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INTRODUÇÃO
mariaadrianatorres@hotmail.com.
capitalistas e o cenário de intensas desigualdades sociais que fora desencadeado
vivenciou um processo de acentuação e acirramento dessas contradições sociais, o qual
se tornou alvo da intervenção das políticas sociais. Desta
forma, o objetivo do trabalho consiste em elucidar de modo claro e preciso como a
formação socioeconômica da América Latina repercute de maneira peculiar sobre a
provocação de um quadro de densas desigualdades em que as políticas sociais são
adotadas como respostas de enfrentamento. Assim, a construção do trabalho
primeiramente desdobra-se sobre o resgate histórico da constituição da América Latina
como maneira de compreender porque as desigualdades neste continente tendem a
serem mais intensas, acentuadas. Cabe assinalar, a apresentação de alguns aspectos
primordiais na reflexão de sua condição contemporânea no capitalismo. Realizado este
panorama, a segunda parte destina-se a discussão e delineamento das políticas sociais
frente às particularidades deste continente. O método histórico dialético tornou-se
imprescindível na análise da problemática, pois somente através da recuperação
histórica dos acontecimentos, entendendo que a realidade está em permanente processo
de transformação, é possível realizar a leitura de totalidade, isto significa estudar as
políticas sociais a partir de sua conexão com toda a formação do capitalismo na
América Latina. Vale ressaltar, que todo o conteúdo produzido foi resultado das
diversas leituras imanentes realizadas das referências bibliográficas, uma vez que se
trata de pesquisa de base teórica.
Portanto, a proposta do presente trabalho visa refletir de que forma a
constituição capitalista do continente latino-americano interfere e na mesma medida
confere as condições objetivas para se discutir a emersão e configuração das políticas
sociais. Salienta-se, o quão fundamental é este debate para desmistificar a relação dos
países centrais e periféricos como mero evolucionismo histórico, pois na verdade existe
um processo econômico, social e cultural de dominação e exploração que determina
tanto a realidade social da América Latina como as medidas sociais adotadas.
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O feudalismo encontrou-se plenamente estruturado na Europa no século XI, este tinha como medida de
riqueza a terra e os servos, os quais eram responsáveis pela produção do conteúdo material da riqueza
social, contudo quem detinha o poder, o domínio eram os grandes senhores proprietários do feudos.
descobrimento e colonização da América Latina sua função principal foi transferir
riquezas naturais como forma de subsidiar a economia capitalista comercial europeia.
Essa contribuição direta por sua vez possibilitou a criação e expansão da indústria dos
países centrais em meados do século XVIII, de acordo com Marini (2000) a criação da
grande indústria moderna teria sido fortemente obstacularizada se não houvesse contado
com os países dependentes de desenvolvimento. No que toca a
América Latina e seu progresso tardio em razão da exploração e extração sofrida, as
relações capitalistas de produção somente se estabeleceram neste continente por volta
do século XIX quando na verdade o modo de produção capitalista encontrava-se
plenamente estruturado nos países centrais. Assim,
Retornando ao trabalho escravo, este durante longos anos foi responsável através
de uma roupagem distinta do trabalho assalariado por operacionalizar as demandas do
capital, como indica Marx:
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As atividades dos indígenas podem ser consideradas à primeira forma de trabalho nas colônias
americanas as quais tinha como objetivo a subsistência. Porém, o cenário retratado refere-se a atividades
que rendia juros ao capital europeu. Mas, assim como o trabalho escravo se instalou por
necessidades econômicas seu fim também ocorre mediante vias estritamente
econômicas, pois frente ao desenvolvimento das forças produtivas nos países centrais, o
escravo tornou-se um entrave para que esse mesmo desenvolvimento acontecesse aqui a
América Latina e, simultaneamente, o escravo não participava do consumo das
mercadorias. Dadas às circunstâncias a América Latina após um longo período
servindo somente como solo fundante para o desenvolvimento do capital nos países
centrais, passa a integrar-se ao mesmo. A formação socioeconômica do modo de
produção capitalista na América Latina foi retratada de modo introdutório, mas os
aspectos e características mais essenciais que compõem esse processo foram pontuados
e este é o ponto fundamental para construção desse estudo inicial.
Diante desse novo quadro na
América Latina, podem-se indagar: os problemas do continente estariam agora
resolvidos, uma vez que se se tornava capitalista também? Pelo contrário, sua relação
desigual apenas se intensificaria, pois dadas às particularidades de sua ingressão a este
modo de produção, sua estrutura política, econômica e social estariam sempre
dependentes do capitalismo desenvolvido.
Como forma de melhor entender este processo nada mais consistente que
retornar à realidade concreta dos acontecimentos como meio de verificação dessa
relação de dependência. Nesse caso, Galeano (2012) nos oferece um panorama
imprescindível:
Ou seja, por mais esforço que sejam conferidos para desenvolver a América
Latina em seus primeiros anos industriais isto não é possível. Vale ressaltar, que a
relação de produção capitalista chega de fato a América Latina após um longo processo,
onde outros modos de produção o antecedem – trabalho escravo –, mas no geral
terminam contribuindo para o estabelecimento do grande capital, assim, os traços de
desigualdades e em certa medida de combinação não podem ser anulados, tornaram-se
uma relação inerente aos países periféricos e centrais quer seja antes ou ainda mais com
o modo capitalista de produção. Em meados do século XIX, o
continente latino-americano ingressa em um modo de produção cujos reflexos e
implicações já se fazem bastante presente, aliás, desde seu descobrimento. No entanto,
lucrativas, e, neste momento, os povos indígenas sofreiam um processo de extermínio, de eliminação de
sua população. Consultar Galeano, 2010.
seu desenvolvimento como supracitado ocorre de maneira peculiar, pois em escala
mundial a economia capitalista já havia inundado as relações sociais, então no que tange
as particularidades da América Latina consta-se que,
Isto significa que em virtude das implicações da crise estrutural que passaram a
acirrar ainda mais as desigualdades sociais bem como as medidas de sucateamento da
ofensiva neoliberal, os programas sociais surgem na América Latina como meio de
mitigar os efeitos e erradicar a pobreza sob orientação do neodesenvolvimentismo6.
Estas propostas de equilibrar o crescimento econômico e
social têm como um dos seus principais fundadores, Amartya Sen, um dos membros da
presidência do Banco Mundial. Conforme Mota, Amaral e Peruzzo (2012)
No geral esses programas sociais apresentam uma melhoria nos índices sociais,
no entanto, sua aplicabilidade ocorre de maneira um tanto que contraditória, porque
impõe ao beneficiários uma série de critérios de elegibilidade e o cumprimento de
condicionalidades, sem mencionar sua base de financiamento que decorre dos
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O neodesenvolvimentismo é um “terceiro discurso” entre o discurso populista que se distância do
socialismo e do discurso neoliberal. Trata-se de um conjunto de propostas de reformas institucionais e de
políticas econômicas, por meio das quais as nações de desenvolvimento médio, buscam alcançar os níveis
de renda per-capita dos países desenvolvidos.
organismos multilaterais – Banco Central, Banco Mundial, etc –, mas este fator cabe
uma análise minuciosa da condução por esses órgãos. Como indica Coggiola (2013)
CONSIDERAÇÕES FINAIS