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Como o Dia da Independência apagou a memória da luta negra por independência e abolição

Introdução

Bom dia a todos. O nosso trabalho teve como base o link publicado em 7 de setembro de 2021
por Edison Veiga “Como o Dia da Independência apagou a memória da luta negra por
independência e abolição” e o nosso objetivo é explicar esse tema em três topicos específicos,
sendo eles, revoltas contra o domínio português, consolidação da independecia e a relação
com o Racismo estrutural.

Oque o soldado Luiz Gonzaga das Virgens e Veiga (1761-1799), o marceneiro e militar Lucas
Dantas do Amorim Torres (1744-1799), e os alfaiates Manuel Faustino dos Santos Lira (1775-
1799) e João de Deus Nascimento (1771-1799) tem em comum, bem eles são nomes
praticamente esquecidos da historiografia nacional. Pois eles lideraram um movimento
popular que pedia independência política quando aquele que se tornaria dom Pedro I não
passava de um recém-nascido. Mais calma que vamos explicar melhor

Revoltas contra o domínio português

Inconfidência mineira

Vamos passar rapidinho pela inconfidência mineira, só para explicar ela e as suas diferenças
com a revolta dos búzios. A inconfidência foi um movimento liderado pela elite
socioeconômica de Minas Gerais que estava insatisfeita com os impostos cobrados pela Coroa
Portuguesa sobre o ouro e acreditava que a capitania conseguiria se autossustentar sem o
apoio de Portugal, por conta da próspera atividade mineradora na região. Por isso,
influenciados por ideais iluministas, grupos começaram a se organizar em prol do separatismo.
Embora o movimento tenha sido liderado pela elite, pessoas das camadas médias urbanas
também participaram, como militares, estudantes e comerciantes.

A Conjuração Baiana, Revolta dos Alfaiates ou Revolta dos Búzios

A Conjuração Baiana, também conhecida como Revolta dos Alfaiates ou Revolta dos Búzios, foi
um movimento popular que se iniciou em 12 de agosto de 1798, exatamente dois meses antes
do nascimento de Pedro I. E terminou no fim de 1799 — em 8 de novembro daquele ano os
quatro líderes acima mencionados foram executados em praça pública.

Durante a revolta eles pedia o regime republicano e o fim da escravidão.

Muitos dos participantes do movimento, inclusive Virgens e Veiga, Amorim Torres, Santos Lira
e Deus Nascimento, eram negros.

Revoltas como esta ocorreram nas décadas que precederam a Independência brasileira e, cada
vez mais, são exemplos recuperados por historiadores de como a historiografia oficial do país
acabou ofuscando a participação do negro em episódios importantes. Ao mesmo tempo,
suscitam a reflexão: se uma luta assim tivesse conseguido prosperar, a sociedade brasileira
poderia ter sido organizada de forma completamente distinta, com abolição da escravidão
quase um século antes e regime republicano sem passar pelos dois governos imperiais,
conduzidos por descendentes da mesma casa portuguesa.

"É interessante perceber o quanto a história do Brasil é contada do ponto de vista do


colonizador e do branco. A independência foi um desses momentos que atendeu apenas a
uma elite, não dando conta de garantir a liberdade para a maior parte da população brasileira,
os negros e indígenas", comenta o pesquisador da história negra Guilherme Soares Dias,
consultor em diversidade.

"Não aprendemos sobre esses fatos sob outra perspectiva e nem temos esses debates nas
escolas. Esse era um momento efervescente da busca pela abolição com várias revoltas no
Brasil e outros países conquistando essa liberdade do povo negro. A história ainda retrata
apenas um lado e a gente ainda precisa buscar outras informações sobre esse período",
completa ele. "Esse apagamento das lutas negras faz parte de um racismo estrutural que é
resquício daquele momento em que o negro não era visto como humano e sim como coisa. A
sua história, seus costumes, sua cultura, seus pensamentos não importavam, já que ele era
animalizado. As pessoas precisam ter raiz."

Dias afirma que a primeira coisa tirada pela escravidão foi a própria história da população
negra. "Ainda hoje precisamos fazer essa busca e jogar luz para heróis, lutas e acontecimentos
que foram importantes para as pessoas negras", diz. "Essa é a narrativa que a história do Brasil
ainda não conta."

Lutas contra o domínio português

Além da Revolta dos Búzios, também destaca a Inconfidência Mineira, de 1789, e a Revolução
Pernambucana, de 1817.

"Foram os mais expressivos. Mas sem sombras de dúvidas a Conjuração Baiana foi o com a
maior participação efetiva da população negra, tanto a livre quanto a escravizada", ressalta. "E
foi um movimento que pensava o processo de Independência correlatamente com o processo
de abolição da escravidão, algo que não aparecia nos outros dois movimentos insurgentes."

Santos cita, inclusive, que isso fez com que muitos negros que haviam aderido a essas revoltas
tenham as abandonado em seguida, tão logo compreenderam que "era algo que não lhes dizia
respeito".

"E a Conjuração Baiana é um exemplo, que pensava também na libertação dos escravos, o que
não era pensado pelas elites que dependiam do regime escravocrata", exemplifica.

"Grande parte dos movimentos e revoltas do Brasil de então tinha a participação dos mulatos
e negros, que eram o maior contingente populacional. Reivindicavam melhores condições de
vida, igualdade de direitos

Mas ele lembra que é importante "não cair na tentação" de homogeneizar os grupo - nem os
negros, tampouco os não negros. "Eles eram atravessados por entendimentos, expectativas e
laços diferentes, por vezes internamente antagônicos", ressalta.

houve participação de negros, homens e mulheres, em revoltas no Pará, no Maranhão, no


Piauí, além da Bahia. Neste caso mais emblemático, inclusive, ele ressalta que até mesmo a
questão dos nomes — Conjuração Baiana, Revolta dos Alfaiates, Revolta dos Búzios — guarda
uma disputa de narrativas.

"Ao contrário dos outros nomes, a nomenclatura 'dos Búzios' faz ligação direta com as
populações negras envolvidas no levante popular que foi um dos primeiros movimentos por
independência e fim da escravidão", diz. "Faz justiça, assim, ao grande contingente de pessoas
de cor por trás da sua existência."
O jogo de búzios é muito presente em religiões tradicionais africanas. E os revoltosos desse
episódio utilizavam essas conchas como pulseiras, como forma de identificação.

"[A Revolta dos Búzios] foi formada basicamente por escravizados, livres e libertos,
trabalhadores pobres e alguns membros da elite branca liberal

destacar as agendas das populações negras e os seus descontentamentos com o governo


português e a sociedade escravista no Brasil".

"Além de disputar as memórias públicas em torno do processo de Independência do Brasil,


que não se reduz ao ato administrativo de sua proclamação oficial", acrescenta. "Pelo
contrário, é, sem sombra de dúvidas, também produto das articulações políticas e sociais das
populações negras."

Reis ressalta ainda o fato de que essas revoltas que ocorreram costumam ser tratadas apenas
como motins, como rebeliões contra o poder estabelecido, mas comumente não são vistas
como lutas que tinham em seu cerne o ideal de emancipação, "de independência da nação". "E
quando a Independência de fato ocorre, ela é uma Independência repressora, que acaba
massacrando as revoltas que ocorrem depois, sob o argumento da manutenção do Estado
nacional brasileiro", comenta.

Consolidação da Independência

No imaginário popular, está dom Pedro levantando a espada, gritando heroico "independência
ou morte. Mas foi a narrativa que venceu, sob o prisma do homem branco europeu — o
mesmo colonizador. O Brasil Imperial, proclamado independente no 7 de setembro de 1822,
foi uma articulação 'de portas fechadas' entre escravocratas, comerciantes e a própria família
real portuguesa, com uma promessa clara - a manutenção do tráfico transatlântico e da
escravidão O movimento da Independência ofuscou os outros movimentos que ocorriam na
época, principalmente a questão abolicionista, porque acabou sendo um movimento de elite,
uma elite preocupada em manter a autonomia que havia sido conquistada desde a chegada da
corte ao Brasil em 1808 A transferência da família real portuguesa para o Rio de Janeiro, nesse
contexto de fuga das tropas napoleônicas no início do século 19, acabou sendo crucial para
que ocorresse no Brasil uma história da independência tão diferente do que ocorreu em
outros países latino-americanos — a começar, por não vir junto com um regime republicano. A
não ser no caso do Haiti, não há nenhum país da América Latina em que a Independência não
tenha sido conquistada pela elite [branca]. Aqui no Brasil houve o agravante: tornou-se
império porque acreditava-se que a elite brasileira não fosse tão esclarecida intelectualmente
quanto o restante da elite latino-americana. Então se temia que o Brasil se fragmentasse em
diversos países. A ideia de manter o regime monárquico foi para garantir a integridade do
Estado nacional. Mas isso acabou tendo a consequência de que a parte hegemônica da elite
pensava totalmente contra a abolição Essa acabou se tornando a narrativa preponderante,
afinal, "a história é escrita pelos vencedores, e a elite foi a vencedora da Independência".
"Uma elite escravocrata, formada por latifundiários e burocratas que dependiam do trabalho
escravo".

Racismo estrutural

Ao apagar a participação do negro, a história brasileira deixa um buraco, visto que o negro é
peça fundamental para compreder o brasil. A leitura oficial do 7 de Setembro é calcada e
estruturada pelo racismo. Isso faz parte de um projeto de nação que se constituiu que se
reforçou ao longo dos anos, A maneira como aprendemos a história da Independência do
Brasil, demonstra um certo nível de má compreensão da importância negra nesse processos,
silenciando as inúmeras histórias e participações da população não branca na formação do
país, sendo um história escrita por mãos brancas', como sentencia a historiadora negra
brasileira, Beatriz Nascimento, é produzida tanto no apagamento do negro na história do
Brasil, quanto no descrédito das suas narrativas no presente." Para o historiador, o próprio
movimento de independência do Haiti — guerra travada de 1791 a 1804 que acabou
resultando na primeira república americana governada por pessoas de ascendência africana —
deixava as elites brasileiras apreensivas que algo parecido pudesse ocorrer.

https://www.pstu.org.br/independencia-sem-abolicao-o-medo-branco-de-uma-insurreicao-
negra-no-brasil/

https://guiadoestudante.abril.com.br/atualidades/tres-revoltas-que-influenciaram-a-
independencia-do-brasil#:~:text=Enquanto%20a%20Inconfid%C3%AAncia%20Mineira
%20foi,dos%20pre%C3%A7os%20e%20da%20fome.

https://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2022/09/05/conheca-a-importancia-dos-negros-
na-independencia-do-brasil.ghtml

https://veja.abril.com.br/coluna/jose-vicente/para-os-negros-a-independencia-virou-servidao

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