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Introdução
Assim como ocorre com todos os fenômenos estudados pelas ciências humanas e
sociais, existem diversas maneiras de compreendermos o colonialismo e suas implicações para
as sociedades que sofreram com este processo.
Tal como demonstrado por Galeano (2010) e Quijano (2005), o colonialismo é fruto de
um processo histórico de dominação, exploração e transformação das sociedades latino-
americanas em benefício dos países centrais. Como se sabe, a colonização da América Latina
pode ser entendida como constituindo a primeira etapa do processo de expansão ultramarina
das potências Europeias, iniciadas no século XV pelas maiores economias da época: Portugal e
Espanha (GALEANO, 2010; QUIJANO, 2005).
Espanha e Portugal, ao descobrirem a existência das terras latino-americanas e suas
riquezas traçam estratégias a fim de obter ganhos econômicos na exploração desses territórios.
O Tratado de Tordesilhas, assinado em 7 de julho de 1494, foi responsável por demarcar os
espaços latino-americanos a controle da coroa espanhola e os espaços latino-americanos a
controle da coroa portuguesa. Apesar de ambas as coroas instalarem formas de explorar
economicamente o território, foram diversas as formas pela qual a exploração se processou nos
diferentes espaços coloniais, visto a existência de enormes heterogeneidades sociais, climáticas,
naturais, etc.
As formas pelas quais a exploração das sociedades nativas e de pretos advindos de
África como escravos desumanizados foram diversas, indo desde trabalhos forçados em minas
auríferas e minas de prata na América Central e no Brasil, ao trabalho nos grandes latifúndios
produtores de matérias-primas em toda América Latina. A dominação europeia sobre a América
Latina não apenas foi responsável por assegurar às potências europeias produtos e poder
econômico, obtidos através do sangue e suor de pretos e povos indígenas desumanizados e
explorados violentamente, mas também foram responsáveis por gestar problemas econômicos,
políticos e sociais na região que permanecem até a atualidade. É por este motivo que Eduardo
Galeano escreve:
Essa passagem escrita por Galeano (2010) revela algo cuja teoria econômica aborda
com grande clareza: a existência de relações de dependência no sistema internacional, com a
América Latina sendo considerada uma economia dependente. O principal autor a versar sobre
a temática foi, sem sombra de dúvidas, Ruy Mauro Marini. Marini (2017), grande nome da
chamada Teoria Marxista da Dependência, defende a concepção de que a América Latina foi
gestada e colocada para ter uma função secundária no capitalismo, sendo responsável por suprir
os grandes centros mundiais com alimentos e matérias-primas demandadas por ele. Essa função
seria basilar para entendermos as dificuldades econômicas, as fragilidades sociais e políticas
presentes nos diferentes países latino-americano - tal como ocorre com a persistência da fome
em uma das principais regiões produtoras de alimentos.
Se a condição de dependência da região latino-americana é um dos fatores fundamentais
para a compreensão dos problemas socioeconômicos e políticos da América Latina, Quijano
(2005) argumenta que o racismo e a criação da “raça” também são frutos deste processo.
Referências Bibliográficas
GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina. São Paulo: Editora LPM, 2010.