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Incidência Subjetiva e Dupla Tributação Internacional

- Incide sobre o rendimento das entidades com atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola a
operar em Portugal. Está sujeito quem exerça estas atividades ou pratique operações tributáveis conexas
às mesmas.

- É dado pelo Art.º 2º.

- Entidades com personalidade jurídica: sociedades comerciais (atividades comerciais, industriais ou


agrícolas); sociedades civis sob a forma comercial; cooperativas (pessoas coletivas autónomas, de livre
constituição, com capital e composição variáveis); empresas públicas.

- Entidades sem personalidade jurídica: heranças jacentes; associações e sociedades civis sem
personalidade jurídica (não têm fins lucrativos); sociedades sem registo definitivo.

- SP residentes: pessoas coletivas e outras entidades com sede ou direção efetiva em território português.
IRC incide sobre a totalidade dos seus rendimentos, incluindo os obtidos fora desse território.

SP não residentes: entidades com ou sem personalidade jurídica que não tenham sede ou direção efetiva
em território português e cujos rendimentos obtidos não estejam sujeitos a IRS. Só estão sujeitas aos
rendimentos obtidos em território português.

Convenção para evitar a dupla tributação (CDT): rendimentos de cidadão estrangeiro oriundo de país com
o qual Portugal tenha uma CDT têm dispensa ou taxas de retenção mais baixas. Regra geral: comissões
consideradas como rendimentos obtidos em território nacional por SP não residentes têm retenção na
fonte de 25% (Art.º 94º, nº4).

- Para solicitar que se acione a CDT os SP não residentes devem entregar o modelo 21 – RFI.

- Formulário é válido pelo prazo máximo de um ano, e apenas nos casos em que a CDT determine a falta de
competência para efetuar retenção na fonte ou quando esta está limitada.

- Caso a CDT Não seja acionada, o adquirente torna-se substituto tributário e é obrigado a fazer retenção
na fonte sobre o fornecedor.

- Entidades podem solicitar reembolso total ou parcial do imposto, até 2 anos após o facto gerador,
utilizando RFI 22 (para reembolso do imposto português sobre dividendos de ações e juros de valores
imobiliários representativos de dívida), RFI 23 (para reembolso do imposto português sobre royalties,
dividendos que não sejam de ações e jutos que não sejam de valores mobiliários representativos de dívida)
e RFI 24 (para reembolso do imposto português sobre outros rendimentos que não sejam juros, dividendos
e royalties. Podem ser rendimentos do trabalho dependente e independente, pensões, remunerações
públicas e rendimentos de prestações de serviços).

- Modelo 30: declaração de rendimentos a não residentes.

Incidência real

- SP residentes que exercem a título principal atividades de natureza comercial, industrial ou agrícola:
tributados em IRC pelo respetivo lucro (Art.º 3º -a).

- SP residentes que exercem a título principal atividades de natureza não comercial, industrial ou agrícola:
sujeitos a IRC pelo seu rendimento global – a soma algébrica dos rendimentos das categorias consideradas
para efeitos de IRS (Art.º 3º -b).

- SP não residentes que possuam estabelecimento estável em território português: IRC incide sobre o lucro
imputável ao estabelecimento (Art.º 3º -c).

- SP não residentes que não possuam estabelecimento estável em território português: IRC incide sobre
rendimento das diversas categorias consideradas para efeitos de IRS – os rendimentos individualizados das
categorias IRS no momento e à medida em que eles forem sendo auferidos (Art.º 3º -d).

- Lucro: diferença entre os valores do património líquido no fim e no início do período de tributação.

- Art.º 18º: rendimentos e gastos imputados ao período em que ocorrem independentemente do seu
recebimento ou pagamento; réditos de vendas imputados à data de entrega ou expedição dos bens;
réditos de prestação de serviços imputados à data de conclusão do serviço; valores de períodos anteriores
registados no período corrente mas apenas se imprevisíveis ou manifestamente desconhecidos no período
a que dizem respeito.

- Rendimentos e ganhos (Art.º 20º): vendas e prestações de serviços, rendimentos de imóveis, financeiros
(juros, dividendos, descontos), rendimentos de propriedade industrial e análogos, ganhos por aumento de
justo valor em instrumentos financeiros, mais-valias realizadas, indemnizações auferidas, subsídios à
exploração, prestação de serviços científicos ou técnicos, aumentos por justo valor em ativos biológicos
consumíveis.

- Gastos e perdas (Art.º 23º): gastos de produção, gastos de distribuição, financeiros (juros, descontos
concedidos, diferenças de câmbio desfavoráveis), gastos administrativos, gastos fiscais, depreciações e
amortizações, perdas por redução de justo valor em instrumentos financeiros, perdas por imparidade,
provisões, perdas por redução de justo valor em ativos biológicos consumíveis, indemnizações pagas,
menos-valias realizadas.

Regime da transparência fiscal (Art.º 6º)

- Abrange Sociedades de Profissionais, Sociedades de Simples Administração de Bens e Sociedades Civis


não constituídas sob forma comercial. Também abrange os lucros ou prejuízos do exercício dos
Agrupamentos Complementares de Empresas e dos Agrupamentos Europeus de Interesse Económico, com
sede ou direção efetiva em território português.

- RTF parte da ideia que os sócios destas entidades não devem ser tributados em IRC e sim sobre os
respetivos sócios em sede de IRS à parte do lucro que lhes corresponder, de acordo com a participação de
cada sócio no pacto social.

- Combate a evasão fiscal, promove a neutralidade na tributação e elimina a dupla tributação económica.

- Ex: três arquitetos ponderam se devem iniciar atividade como trabalhadores independentes (cat. B – Art.º
151º do CIRS) ou criar sociedade comercial em que cada um terá uma percentagem de participação, de
modo a pagar taxas mais baixas. R: Sendo uma sociedade de profissionais, a empresa não será tributada
em sede de IRC, mas em sede de IRS. Após se determinar o valor da matéria coletável, não se vai aplicar a
taxa de IRC, mas vai fazer-se uma divisão dessa matéria coletável à pessoa singular de cada um deles, em
função da quota de cada um.

Prejuízos fiscais: resultado líquido do período de uma entidade é negativo. Nesse período de tributação,
entidade não gerou lucros.
- Art.º 52º - prazos. Prejuízos podem ser deduzidos em futuros lucros tributáveis, por um ou cinco anos
posteriores ao da sua ocorrência. Direito à dedução não pode exceder 70% do lucro tributável. Só pode ser
transferido ou incorporado na própria sociedade.

- Sociedades com atividade económica de natureza agrícola comercial ou industrial abrangidas pelo
estatuto de PME podem deduzir por um até doze anos posteriores.

- Método indireto: quando há impedimentos (impossibilidade de apurar/comprovar elementos, matéria


tributável afastar-se sem razão justificada para 30% a menos ou para 15% a menos por 3 anos
consecutivos, resultados tributados nulos ou prejuízos fiscais por 3 anos consecutivos, salvo em início de
atividade) ao apuramento da matéria coletável recorre-se, a título de exceção, a métodos indiretos.

- Prejuízos fiscais não podem ser deduzidos no método indireto (Art.º 52º, nº3).

- Valores a imputar aos sócios ou membros:

- 1) Sociedades Civis não constituídas sob forma comercial, Sociedades de Profissionais, Sociedades de
Simples Administração de Bens > imputa-se a matéria coletável determinada nos termos do CIRC (Art.º 6º,
nº1).

- 2) Agrupamentos Complementares de Empresas (ACE) e Agrupamentos Europeus de Interesse Económico


(AEIE) > imputa-se os lucros ou prejuízos do exercício, apurados nos termos do CIRC (Art.º 6º, nº2).

- Imputação da matéria coletável aos sócios é feita de acordo com o previsto no ato constitutivo ou, na
falta desse elemento, em partes iguais.

- Matéria coletável apurada é imputada aos sócios, independentemente de ter sido paga ou não.

- Distribuição de lucros ou adiantamento por conta de lucros não é sujeita a retenção na fonte. Sócios
poderão fazer retiradas de dinheiro durante o ano sem obrigação de retenção na fonte ao nível da
sociedade, pois os lucros serão tributados na sua esfera, através da Declaração de Rendimentos (Modelo 3)
de IRS dos sócios.

- Se valor auferido pelo sócio por adiantamento por conta de lucros (importâncias efetivamente pagas) for
de montante superior ao resultado imputado, será esse montante a imputar ao IRS dos sócios no anexo D
do Modelo 3. São rendimento líquido da categoria B.

- Diferença entre a Regra Geral e o Regime de Transparência Fiscal (RTF):

- Regime geral: Na esfera dos sócios, os lucros distribuídos por uma sociedade abrangida pelo regime geral
qualificam-se como Rendimentos de Capitais (cat. E) e tributados à taxa liberatória de 28%.
- RTF: Rendimentos obtidos pelos sócios, a título de lucros ou adiantamento por conta de lucros, não
configuram rendimentos de capitais (cat. E), mas sim rendimentos da cat. B.

- Obrigações das sociedades abrangidas pelo RTF: sujeitas a obrigações em comum com entidades que
exercem atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola. Devem ter contabilidade organizada e
entregar declarações fiscais (Modelo 22, IES, Declaração Anual, etc).

- Sociedade: tem de entregar anexo G da IES (regimes especiais – sociedades e outras entidades sujeitas ao
RTF).

- Sócios: como pessoas singulares, devem entregar juntamente com a declaração de rendimentos Modelo
3 o anexo D (transparência fiscal – imputação de rendimentos; herança indivisa – imputação de
rendimentos).

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