Você está na página 1de 190

www.occ.

pt

Formação OCC

Benefícios fiscais: Criação de


emprego, RFAI, DLRR e Remuneração
Convencional do Capital

Domingos Silva Fernandes

Abril de 2017
Enquadramento

Consideram‐se benefícios fiscais as medidas de carácter


excecional instituídas para tutela de interesses públicos
extrafiscais relevantes que sejam superiores aos da
própria tributação que impedem, ou seja, são medidas de
caráter excecional que impedem que se processe a
tributação, total ou parcialmente.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 2


Enquadramento

Não são benefícios fiscais as situações de não sujeição


tributária.

Consideram‐se, genericamente, não sujeições tributárias


medidas fiscais estruturais de carácter normativo que
estabeleçam delimitações negativas expressas da
incidência.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 3


Enquadramento

A definição dos pressupostos objetivos e subjetivos dos


benefícios fiscais deve ser feita em termos genéricos, e:

‐ tendo em vista a tutela de interesses públicos relevantes,

‐ só se admitindo benefícios de natureza individual por


razões excecionais, devidamente justificadas no diploma
que os instituir.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 4


Enquadramento

A formulação genérica dos benefícios fiscais deve obedecer


ao princípio da igualdade, de modo a não falsear ou
ameaçar falsear a concorrência.

Os Benefícios Fiscais atribuidos por determinado Estado


Membro devem ser sempre analisados no âmbito do
Ordenamento Fiscal Comunitário pelo que podem ser
postos em causa se ferirem a livre concorrência.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 5
Tipologia de Benefícios Fiscais

O art.º 2.º do EBF consagra no seu n.º 2 uma


enumeração exemplificativa de benefícios fiscais,
deixando em aberto a possibilidade de enquadramento
como benefício fiscal de outras medidas fiscais que
reúnam essas características.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 6


Tipologia de Benefícios Fiscais

Consideram‐se benefícios fiscais:


‐ As isenções;

‐ As reduções de taxas;

‐ As deduções à matéria coletável e à coleta;

‐ As amortizações e reintegrações aceleradas;

‐ Outras medidas fiscais instituídas para a tutela de interesses


públicos extrafiscais relevantes que sejam superiores aos da
própria tributação que impedem.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 7


Benefícios Fiscais/Despesa Fiscal

Os benefícios fiscais são considerados despesas fiscais, as quais


podem ser previstas no Orçamento do Estado ou em documento
anexo e, sendo caso disso, nos orçamentos das Regiões
Autónomas e das Autarquias Locais.

Nos termos do al. g) do n.º 3 do artigo106.º (Elaboração do


Orçamento) da CRP é referido que a proposta de Orçamento é
acompanhada de relatórios sobre os benefícios fiscais e a
estimativa da receita cessante.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 8
Caducidade dos benefícios fiscais

Os benefícios fiscais podem ser classificados de


permanentes ou temporários:

‐ Os benefícios fiscais permanentes são fixados sem


referência à sua durabilidade temporal.

‐ Por sua vez nos benefícios temporários a lei determina


expressamente o prazo da sua vigência.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 9
Benefícios fiscais automáticos versus
dependentes de reconhecimento

O EBF, no seu art.º 5.º, classifica os benefícios fiscais em:


‐ Automáticos, quando resultam direta e imediatamente da lei,
por exemplo: Art.º 19.º criação de emprego e Art.º 21.º ‐ Fundos de
Poupança reforma ou Plano de Poupança Reforma.

‐ Pendentes de reconhecimento, que pressupõem um ou mais atos


posteriores de reconhecimento, por ex. benefícios fiscais relativos a
bens imóveis: Art.º 45.º Prédios urbanos objeto de reabilitação;
Art.º 50.º Parques de estacionamento subterrâneos.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 10
Benefícios fiscais automáticos versus
dependentes de reconhecimento

O reconhecimento dos benefícios fiscais pode ter lugar


por:

‐ ato administrativo;

‐ ou por acordo entre a Administração e os interessados,

‐ tendo, em ambos os casos, efeito meramente


declarativo, salvo quando a lei dispuser em contrário.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 11


Benefícios fiscais automáticos versus
dependentes de reconhecimento

O direito aos benefícios fiscais deve reportar‐se à data da


verificação dos respetivos pressupostos, ainda que esteja
dependente de reconhecimento declarativo pela
administração fiscal ou de acordo entre esta e a pessoa
beneficiada, salvo quando a lei dispuser de outro modo.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 12


Impedimento de reconhecimento do
direito a benefícios fiscais

Os benefícios fiscais dependentes de reconhecimento


não podem ser concedidos quando o sujeito passivo
tenha deixado de efetuar o pagamento de qualquer
imposto sobre o rendimento, a despesa ou o património
e das contribuições relativas ao sistema da segurança
social (art.º 13.º n.º 1 do EBF).

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 13


Impedimento de reconhecimento do
direito a benefícios fiscais

A existência de dívidas só é impeditiva do


reconhecimento dos benefícios fiscais enquanto:

‐ o interessado se mantiver em incumprimento, e

‐ se a dívida tributária em causa, sendo exigível, não


tenha sido objeto de reclamação, impugnação ou
oposição e prestada garantia idónea, quando devida
(art.º 13 n.º 2 do EBF).

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 14


Extinção dos benefícios fiscais

A extinção dos benefícios fiscais encontra‐se prevista no


art.º 14.º do EBF.

A extinção dos benefícios fiscais tem por consequência a


reposição automática da tributação‐regra.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 15


Extinção dos benefícios fiscais

Relativamente aos impostos sobre o rendimento:

‐ no final do ano ou período de tributação em que se


verificou o facto tributário e se mantenham no termo do
prazo para o exercício do direito de audição no âmbito
do procedimento de liquidação do imposto a que o
benefício respeita.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 16


Extinção dos benefícios fiscais

Exemplo:

A sociedade ABC, Lda, possui dívidas em 31/12/2017, e as


mesmas não foram objeto de reclamação, impugnação ou
oposição.

Perde o direito aos benefícios fiscais em sede de IRC


aquando da entrega da modelo 22 em 2018?

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 17


Extinção dos benefícios fiscais

Resposta: Não, desde que regularize a situação até ao


termo do prazo para o exercício do direito de audição no
âmbito do procedimento de liquidação do IRC.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 18


Extinção dos benefícios fiscais

Relativamente aos impostos periódicos sobre o


património:

‐ no momento em que se verificou o facto tributário e se


mantenham no termo do prazo para o pagamento
voluntário do imposto ou da primeira prestação, quando
aplicável.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 19


Extinção dos benefícios fiscais

Exemplo: O Sujeito Passivo A tinha dívidas com referência a


31/12/2017.

Perde o direito à isenção do IMI para habitação própria e


permanente referente ao ano de 2017?

Resposta: Não, desde que regularize a situação até ao


termo do prazo para o pagamento voluntário do imposto
ou da primeira prestação do IMI.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 20
Extinção dos benefícios fiscais

Nos impostos de obrigação única, na data em que o facto


tributário ocorreu.

Exemplo: IMT.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 21


Transmissão dos benefícios fiscais

O direito aos benefícios fiscais:

‐ é por regra intransmissível inter vivos, sendo, porém,


transmissível mortis causa se se verificarem no
transmissário os pressupostos do benefício, salvo se este
for de natureza estritamente pessoal.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 22


Transmissão dos benefícios fiscais

A título exemplificativo, é transmissível mortis causa a


isenção de IMI para habitação própria e permanente, se a
mesma for considerada habitação própria e permanente
para todos os herdeiros.

A transmissão dos benefícios fiscais encontra‐se prevista


no art.º 15.º do EBF.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 23


Benefícios fiscais /Modelo 22 – Anexo D

O anexo D da modelo 22 é obrigatoriamente apresentado


pelas seguintes entidades:

‐ Que exercendo, a título principal, uma atividade de


natureza comercial, industrial ou agrícola,

‐ Usufruam de regimes de isenção ou de qualquer outro


benefício fiscal que se traduza em deduções ao rendimento
ou à coleta no período a que respeita a declaração;

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 24


Benefícios fiscais /Modelo 22 – Anexo D

O anexo D da modelo 22 é obrigatoriamente apresentado pelas


seguintes entidades:

‐ Residentes que não exerçam, a título principal, atividades de


natureza comercial, industrial ou agrícola, sempre que usufruam
de isenção ou de qualquer outro benefício fiscal, nomeadamente
dedução à matéria coletável (relativamente ao preenchimento
da declaração modelo 22, por estes sujeitos passivos, ver Ofício
circulado n.º 20167/2013, de 12/4);

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 25


CRIAÇÃO DE EMPREGO ‐ Art.º 19.º do 
EBF

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 26


Caraterização

A criação de emprego é um benefício fiscal, aplicável aos sujeitos


passivos de IRC e IRS com contabilidade organizada, e, que
consiste:

‐ na majoração de 50% dos gastos do exercício contabilizados a


título de encargos correspondentes à criação líquida de postos de
trabalho para jovens e para desempregados de longa duração,
admitidos por contrato de trabalho por tempo indeterminado.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 27


Caraterização

De acordo com o disposto na informação vinculativa ‐ da


qualidade do vínculo laboral – de contrato a termo para
contrato sem termo:

“Considera‐se que um trabalhador é admitido por contrato sem


termo quando no contrato não está determinado o número de
meses ou anos que o trabalhador deverá prestar serviço na
respetiva empresa. Pelo que, só os contratos firmados nessas
condições contam para o cálculo da criação líquida de postos de
trabalho. “
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 28
Caraterização

De acordo com o disposto na informação vinculativa ‐ da


qualidade do vínculo laboral – de contrato a termo para
contrato sem termo:

“Uma vez que os contratos com termo não relevam para efeitos
do artigo 17º do EBF (atual art.º 19.º do EBF), quando estes se
transformam em contratos sem termo podem entrar, a partir
do respetivo exercício, para a aferição da criação líquida de
postos de trabalho, desde que todos os outros requisitos de
acesso ao benefício estejam preenchidos.”
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 29
Caraterização

No que concerne à produção de prova dos pressupostos do


Benefício Fiscal, no âmbito da informação vinculativa é referido
que:

“‐ O contribuinte deve munir‐se dos elementos necessários que


comprovem a existência do contrato de trabalho por tempo
indeterminado e o momento do seu início.

‐ Cabendo à entidade empregadora provar a existência do


contrato sem termo para efeitos do benefício fiscal, parece
relevante que esta tenha a cautela de reduzi‐lo a escrito. “
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 30
Caraterização

No que concerne à produção de prova dos pressupostos do


Benefício Fiscal, no âmbito da inf. vinculativa é referido que:

‐ A permanência ao serviço de determinado trabalhador após o


decurso do período de duração máxima do contrato de trabalho a
termo (este obrigatoriamente reduzido a escrito) é um facto que
permite ajuizar da existência de contrato de trabalho sem termo.

‐ Esta permanência ao serviço deve, no entanto, ser comprovada


através de documentos que vinculem externamente a entidade.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 31
Montante máximo da majoração anual

O montante máximo da majoração anual, por posto de


trabalho, é o correspondente a 14 vezes a retribuição
mínima mensal garantida:

Para o ano 2016: € 530 * 14 = € 7.420,00

Para ano de 2017: € 557 * 14 = € 7.798,00

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 32


Montante máximo da majoração anual

Exemplo 1:

Trabalhador A, com contrato sem termo elegível para


efeitos do art.º 19.º do EBF:

Remuneração mensal ‐ € 1.000

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 33


Montante máximo da majoração anual

Resolução (ignorando os encargos com a Segurança Social):

‐ Cálculo do benefício fiscal em 2016:

€ 1.000,00*14 = € 14.000,00

‐ Majoração dos gastos: 50% * € 14.000,00 = € 7.000,00

‐ Limite: € 7.420,00

Benefício fiscal = € 7.000,00, a evidenciar no campo 774 do


Quadro 07 da declaração Modelo 22 e no campo 401 do quadro
4 do anexo D da modelo 22.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 34
Montante máximo da majoração anual

Exemplo 2:

Trabalhador A, com contrato sem termo elegível para


efeitos do art.º 19.º do EBF:

Remuneração mensal ‐ € 2.500,00

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 35


Montante máximo da majoração anual

Resolução (ignorando os encargos com a Segurança Social):

‐ Cálculo do benefício fiscal em 2016:

€ 2.500,00*14 = € 35.000,00

‐ Majoração dos gastos: 50% * € 35.000,00 = € 17.500,00

‐ Limite: € 7.420,00

Benefício fiscal = € 7.420,00, a evidenciar no campo 774 do


Quadro 07 da declaração Modelo 22 e no campo 401 do quadro
4 do anexo D da modelo 22.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 36


Período de dedutibilidade

A majoração aplica‐se durante um período de cinco anos a


contar do início da vigência do contrato de trabalho.

‐ De acordo com o disposto na informação vinculativa n.º


1498/2006, despacho de 26.09.2006 do DG:

“..., o prazo de 5 anos a que se refere o nº 3 do artigo 17º do EBF


(atual art.º 19.º do EBF) pode refletir‐se em 6 exercícios
económicos, sempre que o início do contrato de trabalho não
coincida com o início do exercício económico. “

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 37


Período de dedutibilidade

Exemplo:

‐ Data da celebração do contrato: 1/4/2016

‐ Período da majoração dos gastos suportados com o trabalhador


admitido: 1/4/2016 a 31/3/2021.

Se se verificar a saída de algum trabalhador antes do fim do período


de 5 anos, a empresa deverá apenas deixar de considerar a
majoração de 50% correspondente a esse posto de trabalho, não
existindo a obrigatoriedade de reposição dos benefícios já
utilizados.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 38
Cumulação de Benefícios

A majoração não é cumulável, quer com outros benefícios fiscais


da mesma natureza, quer com outros incentivos de apoio ao
emprego previstos noutros diplomas, quando aplicáveis ao
mesmo trabalhador ou posto de trabalho.

O benefício não é cumulável com incentivos da segurança social,


daí que se revele de extrema importância verificar se para os
mesmos trabalhadores foram obtidos outros incentivos junto da
segurança social.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 39


Cumulação de Benefícios

De acordo com o disposto na informação vinculativa:

“Analisados que foram outros benefícios fiscais e incentivos de apoio


ao emprego, verifica‐se que o benefício fiscal previsto no n.º 1 do
artigo 17.º do EBF não é cumulável, quando aplicado ao mesmo
trabalhador ou posto de trabalho, com os incentivos previstos nos
seguintes diplomas, uma vez que contêm incentivos e normas de apoio
à criação de emprego:

• Decreto‐Lei n.º 89/95, de 6 de Maio; • Decreto‐Lei n.º 34/96, de 18


de Abril; • Despacho Conjunto n.º 561/2001, de 22 de Junho; etc…”


© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 40
Cumulatividade de Benefícios

De referir, que este regime só pode ser concedido uma


única vez por trabalhador admitido nessa entidade ou
noutra entidade com a qual existam relações especiais nos
termos do artigo 63.º do Código do IRC.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 41


Conceitos

Jovens ‐ os trabalhadores com idade superior a 16 e


inferior a 35 anos, inclusive, aferida na data da celebração
do contrato de trabalho, com exceção dos jovens com
menos de 23 anos, que não tenham concluído o ensino
secundário, e que não estejam a frequentar uma oferta de
educação‐formação que permita elevar o nível de
escolaridade ou qualificação profissional para assegurar a
conclusão desse nível de ensino;

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 42


Conceitos

Desempregados de longa duração ‐ os trabalhadores


disponíveis para o trabalho, nos termos do Decreto‐Lei n.º
220/2006, de 3 de Novembro, que se encontrem
desempregados e inscritos nos centros de emprego há
mais de 9 meses, sem prejuízo de terem sido celebrados,
durante esse período, contratos a termo por período
inferior a 6 meses, cuja duração conjunta não ultrapasse os
12 meses.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 43


Conceitos

Encargos ‐ os montantes suportados pela entidade


empregadora com o trabalhador, a título da
remuneração fixa e das contribuições para a segurança
social a cargo da mesma entidade.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 44


Conceitos

Criação líquida de postos de trabalho ‐ a diferença positiva,


num dado exercício económico, entre o número de contratações
elegíveis nos termos do n.º 1 e o número de saídas de
trabalhadores que, à data da respetiva admissão, se
encontravam nas mesmas condições.

Para efeitos da determinação da criação líquida de postos de


trabalho, não são considerados os trabalhadores que integrem o
agregado familiar da respetiva entidade patronal.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 45
Encargos Majoráveis

Consideram‐se encargos os montantes suportados pela


entidade empregadora com o trabalhador a título da
remuneração fixa e das contribuições para a Segurança
Social a cargo da mesma entidade.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 46


Encargos Majoráveis

É entendimento da AT que:
‐ A remuneração fixa compreende, nomeadamente, o ordenado ou
salário base, subsídio de férias, subsídio de Natal, subsídio de
turno, diuturnidades e remunerações acessórias com caráter fixo
como, por exemplo o abono para falhas e subsídio de refeição.

‐ Outras remunerações destinadas a compensar os trabalhadores


pelos resultados obtidos, tais como gratificações extraordinárias
por resultados obtidos, as participações nos lucros e as comissões,
não entram no conceito de remuneração fixa;
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 47
Encargos Majoráveis

É entendimento da AT que:

‐ O subsídio de alimentação e o abono para falhas com


caráter fixo relevam na parte em sejam excedidos os
limites legais;

‐ Os seguros de acidentes de trabalho não constituem


encargos majoráveis.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 48


Conceito de criação líquida de postos de
trabalho

A criação líquida de postos de trabalho, corresponde à diferença


positiva, num dado exercício económico, entre o número de
contratações elegíveis e o número de saídas de trabalhadores
que, à data da respetiva admissão, se encontravam nas mesmas
condições.

Para efeitos da determinação da criação líquida de postos de


trabalho, não são considerados os trabalhadores que integrem o
agregado familiar da respetiva entidade patronal.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 49
Conceito de criação líquida de postos de
trabalho

Exemplo Prático:

No ano de 2014 a empresa ABC, Lda, contratou um


trabalhador com 29 anos, admitido por contrato por tempo
indeterminado, tendo‐se verificado nesse ano, a criação
líquida de 1 posto de trabalho.

No ano de 2016 esse trabalhador despediu‐se da empresa,


tendo a mesma contratado outro trabalhador, com 26 anos
com contrato por tempo indeterminado.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 50
Conceito de criação líquida de postos de
trabalho

Resolução: Assim sendo, em 2016 não se verifica a


criação líquida de postos de trabalho.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 51


Conceito de criação líquida de postos de
trabalho
Exemplo Prático:
Em fevereiro de 2016 a empresa XZ, SA, contrata António com 34
anos e Maria com 29 anos, ambos admitidos por contrato por
tempo indeterminado.
Em maio de 2016 transformou um contrato a termo certo num
contrato sem termo, que tinha com um seu trabalhador, o qual
tinha 31 anos na data em que se verifica a respetiva alteração.
No ano de 2016, não se verificaram mais entradas ou saídas de
pessoal nos quadros do pessoal da empresa XZ, SA.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 52
Conceito de criação líquida de postos de
trabalho

Resolução:

Neste caso em concreto, estamos perante a criação líquida


de 3 postos de trabalho.

De referir que a majoração incide sobre os gastos incorridos


desde a data em que se verificaram os pressupostos, ou
seja, no caso do trabalhador em que se verificou a alteração
do contrato, os gastos só são majoráveis a partir de maio de
2016.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 53
Conceito de criação líquida de postos de
trabalho

Exemplo 3:

Relação das entradas ocorridas em 2016:

Funcionário Idade Data admissão Contrato

Maria 30 1‐4‐2016 A prazo

Flávio 33 1‐5‐2016 Sem termo

Marta 28 5‐8‐2016 Sem termo

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 54


Conceito de criação líquida de postos de
trabalho

Relação das saídas ocorridas em 2016


Funcionário Idade Data da saída Contrato

Joaquim 30 1‐1‐2016 A prazo

José 28 1‐10‐2016 Sem termo

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 55


Conceito de criação líquida de postos de
trabalho

Assim sendo, a criação líquida de postos de trabalho


ascendeu a 1 posto de trabalho (2 entradas que reúnem
as condições previstas no art.º 19.º do EBF abatida de 1
saída que reunia as mesmas condições).

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 56


Conceito de criação líquida de postos de
trabalho

Pelo que dos 2 funcionários admitidos com idade não superior a 35


anos mediante contrato sem termo, para efeitos da majoração dos
gastos, apenas pode beneficiar da majoração de gastos de um
trabalhador, no entanto a empresa pode escolher qualquer um,
devendo entrar em linha de conta com:

‐ o salário auferido por cada um deles,

‐ com as expetativas de continuidade na empresa durante os 5


anos em que pode usufruir do benefício fiscal.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 57
Conceito de criação líquida de postos de
trabalho

Exemplo 4:

A empresa ABC, Lda, celebrou dois contratos de trabalho em 2016 nas


seguintes condições:

1 ‐ Contrato sem termo, com início em 1/2/2016, com Maria José, 29


anos, com as seguintes condições remuneratórias:

Vencimento mensal: € 900,00 e Subsídio de alimentação: 4,27 dia

Resposta: Uma vez que se tratava de uma situação de primeiro


emprego, a empresa ABC solicitou a isenção de TSU, conforme DL
89/95, a qual foi concedida.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 58
Conceito de criação líquida de postos de
trabalho

Contrato sem termo, com início em 1 de janeiro de 2016, com


Carlos, 27 anos, com as seguintes condições remuneratórias:

‐ Vencimento mensal: € 1.050,00 e Sub. de alimentação: 4,27.

‐ Relativamente a este trabalhador, não foi requerida a isenção da


TSU, uma vez que não reunia os pressupostos.

‐ Sabe‐se ainda, que não se verificou qualquer saída de


trabalhadores no decurso do ano de 2016, e que a empresa tem a
sua situação regularizada a 31/12/2016.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 59
Conceito de criação líquida de postos de
trabalho

Resolução:
Analisadas as condições de admissão de Maria José, verifica‐se
que não é elegível para usufruir da majoração dos encargos
correspondentes à criação líquida de postos de trabalho, uma
vez que a entidade empregadora usufrui da isenção da TSU, nos
termos do DL 89/95 de 6 de maio, não sendo o mesmo
cumulativo, conforme n.º 5 do artigo 19.º do EBF.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 60


Conceito de criação líquida de postos de
trabalho

Resolução:

Da análise das condições de admissão de Carlos e da possibilidade


de usufruir do benefício fiscal, verifica‐se que será elegível para
usufruir da majoração dos encargos correspondentes à criação
líquida de postos de trabalho, uma vez que reúne todos os
requisitos para a sua atribuição previstos no art.º 19.º do EBF.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 61


Conceito de criação líquida de postos de
trabalho

Desta forma, a majoração ascende a:

‐ Vencimento de janeiro a dez.: € 1.050,00 * 12 = € 12.600,00

‐ Subsídio de férias e Natal: € 1050,00 * 2 = € 2.100,00

‐ Encargos com a Seg. Social: € 14.700,00 * 0.2375 = € 3.491,25

‐ Total de encargos: € 18.191,25

‐ Majoração: € 18.191,25*50% = € 9.095,62

‐ Limite da majoração: € 530*14 = € 7.420,00


© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 62
Conceito de criação líquida de postos de
trabalho

Valor a deduzir no campo 774 do Q07 da modelo 22 e


no campo 401 do quadro 4 do anexo D da modelo 22 =
€ 7420

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 63


Regime Fiscal de Apoio ao 
Investimento (RFAI)

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 64


Caraterização

O RFAI:

‐ constitui um regime de auxílios de Estado com finalidade


regional, aprovado nos termos do Regulamento (UE) n.º
651/2014, de 16 de junho de 2014;

‐ que declara certas categorias de auxílio compatíveis com o


mercado interno, em aplicação dos artigos 107.º e 108.º do
Tratado, publicado no Jornal Oficial da União Europeia n.º L 187,
de 26 de junho de 2014.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 65


Caraterização

O RFAI é:

‐ um incentivo de natureza regional, que prevê um


sistema específico de incentivos fiscais ao investimento
em determinados setores de atividade.

‐ Está regulamentado no Código Fiscal ao Investimento


(CFI) nos artigos 26º a 32º, Portaria 297/2015 de 21 de
dezembro e Portaria 282/2014 de 30 de dezembro.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 66


Âmbito de aplicação subjetivo

O RFAI é aplicável:
‐ aos sujeitos passivos de IRC que exerçam uma atividade
nos setores especificamente previstos no n.º 2 do artigo 2.º
do CFI,

‐ tendo em consideração os códigos de atividade definidos


na Portaria 282/2014 de 30 de zembro, com exceção das
atividades excluídas do âmbito sectorial de aplicação das
OAR e do RGIC.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 67
Atividades abrangidas/CAE

De acordo com o estipulado no art.º 2.º da Portaria


282/2014 de 30 de dezembro, e sem prejuízo das
restrições previstas no art.º 1.º da mesma, as atividades
económicas previstas, correspondem aos seguintes
códigos da Classificação Portuguesa de Atividades
Económicas, Revisão 3 (CAE Rev.3), aprovada pelo
Decreto‐Lei n.º 381/2007, de 14 de novembro:

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 68


Atividades abrangidas/CAE

a) Indústrias extrativas ‐ divisões 05 a 09;

b) Indústrias transformadoras ‐ divisões 10 a 33;

c) Alojamento ‐ divisão 55;

d) Restauração e similares ‐ divisão 56;

e) Atividades de edição ‐ divisão 58;

f) Atividades cinematográficas, de vídeo e de produção de


programas de televisão ‐ grupo 591;

g) Consultoria e programação informática e atividades relacionadas


‐ divisão 62;
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 69
Atividades abrangidas/CAE

h) Atividades de processamento de dados, domiciliação de


informação e atividades relacionadas e portais Web ‐ grupo 631;

i) Atividades de investigação científica e de desenvolvimento ‐


divisão 72;

j) Atividades com interesse para o turismo ‐ subclasses 77210,


90040, 91041, 91042, 93110, 93210, 93292, 93293 e 96040;

k) Atividades de serviços administrativos e de apoio prestados às


empresas ‐ classes 82110 e 82910

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 70


Atividades excluídas

Não são elegíveis para a concessão de benefícios fiscais os


projetos de investimento que tenham por objeto as atividades
económicas dos setores:

‐ siderúrgico, do carvão, da pesca e da aquicultura, da produção


agrícola primária, da transformação e comercialização de
produtos agrícolas enumerados no anexo i do Tratado sobre o
Funcionamento da União Europeia, da silvicultura, da construção
naval, das fibras sintéticas, dos transportes e das infraestruturas
conexas e da produção, distribuição e infraestruturas energéticas.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 71
Investimentos relevantes

Consideram‐se aplicações relevantes os investimentos nos seguintes


ativos, desde que afetos à exploração da empresa:

a) Ativos fixos tangíveis, adquiridos em estado de novo, com exceção de:

i) Terrenos, salvo no caso de se destinarem à exploração de


concessões mineiras, águas minerais naturais e de nascente, pedreiras,
barreiros e areeiros em investimentos na indústria extrativa;

ii) Construção, aquisição, reparação e ampliação de quaisquer


edifícios, salvo se forem instalações fabris ou afetos a atividades turísticas,
de produção de audiovisual ou administrativas;

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 72


Investimentos relevantes

Consideram‐se aplicações relevantes os investimentos nos seguintes


ativos, desde que afetos à exploração da empresa:

a) Ativos fixos tangíveis, adquiridos em estado de novo, com exceção de:

iii) Viaturas ligeiras de passageiros ou mistas;

iv) Mobiliário e artigos de conforto ou decoração, salvo equipamento


hoteleiro afeto a exploração turística;

v) Equipamentos sociais;

vi) Outros bens de investimento que não estejam afetos à exploração


da empresa;
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 73
Investimentos relevantes

b) Ativos intangíveis, constituídos por despesas com transferência


de tecnologia, nomeadamente através da aquisição de direitos de
patentes, licenças, «know‐how» ou conhecimentos técnicos não
protegidos por patente.

‐ Para as empresas que não se enquadrem na categoria das micro,


pequenas e médias empresas, as despesas de investimento em
ativos intangíveis, não podem exceder 50 % das aplicações
relevantes.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 74
categoria das micro, pequenas e médias
empresas

Consideram‐se:

‐ Microempresas as que empreguem menos de 10 pessoas e cujo volume


de negócios anual ou balanço total anual não exceda 2 milhões de Euros

‐ Pequenas empresas as que empreguem menos de 50 pessoas e cujo


volume de negócios anual ou balanço total anual não exceda 10 milhões
de Euros; e

‐ Médias empresas as que empreguem menos de 250 pessoas e cujo


volume de negócios anual não exceda 50 milhões de Euros ou cujo
balanço total anual não exceda 43 milhões de Euros.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 75


Condições de Acesso

Podem beneficiar do RFAI os sujeitos passivos de IRC que


preencham cumulativamente as seguintes condições:

a) Disponham de contabilidade regularmente organizada, de


acordo com a normalização contabilística e outras disposições
legais em vigor para o respetivo setor de atividade;

b) O seu lucro tributável não seja determinado por métodos


indiretos;
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 76
Condições de Acesso

Podem beneficiar do RFAI os sujeitos passivos de IRC que


preencham cumulativamente as seguintes condições:
‐ Mantenham na empresa e na região durante um período mínimo de
três anos a contar da data dos investimentos, no caso de micro, pequenas
e médias, ou cinco anos nos restantes casos, os bens objeto do
investimento;

‐ ou, quando inferior, durante o respetivo período mínimo de vida útil;

‐ ou até ao período em que se verifique o respetivo abate físico,


desmantelamento, abandono ou inutilização, observadas as regras
previstas no artigo 31.º‐B do CIRC
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 77
Condições de Acesso

‐ Nos termos do n.º 3 do art.º 2.º da Portaria 297/2015, o


período de três ou cinco anos conta‐se a partir da data em que
se considera concluído o investimento.

‐ No caso de incumprimento deste requisito, dever ser


adicionado ao IRC relativo ao exercício em que a empresa
alienou os bens objeto do investimento, o IRC que deixou de ser
liquidado em virtude do RFAI, acrescido dos correspondentes
juros compensatórios majorados em 10 pontos percentuais.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 78


Condições de Acesso

Podem beneficiar do RFAI os sujeitos passivos de IRC que


preencham cumulativamente as seguintes condições:

d) Não sejam devedores ao Estado e à segurança social;

e) Não sejam consideradas empresas em dificuldade;

f) Efetuem investimento relevante que proporcione a criação de


postos de trabalho e a sua manutenção até ao final do período
mínimo de manutenção dos bens objeto de investimento, nos
termos da alínea c).
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 79
Condições de Acesso

Nos termos do art.º 2.º n.º 2 da Portaria 297/2015:

‐ Não podem beneficiar do RFAI os sujeitos passivos sujeitos a uma


injunção de recuperação na sequência de uma decisão da Comissão,
ainda pendente, que declare um auxílio ilegal e incompatível com o
mercado interno;

‐ A contribuição financeira dos sujeitos passivos, a partir dos seus


recursos próprios ou mediante financiamento externo que assuma
uma forma isenta de qualquer apoio público, deve corresponder, pelo
menos, a 25 % das aplicações relevantes;
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 80
Condições de Acesso

IMPORTANTE:
Os benefícios fiscais previstos no artigo 23.º do Código Fiscal do Investimento
apenas são aplicáveis relativamente a investimentos iniciais:

‐ os investimentos relacionados com a criação de um novo


estabelecimento;

‐ o aumento da capacidade de um estabelecimento já existente;

‐ a diversificação da produção de um estabelecimento no que se refere a


produtos não fabricados anteriormente nesse estabelecimento;

‐ ou uma alteração fundamental do processo de produção global de um


estabelecimento existente.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 81
Postos de trabalho

Para efeitos de preenchimento da condição de acesso relativa à


“criação de postos de trabalho”, a letra da lei é omissa.

No entanto, a Autoridade Tributária já se pronunciou quanto a


este conceito na Informação Vinculativa de 04.04.2011 (Processo
n.º 2010 001800, PIV n.º 818, com Despacho de 2010‐07‐16, do
Diretor‐Geral), determinando que:

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 82


Postos de trabalho

“‐ Admissão de trabalhadores através da celebração de contrato de


trabalho sem termo (ou por tempo indeterminado), abrangendo a
admissão de trabalhadores novos e de trabalhadores que já
estivessem na empresa mas ao abrigo de um contrato com termo;

‐ Esta condição considera‐se cumprida quando, à data de 31 de do


ano em análise, se verifique um aumento líquido do número de
trabalhadores relativamente à média dos 12 meses precedentes;

‐ Esse aumento líquido pode acontecer com a admissão de um único


trabalhador.”
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 83
Postos de trabalho

“‐ Caso o investimento realizado constitua, tão só, adições às


imobilizações em curso, elegíveis, a criação de postos de
trabalho só pode ser aferida no final do período de tributação
em que o investimento estiver concluído.

‐ A criação de postos de trabalho não fica prejudicada se o(s)


trabalhador(es) elegível(is) desempenhar(em) funções auxiliares
ou administrativas, desde que esses postos de trabalho tenham
sido proporcionados pelo próprio investimento.”

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 84


Postos de trabalho

‐ “A empresa tem de manter os postos de trabalho no decorrer dos 5


anos;

‐ A manutenção respeita à totalidade de postos de trabalho que foram


criados na sequência do investimento.

‐ Se um trabalhador com contrato de trabalho sem termo sair da


empresa por uma das causas legalmente previstas que não seja,
obviamente, a extinção do posto de trabalho, e seja admitido, para o
mesmo posto de trabalho, um outro trabalhador, nas mesmas condições,
não é posta em causa a manutenção do posto de trabalho.”

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 85


Postos de trabalho

‐ Tem que ser vista por referência a 31 de dezembro do ano em


análise.

‐ Se os postos de trabalho criados não forem mantidos durante o


decurso do período de manutenção obrigatório exigível (5 anos),
aplica‐se a parte final do n.º 2 do art.º 14.º do EBF, caducando o
benefício fiscal.

‐ Para as empresas classificadas como PME´s o prazo é de 3


anos.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 86


Investimento realizado

Considera‐se investimento realizado o correspondente às adições,


verificadas em cada período de tributação, de ativos fixos tangíveis
e ativos intangíveis e bem assim o que, tendo a natureza de ativo
fixo tangível e não dizendo respeito a adiantamentos, se traduza em
adições aos investimentos em curso.

Não se consideram as adições de ativos que resultem de


transferências de investimentos em curso transitado de períodos
anteriores, exceto se forem adiantamentos.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 87


Investimento realizado

Nas regiões elegíveis para auxílios nos termos da alínea c) do n.º 3


do artigo 107.º, do Tratado sobre o Funcionamento da União
Europeia constantes da tabela do artigo 43.º (Algarve, Península de
Setúbal, Mafra, Loures Vila Franca de Xira, S. João das lampas e
Terrugem) , no caso de empresas que não se enquadrem na
categoria das micro, pequenas e médias empresas, apenas podem
beneficiar do RFAI os investimentos que respeitem a uma nova
atividade económica, ou seja:

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 88


Investimento realizado

‐ a um investimento em ativos fixos tangíveis e intangíveis


relacionados com a criação de um novo estabelecimento,

Ou,

‐ com a diversificação da atividade de um estabelecimento, na


condição de a nova atividade não ser a mesma ou uma atividade
semelhante à anteriormente exercida no estabelecimento.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 89


Investimento realizado

De acordo com o disposto no artigo 3.º (Aplicações relevantes) da


Portaria 297/2015, nos casos em que o investimento inicial:

‐ Respeite a uma alteração fundamental do processo de produção,


o montante das aplicações relevantes deve exceder o montante das
amortizações e depreciações dos ativos associados à atividade a
modernizar contabilizadas nos três períodos de tributação
anteriores ao do início da realização do projeto de investimento.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 90


Investimento realizado

De acordo com o disposto no artigo 3.º (Aplicações relevantes) da


Portaria 297/2015, nos casos em que o investimento inicial:

‐ Consista na diversificação da atividade de um estabelecimento


existente, as aplicações relevantes devem exceder em, pelo
menos, 200 % o valor líquido contabilístico dos ativos que são
reutilizados, tal como registado no período de tributação anterior
ao do início da realização do investimento.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 91


Investimento realizado

Para efeitos do investimento em ativos intangíveis, apenas se


consideram aplicações relevantes os ativos aí previstos que:
a) Sejam exclusivamente utilizados no estabelecimento objeto dos
benefícios fiscais;

b) Sejam amortizáveis, nos termos das regras contabilísticas em vigor;

c) Sejam adquiridos em condições de mercado a terceiros não


relacionados com o adquirente; e

d) Permaneçam associados ao investimento durante pelo menos cinco


anos, ou três anos no caso de micro, pequenas e médias empresas.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 92


Investimento realizado

Aplicação Prática:

Em 2017, a Sociedade ABC, Lda, com sede em Bragança, que tem


como objeto social a produção de máquinas industriais, ampliou a
capacidade produtiva nas seguintes condições:

‐ Aquisição de equipamento industrial (ativo fixo tangível): €


10.000.000,00;

‐ Adição ao ativo fixo tangível em curso ‐ € 2.000.000,00;

‐ Adiantamento para ativo tangível em curso ‐ € 500.000,00;

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 93


Investimento realizado

∙ Construção de edifício fabril – € 1.900.000,00;


‐ Aquisição de um programa informático (utilização exclusiva por
um período de tempo limitado) para controlo da produção fabril: €
10.000,00;

‐ Transferência para Ativo Fixo tangível de Investimentos em curso


realizados em 2014 ‐ € 240.000,00;

‐ Aquisição de uma viatura ligeira de passageiros ‐ € 80.000,00.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 94


Investimento realizado

Resolução: Investimentos relevantes para efeitos de RFAI:

‐ Aquisição de equipamento industrial (ativo fixo tangível): €


10.000.000,00;

‐ Adição ao ativo fixo tangível em curso ‐ € 2.000.000,00;

∙ Construção de edifício fabril – € 1.900.000,00 relevante para RFAI

‐ Aquisição de um programa informático (utilização exclusiva por um


período de tempo limitado) para controlo da produção fabril: € 10.000 ‐
relevante para RFAI;

Total de investimento elegível: € 13.910.000,00


© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 95
Benefícios fiscais - Em sede de IRC

Regiões elegíveis nos termos da alínea a) do n.º 3 do artigo 107.º


do Tratado de Funcionamento da União Europeia constantes da
tabela prevista no n.º 1 do artigo 43.º:

‐ 25 % das aplicações relevantes, relativamente ao investimento


realizado até ao montante de € 10.000.000,00;

‐ 10 % das aplicações relevantes, relativamente à parte do


investimento realizado que exceda o montante de €
10.000.000,00;
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 96

Benefícios fiscais - Em sede de IRC

Regiões elegíveis nos termos da alínea c) do n.º 3 do artigo 107.º


do Tratado de Funcionamento da União Europeia constantes da
tabela prevista no n.º 1 do artigo 43.º (Algarve; Península de
Setúbal; Grande Lisboa) :

No caso de investimentos nestas regiões elegíveis, aos sujeitos


passivos de IRC que beneficiem do RFAI, é concedida uma
dedução à coleta de 10 % das aplicações relevantes.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 97


Limites à dedução à coleta

A dedução à coleta é efetuada na liquidação de IRC respeitante ao período


de tributação em que sejam realizadas as aplicações relevantes, com os
seguintes limites:

a) No caso de investimentos realizados no período de tributação do início


de atividade e nos dois períodos de tributação seguintes, exceto quando
a empresa resultar de cisão, até à concorrência do total da coleta do IRC
apurada em cada um desses períodos de tributação;

b) Nos restantes casos, até à concorrência de 50 % da coleta do IRC


apurada em cada período de tributação.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 98


Limites à dedução à coleta

Aplicação prática 1:

‐ No ano de 2017, uma empresa com sede em Barcelos, e que se


dedica à atividade de restauração, CAE 56…, realizou
investimentos relevantes em ativos fixos tangíveis no montante
de € 500.000,00 e pretende usufruir do benefício fiscal do RFAI.

‐ A empresa iniciou a atividade em 2010 e é considerada uma


PME.

‐ Coleta de € 290.000,00

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 99


Limites à dedução à coleta

Resolução:

Cálculo da dedução à coleta: 25% X € 500.000,00 = € 125.000,00

Limite (50% da coleta): 50%*€ 290.000,00 = € 145.000,00

Valor do benefício = € 125.000,00 (a indicar no campo 355 do


quadro 10 da mod.22 e campo 074 do quadro 7 do anexo D).

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 100


Limites à dedução à coleta

Aplicação prática 1:

‐ No ano de 2017, uma empresa com sede em Barcelos, e que se


dedica à atividade de restauração, CAE 56…, realizou
investimentos relevantes em ativos fixos tangíveis no montante de
€ 500.000,00 e pretende usufruir do benefício fiscal do RFAI.

‐ A empresa iniciou a atividade em 2010 e é considerada uma


PME.

‐ Coleta de € 90.000,00

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 101


Limites à dedução à coleta

Resolução:

‐ Cálculo da dedução à coleta: 25% X € 500.000 = € 125.000

‐ Limite (50% da coleta): 50%*€ 90.000,00 = € 45.000,00

‐ Valor do benefício = € 45.000,00 (a indicar no campo 355 do


quadro 10 da mod.22 e campo 074 do quadro 7 do anexo D). A
importância não deduzida por insuficiência de coleta no valor de €
80.000,00 poderá sê‐lo nas liquidações dos 10 períodos de
tributação seguintes nas condições atrás elencadas.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 102


Limites à dedução à coleta

Aplicação prática 2:

No decurso de 2017 a empresa ABC, SA, com sede e


estabelecimento em Braga, efetuou investimentos relevantes no
montante de € 13.000.000,00, reunindo todos os requisitos para
usufruir do RFAI.

A empresa iniciou a atividade em 2017 e é considerada uma PME.

Coleta de 2017: € 1.720.000,00

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 103


Limites à dedução à coleta

Resolução:
Cálculo da Dedução à Coleta:
‐ € 10.000.000,00 X 25% = € 2.500.000,00
‐ € 3.000.000 X 10% = € 300.000,00
Total: € 2.800.000,00

Uma vez que a empresa iniciou em 2017 o limite (100% da coleta): €


1.720.000,00
Valor do benefício = € 1.720.000,00 (a importância não deduzida por
insuficiência de coleta no valor de € 1.080.000,00 poderá sê‐lo nas
liquidações dos 10 períodos de tributação seguintes nas condições já
mencionadas).
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 104
Limites à dedução à coleta

Aplicação prática 3:

A empresa X, Lda, com sede em Viana do Castelo, tendo como objeto e


atividade principal a prestação de serviços informáticos, registou
durante o ano de 2017 os seguintes investimentos em Ativos Fixos
Tangíveis, em estado de novo:

Eq. informáticos – € 100.000,00; Terreno ‐ € 400.000,00; Artigos de


conforto – € 30.000,00; Viatura lig. mista – € 40.000,00; Viatura lig. de
mercadorias – € 20.000,00.
A empresa iniciou a sua atividade em 2000.
Coleta de 2017 ‐ € 90.000,00.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 105
Limites à dedução à coleta

Resolução:

‐ Cálculo do investimento relevante:

Equipamentos informáticos – € 100.000,00

Viatura ligeira de mercadorias – € 20.000,00

Total de investimentos relevantes ‐ € 120.000,00

‐ Cálculo da Dedução à Coleta:

‐ 25% X € 120.000 = € 30.000

‐ Limite (50% da coleta): 50%*€ 90.000,00 = € 45.000,00

‐ Valor do benefício = € 30.000,00


© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 106
Limites à dedução à coleta

Aplicação prática 4:

A empresa X, Lda, com sede no Algarve, classificada como não


PME, a operar no setor da indústria transformadora, realizou no
ano de 2017 investimentos relevantes no valor de € 8.500.000,00.

A coleta de IRC apurada em 2017 ascendeu a € 1.000.000,00.

A empresa iniciou a sua atividade em 2005.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 107


Limites à dedução à coleta

Cálculo da Dedução à Coleta:

‐ 10% X € 8.500.000,00 = € 850.000,00 (uma vez que empresa se


encontra localizada numa região elegível nos termos da al. c) do
art.º 107.º do TFUE).

‐ Limite (50% da coleta): 50%*€ 1.000.000,00 = € 500.000,00

‐ Valor do benefício = € 500.000,00 (a importância não deduzida por


insuficiência de coleta no valor de € 350.000,00 poderá sê‐lo nas
liquidações dos 10 períodos de tributação seguintes).

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 108


Benefícios fiscais - Em sede de Impostos
sobre o património

Em sede de Impostos sobre o património

a) ‐ Isenção ou redução de IMI, por um período até 10 anos a contar do


ano de aquisição ou construção do imóvel, relativamente aos prédios
utilizados pelo promotor no âmbito dos investimentos que constituam
aplicações relevantes, nos termos do artigo 22.º do CFI;

b) ‐ Isenção ou redução de IMT relativamente às aquisições de prédios que


constituam aplicações relevantes nos termos do artigo 22.º do CFI;

c) ‐ Isenção de Imposto do Selo relativamente às aquisições de prédios


que constituam aplicações relevantes nos termos do artigo 22.º do CFI.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 109


Limites

De acordo com o disposto no n.º 5 do art.º 23.º do CFI os benefícios


fiscais previstos no RFAI devem respeitar os limites máximos
aplicáveis aos auxílios com finalidade regional em vigor na região na
qual o investimento seja efetuado, nos termos do artigo 43.º;

Para o período de 1 de julho de 2014 a 31 de dezembro de 2020, os


limites máximos aplicáveis aos benefícios fiscais concedidos às
empresas no âmbito do regime de benefícios fiscais contratuais ao
investimento produtivo e do RFAI são os seguintes:
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 110
Limites

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 111


Limites

Estes limites são majorados em 10 pontos percentuais para as


médias empresas e em 20 pontos percentuais para as micro e
pequenas empresas, exceto quanto a projetos de investimento cujas
aplicações relevantes excedam € 50.000.000,00.

No caso de projetos de investimento cujas aplicações relevantes


excedam € 50.000.000,00, independentemente da dimensão da
empresa, os limites previstos no n.º 1 estão sujeitos ao ajustamento
previsto no estabelecido no parágrafo 20 do artigo 2.º do RGIC.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 112
Exclusividade dos benefícios fiscais

‐ O RFAI não é cumulável com quaisquer benefícios fiscais da


mesma natureza, incluindo os benefícios fiscais de natureza
contratual, relativamente às mesmas aplicações relevantes,
previstos no CFI ou noutros diplomas legais.

‐ Contudo, o RFAI é cumulável com a DLRR, desde, e na medida em


que, não sejam ultrapassados os limites máximos resultantes da
aplicação do mapa nacional dos auxílios estatais com finalidade
regional para o período 2014 a 2020.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 113
Obrigações acessórias/declarativas

‐ A dedução à coleta em sede de IRC, é justificada por


documento a integrar o processo de documentação fiscal, que
identifique discriminadamente as aplicações relevantes, o
respetivo montante e outros elementos considerados relevantes.

‐ Do processo de documentação fiscal relativo ao exercício da


dedução deve ainda constar documento que evidencie o cálculo
do benefício fiscal, bem como documentos comprovativos das
condições de elegibilidade previstas no artigo 22.º do CFI.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 114
Dossier Fiscal

Nos termos do Artigo 7.º (Processo de documentação fiscal) da Portaria


297/2015, os sujeitos passivos devem incluir no processo de documentação
fiscal os seguintes elementos:

a) Descrição do investimento inicial;

b) Formulário referido no n.º 2 do art. 6.º da Port. 297/2015, quando


aplicável;

c) Documentos suscetíveis de comprovar o cenário contrafactual;

d) Identificação da data e custo de aquisição de todas as aplicações


relevantes, bem como listagem das faturas que titulem a respetiva aquisição;

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 115


Dossier Fiscal

e) Identificação da região ou regiões em que foi realizado o


investimento e das respetivas aplicações relevantes;

f) Cálculo dos benefícios fiscais relativos ao investimento realizado


em aplicações relevantes no período de tributação e respetivos
valores atualizados;

g) Identificação de outros auxílios de Estado concedidos ao mesmo


investimento e cálculo do montante dos auxílios;

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 116


Dossier Fiscal

h) Determinação da intensidade dos auxílios concedido ao mesmo


investimento, em percentagem;

i) Cálculo do limite máximo de auxílio, de acordo com o disposto


no artigo 43.º do Código Fiscal do Investimento;

j) Apuramento, quando aplicável, do excesso entre o limite


máximo de auxílio e o montante dos auxílios de Estado concedidos
ao mesmo investimento, calculado nos termos da alínea g).

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 117


Contabilidade/Demonstrações
Financeiras/Modelo 22

‐ A contabilidade evidenciar o imposto que deixe de ser pago em


resultado da dedução a que se refere este regime, mediante
menção do valor correspondente no anexo ao balanço e à
demonstração de resultados relativa ao exercício em que se efetua
a dedução.

‐ Ao nível da modelo 22, revela‐se necessário o preenchimento do


campo 355 do quadro 10 da declaração Modelo 22 de IRC, e
quadro 07 do Anexo D da mesma declaração.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 118
Notificação à Comissão Europeia

Uma outra obrigação, consiste na:

Notificação à Comissão Europeia, da concessão de benefícios


fiscais que preencham as condições definidas nessa legislação,
designadamente aqueles em que o montante ajustado dos
auxílios, calculado de acordo com o mecanismo definido no
parágrafo 20 do artigo 2.º do RGIC, ultrapasse o limiar de
notificação previsto no ponto 20 alínea n) das OAR.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 119


Procedimentos de Controlo

De acordo com o disposto no artigo 8.º (Procedimentos de


controlo) da Portaria 297/2015, nos casos previstos nos n.os 1, 3
e 4 do artigo 5.º da mesma:

os sujeitos passivos são obrigados a proceder à entrega dos


elementos previstos no artigo 7.º até ao último dia do período
de tributação a que respeitam os benefícios fiscais.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 120


Incumprimento

Caso as entidades beneficiárias não mantenham na empresa e na região


durante um período mínimo de:

‐ três anos a contar da data dos investimentos, no caso de micro,


pequenas e médias, ou cinco anos nos restantes casos, os bens objeto
do investimento

‐ ou, quando inferior, durante o respetivo período mínimo de vida útil,

‐ ou até ao período em que se verifique o respetivo abate físico,


desmantelamento, abandono ou inutilização, observadas as regras
previstas no artigo 31.º‐B do Código do IRC:

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 121


Incumprimento

‐ é adicionado ao IRC relativo ao período de tributação em que o


sujeito passivo alienou os bens objeto do investimento o
imposto que deixou de ser liquidado em virtude do presente
regime, acrescido dos correspondentes juros compensatórios
majorados em 10 pontos percentuais.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 122


Incumprimento

Aplicação Prática

A empresa X, Lda, com sede em Viana, com a atividade principal de


prestação de serviços informáticos, PME, registou durante o ano de 2016
os seguintes invest. em Ativos Fixos Tangíveis, adq. em estado de novo:

Equipamentos informáticos – € 100.000,00; Terreno ‐ € 400.000,00;

Artigos de conforto – € 30.000,00; Viatura ligeira mista – € 40.000,00;

Viatura ligeira de mercadorias – € 20.000,00

A empresa iniciou a sua atividade em 2000

Coleta de 2016 ‐ € 90.000,00


© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 123
Incumprimento

Qual o valor da dedução à coleta em 2016 no âmbito do


RFAI?

Quais as implicações se a empresa alienar no decurso de


2017 os bens adquiridos em 2016?

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 124


Incumprimento

Resolução: Cálculo do investimento relevante:

Equipamentos informáticos – € 100.000,00

Viatura ligeira de mercadorias – € 20.000,00

Total de investimentos relevantes ‐ € 120.000,00

Cálculo da dedução à coleta em 2016:

‐ 25% X € 120.000,00 = € 30.000

‐ Limite (50% da coleta): 50%*€ 90.000,00 = € 45.000,00

‐ Valor do benefício = € 30.000,00

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 125


Incumprimento

Uma vez que a empresa X, Lda, não manteve na empresa e na região


durante um período mínimo de três anos a contar da data dos
investimentos, os bens objeto do investimento:

‐ é adicionado ao IRC relativo ao período de tributação em que o sujeito


passivo alienou os bens objeto do investimento o imposto que deixou de
ser liquidado, acrescido dos correspondentes juros compensatórios
majorados em 10 pontos percentuais.

‐ Assim sendo, ao IRC de 2017, é adicionado o valor da dedução efetuada


pela empresa em 2016 no âmbito do RFAI, no valor de € 30.000,00,
acrescido dos correspondentes juros compensatórios majorados em 10
p.p.. © ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 126
Dedução por lucros retidos e 
reinvestidos

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 127


Caraterização

A dedução por lucros retidos e reinvestidos (DLRR)


constitui um regime de incentivos fiscais ao investimento
em favor de pequenas e médias empresas nos termos do
Regulamento (CE) n.º 800/2008, da Comissão, de 6 de
agosto, que declara certas categorias de auxílios
compatíveis com o mercado comum, em aplicação dos
artigos 87.º e 88.º do Tratado (Regulamento Geral de
Isenção por Categoria ‐ RGIC).
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 128
Âmbito de aplicação subjetivo

O art.º 28.º do CFI, estabelece que podem beneficiar da DLRR:

‐ os sujeitos passivos de IRC residentes em território português;

‐ os sujeitos passivos não residentes com estabelecimento


estável neste território,

‐ que exerçam, a título principal, uma atividade de natureza


comercial, industrial ou agrícola, que preencham,
cumulativamente, as seguintes condições:

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 129


Âmbito de aplicação subjetivo

a) Sejam micro, pequenas e médias empresas, tal como definidas


na Recomendação n.º 2003/361/CE, da Comissão, de 6 de maio de
2003;

b) Disponham de contabilidade regularmente organizada, de


acordo com a normalização contabilística e outras disposições
legais em vigor para o respetivo setor de atividade;

c) O seu lucro tributável não seja determinado por métodos


indiretos;

d) Tenham a situação fiscal e contributiva regularizada.


© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 130
Benefício Fiscal

Os sujeitos passivos podem deduzir à coleta do IRC, nos períodos


de tributação que se iniciem em ou após 1 de janeiro de 2014:

‐ até 10 % dos lucros retidos que sejam reinvestidos em


aplicações relevantes nos termos do artigo 30.º,

‐ no prazo de dois anos contado a partir do final do período de


tributação a que correspondam os lucros retidos (Artigo 29.º do
CFI).

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 131


Benefício Fiscal

‐ Para efeitos desta dedução, o montante máximo dos


lucros retidos e reinvestidos, em cada período de
tributação, é de € 5.000.000,00, por sujeito passivo.

‐ A dedução é feita, nos termos da alínea c) do n.º 2 do


artigo 90.º do Código do IRC, até à concorrência de 25 %
da coleta do IRC.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 132


Benefício Fiscal

Aplicação prática:

‐ Resultado Líquido do período de 2016 ‐ € 40.000,00

‐ Valor levado à Reserva Especial no âmbito da DLRR ‐ €


15.000,00

‐ Coleta de IRC de 2016 ‐ € 8.000,00

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 133


Benefício Fiscal

Resolução:

Benefício fiscal ‐ € 15.000* 10% = € 1.500,00

Limite ‐ € 8.000,00 X 25% = € 2.000,00

Dedução à coleta € 1.500,00, uma vez que não é


ultrapassado o limite.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 134


Benefício Fiscal

Aplicando‐se o regime especial de tributação de grupos de


sociedades, a dedução:

a) Efetua‐se ao montante apurado nos termos da alínea a) do n.º 1


do artigo 90.º do Código do IRC, com base na matéria coletável do
grupo;

b) É feita até 25 % do montante mencionado na alínea anterior e não


pode ultrapassar, em relação a cada sociedade e por cada período de
tributação, o limite de 25 % da coleta que seria apurada pela
sociedade que realizou as aplicações relevantes caso não se aplicasse o
regime especial de tributação de grupos de sociedades.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 135
Aplicações relevantes

Consideram‐se aplicações relevantes, os ativos fixos tangíveis,


adquiridos em estado de novo, com exceção de:

a) Terrenos, salvo no caso de se destinarem à exploração de


concessões mineiras, águas minerais naturais e de nascente,
pedreiras, barreiros e areeiros em projetos de indústria extrativa;

b) Construção, aquisição, reparação e ampliação de quaisquer


edifícios, salvo quando afetos a atividades produtivas ou
administrativas;

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 136


Aplicações relevantes

Consideram‐se aplicações relevantes, os ativos fixos tangíveis,


adquiridos em estado de novo, com exceção de:

c) Viaturas ligeiras de passageiros ou mistas, barcos de recreio e


aeronaves de turismo;

d) Artigos de conforto ou decoração, salvo equipamento hoteleiro


afeto a exploração turística;

e) Ativos afetos a atividades no âmbito de acordos de concessão ou


de parceria público‐privada celebrados com entidades do setor
público.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 137
Aplicações relevantes

Considera‐se investimento realizado em aplicações relevantes o


correspondente às adições, verificadas em cada período de
tributação, de ativos fixos tangíveis e bem assim o que, tendo a
natureza de ativo fixo tangível e não dizendo respeito a
adiantamentos, se traduza em adições aos investimentos em
curso.

Não se consideram as adições de ativos que resultem de


transferências de investimentos em curso.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 138
Aplicações relevantes

No caso de ativos adquiridos em regime de locação


financeira:

‐ condicionada ao exercício da opção de compra pelo


sujeito passivo no prazo de cinco anos contado da data
da aquisição.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 139


Aplicações relevantes

As aplicações relevantes em que seja concretizado o reinvestimento


dos lucros retidos devem ser detidas e contabilizadas de acordo
com as regras que determinaram a sua elegibilidade, por um
período mínimo de cinco anos.

Quando ocorra a transmissão onerosa dos ativos antes de decorrido


o prazo, o sujeito passivo deve reinvestir, no mesmo período de
tributação ou no período de tributação seguinte, o respetivo valor
de realização em aplicações relevantes, os quais devem ser detidos,
pelo menos, pelo período necessário para completar aquele prazo.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 140
Aplicações relevantes

MUITO IMPORTANTE:
Para efeitos do disposto no n.º 1 do artigo 30.º do Código Fiscal
do Investimento, apenas são elegíveis as aplicações relevantes
em ativos aí previstos que respeitem a um investimento inicial,
tal como definido nos termos da alínea d) do n.º 1 do artigo 2.º
da portaria 297/2015.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 141


Investimentos iniciais - conceito

Os benefícios fiscais apenas são aplicáveis relativamente a


investimentos iniciais, nos termos da alínea a) do parágrafo 49 do
artigo 2.º do RGIC, considerando‐se como tal os investimentos
relacionados com a criação de um novo estabelecimento, o aumento
da capacidade de um estabelecimento já existente, a diversificação da
produção de um estabelecimento no que se refere a produtos não
fabricados anteriormente nesse estabelecimento, ou uma alteração
fundamental do processo de produção global de um estabelecimento
existente.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 142


Cumulação de Benefícios

A DLRR não é cumulável, relativamente às mesmas aplicações


relevantes elegíveis, com quaisquer outros benefícios fiscais ao
investimento da mesma natureza.

A DLRR é cumulável com o regime de benefícios contratuais e


com o RFAI, nos termos e condições previstos nos artigos 13.º e
24.º do CFI, respetivamente.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 143


Reserva especial por lucros retidos e
reinvestidos

Os sujeitos passivos que beneficiem da DLRR devem proceder à


constituição, no balanço, de reserva especial correspondente ao
montante dos lucros retidos e reinvestidos ( Artigo 32.º do CFI).

Esta reserva especial não pode ser utilizada para distribuição


aos sócios antes do fim do quinto exercício posterior ao da sua
constituição, sem prejuízo dos demais requisitos legais exigíveis.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 144


Reserva especial por lucros retidos e
reinvestidos

A constituição da reserva especial revela‐se de extrema


importância uma vez que a não constituição da reserva
especial nos termos do n.º 1 do artigo 32.º, implica a
devolução do montante de imposto que deixou de ser
liquidado, ao qual é adicionado o montante de imposto a
pagar relativo ao segundo período de tributação seguinte,
acrescido dos correspondentes juros compensatórios
majorados em 15 pontos percentuais;
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 145
Reserva especial por lucros retidos e
reinvestidos

Outra questão importante a ter em atenção está


relacionada com o valor da reserva especial a constituir,
dado que uma vez que a lei não prevê a possibilidade de
reporte do benefício para os anos seguintes,
contrariamente ao que acontece com outros benefícios,
aconselha‐se por isso que na sua constituição se tenha
em consideração o valor da coleta do período.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 146


Reserva especial por lucros retidos e
reinvestidos
Exemplo prático:
A empresa ABC, Lda, classificado como PME, apresentou em 2016 os
seguintes valores:

‐ Resultado Líquido do período de 2016 no valor de € 400.000,00.

‐ Aquando da decisão de aplicação do resultado líquido do período de 2016,


ficou decidida a constituição de uma Reserva Especial no valor € 150.000,00,
para aplicar em investimentos elegíveis no âmbito da DLRR a realizar até final
de 2018.

‐ Coleta do IRC do ano de 2016 no valor de € 20.400,00.

Qual o valor da dedução à coleta em sede de DLRR?

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 147


Reserva especial por lucros retidos e
reinvestidos
Resolução:

Cálculo da dedução à coleta potencial = € 150.000,00*10% = €


15.000,00

Limite da dedução à coleta = € 20.400,00*25% = € 5.100,00

Dedução à coleta = € 5.100,00

Valor a reportar para os anos seguintes = 0 (No âmbito da DLRR


não está previsto o reporte da dedução não utilizada para anos
seguintes)
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 148
Reserva especial por lucros retidos e
reinvestidos
Exemplo Prático:

A empresa XPTO, Lda, PME, apurou em 2016:

‐ Resultado líquido do período de € 300.000,00,

‐ Coleta de IRC no valor de € 70.000,00.

Qual o valor máximo do benefício de que pode usufruir em 2016


no âmbito da DLRR? Qual o valor da reserva especial a
constituir? Obrigações declarativas?
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 149
Reserva especial por lucros retidos e
reinvestidos
Resolução:

– Limite máximo de dedução à coleta ‐ 25% * € 70.000,00 = €


17.500,00.

– Valor da reserva especial necessária para a dedução máxima será


de € 17.500,00*10, o que perfaz o valor de € 175.000,00, a aplicar
em investimentos elegíveis até ao final de 2018.

‐ Obrigações declarativas:

‐ Ao nível da Modelo 22 ‐ campo 355 – valor de € 17.500,00;

‐ Ao nível do Anexo D ‐ campo 727 ‐ € 17.500,00.


© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 150
Outras obrigações acessórias

A dedução à coleta em sede de IRC é justificada por documento


a integrar o processo de documentação fiscal a que se refere o
artigo 130.º do Código do IRC, que identifique
discriminadamente:

‐ o montante dos lucros retidos e reinvestidos,

‐ as aplicações relevantes objeto de reinvestimento,

‐ o respetivo montante e outros elementos considerados


relevantes.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 151
Outras obrigações acessórias

A contabilidade dos sujeitos passivos de IRC beneficiários


da DLRR:

‐ deve evidenciar o imposto que deixe de ser pago em


resultado da referida dedução,

‐ mediante menção do valor correspondente no anexo às


demonstrações financeiras relativa ao exercício em que se
efetua a dedução.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 152
Outras obrigações acessórias

‐ Preenchimento do campo 355 do quadro 10 da


declaração Modelo 22 de IRC, o campo 720 do quadro 07.

‐ 075 do Anexo D da mesma declaração; e eventualmente


o quadro 078 (Se a empresa usufruir exclusivamente da
DLRR e ou de incentivos financeiros, este quadro não
deve ser preenchido).

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 153


Sanções por Incumprimento

a) A não concretização da totalidade do investimento até


ao termo do prazo de dois anos implica a devolução do
montante de imposto que deixou de ser liquidado na parte
correspondente ao montante dos lucros não reinvestidos,
ao qual é adicionado o montante do imposto a pagar
relativo ao segundo período de tributação seguinte,
acrescido dos correspondentes juros compensatórios
majorados em 15 pontos percentuais;
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 154
Sanções por Incumprimento

O incumprimento do disposto nos n.os 4, 5 ou 6 do artigo 30.º,


implica a devolução do montante de imposto que deixou de ser
liquidado na parte correspondente aos ativos relativamente aos
quais não seja exercida a opção de compra ou que sejam
transmitidos antes de decorrido o prazo de cinco anos, o qual é
adicionado ao montante de imposto a pagar relativo ao período
em que se verifiquem esses factos, acrescido dos
correspondentes juros compensatórios majorados em 15
pontos percentuais.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 155
Sanções por Incumprimento

n.º 4‐ No caso de ativos adquiridos em regime de locação


financeira, é condicionada ao exercício da opção de compra pelo
sujeito passivo no prazo de cinco anos contado da data da aquisição.

n.º 5 ‐ As aplicações relevantes devem ser detidas e contabilizadas


de acordo com as regras que determinaram a sua elegibilidade, por
um período mínimo de cinco anos.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 156


Sanções por Incumprimento

n.º 6 ‐ Quando ocorra a transmissão onerosa dos ativos em que


seja concretizado o reinvestimento dos lucros retidos antes de
decorrido o prazo previsto no número anterior, o sujeito passivo
deve reinvestir, no mesmo período de tributação ou no período
de tributação seguinte, o respetivo valor de realização em
aplicações relevantes nos termos do presente artigo, os quais
devem ser detidos, pelo menos, pelo período necessário para
completar aquele prazo.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 157


Sanções por Incumprimento

‐ A não constituição da reserva especial nos termos do n.º


1 do artigo 32.º, implica a devolução do montante de
imposto que deixou de ser liquidado, ao qual é adicionado
o montante de imposto a pagar relativo ao segundo
período de tributação seguinte, acrescido dos
correspondentes juros compensatórios majorados em 15
pontos percentuais;

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 158


Sanções por Incumprimento

A utilização da reserva especial para distribuição aos sócios antes


do fim do quinto exercício posterior ao da sua constituição, implica:
‐ a devolução do montante de imposto que deixou de ser liquidado
correspondente à parte da reserva que seja utilizada para distribuição aos
sócios,
‐ ao qual é adicionado o montante de imposto a pagar relativo ao segundo
período de tributação seguinte,
‐ acrescido dos correspondentes juros compensatórios majorados em 15
pontos percentuais.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 159


Sanções por Incumprimento

Exemplo prático:

A empresa ABC, Lda, classificada como PME, apresentou em 2016 os


seguintes valores:

‐ Resultado Líquido do período de 2016 no valor de € 500.000,00

‐ Aquando da decisão de aplicação do RLPde 2016, ficou decidida a


constituição de uma Reserva Especial no valor € 100.000,00, para aplicar em
investimentos elegíveis no âmbito da DLRR a realizar até final de 2018.

‐ Coleta do IRC do ano de 2016 no valor de € 50.000,00.

‐ Valor investido em ativos elegíveis no ano de 2017.

1 ‐ Qual o valor da dedução à coleta em sede de DLRR?


© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 160
Sanções por Incumprimento

Resolução:

‐ Cálculo da dedução à coleta potencial = € 100.000,00*10% = €


10.000,00;

‐ Limite da dedução à coleta = € 50.00,00*25% = € 12.500,00;

‐ Dedução à coleta = € 10.000,00

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 161


Sanções por Incumprimento

Exemplo prático:

2 – Em 2018, a empresa procedeu à venda dos ativos objeto de


investimento no âmbito da DLRR, sem intenção de proceder à
aquisição de outros ativos elegíveis.

Resolução:

As aplicações relevantes em que seja concretizado o reinvestimento


dos lucros retidos devem ser detidas e contabilizadas de acordo com
as regras que determinaram a sua elegibilidade, por um período
mínimo de cinco anos.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 162
Sanções por Incumprimento

‐ A sociedade não procedeu desta forma, pelo que terá que proceder à
devolução do montante de imposto que deixou de ser liquidado na parte
correspondente aos ativos relativamente aos quais foram transmitidos
antes de decorrido o prazo de cinco anos, o qual é adicionado ao
montante de imposto a pagar relativo ao período em que se verifiquem
esses factos, acrescido dos correspondentes juros compensatórios
majorados em 15 pontos percentuais:

‐ Ao IRC de 2019 deverá adicionar o valor de € 10.000,00, acrescido dos


correspondentes juros compensatórios majorados em 15 pontos
percentuais.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 163
REMUNERAÇÃO CONVENCIONAL DO 
CAPITAL PRÓPRIO

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 164


Caraterização

De acordo com o previsto no Relatório do Orçamento do


Estado para 2017: “Cumprindo o estabelecido no
programa Capitalizar, é alterado o regime de
remuneração convencional do capital social, aumentado
a taxa e eliminando restrições à sua aplicabilidade,
incentivando que o financiamento das empresas se faça
através do reforço dos capitais próprios.”

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 165


Caraterização

Com a LOE para 2017, o BF da remuneração convencional do capital:

‐ Deixa de estar sujeito às regras europeias aplicáveis em matéria de


auxílios de minimis;

‐ Deixa de se exigir que os sócios que participem na constituição da


sociedade ou no aumento do capital social sejam exclusivamente
pessoas singulares, sociedades de capital de risco ou investidores de
capital de risco, bem como que a sociedade beneficiária seja
qualificada como micro, pequena ou média empresa.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 166


Caraterização

Com a LOE para 2017, o BF da remuneração convencional do capital:

‐ Às entradas e aumentos de capital realizados até à data da entrada


em vigor da Lei do Orçamento do Estado para 2017, continua a aplicar‐
se, relativamente às importâncias aplicadas até essa mesma data, o
disposto no artigo 41.º‐A do EBF na redação anteriormente em vigor.

O regime fiscal da Remuneração Convencional do Capital Social


encontra‐se consagrado no art.º 41.º A do EBF.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 167


Âmbito Subjetivo

O benefício fiscal da Remuneração Convencional do Capital


Social abrange as seguintes entidades, com sede ou direção
efetiva em território português:

‐ Sociedades comerciais ou civis sob forma comercial;

‐ Cooperativas;

‐ Empresas públicas, e demais pessoas coletivas de direito


público ou privado.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 168
Benefício Fiscal/condições

Dedução ao lucro tributável de uma importância


correspondente à remuneração convencional do capital
social, calculada mediante a aplicação, limitada a cada
exercício, da taxa de 7% ao montante das entradas
realizadas até € 2.000.000,00, por entregas em dinheiro ou
através da conversão de suprimentos ou de empréstimos
de sócios, no âmbito da constituição de sociedade ou do
aumento do capital social.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 169
Benefício Fiscal/condições

Desde que:

A sociedade beneficiária não reduza o seu capital social com


restituição aos sócios, quer no período de tributação em que
sejam realizadas as entradas relevantes para efeitos da
remuneração convencional do capital social, quer nos cinco
períodos de tributação seguintes.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 170


Benefício Fiscal/condições

A dedução:

‐ Aplica‐se exclusivamente às entradas realizadas em dinheiro, no âmbito


da constituição de sociedades ou do aumento do capital social da
sociedade beneficiária, às entradas em espécie realizadas no âmbito de
aumento do capital social que correspondam à conversão de suprimentos
ou de empréstimos de sócios que tenham sido efetivamente prestados à
sociedade beneficiária em dinheiro;

‐ É efetuada no apuramento do lucro tributável relativo ao período de


tributação em que sejam realizadas as entradas e nos cinco períodos de
tributação seguintes;
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 171
Benefício Fiscal/condições

‐ Apenas considera as entradas em espécie


correspondentes à conversão de suprimentos ou de
empréstimos de sócios realizadas a partir de 1 de janeiro
de 2017 ou a partir do primeiro dia do período de
tributação que se inicie após essa data quando este não
coincida com o ano civil.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 172


Incumprimento

Caso a sociedade beneficiária reduza o seu capital social com


restituição aos sócios, quer no período de tributação em que
sejam realizadas as entradas relevantes, quer nos cinco períodos
de tributação seguintes:

‐ deverá considerar como rendimento do período de tributação em


que ocorra a redução do capital com restituição aos sócios, do
somatório das importâncias deduzidas a título de remuneração
convencional do capital social, majorado em 15%.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 173
Limitação à dedutibilidade dos gastos de
financiamento

Quando os sujeitos passivos beneficiem desta dedução, e quanto à


limitação à dedutibilidade de gastos de financiamento, é reduzido
de 30% para 25% o limite previsto na alínea b) do n.º 1 do artigo
67.º do Código do IRC, e passará a ser o maior valor entre:

‐ € 1.000.000,00, e

‐ 25% do resultado antes de depreciações, amortizações, gastos de


financiamento líquidos e impostos.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 174


Medida Anti abuso

O regime da remuneração convencional do capital social não se


aplica quando, no mesmo período de tributação ou num dos
cinco períodos de tributação anteriores, o mesmo seja ou haja
sido aplicado a sociedades que detenham direta ou
indiretamente uma participação no capital social da empresa
beneficiária, ou sejam participadas, direta ou indiretamente,
pela mesma sociedade, na parte referente ao montante das
entradas realizadas no capital social daquelas sociedades que
haja beneficiado do presente regime.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 175
Obrigações declarativas

Dedução no campo 774 do quadro 07 da declaração


modelo 22 do IRC, e consequentemente, preencher o
campo 409 do quadro 04 do Anexo D da referida declaração
fiscal.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 176


Aplicações Práticas – Remuneração
convencional do Capital

1 ‐ A empresa X, SA, procedeu em 2017 a um aumento de capital


por incorporação de reservas no valor de € 100.000,00.

Qual o valor do benefício?

Resolução:

Zero, uma vez que para usufruir do benefício fiscal, o aumento do


capital social teria que ter sido realizado por entregas em dinheiro
ou através da conversão de suprimentos ou de empréstimos de
sócios.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 177
Aplicações Práticas – Remuneração
convencional do Capital

2 ‐ A empresa X, SA, procedeu em 2017 a um aumento de capital


com entregas em dinheiro pelos sócios (A – pessoa singular e B –
sociedade comercial) no valor de € 100.000,00.

Qual o valor do benefício?

Resolução:

7% * € 100.000,00 = € 7.000,00 ‐ a deduzir ao Lucro tributável


nos exercícios de 2017, 2018, 2019, 2020, 2021 e 2022.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 178


Aplicações Práticas – Remuneração
convencional do Capital

A empresa X, SA, procedeu em 2017 a um aumento de


capital com entregas em dinheiro pelos sócios no valor de
€ 2.700.000,00.

3.1 ‐ Qual o valor do benefício?

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 179


Aplicações Práticas – Remuneração
convencional do Capital

Resolução:

‐ O valor da dedução ao lucro tributável está limitado a cada


exercício, à aplicação da taxa de 7% ao montante das entradas
realizadas até € 2.000.000,00.

‐ Uma vez que o aumento de capital ascendeu a € 2.700.000,00, o


valor da dedução ao lucro tributável é:

7% * € 2.000.000,00 = € 140.000,00 ‐ a deduzir ao Lucro tributável


nos exercícios de 2017, 2018, 2019, 2020, 2021 e 2022.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 180


Aplicações Práticas – Remuneração
convencional do Capital

3.2 – No ano de 2019, a empresa procedeu à redução de capital com


restituição aos sócios no valor de € 2.700.000,00. O que fazer?

‐ Uma vez que a sociedade beneficiária reduziu o seu capital social com
restituição aos sócios, no segundo período de tributação seguinte,
deverá considerar como rendimento do período de tributação em que
ocorra a redução do capital com restituição aos sócios, ou seja 2019, o
somatório das importâncias deduzidas a título de remuneração
convencional do capital social, majorado em 15%.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 181


Aplicações Práticas – Remuneração
convencional do Capital

‐ Assim sendo, no ano de 2019, a sociedade deverá fazer


um acréscimo ao lucro tributável no valor de:

€ 140.000,00 * 2 (exercício de 2017 e 2018) *1,15 = €


322.000,00

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 182


Limitação de benefícios

O artigo 92.º do Código do IRC limita a utilização de benefícios


fiscais até 10% do IRC liquidado do sujeito passivo num dado
período de tributação, ao estabelecer que o imposto liquidado
nos termos do n.º 1 do artigo 90.º, líquido das deduções
previstas nas alíneas a) a c) do n.º 2 do mesmo artigo, não pode
ser inferior a 90 % do montante que seria apurado se o sujeito
passivo não usufruísse de benefícios fiscais e do regime
previsto no n.º 13 do artigo 43.º

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 183


Limitação de benefícios

No entanto, o n.º 2 refere que se excluem desta limitação os seguintes


benefícios fiscais:

d) Os previstos nos artigos 19.º e 32.º‐A do Estatuto dos Benefícios


Fiscais;

e) O regime fiscal de apoio ao investimento (RFAI;

f) O regime de dedução por lucros retidos e reinvestidos (DLRR;

g) O regime de remuneração convencional do capital social previsto no


artigo 41.º‐A do Estatuto dos Benefícios Fiscais.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 184
Limitação de benefícios

Assim sendo, todos os benefícios fiscais constantes do


presente manual não estão abrangidos por esta
limitação.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 185


Procedimento e forma de liquidação

Ao montante apurado a título de coleta são efetuadas as seguintes


deduções, pela ordem indicada:

‐ A correspondente à dupla tributação jurídica internacional;

‐ A correspondente à dupla tributação económica internacional;

‐ A relativa a benefícios fiscais;

‐ A relativa ao pagamento especial por conta;


‐ A relativa a retenções na fonte não suscetíveis de compensação ou
reembolso nos termos da legislação aplicável.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 186
Procedimento e forma de liquidação

Aplicação prática:
A empresa XPTO, Lda, classificada como PME, com sede em Braga,
apresentou no período de tributação de 2017, uma coleta de €
7.000,00. Efetuou investimentos elegíveis no âmbito do RFAI, no
valor de € 40.000,00 e tem pagamentos especiais por conta por
utilizar no valor de € 4.500,00.

Proceda ao cálculo do valor das deduções à coleta.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 187


Procedimento e forma de liquidação

Resolução:

Cálculo do RFAI:

€ 40.000,00 X 25% = € 10.000,00

Benefício a utilizar em 2017 = € 7.000 X 50% = € 3.500,00

Dedução a efetuar = € 7.000,00 – € 3.500,00 (RFAI) – € 3.500,00


(PEC)

Saldo de PEC a reportar = € 1.000,00, caso esteja dentro do prazo


de reporte.
© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 188
Os casos práticos correspondem a situações Hipotéticas, carecendo a
sua aplicação de análise casuística, com a premissa em todos eles que
as restantes condições exigíveis para usufruir do benefício fiscal em
causa estão cumpridas.

Não pode ser reproduzido sem autorização expressa da OCC.

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS 189


www.occ.pt

Obrigado

Ligue-se à Ordem

© ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Você também pode gostar