Você está na página 1de 12

REVOLTAS,EUGENIA E

TENSÕES URBANAS: BRANQUEAMENTO


Clique no ícone para adicionar uma imagem
O Estado brasileiro desde o final do império, até muito recentemente,
teve um pacto de silêncio e negação do racismo. A nova república,
proclamada e controlada por ex-senhores inconformados com a
abolição da escravidão, desprezou os negros, que foram apontados
como responsáveis pela indolência e pelo atraso do país.
A elite brasileira passou toda a primeira república assombrada pelas
teorias racistas pseudocientíficas do século XIX que preconizavam uma
rígida hierarquia das “raças” em que os brancos tinham a
responsabilidade de dominar e de civilizar as “raças” tidas como
inferiores.
Assim, temendo um possível contingente majoritário de não brancos;
financiou e desenvolveu com recursos públicos, vários projetos de
atração de imigrantes europeus, não só em busca de mão de obra que
considerava mais desejável, mas também em perseguição de um
fantástico ideal de “embranquecimento nacional”.
política brasileira de branqueamento - uma visão jurídica

A título de introdução se faz necessário explicar que em meados do século XIX (1853) o Conde francês Joseph
Arthur de Gobineau publicou seu "Essai sur l'inégalité des races humaines" (Ensaio Sobre a Desigualdade das
Raças Humanas) que é tido como a Bíblia do racismo moderno, e que deflagrou a era do chamado RACISMO
CIENTÍFICO, cujas ideias culminaram com a eugenia e a tese nazista-fascista da superioridade ariana, acontece
que GOBINEAU foi Ministro da França no Brasil e "conselheiro" de D. Pedro II, Gobineau via o Brasil como um
país "sem futuro" devido a grandes quantidades de pretos e miscigenados, defendia que o país precisava
"branquear" (se livrar dos negros), as ideias racistas de Gobineau fizeram escola mundo afora e aqui
influenciaram a vários autores e a intelectualidade de fins do séc. XIX início do XX, entre eles Artur Ramos, Nina-
Rodrigues, como destaques e atingindo inclusive escritores renomados com Euclides da Cunha e Monteiro
Lobato.

Todo este movimento de intelectuais racistas aliados a políticos idem em fins do séc. XIX conduziram à POLÍTICA
NACIONAL DE EMBRANQUECIMENTO, com a imigração europeia (e secundariamente japonesa) massiva e uma
abolição da escravidão feita de forma a empurrar os negros para as margens da sociedade, mantendo-os em
condições de extrema pobreza até que se extinguissem devido à mortalidade infantil, desnutrição, doenças,
mazelas sociais e também através das sucessivas miscigenações, ou seja, até que os negros desaparecessem por
completo do cenário nacional..., não deu certo..., alguns autores chegaram a prever que em 70 anos não haveria
mais negros no Brasil, o racismo científico manteve-se hegemônico até os anos 30, mas o reflexo e tais ideias
racistas continuaram influenciando políticas oficiais discriminatórias por um bom tempo.
"A tese do branqueamento” - escreveu Skidmore - “baseava-se na presunção da superioridade
branca, às vezes, pelo uso dos eufemismos raças 'mais adiantadas' e 'menos adiantadas' e pelo
fato de ficar em aberto a questão de ser a inferioridade inata. À suposição inicial, juntavam-se
mais duas. Primeiro - a população negra diminuía progressivamente em relação à branca por
motivos que incluíam a suposta taxa de natalidade mais baixa, a maior incidência de doenças e
a desorganização social. Segundo - a miscigenação produzia 'naturalmente' uma população
mais clara, em parte porque o gene branco era mais forte e em parte porque as pessoas
procurassem parceiros mais claros do que elas (a imigração
branca reforçaria a resultante predominância branca.)." (Op. Cit., p. 81).

Essa ideologia foi disseminada na mentalidade nacional. De uma forma ou de outra, noticia
esse autor, o ideal do branqueamento (com seus pressupostos notadamente racistas) foi
compartilhado pela intelectualidade nacional, presente na obra de inúmeros e influentes
pensadores, juristas, políticos e escritores brasileiros [1] (são citados, dentre outros, Euclides
da Cunha, Afrânio Peixoto, Clóvis Bevilácqua, Monteiro Lobato, Gilberto Freire, Oliveira
Vianna, Paulo Padro).

No campo especificamente jurídico, essa ideologia pode ser constatada, emblematicamente,


no Decreto-lei nº 7.967/1945. Cuidando da política imigratória, dispôs que o ingresso de
imigrantes dar-se-ia tendo em vista "a necessidade de preservar e desenvolver, na composição
étnica da população, as características mais convenientes da sua ascendência europeia."
(artigo 2º).
CORTIÇO NO RJ-1914

http://globotv.globo.com/rede-globo/memoria-globo/v/lado-a-lado-o-bota-abaixo/2925594/
Clique no ícone para adicionar uma imagem
Clique no ícone para adicionar uma imagem
Clique no ícone para adicionar uma imagem
Clique no ícone para adicionar uma imagem

Você também pode gostar