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Aluno: Vítor Hugo dos Santos Reis RA: 728108

Disciplina: Geografia Agrária Prof.ª Neusa de Fátima Mariano

Fichamento do texto:
FELICIANO, C. A. Concepções sobre o direito à propriedade da terra. (p.
45-55). FELICIANO, Carlos Alberto. Território em Disputa: Terras
(re)tomadas. (Estado, propriedade da terra e luta de classes no Pontal do
Paranapanema). Tese de Doutorado – DG/FFLCH/USP. São Paulo, 2009.
Por se tratar de uma Tese, Feliciano explicita logo no início do
texto o viés de sua discussão, que trata do direito à propriedade de terra, com
uma análise da sua transformação a este ponto e de como hoje é um alicerce
da desigualdade. Ele fala inicialmente da questão do “direito à propriedade de
terra”, um conceito construído historicamente e que na sociedade individualista
em que vivemos, este ganha proporções ainda maiores. Cita como este direito
esteve e ainda está presente nas constituições e declarações universais e que
hoje é papel do Estado assegura-lo.

Antes de adentrar uma discussão sobre a terra de uma


perspectiva do Estado moderno e contemporâneo, o autor ressalta alguns fatos
históricos, na Europa Feudal, a terra não tinha apenas a função de gerar
alimentos, mas era ela o meio de circulação das riquezas, constituindo assim
uma suma importância ao sistema feudal. Este modo de produção Feudal
criava um vínculo do camponês com a terra e impedia que estes se fixassem
em terra não ocupadas, assim criando-se uma desigualdade perante o acesso
e exploração às terras, alguns podiam exercer esta exploração (os senhores) e
outros não (os servos).

Feliciano cita então a passagem deste sistema feudal para o


moderno, os resquícios do Feudalismo na exploração das colônias na américa
e sobre como a liberdade que antes era abafada devido ao vínculo com o
senhorio agora é abafada devido a um vínculo com o mercado. Após a
Revolução Francesa surgem as constituições nacionais, que dão um papel de
garantidor dos direitos ao Estado, este deveria ser um mantenedor também da
igualdade, porém logo se viu que a terra seria novamente um pilar da
desigualdade, indivíduos se distinguiam não mais pelos seus títulos de nobreza
mas agora pelo seu patrimônio. A igreja porém é destacada como uma
presença constante, esta criou um vínculo filosófico e religioso com a terra, e
mesmo depois de sua crise esta filosofia criada por grandes autores como
Tomás de Aquino pode ser encontrada em estudos de diversos autores como
John Locke por exemplo. Cria-se uma ideia de que o trabalho dignifica o
homem, que o homem que trabalha duro é aquela que adentrará o céu, no
entanto este enaltecimento do trabalho na Europa não se repete nas Américas,
o trabalho aqui é escravo e nem um pouco enaltecido.

Ao fim do século XIX os ideais liberais capitalistas se traduz em


miséria e enfraquecimento racional e social por toda a Europa, ideais
socialistas ganham força e mesmo instituições como a Igreja empregam um
posicionamento crítico. Configurava-se um momento de mobilização no mundo
todo, na Russia cresciam as ideias socialistas entre os camponeses, no Brasil
a indignação gerava movimentos populares como o de Canudos. Assim, com a
eclosão do comunismo na Rússia, os capitalistas não podiam ficar parados e
ver seus poderes se esvaírem, deste modo criam um novo programa, o Estado
de bem-estar social.

Este programa, que visava apenas os cidadãos do primeiro


mundo, constituía em um apoio do Estado em todas as necessidades da
população, como moradia, saúde, escola, etc. A posse da terra era pequena,
visando apenas a produção para consumo próprio e não para o acumulo de
riquezas e o Estado também oferecia suporte para quem quisesse trabalhar
nessas terras. As produções em larga escala passaram a ser feitas pelas
antigas colônias (África e América Latina), que se tornaram os “latifúndios dos
europeus”, produzindo coisas simples e baratas como café, açúcar, cana,
cacau, borracha, entre outros, em troca desta política, recebiam uma vaga
promessa de implementação dos ideais europeus em seus países.

É neste período que surgem as leis de direitos trabalhistas e


também de desapropriação devido ao uso indevido de terra com a constituição
de Weimar. O socialismo vem para acabar com a propriedade privada da terra
e dos meios de produção, enquanto em meio a uma nova crise do capitalismo
surge o Keynesianismo, que se baseia na mesma constituição dita
anteriormente porém descarta a ideia de propriedade absoluta. Feliciano então
concluí esta parte do texto, deixando clara a ideia de que a participação do
Estado é importante no controle da terra, seja de forma total ou através das
políticas e com isso é de importância também para a manutenção do poder
destinado a uma única classe social.

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