação dos interesses políticos das classes economicamente dominantes.

Para Poulantzas (1977), não podemos incorrer no erro de uma análise sobre o Estado capitalista
em uma perspectiva “dualista” (de que existem apenas duas classes: dominantes X dominados), bem

como, não podemos afirmar que haja uma relação entre o Estado e uma única classe dominante. O

autor reconhece que no modo de produção capitalista podemos encontrar várias frações da classe

dominante: comercial, industrial, financeira etc., todas elas são parte dessa classe ou classes
dominantes. Dessa maneira, para explicar a ocupação ou a detenção do poder político por esses

grupos dominantes, Poulantzas lança mão do conceito de bloco no poder:

Este conceito de bloco no poder, que não é utilizado expressamente por Marx ou Engels, indica

assim a unidade contraditória particular das classes ou frações de classe politicamente dominantes na
sua relação com uma forma particular do Estado capitalista. [grifos do autor] (POULANTZAS, 1977,

p. 229).

Nesse prisma, as classes dominantes ocupam ou exercem o poder político em forma de bloco no

poder, que seria então essa unidade na qual se conglomeram as frações da classe dominante. Porém,
dentro desse bloco também há conflito, pois, algumas frações dominantes possuem maior influência

ou possibilidade de exercício do poder do que outra. Poderíamos dizer que dentro das classes

dominantes haveria frações que exercem domínio sobre as outras.

O autor afirma então que dentre as frações dominantes há uma delas que polariza politicamente

os interesses, em especial os econômicos, de todas as outras frações, fazendo do Estado unidade

política e instância de organização desta fração hegemônica, ou seja, é na sua relação com o Estado
(ocupando o poder de Estado) que essa classe hegemônica atende aos seus interesses e polariza o

interesse das demais frações que fazem parte do bloco no poder. Logo, o próprio Estado passa a

estar “a serviço” dos interesses políticos das classes dominantes ou, conforme cita a célebre frase
pautada nas teses marxistas sobre o Estado: “o Estado se transforma no comitê executivo da

burguesia”.

Poulantzas faz questão de definir que o bloco no poder é uma unidade contraditória formada

pelas frações dominantes e não uma fusão entre as classes dominantes. Entender como fusão far-

nos-ia incorrer no erro de crer que todas as frações dominantes se uniriam formando uma classe

única, com interesses iguais, para o exercício do poder. Até aqui explicitamos, por meio das teses de
Poulantzas, a composição, se é que assim podemos chamar, do bloco no poder, do grupo que exerce

o poder político através do Estado. Não podemos isentar-nos de tratar também da relação desse

bloco no poder com as classes dominadas. O autor constata que a hegemonia no bloco no poder e a

hegemonia sobre as classes dominadas estão concentradas na mesma classe ou fração. Isto é, a
mesma fração que polariza o bloco no poder é a que também age com domínio sobre as classes

dominadas.

Apesar da fração hegemônica que ocupa o poder de Estado lá estar para defender o interesse

das outras frações dominantes, faz parte também de seu papel atender a alguns interesses de frações

das classes dominadas, pois, como lembra Poulantzas (1977), nas democracias modernas as frações
dominantes não podem perder de vista a ideologia vigente de que o grupo que ocupa o poder do

Estado seria o representante legítimo do interesse geral do povo. Para tal, como forma de um “jogo

político”, estrategicamente, a fração hegemônica do bloco no poder atende aos interesses, em

especial econômicos, de algumas frações dominadas, criando assim um conflito no interior da classe
dominada que visa a desorganizá-la enquanto classe:

[...] a luta de classes nas formações capitalistas implica em que essa garantia, por parte do Estado,

de interesses econômicos de certas classes dominadas está inscrita como possibilidade, nos
próprios limites que ele impõe à luta com direção hegemônica de classe. Essa garantia visa

precisamente a desorganização política das classes dominadas, e é o meio por vezes indispensável
para a hegemonia das classes dominantes [...]. (POULANTZAS,1977, p. 185)

Assim, podemos aludir que para Poulantzas, as possibilidades, dentro do modo capitalista de
produção, das classes dominadas chegarem a ocupar/exercer o poder de Estado são mínimas, uma

vez que o bloco no poder age em torno dos interesses das classes dominantes, mas não deixa de

criar “políticas compensatórias” para atender às demandas das classes dominadas. Para Poulantzas

(1977), caso as frações dominantes não criem “políticas sociais” para atender às demandas e pressões
das classes dominadas, poderiam colocar em risco a sua própria hegemonia no poder de Estado.

Esta construção do bloco no poder é fundamental para explicar os processos democráticos pelos
quais o Brasil passou e ainda vive. Como vimos em nosso tema anterior, todas as “revoluções”

ocorridas no Brasil foram revoluções burguesas e sempre que passamos pelas transições

democráticas, a classe trabalhadora não chegou ao poder e foi usada como massa para pressionar
mudanças e depois espoliada dos processos políticos. Assim foi na transição da monarquia para a

república, no final do século XIX, quando os militares assumiram o poder Brasil através do voto (há
uma série de autores que indicam que as eleições da República Velha teriam sido forjadas),
representando a burguesia latifundiária.

Em 1945, em um segundo processo de democratização em nosso país, após o chamado Estado

Novo, mais uma vez somente uma fração da classe dominante, insatisfeita com as políticas

nacionalistas de Getúlio Vargas toma o poder, utilizando as forças de esquerda crescentes no país no

movimento, mas a excluindo dos processos decisórios novamente. Os presidentes eleitos pós-45 não
representaram, do ponto de vista econômico, os interesses do proletariado.

Outra vez, na terceira onda de democratização no Brasil, após a ditadura militar, houve uma

grande mobilização social contra o governo repressor militarista, com grande participação dos

trabalhadores e das organizações de esquerda, conquistando as eleições diretas em âmbito estadual

em 1982 e as eleições presidenciais indiretas em 1985. Esta eleição de 1985 mostra apenas a
alternância no Bloco no Poder no Estado brasileiro, já que tanto Tancredo Neves quanto José Sarney

eram representantes das oligarquias historicamente dominantes no Brasil, sendo duas famílias que

estão fortes no poder até os dias atuais.

Mesmo após o ano de 1988, com a definição constitucional das eleições diretas temos a

ascensão de representantes da classe dominante, democraticamente eleitos, temos a eleição de um


representante do grande latifúndio do Nordeste, com a figura de Fernando Collor, seguida de Itamar

Franco e Fernando Henrique Cardoso, o qual ganhou popularidade pela estabilidade econômica, mas

era um representante da classe dominante intelectual universitária. Estas famílias que

tradicionalmente ocupam o poder, conseguem alcança-los e mantê-los, segundo Oliveira (2012)


porque conseguem estabelecer através do capital econômico relações e teias de poder que garantem

a sua reprodução na política.

A esta altura, o você deve estar se perguntando: então a democracia em seu sentido pleno

somente foi alcançada no Brasil com a eleição do Partido do Trabalhadores para a Presidência,

quando de fato os interesses das massas foram representados? Apesar de representantes das classes
trabalhadoras, a forma como o poder estatal está organizado no Brasil faz com que governos que

não atendam aos interesses das classes economicamente dominantes não consigam prosperar. Se o

Bloco no Poder não representar também as classes dominantes, não terá governabilidade, o que faz

com que mesmo os governos mais populares e alinhados aos interesses dos menos favorecidos
transitem pelas classes dominantes, adquirindo o que Pierre Bourdieu chama de habitus de classe,
neste caso vemos que os dois presidentes nesta condição (Lula e Dilma), em especial o primeiro,
adquiriram habitus de classe da classe dominante, apreciando comportamentos dominantes (objetos

luxuosos, comidas requintadas e caras, moradia de luxo etc.), relações de amizade e de “negócios”

com a classe economicamente dominante e até mesmo o consumo de bens culturais de classe

dominante. Ainda assim, estes governos que mais se aproximaram de fato da democracia
representativa dos interesses do povo, quando não mais atenderam aos interesses da burguesia

entraram em crise, como demonstra crise política vivenciada no Brasil no ano de 2016.

Para saber mais sobre a democracia no Brasil leia o artigo de Maria José Rezende, A
democracia no Brasil: elementos norteadores do debate desenvolvido na segunda metade do século

XX, disponível em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/9379>.

TEMA 4 - POLÍTICA SOCIAL NO BRASIL

Elaine Behring (2015), faz uma análise acerca das políticas sociais no capitalismo tardio brasileiro.
A autora afirma que a cada ciclo da história do capitalismo no Brasil as políticas sociais tiveram um

papel diferente, serviram a uma função diferente, mas sempre ligada à manutenção do sistema

capitalista, seja através do cuidado com o trabalhador para aumentar a sua produção, seja para

conter os movimentos de trabalhadores, seja para atender ao “exército industrial de reserva”, para
sustentar com dinheiro público a crise do capitalismo ou para minimizar os efeitos das políticas

neoliberais, já mais recentemente.

Entre as décadas de 1930 e 1940, com o avanço da industrialização e o aumento da população

urbana ocasionado pela vinda das pessoas do campo para a cidade em busca de trabalho, sem haver

oferta para todos, o Estado passa a intervir na questão social com políticas de amparo ao
trabalhador, especificamente na forma de seguros sociais. Estes seguros sociais nunca foram

financiados pelos impostos cobrados sobre os lucros das classes dominantes, mas sim com dinheiro

do próprio trabalhador, no sistema contributivo. Sobre este processo, Behring (2015, p. 179) explica:

Inicialmente, houve pressão do movimento operário em torno da insegurança da existência que


peculiariza a condição operária (desemprego, invalidez, doença e velhice). Superando o recurso à

caridade e à benevolência privada ou pública, o movimento operário impõe o princípio dos seguros

sociais [...] para cobrir perdas. Este processo levou ao princípio da segurança social, a partir do qual
os assalariados deveriam ter cobertura contra toda perda de salário corrente. [...] também a
perspectiva de evitar a constituição de um subproletariado, o que pesaria sobre os salários direitos

(BEHRING, 2015, p. 179).

Com a expansão da industrialização começam a eclodir no Brasil uma série de movimentos

sociais vinculados ao operariado e, como resposta a estes movimentos e às pressões que poderiam

fazer, no Governo de Getúlio Vargas propicia-se uma franca expansão das políticas de cunho

trabalhista, incluindo as leis trabalhistas e a criação de Ministérios como o do Trabalho e outros que
geririam as políticas básicas ao trabalhador e seus familiares, como educação e saúde. Estas políticas

tinham como finalidade conter a exasperação dos movimentos sociais e, para isto, o Estado passa a

tratar a questão social não mais como caso de polícia e sim como política de Estado. As políticas

sociais passam aqui a ter um caráter de controle da massa de trabalhadores através da formação de
um “consenso” entre os trabalhadores e o Estado, este último representante dos interesses da

burguesia. Estas políticas vinham também no bojo das ideias keynesianas, as quais primavam pelo

financiamento público de ações que viessem a salvar a economia capitalista e garantir o seu

desenvolvimento, no processo chamado de Welfare State.

Não há consenso se no Brasil houve a consolidação do Estado de Bem-Estar Social, embora


tenha havido a estruturação de políticas sociais básicas à classe trabalhadora no período pós-1945,

pós Segunda Guerra Mundial. A partir da década de 1970 vê-se uma transformação do mundo do

trabalho causada pela crise do capitalismo o qual desloca o seu foco de acumulação da riqueza

através produção industrial e passa a ter como fonte de acumulação o capital financeiro, gerando
desemprego e precarização nas relações de trabalho, já que o “trabalho vivo” que produz a

acumulação passa a ser substituído. Há neste contexto a desregulamentação do mercado financeiro,

isto é, a flexibilização das restrições e regras para aplicação de capital no mercado financeiro.

Segundo Iamamoto (2010), a desregulamentação afeta ao mercado de trabalho e também a todo o


tecido social. Na geração de capital financeiro há pouco de “trabalho vivo”, o que gera desemprego,

precarizações e novas expressões da questão social.

Neste contexto temos um avanço histórico nas políticas sociais, ao menos do ponto de vista

normativo, com a promulgação da Constituição de 1988, a qual traz o conceito de Seguridade Social,

separando a previdência social, de caráter contributivo, da assistência social, financiada pelo Estado,
destinada a quem dela necessitar, com políticas compensatórias e de proteção social dos direitos.

Apesar deste movimento de garantia dos direitos através das políticas sociais, com a ofensiva

neoliberal a que foi acometido o Estado brasileiro no final do século XX, vimos diminuir a presença
do Estado em todos os setores, com pouca intervenção sobre a economia e sobre a vida social,

iniciando o que conhecemos como neoliberalismo.

Neste contexto, vê-se o esvaziamento do Estado no que concerne à política social e a oferta dos

Serviços Sociais. Faleiros (2010, p.31) afirma que houve o desmonte das políticas sociais “getulistas”
de amparo ao trabalhador; “o Estado não mais se ocupa do desenvolvimento do bem-estar social,

mas do comércio, da competitividade da arrecadação e dos superávits, substituindo a política

econômica por uma política monetária e financeira”.

Com o advento do Estado neoliberal, a partir do final da década de 1980, ocorre um fato

chamado por Marilda Iamamoto (2015) de “refilantropização” das políticas sociais, especialmente da

política de assistência social. Este processo é caracterizado pela assunção por parte de organizações
da sociedade civil, chamadas até então de Organizações Não-Governamentais (ONGs), de serviços

antes executados e ofertados pelo poder público, emergindo assim o Terceiro Setor, o qual atua de

forma complementar a ação estatal, caracterizando por entidades privadas exercendo atividades de
natureza pública:

Essa tendência de deslocamento da satisfação de necessidades da esfera pública para a esfera

privada ocorre em detrimento das lutas e de conquistas sociais e políticas extensivas a todos. É
exatamente o legado de direitos conquistados nos últimos séculos que está sendo desmontado nos

governos de orientação neoliberal [...]. Transfere-se para distintos segmentos da sociedade civil,
significativa parcela da prestação de serviços sociais [...]. (IAMAMOTO, 2009, p. 22-23)

A questão do neoliberalismo no Brasil, segundo Iamamoto (2009), traz uma série de

contradições à formulação e execução das políticas sociais. A autora explica que a Constituição
Federal de 1988 tem como um de seus pilares principais a garantia dos direitos sociais aos cidadãos

brasileiros, como já dissemos aqui. Para a universalização destes direitos, a carta magna prevê alguns

pilares para a democratização das políticas sociais, sendo a descentralização e a participação popular

dois deles. A mesma autora segue afirmando que esta nova configuração prevista na Constituição
Federal “politiza a participação, considerando a gestão como arena de interesses que devem ser

reconhecidos e negociados” (p. 21). A contradição citada está posta no fato de a Constituição Federal

ampliar direitos, enquanto o neoliberalismo tensiona para a redução do Estado e, por consequência,

da oferta dos serviços sociais, com a redução de recursos para esta finalidade, ratificando “a
subordinação dos direitos sociais à lógica orçamentária, a política social à política econômica e

subverte o preceito constitucional” (p. 21).


Ao final dos anos 1990, temos uma série de políticas de transferência de renda, com programas

sociais como o Bolsa-Escola, o Auxílio Gás, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, Bolsa

Alimentação, Cartão Alimentação e o próprio Benefício de Prestação Continuada, os quais segundo

os autores mais críticos, surgem para novamente estabelecer o consenso com as massas mais
pauperizadas, como forma de compensar o enxugamento das políticas sociais.

As políticas sociais, em especial a política de assistência social fortaleceu-se novamente a partir

da recente organização do Sistema Único da Assistência Social (SUAS), o qual eleva a política de

assistência social ao patamar de política pública básica, como saúde e educação. Além da

estratificação das políticas por níveis de complexidade, o SUAS estabelece que grande parte dos
serviços, em especial os básicos e os de média complexidade, passam a ter a sua execução e oferta

de responsabilidade do município, com cofinanciamento das demais esferas de governo, saindo

assim a execução desta política da centralização da esfera federal, com maior participação social na

gestão da política, através do planejamento participativo, das Comissões Intergestores Bipartite e


Tripartite e dos conselhos municipais, estaduais e nacional de assistência social, os quais contam com

representantes dos usuários dos serviços, dos trabalhadores da área e das entidades sociais que

executam ainda a política de forma suplementar ao Estado.

Por fim, nos últimos treze anos, em especial os oito compreendidos entre 2003 e 2010, vemos no

Brasil um compromisso da União com as políticas de superação da miséria e da fome, ampliando o


leque de programas e projetos financiados e cofinanciados pelo Governo Federal destinados à

população em situação de pobreza. Este compromisso fica evidenciado, segundo Behring et. al.

(2010) no primeiro Plano Plurianual do governo do Presidente Lula, o qual tem como objetivos

centrais: Inclusão social e redução das desigualdades sociais; crescimento com geração de trabalho,
emprego e renda, ambientalmente sustentável e redutor das desigualdades regionais; e promoção e

expansão da cidadania e do fortalecimento da democracia.

Na atualidade, diante da crise econômica vivenciada no Brasil nesta segunda década do século

XXI, vemos estes programas sociais ameaçados pelos interesses da burguesia que compõe as classes

média e alta brasileiras, com uma crescente ameaça ao retorno, com força, das políticas neoliberais.

TROCANDO IDEIAS
Agora que você já viu, sobre a perspectiva crítica marxista, sobre a democracia no Brasil e a
questão da representatividade, entre no fórum, disponível no Ambiente Virtual de Aprendizagem, e

dê a sua opinião sobre os governos Lula e Dilma Roussef, especificamente se houve ou não uma

ampliação do processo democrático no contexto de um governo comandado por um partido de


trabalhadores.

NA PRÁTICA

Considerando a prevalência do interesse econômico na formulação das políticas sociais,

suponhamos que um assistente social coordenava um programa estadual que consistia em repasse

de pisos de financiamento para alguns municípios para execução de atividades junto às famílias em

situação de alta vulnerabilidade, visando promover a autonomia destas famílias.

Com base em um diagnóstico pautado em dados do Censo Demográfico, Censo SUAS, Cadastro
Único, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Mapa da Violência, dentre outros, foi estabelecido

um ranking de municípios prioritários para receber o referido repasse de recursos. Este ranking foi

aprovado e validado pelo conselho setorial responsável pela política de assistência social. Em um

primeiro momento, dez municípios foram beneficiados, sendo estes os dez primeiros colocados do
ranking.

Em razão de um superávit na receita daquele Estado, houve a disponibilização de uma cota


maior de recursos, permitindo o cofinanciamento de mais cinco municípios, que deveriam ser os

cinco próximos do ranking estabelecido a partir de critérios técnicos. Ocorreu que o gestor da

política de assistência social, o qual possuía grande vinculação político-partidária e era um


representante nato da classe economicamente dominante, solicitou ao assistente social coordenador

do programa que um dos cinco municípios a serem beneficiados fosse uma cidade cujo prefeito era

aliado político do governo, mas que sequer apareceu no ranking dentre as primeiras cinquenta

posições, ou seja, não era um município prioritário.

Foi solicitado a este assistente social que fizesse um estudo sobre o referido município, na

intenção de elaborar uma justificativa a ser apresentada no conselho setorial e para ser dada aos
municípios mais bem colocados do ranking, os quais certamente questionariam o cofinanciamento a

um município que não estava nas primeiras posições. O que você faria no lugar deste assistente
social?
Protocolo de Resolução

1. Estudo o tema sobre “Políticas Sociais” no Brasil.


2. Leia os Princípios Fundamentais do Código de Ética do Assistente Social.

3. Apresente uma possibilidade de saída para este assistente social, considerando os critérios
técnicos e éticos da profissão.
4. Núcleo central das respostas esperadas:

Há três possibilidades de resolver o referido problema, cada um com a suas consequências.


Vejamos:

A primeira possibilidade seria recusar-se a realizar tal estudo e a construir uma justificativa para
burlar os critérios técnicos estabelecidos no programa, entendo que o interesse político e econômico

do gestor não poderia se sobrepor ao interesse público. Não há como negar que os aspectos
econômicos e políticos permeiam as políticas sociais e, no caso em questão, o aspecto político
partidário está se sobrepondo ao aspecto técnico da gestão. Se o profissional for concursado, efetivo

do serviço público, é possível que neste caso tome uma decisão como esta e sofra represália, mas
não terá o seu emprego ameaçado. Porém, se tal profissional for contratado na forma de cargo
comissionado, estará sujeito à vinculação política com o gestor e poderá perder o seu emprego por

não atender à demanda que lhe foi imposta.

Uma segunda possibilidade é realizar o estudo e tentar construir uma justificativa, mas se

recusaria a apresenta-la junto ao conselho setorial e aos demais municípios, deixando esta exposição
a cargo do gestor. Embora o profissional não se exponha publicamente defendendo uma posição
que não é a sua posição técnica, estará contribuindo para o processo fornecendo subsídios e

argumentos para que o gestor justifique uma decisão que foi meramente político-partidária e não
técnica e que não levou em conta a demanda dos usuários em situação de vulnerabilidade. Porém, ao

fazer o gestor expor-se numa situação desta poderá leva-lo a, talvez, desistir da posição tomada, já
que esta poderá trazer repercussões negativas à sua imagem e a do governo.

A última possibilidade seria realizar o estudo, construir uma justificativa e defende-la


publicamente, compreendendo que na área pública estatal as forças político-partidárias e
econômicas estarão sempre tencionando o trabalho do assistente social. Esta postura não ajudaria a

refletir institucionalmente a situação posta, fazendo parecer ao gestor que este é o “dono” da
máquina pública e que tem um poder soberano sobre o corpo técnico da instituição, o qual obedece
as suas ordens independente de questões técnicas. O profissional do Serviço Social já possui uma

relativa autonomia no seu trabalho e esta postura do gestor acaba por violar este pouco espaço
autônomo que o profissional possui, fundada na dimensão técnica da prática profissional.

Para todos os casos, o vínculo do profissional com a instituição (efetivo ou comissionado) será
um determinante na decisão dele no problema em foco.

SÍNTESE

Nesta aula fizemos uma análise sobre a formação da propriedade privada no Brasil, a qual teve a
sua origem a partir das Capitanias Hereditárias e da distribuição das Sesmarias, dando início aos
grandes latifúndios que sustentaram o coronelismo e a manutenção das famílias burguesas no poder

até os dias atuais.

Estudamos também sobre a formação econômica do Brasil, quando pudemos ver que, ainda que

tardiamente, o desenvolvimento econômico do Brasil acompanhou o desenvolvimento do


capitalismo no mundo e suas crises cíclicas. Vimos que a economia iniciou com a extração do pau-
brasil, passando para a produção em larga escala, para exportação, da cana-de-açúcar e do algodão,

utilizando mão de obra de escravos negros. Esta produção agrícola sustentou por muitos anos
Portugal, já que os colonos brasileiros eram obrigados a dar parte de suas rendas para a coroa da
metrópole. Um próximo ciclo da economia foi aquele pós-independência, pautado na produção

cafeeira, que gerou a modernização da economia e do país como um todo, ampliando a


infraestrutura com ferrovias e portos para escoar a safra, além da mecanização dos processos de

produção, gerando a necessidade de menos mão de obra e por consequência a abolição dos
escravos, que junto com estrangeiros, tornaram-se trabalhadores “livres” assalariados, explorados
pelo grande capital latifundiário.

Posteriormente, tivemos o processo de industrialização no Brasil, iniciado pelas indústrias de


bens de consumo, focadas no mercado nacional. Este processo passou por alterações como o

fortalecimento do capitalismo monopolista pós Segunda Guerra Mundial, com uma intervenção do
capital americano, dando prosseguimento à subordinação da economia brasileira ao capital
estrangeiro, antes predominantemente o britânico e agora o americano. Passada esta fase e crise

capitalista dos anos 1970, o Brasil passa a adotar o modelo mundial de financeirização do capital,
enfraquecendo a indústria e fortalecendo os grandes capitais administrados pelas instituições
financeiras, modelo econômico vigente até os dias atuais.

Observamos que a democracia no Brasil, em todos os momentos históricos desde a República

Velha, não passou de uma alternância dos Blocos no Poder, das frações da classe dominante que
representava os interesses de cada época. As chamadas “revoluções” foram processos de

sobreposição do interesse de um grupo da classe dominante sobre o outro. Ainda que com o
advento do sufrágio universal tenha-se a ideia de democracia porque o representante eleito seria o
representante do povo, aqueles que conseguem chegar ao poder normalmente representam o

interesse político da classe dominante, associando diretamente a classe politicamente dominante à


classe economicamente dominante.

Por fim, vimos que também as políticas sociais foram no Brasil respostas às necessidades do
capital e sempre tiveram cunho econômico como pano de fundo. As políticas sociais foram e ainda
são o financiamento público do Estado para o desenvolvimento dos interesses do capital e surgem

da questão social fruto das contradições entre o capital e o trabalho.

Desta forma, vemos que economia capitalista é o grande agente regulador do Estado,

permeando os processos democráticos e as políticas públicas.

REFERÊNCIAS

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Lucia M.B.; FREIRE, Silene de M.; CASTRO, Alba T. B. (Orgs.). Serviço social, política social e

trabalho: desafios e perspectivas para o século XXI. 3.ed., São Paulo: Cortez; Rio de Janeiro: UERJ,
2010.

BEHRING, Elaine R. Política social no capitalismo tardio. 6.ed. São Paulo: Cortez, 2015.

FALEIROS, Vicente de P. O serviço social no mundo contemporâneo. In: FREIRE, Lucia M.B.;

FREIRE, Silene de M.; CASTRO, Alba T. B. (Orgs.). Serviço social, política social e trabalho: desafios e
perspectivas para o século XXI. 3.ed., São Paulo: Cortez; Rio de Janeiro: UERJ, 2010.

IAMAMOTO, Marilda V. O serviço social na contemporaneidade: dimensões históricas, teóricas


e ético-políticas. Fortaleza, CRESS-CE, Debate n. 6, 1997
_____. Serviço social em tempo de capital fetiche: capital financeiro, trabalho e questão social.
4.ed. São Paulo: Cortez, 2010.

_____. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 26.ed. São


Paulo: Cortez, 2015.

OLIVEIRA, Ricardo Costa. O silêncio dos vencedores: genealogia, classe dominante e estado no
Paraná. Curitiba: Moinho do Verbo, 2001.

______. Na teia do nepotismo: sociologia política das relações de parentesco e poder político no

Paraná e no Brasil. Curitiba: Insight, 2012.

POULANTZAS, Nicos. O estado, o poder e o socialismo. Trad. Rita Lima. 9. ed. São Paulo: Graal,

2000.

PRADO JUNIOR, Caio. História econômica do Brasil. 26. ed. São Paulo: Brasiliense, 1981

[1] SILVA, Lígia Osório. Terras devolutas e latifúndio. Efeitos da lei de 1850. Campinas:

Unicamp, 1996.

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