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1) “O trabalhador negro do século XIX - escravo e livre - passou a ser desqualificado como
força de trabalho, e também como futuro cidadão brasileiro à medida que cresciam as
possibilidades de uma grande imigração europeia, impulsionada por uma corrente de políticos
imigrantistas de São Paulo, contando ainda com a simpatia de diversos abolicionistas. A
preocupação com o aumento dos crimes e revoltas de escravos na província de São Paulo
durante a década de 1870 contribuiu para consolidar a política imigrantista. Argumentos
construídos com base nas teorias científicas raciais eram cada vez mais usados ao longo dos
anos 1870 e 1880 para descartar os descendentes de africanos. Os negros eram definidos
como membros de uma raça inferior tendente fatalmente à ociosidade, à desagregação social
e ao crime. Apenas o imigrante branco poderia instaurar um tempo de paz e de progresso no
país, contribuindo para a formação de um “verdadeiro” povo brasileiro e para a construção de
um "novo Brasil". A argumentação herdada dos imigrantistas do século XIX havia permanecido
na historiografia do presente, destituída, porém, do seu teor racista”. Célia M. M. A.
2) “Numa palavra, a raça inferior negra, embora escravizada, teria determinado a má evolução ou
a não-evolução dos brasileiros brancos. E assim despido da imagem de vítima, que estava então
sendo construída pelos abolicionistas, o negro passava a incorporar a de opressor de toda uma
sociedade. Finalizando, Pereira Barreto propunha políticas para assegurar condições favoráveis à
imigração europeia, tais como a separação da religião do Estado, a grande naturalização, o
casamento civil, a secularização dos cemitérios, a elegibilidade dos não-católicos. Sem isso e mais
um severo controle social sobre os negros, não se conseguiria garantir as simpatias da Europa e
atrair uma grande corrente imigratória e, consequentemente, seria ‘absolutamente impossível
resolver-se a questão do trabalho’.” Célia M. M. A.
3) “Ora, para que o imigrante ativo, laborioso, inteligente, progressivo, venha para o Brasil, é
preciso que este país ofereça condições de bem-estar para si e para sua família, impossíveis de
encontrar na Europa” (“Artigos de Propaganda”). Célia M. M. A.
4) “Era, sim, o negro, elemento considerado de raça inferior porque descendente de africanos,
viciado, imoral, incapaz para o trabalho livre, criminoso em potencial, inimigo da civilização e do
progresso, que os discursos imigrantistas repudiavam abertamente, em uma época que as teorias
raciais ainda estavam longe de cair em desuso”. “Para conseguir cachaça, ele rouba, (...) e
sacrificando tudo a esta paixão, inclusive a própria liberdade, ele trabalhará até no domingo”. Célia
M. M. A.
5) “Iniciado este salutar processo de miscigenação, a lei da seleção natural determinaria, por seu turno,
a vitória final da raça branca sobre a negra e a indígena, e ainda se obteria um espécime de homem
ariano superior, plenamente ambientado ao continente americano. Contudo, para que esta evolução
pudesse assim ocorrer, era preciso intervir na história ou na natureza (...) e injetar mais brancos no
espaço até então ocupado predominantemente por negros e índios. Era por isso precisamente que se
fazia presente a necessidade da imigração europeia, com todo o seu poder de purificação étnica. [...]
Para o cearense Domingos José Nogueira Taguaribe, médico, político e proprietário radicado em São
Paulo, havia uma perigosa desproporção racial entre brancos e não-brancos na sociedade brasileira.
Em Algumas Palavras sobre a Emigração: Meios Práticos de Colonizar Colônias do Barão de Porto
Feliz e Estatistas do Brasil (1877), Jaguaribe chama a atenção para o fato de que numa população de
cerca de 10 milhões de pessoas, apenas 3 milhões e 800 mil aproximadamente pertenciam à “raça
branca”, enquanto os restantes 6 milhões e tantos distribuíam-se entre negros, índios e sobretudo
mestiços. Em suma, o que a estatística estava a demonstrar com todas as letras era nada mais que
uma, assustadora “decadência da raça branca” e o avanço dos mestiços, ao contrário das teses que
previam o desaparecimento destes. Diante destes fatos era preciso pensar urgentemente num modo de
obter o aperfeiçoamento das raças no Brasil, “em ordem a melhorar e não a retrogradar, pois o africano
deve cruzar com o mulato, e este com o branco”. Célia M. M. A.
6) “O médico francês Louis Couty, radicado no Brasil, acreditava que não havia nenhuma jovem negra
que não se sentisse feliz em ser escolhida pelo seu senhor para parceira sexual”.
A imigração em números: “Onda Negra, Medo Branco”
“Entre 1871 e 1920, ingressaram no Brasil cerca de 3.400.000 europeus,
dos quais pelos menos 1.300.000 italianos, 900.000 portugueses e 500.000
espanhóis, dentre outros. Importante observar que num período de meio
século, o Brasil recebeu um número de imigrantes muito próximo ao
número de escravizados que aqui desembarcou em três séculos e meio”.
Dados do censo realizado na cidade de São Paulo em 1893:
# 55% dos residentes na cidade eram imigrantes;
# 84% dos trabalhadores da indústria manufatureira eram imigrantes;
# 81% dos empregados no ramo de transporte eram imigrantes;
# 72% dos empregados no comércio eram imigrantes.
“Lei nº. 19.482 de 1930, promulgada por Getúlio Vargas, que ficou conhecida como Lei
dos 2/3, que obrigava as empresas a preencherem pelo menos dois terços dos seus
postos com trabalhadores brasileiros. Lei esta que, a propósito, ainda hoje consta da CLT
(Consolidação das Leis do Trabalho). Isso porque o primeiro censo industrial, realizado
em São Paulo (1910), registrou que apenas 10% dos operários industriais eram
brasileiros (negros e indígenas), a fim de mitigar a exclusão do trabalhador nacional e,
portanto, do ex-trabalhador escravizado. A inclusão do trabalhador negro na economia,
mesmo nas margens, como revelam as estatísticas, deu-se apenas a partir dos anos 30
com a diversificação da produção e ampliação do parque industrial. E esta inclusão
precária se deu à revelia das elites brasileiras” Célia M. M. A.
Como enfrentar a universalização/globalização do novo império?
Um caminho possível é a globalização alternativa!
“Há, assim, uma globalização alternativa, contra-hegemônica, organizada da base para o topo
das sociedades. Esta globalização é apenas emergente, mas é mais antiga que a sua
manifestação mais consistente até hoje, a realização do primeiro Fórum Social Mundial em
Porto Alegre, em janeiro de 2001”.
Foco da globalização alternativa contra-hegemônica: “Reinventar a Emancipação Social” e
envolve seis países – África do Sul, Brasil, Colômbia, Índia, Moçambique e Portugal
“A voracidade com que a globalização hegemônica tem devorado, não só as promessas do
progresso, da liberdade, da igualdade, da não discriminação e da racionalidade, como a
própria ideia da luta por elas. Ou seja, a regulação social-hegemônica deixou de ser feita em
nome de um projeto de futuro e com isso deslegitimou todos os projetos de futuro alternativos
antes designados como projetos de emancipação social. A desordem automática dos
mercados financeiros é a metáfora de uma forma de regulação social que não precisa da ideia
de emancipação social para se sustentar e legitimar. Mas, paradoxalmente, é dentro deste
vazio de regulação e de emancipação que estão surgindo em todo o mundo iniciativas,
movimentos, organizações que lutam simultaneamente contra as formas de regulação que não
regulam e contra as formas de emancipação que não emancipam”.
Emancipação Social está diretamente ligada
a Emancipação Epistemológica
“Achando óbvio que todos os seres humanos seguem regras e normas de conduta,
possuem valores morais, sociais, religiosos, políticos, artísticos, vivem na
companhia de seus semelhantes e procuram distanciar-se dos diferentes dos quais
discordam e com os quais entram em conflito, acreditamos que somos seres
sociais, morais e emocionais. Como se pode notar, nossa vida cotidiana é toda
feita de crenças silenciosas, da aceitação tácita de evidências que nunca
questionamos porque nos parecem naturais, óbvias. Cremos em culturas
universalizadas, no espaço, no tempo, na realidade, na quantidade, na qualidade,
na verdade, na diferença entre realidade e sonho ou loucura, entre verdade e
mentira; cremos também na objetividade e na diferença entre ela e a subjetividade,
na existência da vontade, da liberdade, do bem e do mal, da moral, da sociedade”.
“Em vez de “que horas são?” ou “que dia é hoje?”, a filosofia pergunta: O que é o
tempo? Em vez de dizer “está sonhando” ou “ficou maluca”, a filosofia quer
saber: o que é sonho? a loucura? a razão? A filosofia inverte o foco da atenção,
as afirmações são trocadas por interrogações: “Onde há fumaça, há fogo”, ou
“não saia na chuva para não ficar resfriado”, por: O que é efeito?; “O que é
causa? “Seja objetivo”, ou “eles são subjetivos”, por: “O que é a objetividade? O
que é a subjetividade? “Esta casa é mais bonita do que a outra”, por: O que é
“mais”? O que é “menos”? O que é o belo? Em vez de afirmar “mentiroso!”,
questiona: o que é a verdade? O que é a mentira? Antes de falar sobre a
subjetividade dos amantes, ela questiona: o que é o amor? O que é o desejo? O
que são os sentimentos? A filosofia pergunta: o que é um valor? O que é um
valor moral? O que é um valor artístico? O que é a moral? O que é a vontade? O
que é a liberdade?”.
A PRIMEIRA ETAPA DO MÉTODO FILOSÓFICO
1ª. Atitude Filosófica negativa: “A primeira característica da atitude filosófica é negativa, isto é,
um dizer não ao senso comum (cultura), aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos fatos e às ideias
da experiência cotidiana, ao que “todo mundo diz e pensa”, ao estabelecido. A filosofia é a
decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as ideias, os fatos, as situações,
os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceita-los sem antes havê-
los investigado e compreendido.
No continente africano
há os registros de grande
parte dos hominídeos já
encontrados.