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ISCAP - Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto

22 de abril de 2021
Miguel Primaz

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Prejuízos Fiscais

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Prejuízos Fiscais

Preâmbulo do Código do IRC:

“A periodização do lucro é origem de outros complexos problemas, estando o principal relacionado com
o facto de cada exercício ser independente dos restantes para efeitos de tributação.
Essa independência é, no entanto, atenuada mediante certas regras de determinação da matéria
coletável, especialmente através do reporte de prejuízos.
Consagra-se, assim, a solidariedade dos exercícios, o que se faz em moldes idênticos aos que vigoravam
no sistema anterior, ou seja, na modalidade de reporte para diante até um máximo de cinco anos.”.

• Capítulo III – Determinação da Matéria Coletável


• Seção II – Pessoas Coletivas e outras entidades residentes que exerçam, a título principal, atividade
comercial, industrial ou agrícola
• Subseção X – Dedução de Prejuízos
• Artigo 52.º - Dedução de Prejuízos Fiscais
Prejuízos Fiscais

Determinação da Matéria Coletável das sociedades comerciais ou civis sob forma


comercial, das cooperativas, das empresas públicas, e as demais pessoas coletivas de
direito público ou privado, bem como de entidades desprovidas de personalidade jurídica,
com sede ou direção efetiva em território português:
- Para essa determinação ao Lucro Tributável deduzem-se os Prejuízos Fiscais, conforme
se explicita:
Lucro tributável

deduz-se os Prejuízos Fiscais e

obtém-se a Matéria Coletável


Prejuízos Fiscais

Quadro Fiscal Atual (cf. artigo 52.º, n.1, do Código do IRC):


Os prejuízos fiscais apurados em determinado período de tributação (que se iniciem em ou após
1 de janeiro de 2017),
são deduzidos aos lucros tributáveis, havendo-os,
de um ou mais dos cinco períodos de tributação posteriores,
à exceção dos sujeitos passivos que exerçam, diretamente e a título principal, uma atividade
económica de natureza agrícola, comercial ou industrial e que estejam abrangidos pelo Decreto-
Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro (que cria a certificação eletrónica do estatuto de micro,
pequena e média empresas - PME),
os quais podem fazê-lo em um ou mais dos doze períodos de tributação posteriores.

* Os prejuízos fiscais dedutíveis devem corresponder aos prejuízos fiscais verificados em cada um
dos períodos, líquidos do montante eventualmente já deduzido.
Prejuízos Fiscais

De notar que relativamente aos prejuízos fiscais apurados:

- nos períodos de tributação de 2010 e 2011, o período de reporte é de quatro anos,


- nos períodos de tributação de 2012 e 2013, o período de reporte é de cinco anos,
- nos períodos de 2014 a 2016 o período de reporte é de doze anos,
- e nos períodos de 2017 e seguintes:
- Se PME – doze anos
- Grande empresa – cinco anos

- Prejuízos ainda não deduzidos por insuficiência de lucro tributável podem sê-lo, nas
mesmas condições, até ao final do período de dedução previsto para o ano em que foram
obtidos.
Prejuízos Fiscais

Limite da Dedução

A dedução a efetuar em cada um dos períodos de tributação, a inscrever no campo 309


da Modelo 22, não pode exceder o montante correspondente a 70% do respetivo lucro
tributável (75% para as deduções aos lucros tributáveis relativos aos períodos de
tributação de 2012 e 2013) e aplica-se aos prejuízos fiscais apurados em períodos de
tributação anteriores.
A parte não deduzida pode sê-lo, nas mesmas condições, até ao final do período de
dedução.
Prejuízos Fiscais

Exemplo - Limite da Dedução

O sujeito passivo A, apresenta no período de 2019 um lucro tributável de € 10.000,00.

Tem prejuízos fiscais por deduzir dos seguintes períodos:


do período de 2014, no montante de € 1.000,00;
do período de 2015, no montante de € 12.000,00.

Matéria coletável = 3.000,00


Prejuízos Fiscais

Exemplo - Limite da Dedução

O sujeito passivo A, apresenta no período de 2019 um lucro tributável de € 10.000,00.

Tem prejuízos fiscais por deduzir dos seguintes períodos:


do período de 2013, no montante de € 1.000,00;
do período de 2014, no montante de € 12.000,00.

Matéria coletável = 3.000,00


Prejuízos Fiscais

A disposição (i.e. artigo 52.º, n.15, do Código do IRC) que obrigava a deduzir em primeiro
lugar os prejuízos fiscais apurados há mais tempo foi revogada no Orçamento do Estado
para 2017, pelo que o quadro 9 da declaração modelo 22 de IRC foi alterado de forma a
que possamos indicar o ano em que foram gerados os prejuízos fiscais que pretendemos
deduzir, e o respetivo montante deduzido.

Assim, nas declarações a entregar com respeito aos anos de 2018 e seguintes, nos
campos 309, 320 e 331, são inscritos os prejuízos fiscais deduzidos em cada um dos
regimes, e nos respetivos subcampos devem ser discriminados os montantes deduzidos
por período do respetivo apuramento.

Em suma, o sujeito passivo pode escolher o período que entenda desde que o prejuízo
fiscal em causa esteja dentro do prazo de dedução.
Prejuízos Fiscais

Mas existe a obrigatoriedade de dedução dos prejuízos fiscais ao lucro tributável do


período subsequente, não podendo o sujeito passivo deixar de efetuar essa dedução nos
exercícios em que obtém lucros.
Se, por exemplo, uma empresa registou prejuízo fiscal de € 10.000,00 em 2015 e lucro
tributável de € 5.000,00 em 2016, deveria obrigatoriamente neste ano ter deduzido €
3.500,00 de prejuízo fiscal.
Se não o fez por qualquer razão, para 2017 resta um prejuízo fiscal dedutível de apenas €
6.500,00.
Prejuízos Fiscais

Quando o contribuinte beneficiar de isenção parcial e ou de redução de IRC, os


prejuízos fiscais sofridos nas respetivas explorações ou atividades não podem ser
deduzidos, em cada período de tributação, dos lucros tributáveis das restantes,
conforme n.º 5 do artigo 52.º do CIRC.
Porém, terminada a aplicação do regime de isenção parcial ou de redução de
taxa considera-se que o remanescente de um prejuízo sofrido numa atividade
isenta ou com redução de taxa, que não foi possível reportar aos lucros
tributáveis sujeitos a idêntico regime de tributação, pode vir a ser reportado,
desde que observados os limites temporais gerais que permitem o reporte, nos
lucros tributáveis da mesma empresa respeitantes ao conjunto das suas
atividades

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