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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

CAMPUS IV – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS


CURSO: LICENCIATURA EM HISTÓRIA
DISCIPLINA: Formação e Consolidação dos Estados Nacionais
DATA: 17/03/2024
DOCENTE: Prof. Dr. Joelma Ferreira
DISCENTE: Rebeca Silva Santos de Souza

FICHAMENTO

POZO, José del. História da América Latina e do Caribe: dos processos de independências
aos dias atuais. Editora Vozes, Petrópolis, RJ,p. 13-37, 2008.

O texto intitulado O processo de independência, 1791-1824, discute sobre as reformas

políticas e nos processos de formação dos estados nacionais nas colônias espanholas na

América Latina. Essas reformas foram fomentadas por diversos fatores, desde as relações

raciais que já tinham seus conflitos internos, “pois uma mudança brusca podia derrubar o

edifício da difícil coexistência entre os grupos separados pela cor da pele.” (p.15), desde os

processos relacionados com a metrópole, primeiramente em busca da autonomia e

reconhecimento, mesmo que submetida a autoridade real. Após as recusas da monarquia

espanhola, se fomentaram e transformaram no desejo da independência dessas colônias.

O autor José del Pozo inicia o texto mostrando um quadro para melhor compreensão

de como o processo de diversificação e miscigenação ocorria nas diversas colônias, citando

inclusive os delicados alicerces da aliança dos grupos minoritários e escravizados americanos

que mesmo que formassem uma aliança, tinham suas desconfianças uns para com os outros.

Apesar desses grupos já mostrarem sinais de revoltas, “as rebeliões eram motivadas por

conflitos locais, e não pela vontade de desconhecer a soberania do monarca distante”. (p.15)

Inicialmente foi atribuída à ainda geminada ideia de independência, a monopolização

dos postos administrativos coloniais e o aborrecimento populacional com a altíssima

participação peninsular nas decisões locais americanas, os quais continham a maioria da


audiência. Os americanos que participavam das audiências tinham sua presença atribuída ao

mecanismo de venda de cargos, prática comum na época.

Após a Reforma dos Bourbon foi possível um maior intercâmbio comercial que

ocasionou em um descontentamento por parte de Lima onde após foi articulado o

favorecimento dos peninsulares das Audiências, evento o qual foi conhecido como “segunda

conquista”, consequentemente houve uma maior rigidez administrativa da Coroa que

implementou medidas como a alta do imposto da alcabala, nas operações de compra e venda,

incidir sobre produtos isentos, monopolização do tabaco, (diminuindo a renda de pequenos

comerciantes) e a criação do cargo de intendente, fora as demais exigências onde entre elas

“ordenou o envio à Espanha dos bens das fundações de caridade da Igreja, a fim de financiar

os gastos da guerra contra a França” (p.18), salientando também na expulsão da Ordem dos

Jesuítas para “apossar-se das riquezas acumuladas pela ordem”(p.19).

A independência dos Estados Unidos e da França ajudaram a influenciar as

independências, difundindo ideias republicanas e federalistas. Inicialmente, houve a revolta de

Tupac Amaru, pioneiro nessas revoltas, que não terminou vitoriosa, mas que, por outro lado,

trouxe maior concretização dessas influências norte-americanas e francesas.

Apesar dos processos estadunidenses e franceses se desvincularem da monarquia, esse

não era um desejo latente entre os americanos, “não pretendiam tomar o poder, mas impor um

conjunto de reivindicações às autoridades coloniais” (p.21), porém apesar da inicial

passividade monárquica, foi preparado um contra-ataque militar controlando novamente a

situação.

Houve uma abertura ao início de tais discussões no ambiente intelectual onde se

buscava florescer um sentimento nacionalista para “moldar uma consciência patriótica” (p.22)

que graças a aparente pluralidade de línguas numa mesma localidade ajudavam na difusão de

ideias europeias ou pensamentos de revolucionários americanos escritas em francês na

América. Escrita nascida também entre alguns espanhóis peninsulares, como o Conde de

Aranda, que “propusera um plano que visava elevar a hierarquia das colônias americanas e
dar-lhes mais autonomia, transformando-as em vice-reinados governados por príncipes da

família real.” (p.23).

Essas influências francesas tiveram maior concretização no Haiti, uma revolução

iniciada por uma decisão da assembleia nacional “de conferir a todos os homens de cor livres

o direito de voto para eleger a assembleia constituinte desencadeou, ao mesmo tempo, um

furioso protesto dos brancos e a radicalização dos negros escravos”. (p.24) Apesar de suas

dificuldades nas lutas que transitaram por diversas prisões e mortes, ela se tornou motivo de

temor entre os senhorios coloniais sob uma possível revolta em outros países da América.

O crescente poderio napoleônico foi um processo incisivo para mudanças de rumo na

história não só espanhola, mas também na América portuguesa, que ansiava pela total

retomada de poder e submissão dessas colônias. Na retomada do poder espanhol “os

espanhóis entregaram o governo a um novo vice-rei, Francisco Javier Venegas, que era

abertamente contrário a toda ação autonomista” (p.26), em prol disso foram criadas diversas

juntas nas colonias que inicialmente não implicavam num processo de independências, mas

que buscava apenas maior autonomia, a liberdade de comércio, imprensa e abolição da

escravidão. Algumas dessas reivindicações foram aceitas, porém, o princípio da liberdade de

comércio, desejo em comum de todas as colônias, não foi concedido.

Logo após essas restrições foi iniciado um período de lutas armadas comandadas pelos

criollos na América, um processo iniciado no Paraguai, Buenos Aires foi o primeiro território

a sentir essas mudanças e os realistas foram perdendo o poder, poder o qual mesmo não

recuperados ainda causava um sentimento de instabilidade onde logo após tornara o país

independente. Essas lutas se estenderam no Chile, Nova Granada, Venezuela e demais regiões

até que “Sucre ganhou a batalha de Pichincha em maio de 1822, pondo fim ao último governo

espanhol na região" (p.32) para logo mais surgir a liberação do Peru, onde inicialmente sua

vontade de independência não eram tão grande

Na América, ainda faltava o México, dado inicialmente em reivindicações sociais

como a abolição, a supressão do tributo pago por indígenas que vieram acompanhadas de

massacres aos brancos que, tremendo a morte, buscaram apoio aos espanhóis. “O plano
propunha transformar o México num país independente, dirigido por um governo monárquico

constitucional e no qual os direitos de todos - mexicanos e espanhóis - seriam respeitados,

bem como as propriedades da Igreja. Com a Revolução Liberal na Espanha e a independência

no México, houve uma mudança de independência por completo na região central na

América, inclusive em territórios como El Salvador, Nicarágua, Honduras e Costa Rica, que

se desvincularam territorialmente do México.

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