Você está na página 1de 3

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS


ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM LITERATURA
LINHA DE PESQUISA EM LITERATURA E RECEPÇÃO

DISCIPLINA: Estudos pós-coloniais, decoloniais e transmodernidade


DOCENTE: Prof. Dr. Tiago Silva
Discente: Luciana Novais Maciel (matrícula: 202011008305)

ATIVIDADE 8

São Cristóvão/SE
Novembro/ 2020
LUGONES, María. Rumo a um feminismo descolonial. Estudos Feministas.
Florianópolis, n. 22, setembro-dezembro, 2014.

María Lugones, propõe uma leitura da relação entre o colonizador e o


colonizado em termos de gênero, raça e sexualidade, com o objetivo de discutir as
relações estabelecidas entre os exploradores eurocêntricos e os demais povos. A
autora aponta o momento de se pensar como sujeito de revisão, de decodificação,
de buscar alternativas, de conscientização no processo de civilização/colonização
das Américas. “Só os civilizados são homens ou mulheres. Os povos indígenas das
Américas e os/as africanos/as escravizados/as eram classificados/as como espécies
não humanas – como animais, incontrolavelmente sexuais e selvagens”. (p. 936) Os
homens eram considerados sujeitos capazes de tomar decisões para a população e
as mulheres eram vistas capacitadas apenas para a reprodução.

Lugones aponta a condição das dicotomias impostas pelo colonial moderno


como uma situação que tem agravado as relações sociais, principalmente para as
mulheres negras, cuja categorização coloca os indígenas ou os africanos
escravizados como “não-humanos, como animais, incontrolavelmente sexuais e
selvagens”. (p. 936) Sendo o homem branco europeu colonizador significado de
perfeição, enquanto as mulheres eram consideradas a inversão deformada do
masculino, as outras situações/condições sexuais eram definidas como aberrações.

A autora desbrava o desafio de romper com as diferenças impostas pela


colonização, na qual o espaço é dominado, exercido pelo poder da colonialidade.
“Estou propondo um pensamento de fronteira feminista, onde a liminaridade da
fronteira é um solo, um espaço, uma fronteira, não apenas uma fenda, não uma
repetição infinita de hierarquias dicotômicas entre espectros do humano
desalmados”. (p. 947)

“A leitura que eu quero efetuar vê a colonialidade de gênero e rejeição,


resistência e resposta. Se adapta à sua própria negociação sempre de maneira
concreta, desde dentro, por assim dizer”. (p. 947)

Compreendo aqui que as discussões propostas por Lugones apresentam-se


para os estudos culturais e de recepção com metodologias de estudo para os textos
literários, ao que se referem a decodificação e a decolonialidade presentes nas
obras e que o leitor/pesquisador deverá analisar e construir um diálogo entre a obra
e a sociedade.

Você também pode gostar