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INTRODUÇÃO
Conforme um estudo histórico quanto à formação do sistema-mundo atual,
observa-se o conceito de “colonialidade de poder”, que indica a constituição de um
poder mundial baseado na imposição capitalista moderna-colonial de origem e
vertente eurocêntrica. Tal colonialidade de poder reflete significativamente na
disposição de riquezas globais e, por consequência, na diferenciação econômica e
social entre os países.
Isso posto, a globalização em curso é, a priori, a culminação de um processo
que começou com a constituição da América e do capitalismo colonial/moderno,
eurocentrado como um novo padrão de poder mundial (QUIJANO, 2005). Ademais,
a ação de globalizar sustenta o domínio econômico do chamado neoliberalismo, no
mundo e, à vista disso, na América Latina.
Cria-se uma falsa ideia da globalização como um processo homogeneizador:
graças a ela, todos seremos, antes ou depois, iguais e, em particular, os latino-
americanos serão iguais em desenvolvimento, cultura e bem-estar aos seus vizinhos
do Norte e da Europa (VILAS,1998).
Tendo em vista o sistema-mundo atual, o desenvolvimento histórico de
colonialidade e a perspectiva da globalização em forma real, e não determinante de
falsas ideias, o presente artigo buscará responder o seguinte questionamento: Como
realmente se apresenta a globalização na América Latina e qual a causa disso?
4. A QUESTÃO DA DEPÊNCIA
Na teoria da dependência, a globalização é vista como um processo que
intensifica e perpetua as assimetrias econômicas e sociais entre os países. Na
América Latina, esse fenômeno se manifesta de diferentes maneiras.
Primeiramente, a abertura dos mercados e a integração econômica global muitas
vezes resultam em uma especialização produtiva voltada para a exportação de
commodities e produtos primários de baixo valor agregado, enquanto as nações
centrais monopolizam as indústrias de alta tecnologia e valor agregado. Isso cria
uma dinâmica de subordinação econômica, na qual a região latino-americana se
torna dependente da demanda externa e está sujeita a oscilações nos preços das
commodities.
Além disso, a teoria da dependência argumenta que a entrada de capital
estrangeiro na América Latina ocorre de forma desigual, com investimentos
frequentemente concentrados em setores extrativistas, como mineração e
exploração de recursos naturais, em vez de impulsionar o desenvolvimento de
indústrias locais. Isso resulta em um padrão de dependência financeira, em que os
países latino-americanos se tornam suscetíveis a flutuações no mercado financeiro
internacional e a políticas econômicas ditadas por interesses externos.
No âmbito político, a teoria da dependência destaca a influência exercida
pelos países centrais sobre as nações periféricas da América Latina. Isso se
manifesta em intervenções políticas, como o caso da intervenção dos Estados
Unidos no Chile em 1973, apoiando o golpe militar liderado por Augusto Pinochet.
Tal intervenção visava proteger os interesses econômicos e políticos dos Estados
Unidos na região. Além disso, também ocorreu a intervenção dos Estados Unidos na
República Dominicana em 1965, durante a Guerra Civil Dominicana (GALEANO,
1971). Nessa situação, os Estados Unidos enviaram tropas para intervir no conflito
interno e preservar a estabilidade política favorável aos seus interesses.
Sem contar o impacto da construção social e cultural da população latino-
americana, que além de ter tido o europeu como referência para língua, política e
modelo de economia; há também a influência dos meios de comunicação global, em
sua maioria controlados por conglomerados internacionais, contribuindo com a
disseminação de padrões culturais e de consumo estrangeiros, muitas vezes em
detrimento das expressões culturais locais. Isso contribui para a homogeneização
cultural, marginalização das identidades e reforçam os estereótipos impostos de
fora.
Apesar de sofrer críticas de limitante por ser determinista e simplificar as
relações internacionais em termos de centro-periferia, esta teoria traz à tona
aspectos que precisam ser levados em conta quando o assunto é globalização: as
influências da dominação pela história americana nos aspectos econômicos,
políticos, sociais e culturais que compõem uma visão mais próxima do que é e
impactou a América Latina durante seu momento de internacionalização.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A globalização pode ser aferida de inúmeras maneiras, contudo, sua
influência nas trocas econômicas, culturais e sociais entre os países identifica uma
realidade de segregação. Ideias falsas são impostas por Estados Nações
dominantes, como a de que “globalização” é um processo homogêneo, que conduz
ao progresso e à democracia, a fim de pressupor ideologias fantasiosas aos Estados
pouco privilegiados.
A América Latina, região historicamente afetada por ter sido colonizada de
forma invasiva e explorada sem precedentes, condiz como um exemplo de realidade
social e econômica influenciada pela perversidade da globalização. Os
países membros são alguns dos muitos territórios subdesenvolvidos mundialmente,
uma característica construída através do conceito de colonialidade de poder,
permitindo espaço ao sistema-mundo capitalista moderno-colonial.
. O fenômeno que se apresenta como um processo de interconexão e
integração global, opera com uma dinâmica aprofundada nas desigualdades, que
centra o poder econômico e político nas mãos de grandes corporações e países
dominantes.
Essa abertura econômica e a liberalização comercial impostas pela
globalização têm prejudicado os setores produtivos locais, levando à
desindustrialização e à dependência excessiva das exportações de commodities.
Processos como esses, percebidos em excesso no cenário latino-americano,
permite compreender que a situação de dependência e limitação de
desenvolvimento da América Latina, primordial para o mundo global, consolidou-se
no cenário internacional por meio de subjugação de países desenvolvidos e hoje
sofre com o seu lado perverso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS