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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS


ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM LITERATURA
LINHA DE PESQUISA EM LITERATURA E RECEPÇÃO

DISCIPLINA: Estudos pós-coloniais, decoloniais e transmodernidade


DOCENTE: Prof. Dr. Tiago Silva
Discente: Luciana Novais Maciel (matrícula: 202011008305)

ATIVIDADE 3

São Cristóvão/SE
Outubro/ 2020
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In:
Colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Buenos Aires: Clacso,
2005.

A discussão apresentada por Quijano nos coloca diante da história das


Américas, nos permite refletir sobre o apagamento de diversas identidades culturais,
de povos que lutaram contra a hegemonia do poder europeu. Diante da
categorização de raça nas relações entre colonizado e colonizador configurou assim
um novo formato de poder entre as identidades das Américas, sendo que as
características das raças dominadas legitimaram o poder eurocêntrico como a
relação colonial de dominação. “As relações de controle de trabalho estavam
fundamentadas no controle capital e no padrão de poder” (QUIJANO, 2005, p. 108)

Na estrutura global de controle de trabalho há uma associação com a ideia de


raça dominada a partir da caracterização das identidades descritas historicamente,
produzidas a partir da natureza dos papeis e lugares na sociedade. Uma condição
que perdura até os dias atuais na definição das profissões, do valor da
remuneração, das vagas de emprego, das funções exercidas que são, muitas vezes,
definidas pela cor da pele. Além de provocar essa mercantilização da força de
trabalho, houve influência também no aspecto do desenvolvimento dos saberes,
“como parte do novo padrão de poder mundial, a Europa também concentrou sob
sua hegemonia o controle de todas as formas de controle e subjetividade, da cultura,
e em especial do conhecimento, da produção do conhecimento”. (QUIJANO, 2005,
p. 110)

Quando o autor nos diz “O futuro é um território temporal aberto” (p. 114) nos
coloca diante de uma perspectiva de crescimento de diversos povos no mercado
mundial, o que pode afetar a dominação da Europa, provocando uma nova
subjetividade porque há uma nova percepção de mudança da sociedade. O que
gera um conflito de interesses sociais, principalmente no que tange a “contínua
democratização da existência social das pessoas. Nesse sentido, todo o conceito de
modernidade é necessariamente ambíguo e contraditório”. (QUIJANO, 2005, p. 114)

O poder eurocêntrico que tinha total domínio do capital sofreu mudanças


antes e após as Américas. Os povos que aqui se encontravam , antes denominados
pelas tribos as quais pertenciam, após o processo de colonização tiveram suas
identidades modificadas, passaram todos a ser identificados, denominados como
índios, sendo “uma nova identidade racial, colonial e negativa” (p. 116). O que
ocorreu com os povos negros trazidos como escravos, cada grupo com sua
identidade cultural definida, mas após o embate da colonização, passaram a ser
denominados como negros. São milhares de povos despojados de suas identidades
particulares, com suas singularidades e historicidades violadas, implicando assim,
diante da negatividade, um lugar na história cultural da humanidade.

A discussão de Quijano engloba também as relações sociais e políticas da


população excluída diante da condição de um processo de modernidade enraizada
na colonização. Visto que é urgente a descolonização no âmbito do controle das
subjetividades, do conhecimento e das ideologias.

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