Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Lições
Marcos Caruso Amit Goswami
Paixão pela O físico indiano
arte de atuar fala sobre Ciência
e Espiritualidade
de
no teatro
ASSINE S KY !
I n f o r m a ç õ e s : 0 8 0 0 7 7 0 7 9 4 0 • w w w. b o a v o n t a d e t v. c o m
Sumário
6 18 24 28 34
38 52 68 90
6 Editorial 60 Opinião — Mídia Alternativa
O Milênio das Mulheres
64 Saúde
10 Cartas, e-mails, livros e registros 68 História
17 Opinião Esportiva Os cem anos da imigração japonesa no
Brasil
18 Comunicação
Villas-Bôas Corrêa 77 Notícias do Sul
24 Samba & História 78 Ecumenismo Irrestrito
Altay Veloso
80 Responsabilidade Social
28 Perfil 82 Arte na Tela
Mylton Severiano da Silva
EDITORIAL O jornalista Paiva Netto escreve
“O Milênio das Mulheres”
HISTÓRIA Um século de imigração japonesa
no Brasil
84 Melhor Idade
33 Utilidade pública
89 Cidadania
34 Teatro
90 Fórum Mundial Espírito e Ciência, da LBV.
Villas-Bôas Corrêa Myltainho Altay Veloso
Memória Alma de editor Valores e crenças
Marcos Caruso
do Brasil e gênese de do compositor
contemporâneo repórter brasileiro
38 Especial — Capa
e Espiritualidade
de
no teatro
Aula de Jornalismo
| BOA VONTADE
Ao leitor
Reflexão de BOA VONTADE Família: tema recorrente nesta revista. Está em entrevistas
e conteúdos distintos. Logo no Editorial, o escritor Paiva
Netto homenageia o gênero feminino no artigo “O Milênio das
A Caridade não é um sentimento de Mulheres”, pois, segundo ele, pelas mãos delas se alcança a
estabilidade do lar e, por conseqüência, do próprio mundo.
tolos. É uma estratégia de Deus, que Em evidência, neste número, entrevistas de cidadãos
bem-sucedidos — pessoas que alcançaram notoriedade por
estabelece nos corações a condição seu trabalho e determinação — que destacam a convivência
familiar e a influência dela no crescimento pessoal. Foi por essa
ideal para que se trabalhe, governe, perspectiva que anotamos frases como a do veterano jornalista
Mylton Severiano: “Como é importante ter pais legais”,
empresarie, administre, pregue, referindo-se ao primeiro texto seu, publicado por volta dos 9
anos, por incentivo do pai. Outro que ressalta a convivência
faça Ciência, elabore a Filosofia e se positiva no lar é o ator Marcos Caruso: “Eu ia muito ao teatro
infantil. Minha tia-avó me levava, e isso sempre foi um grande
viva, com espírito de generosidade, a estímulo para que eu descobrisse o meu talento”.
O centenário da imigração japonesa no Brasil é tema
Religião. de reportagem nesta edição. Nela, podem-se ver os mo-
tivos que influenciaram essa epopéia e o que representou
Extraído da nova edição do livro Cidadania do Espírito, esse movimento para os cerca de 1,5 milhões de descen-
de autoria do escritor Paiva Netto, lançado pela Editora Elevação. dentes japoneses nascidos em nosso País.
Ainda destacamos a descontraída entrevista com os
jornalistas Jorge Bastos Moreno, Cristiana Lôbo e
Sílvia Faria que, entre outros temas, falaram da profissão,
da comunicação no dia-a-dia e das mudanças na mídia
desde o aparecimento da internet.
Boa leitura!
BOA VONTADE |
Editorial
Photos.com
O Milênio
das
Mulheres
“A Mulher, o lado mais
formoso da Humanidade,
singulariza o alicerce de todas
as grandes realizações. Aquilo
que fisicamente nos constitui
é gerado em seu ventre (...).
Nossos primeiros passos no
desenvolvimento da cidadania
são por ela guiados, ao nos
conduzirem pelas mãos. A
estabilidade do mundo começa no
coração da criança. Por isso, na
LBV praticamos, há tantos anos, a
Pedagogia do Afeto.”
| BOA VONTADE
que diz respeito à ascensão moral e crescente, ao contrário do que se
João Preda
espiritual, convidei — nas diversas podia antes imaginar, que atinge,
oportunidades em que me dirigi ao de maneira muito dura e cruel, as
Povo, naqueles dois dias, no Templo mulheres, muito mais do que os
da Boa Vontade, na sede do homens. Elas trabalham
Divulgação
ParlaMundi da LBV e na em casa e fora de casa e
Praça Alziro Zarur , em
*1
têm de assistir, de viva-
frente ao Conjunto Ecumê- voz, olho no olho, todas as
nico da Boa Vontade — os carências de sua família
que me privilegiaram com (...). Fica cuidando do
seu apreço, em 2000, a dar Heloneida Studart filho doente que não tem
boas-vindas ao Milênio das remédio, preocupa-se por
José de Paiva Netto, jornalista,
radialista e escritor. É diretor-
Mulheres. não poder dar vitamina às crianças
presidente da LBV. Com atenção assisti, àquela al- e não ter como comprar frutas, vê
tura, à entrevista concedida à Boa mais vezes a conta da luz que está
N
Vontade TV pela saudosa escritora atrasada...
uma justa homenagem Heloneida Studart (1932-2007), “A ONU tem uma estatística
ao ente humano, que que dissertou sobre o relevante papel mostrando que a mulher pobre tra-
dentre tantas virtudes que elas vêm assumindo no âmbito balha mais que o homem, porque
possui o dom de trazer- da melhoria da qualidade de vida: atua em várias frentes: no lar, na
nos à vida, separei trechos do meu rua, na empresa, enfim, estão ativas
livro O Capital de Deus, Editora “O feminismo tem sido sempre em grande quantidade de tempo por
Elevação. Antes de transcrevê-los, o mesmo, mas enriquecido de no- dia. Em geral, quando saem para o
quero destacar que há muitas formas vas reivindicações. Existe uma ala emprego, já têm duas ou três horas
de ser mãe, como escrevi no Correio dele, principalmente no Primeiro de serviço executadas no próprio
Braziliense, em 1987: mesmo quan- Mundo, que agora está engajada na lar e, ao voltarem para casa, ainda
do não seja pela feição carnal, por- luta contra a pobreza, um fenômeno têm tarefas a cumprir. O aumento
quanto há outras sublimes maneiras
de o ser, inclusive dar à luz grandes
realizações em prol da Humanidade. Vista parcial do histórico “Bem-Vindo, Ano 2000!”
Espero que apreciem: Em frente ao Conjunto Ecumênico da LBV, em Brasília/DF,
ocorreu o grandioso Congresso que contou com a presença,
É notável a sensibilidade femi- segundo informações oficiais, de cerca de 200 mil pessoas,
de todas as partes do Brasil e do Exterior, para saudar a
nina também para com os assun- chegada do ano 2000. Sob a liderança de Paiva Netto, o
tos transcendentais. Mirando as Povo presente reuniu-se pela Paz mundial.
perspectivas dos próximos anos,
em que, por força do instinto de
subsistir, as consciências poderão
mostrar-se mais fecundas a tudo o
BOA VONTADE |
Editorial
dos espaços de lazer para elas, com cerce de todas as grandes Nunca como
a diminuição da carga trabalhista, realizações. Aquilo que fisi- agora se fez tão
é uma reivindicação do chamado camente nos constitui é gerado indispensável unir os
novo feminismo”. em seu ventre (...). Componen- esforços de ambientalistas e seus
Touché, cara Heloneida. tes do gênero feminino se traduzem detratores, como também traba-
em elemento preponderante para lhadores, empresários, o pessoal
A Mulher e a estabilidade a sobrevivência das boas causas. da mídia, sindicalistas, políticos,
do mundo Organizações estáveis contam com militares, advogados, cientistas,
Não há como impedir — con- mulheres estáveis. (...) O meu fito religiosos, céticos, ateus, filósofos,
soante ainda hoje alguns de forma aqui é ressaltar quanto é primacial sociólogos, antropólogos, artistas,
simulada gostariam — a destacada para a evolução humana e a segu esportistas, professores, médicos,
e frutífera participação delas nos rança do mundo a missão da Mulher estudantes, donas de casa, chefes de
vários setores da sociedade para (...). Nossos primeiros passos no família, barbeiros, taxistas, varredo-
que o progresso alcance pleno êxito desenvolvimento da cidadania são res de rua e demais segmentos da
em magnífica cruzada de resgate da por ela guiados, ao nos conduzirem sociedade, na luta contra a fome e
cidadania, conforme o exposto pela pelas mãos. A estabilidade do mundo pela conservação da vida no Plane-
dra. Heloneida. Adesão que natu- começa no coração da criança. Por ta. O assunto tornou-se dramático,
ralmente inclui os que gerenciam as isso, na LBV praticamos, há tantos e suas perspectivas, trágicas. Pelos
ações político-governamentais, em anos, a Pedagogia do Afeto. mesmos motivos, urge o fortale-
que é essencial o alento renovador da cimento de um ecumenismo que
Espiritualidade Ecumênica, sem o Há muito que aprender supere barreiras, aplaque ódios,
que a eficiência permanecerá aquém com o próximo promova a troca de experiências
dos anseios populares. Em Globalização do Amor Fra- que instiguem a criatividade global,
A Mulher, o lado mais formoso terno*2, mensagem endereçada à corroborando o valor da cooperação
da Humanidade, singulariza o ali- ONU, em 2007, ponderei: sócio-humanitária das parcerias,
como, por exemplo, nas cooperati-
vas populares em que as mulheres
têm grande desempenho, destaca
do o fato de que são frontalmente
contra o desperdício. Há muito
que aprender uns com os outros.
Um roteiro diverso, comprova-
damente, é o da violência, da
brutalidade, das guerras, que
invadiram os lares em todo o
orbe. Resumindo: cada vez
que suplantarmos arrogância
e preconceito, existirá sempre
o que absorver de justo e bom
com todos os componentes desta
ampla “Arca de Noé”, que é o
mundo globalizado de hoje.
A escritora e filósofa francesa Si
mone de Beauvoir (1908-1986) foi
feliz ao inspiradamente concluir:
“— Não há uma po- da Mulher”, em 2007, na sede das
Arquivo BV
sua glória a menos que as gerações futuras”. no título deste artigo. Não se trata
mulheres estejam lado a de erro ou distração no emprego do
lado com os governos”. Verdade seja dita, ho- vocábulo em português. É ‘conSerto’
mem algum pouco rea- mesmo, porquanto, da forma que se
A Alma da liza de verdadeiramente encontra o mundo a pré-abrasar-se
Charles McIver
Humanidade proveitoso em favor da com o aquecimento global, é melhor
Para finalizar, apresen- Paz se não contar, de que os sexos confraternizem, unam
to-lhes um pequeno trecho de outra uma forma ou de outra, com a forças e realizem o conSerto urgente
página — “A Mulher no conSerto*3 inspiração feminina. Realmente, do que ameaça quebrar-se, porque,
das nações” — que igualmente pois, “se você educar um ho- do contrário, poderemos acabar
enviei à ONU, em nova oportuni- mem, educa um indivíduo; mas nuclear ou climaticamente cozidos
dade, e que foi traduzida por ela se educar uma mulher, educa uma numa panela fenomenal: o Planeta
em seus seis idiomas oficiais, por família”. Exato, McIver. que habitamos. (...) Isto sem falar no
ocasião da “51a Sessão do Status (...) ameaçador bioterrorismo”.
BOA VONTADE |
Cartas, e-mails, livros e registros
Profundidade e correta
TADE. A entrevista com a minha foto da campanha [de Natal], à qual eu aderi e sempre vou aderir,
com Lya Luft está porque a LBV faz uma diferença enorme para nós, brasileiros, que precisamos
maravilhosa. Muito dela e do empenho do Irmão Paiva nessa luta para diminuir no mundo o egoísmo
obrigada, um abra- e trazer Amor. Quando eu penso no Irmão Paiva, penso em Amor”.
Diversida
de ço a todos. (Con- Beto Junqueyra também deixou seu recado: “Paiva Netto, é sempre um pri-
cultural
do Brasil
Pontos de
vista, repor
histórias de
tagens,
ceição Cavalcanti, vilégio ter o prestígio da LBV. Nós temos um carinho muito grande por vocês.
coordenadora do
registros e da
Um grande abraço”.
brasileiros
destacados social, meio
ão
comunicaç co, política,
poder públi a.
ambiente, ção e cultur
esporte, educa
10 | BOA VONTADE
Padrão de qualidade
Estou impressionado com a qua-
O famoso compositor e humorista Juca Chaves, ao
lidade da revista. Gostei bastante da visitar recentemente a sede da Boa Vontade TV,
entrevista com o jornalista Ricardo em São Paulo/SP, ressaltou o prazer que tem de
Boechat. Muito interessante! Coisas colaborar com a LBV, tendo em vista a seriedade
que eu não sabia a respeito desse do trabalho que ela realiza: “Não sou religioso,
profissional passei a conhecer. A
mas penso que a vida, com Boa Vontade, abre
BOA VONTADE,
quando busca uma sentante
es Unidas/N
ova York
das Naçõ Metas do Milênio.
doroff, repre setoriais pela
ele Billant-Fe oficinas inter
s Oito
,
caminhos para o mundo. Não existe Paz
se não houver Boa Vontade. (...) Gosto
Dra. Mich ove
stras da a LBV prom
iação e pale , ONU/Brasil,
Com aval UNIC-Rio
do
personagem ou per-
e o apoi o
sonalidade, tem-se
Sa
O De SOU
MaU RICI
i
aBRe
fu
“Sempre
o para fare
jar “
que cantaram para mim hoje. Que eu seja
muitos desses competitiv r as jazidas
e localizaerência, paixão e polêmpoucica:o
entrevistados
Elias Paulo
sa o jorna
ria e anali
de sua histó
Cida Linares
revista no Brasil. O conteúdo dela
é importantíssimo, não se restringe
a um só tema, abre um leque para
informar assuntos da LBV, como
os nacionais e internacionais. (Beto
Lago, jornalista da Federação
Pernambucana de Futebol, de
Recife/PE)
Japiass
jornal a participação da LBV, nós u,
jornalis
mo,
aos quais e falou dos
projetos
a exemp se dedica atualme
lo da famosa nte, “Quando
“Jornal estava no
da coluna Nordeste
Janistra
muniqu hoje estou aí num instante
que, com e-se.com portal cabelo todo com vieram eles se resolver
.br), em para cá
os erros o uso da sátira, branco e não essa a aventur e eu vim am;
quis
de gramáti
textos jornalís ca e estilo
critica dá para ver a!
junto. Foi
—,
ticos, dos cabelo vermelh tinha um
e boas
se canal
um meio fazendo des- BV — Logo
história
(...) Um graçado
BOA VONTA o. dia, estou ? fato en-
numa Japias
começa DE de trem para estação su —
s
r falando — Podem os nunca
aconte Não, comigo
Nordes
te, ainda de sua vida no
voltar para gorosamente ceram fatos
o interior engraçados, ri-
foi a mudanç menino
. Como e, na hora que sempre
Região a do saí de um tragicô mas
Sudeste sertão para a bar onde Na verdade micos
(risos)
U
a no chamad tosa. Por É uma coisa no
as Secas al de Obras - das onde andava espan-
secas — o polígon uma
m descon (Dnocs Contra o estou atenção danada , chamava
ual . É que .
Jornalis ao I Salão Nacion ação começa ta nem mesmo vista à para dar
não os
tentou dizer as repentin BV — Você
ta Escritor al do do a ser Legião as.
gravada havia preciso entre-
Rosevalte
(veja reporta- nalista da Boa versou com não, mas antes Ele ca cosmop destaca a caracte
logo eo usar óculos Vontade é con-
18 meus óculosdisparou: “Esquejor- não de o dr. Athaydea minha mãe: “Neusa te, mas olita da rísti-
| BOA
mentira de verdade hoje resideRegião Sudes-
BOA VONTADE | 11
Cartas, e-mails, livros e registros
12 | BOA VONTADE
Nilton Preda
Divulgação
Pepita Rodriguez Templo da Boa Vontade e ParlaMundi da LBV — SGAS 915, lotes 75/76.
Tel.: (61) 3245-1070 — Brasília/DF
cozinhando entre amigos Glória Pires e Orlando Morais
Simone Barreto
Pepita Rodriguez há muitos visitam o Templo da LBV
anos divide seu tempo entre o tea- Simone Barros
tro, a pintura, a literatura e a criação
A atriz Glória Pires e o marido,
Rafaela Fernandes
BOA VONTADE | 13
Cartas, e-mails, livros e registros
P e d a g o g i a d o C i d a d ã o Ec u m ê n i c o
Comprometimento com o futuro
De Londrina/PR, a leitora da revista BOA VON- em nossas escolas, faculdades e secretarias de Edu-
TADE Denise Sales dos Santos, pós-graduada em cação um projeto pedagógico de tamanha força e
Língua Portuguesa pela Universidade Norte do comprometimento.
Paraná, escreve à redação, destacando trecho do “Paiva Netto, além de nos mostrar a importân-
discurso do jornalista e escritor José de Paiva Netto cia de trabalhar com a alma e o coração, ou seja,
ao corpo docente do Instituto de Educação da Legião a Espiritualidade ligada à sabedoria, deixa claro o
da Boa Vontade, na capital paulista, em que papel que temos na vida da sociedade e que
Rosângela Guedes
o autor pondera sobre a qualificação pela depende de nós, professores, essa forma-
qual crianças e jovens devem se preparar ção qualificada e eficaz. E mais: verifiquei
para o ingresso no mercado de trabalho. que esse discurso foi publicado em vários
A respeito do texto publicado na página idiomas, um deles o Esperanto, uma língua
4 da edição no 220 da revista (de discurso universal, neutra e internacional, que sur-
proferido originalmente em 1999), co- giu não para substituir outra língua, mas
menta Denise: “Lendo a BOA VONTADE, para somar.
me surpreendi com a matéria que traz as “Conhecendo a Legião da Boa Vontade
palavras do presidente das Instituições da Boa em Londrina/PR, constatei que a LBV é assim, ou
Vontade, José de Paiva Netto, dirigidas ao corpo seja, uma soma de valores, culturas, crenças, ide-
docente do belíssimo Instituto de Educação da LBV. ologias. Uma soma à Humanidade. Coincidência?
Como educadora, não poderia deixar de expressar Acredito que não. Visão de um grande homem e uma
quanto nossa formação seria melhor se tivéssemos grande Obra presentes neste Planeta”.
14 | BOA VONTADE
Ao Coração de F O R T A L E Z A / C E
Leontina Maciel
recentes lan-
çamentos da
Editora Eleva-
ção. Escreve
Moacir: “O
diretor-presi-
dente da Le-
gião da Boa
Vontade (LBV), José de Paiva
Netto, está lançando Ao Coração
de Deus — Coletânea Ecumênica
de Orações, dirigida para quem
quer melhorar a auto-estima e O presidente da Provider, sr. Arnaldo Haimenes (E), o sr. Vicente Ximenes,
supervisor, e o sr. Wilson Matias, gerente, entre as crianças da LBV.
renovar energias por meio da
oração. Segundo os editores, é
Largos sorrisos e músicas, realiza. (...) Hoje vi e senti o
‘essencial para todos aqueles que
na voz das crianças do Coral aprendizado de se formar um
acreditam que, por intermédio
Ecumênico Infantil LBV, aten- Cidadão Ecumênico. Essa mis-
da prece, pode-se alcançar uma
didas pela Instituição, na capital são está presente nesta Casa”,
força poderosa, não só para aten-
cearense, deram as boas-vindas disse.
der às necessidades materiais de
à diretoria da Provider Ltda., O sr. Wilson Matias, ge-
nossas vidas, mas também para
que visitou o Centro Comuni- rente da filial da Provider no
acalentar o coração e a alma de
tário e Educacional da Legião Ceará, também agradeceu,
todos’. São 50 orações das mais
da Boa Vontade, no dia 13 de afirmando seu apoio à Insti-
diversas tradições religiosas, que
fevereiro. O presidente da em- tuição: “Quando for possível,
expressam as diferentes maneiras
presa, sr. Arnaldo Haimenes, a Provider estará presen-
de vivenciar a fé”.
encantou-se com as crianças. te participando em parceria
“Assistimos a uma apresen- com a LBV”. Nesse sentido,
O livro Ao Coração tação maravilhosa. Nós, da o supervisor de qualidade da
de Deus — Provider, estamos muito satis- empresa, sr. Vicente Ximenes,
Coletânea Ecumênica feitos em ajudar uma Entidade também destacou: “Estamos à
de Orações (versão
pocket) está disponível
como a LBV, que preza por um disposição em contribuir para
nas principais livrarias aspecto fundamental: a Cida- o crescimento do trabalho de-
do País ou pelo Clube dania. Formar o cidadão é um senvolvido pela Legião da Boa
Cultura de Paz: 0800 trabalho fenomenal que a LBV Vontade”.
77 07 940.
BOA VONTADE | 15
Isabella Schultz Ekstein Mota Santana é ganhadora da promoção cadeira de rodas “Sua história vale um sonho”.
Realidade só no
Photos.com
Campeonato Brasileiro
José Carlos Araújo
especial para a BOA VONTADE
O
s principais clubes do País dade até secular em jogo. O título decisivas do campeonato, porque
se reforçaram. Buscaram o estadual é uma ambição de todos se tornaram presas fáceis no cam-
que podiam ter de melhor. e uma cobrança dos torcedores. po dos adversários. Uma fórmula
Na maioria das vezes, as No entanto, a qualidade dos em que todos são enganados: os
contratações não foram aquelas participantes, na maioria dos pequenos, que trocam suas chan-
sonhadas pelos torcedores, mas as estaduais, é discutível. E, quan- ces por dinheiro; os grandes, que
que as finanças permitiram. Por do os adversários são fracos, os não conseguem medir o tamanho
isso mesmo, os times são vistos grandes acabam iludidos. Podem de sua força; e os torcedores, que
com desconfiança. não ter formado equipes tão fortes acabam iludidos.
Há exceções, como o Flumi- quanto pensam para o restante As conseqüências surgem
nense, que se reforçou com Dodô, do ano. quando disputam a Taça Liber-
Leandro Amaral, Washington, Com certeza, isso não acontece tadores da América e o Cam-
Dario Conca e outros. Ou mes- em São Paulo. Mas fica evidente peonato Brasileiro. Aí, sim, é a
mo o São Paulo, que fez a mais em Minas, no Rio Grande do Sul hora da verdade, quando quem
importante contratação do futebol e em outras grandes praças, espe- tem competência vai em frente e
brasileiro: Adriano. cialmente no Rio de Janeiro, onde quem não tem sucumbe. É elimi-
No entanto, outros grandes o Estadual tem um regulamento nado, no caso da Libertadores, ou
clubes só vão ter a força avaliada inteiramente a favor dos grandes corre o risco de rebaixamento no
de verdade no Campeonato Bra- clubes. Brasileiro.
BOA VONTADE | 17
Comunicação
Villas-Bôas Corrêa
18 | BOA VONTADE
Memória do Brasil
contemporâneo
Villas-Bôas Corrêa e os felizes 60 anos de jornalismo
Rodrigo de Oliveira e Simone Barreto
A
Reportagem fotográfica: André Fernandes
oportunidade de conver- ca: completa seis décadas de tra- analista. Cultivando boas fontes
sar com um dos ícones balho no próximo 27 de outubro. de informação e qualidade na
do jornalismo político No trato diário com o noticiário escrita, passou por diversas mí-
em atividade no Brasil político, diz que sempre procura dias, como o Diário de Notícias,
é uma experiência única. Afinal, a isenção no que escreve, a ponto a Rádio Nacional, O Estado de
como o próprio Luiz Antonio de jamais ter declarado voto, ou S.Paulo (durante 23 anos); foi
Villas-Bôas Corrêa gosta de lem- ter-se filiado a qualquer partido. comentarista político da extinta
brar, “talvez seja o último sobre- A fim de garantir o requisito, TV Manchete e um dos funda-
vivente da geração que cunhou o para ele, fundamental em sua dores do jornal O Dia, no qual
modelo de reportagem política que atividade: a credibilidade como trabalhou até aposentar-se, em
ainda hoje se pratica”. Villas-Bôas 1998. No ano seguinte, voltou ao
Corrêa, como ficou conhecido esse Jornal do Brasil e atualmente as-
Marco Rodrigues
BOA VONTADE | 19
Comunicação
1 2
BOAS RECORDAÇÕES DO RIO ANTIGO Sempre abordando temas sociais, em um de
seus “Comandos Parlamentares”, o jornalista vai a campo, na favela da Mangueira, na
companhia de dois deputados e um religioso. No percurso, encontram um grupo de pesca-
dores que se alimenta em volta de um cesto de caranguejos. “Não vão nos convidar para
comer?”, questionou o deputado Heitor Beltrão, que aparece sentado (foto 1) ao lado do
também parlamentar Breno da Silveira (paletó branco). À esquerda, estão o padre Medei-
ros Neto e Villas-Bôas. “Esse era o Rio de Janeiro daquele tempo”, recorda o jornalista.
20 | BOA VONTADE
3 4 5
VILLAS-BÔAS EM ALGUNS MOMENTOS (2) A fé do povo nordestino, uma das
pautas de uma série de reportagens sobre a seca no sertão, elaborada em 42 dias
e com passagens por diversas cidades, entre o Rio de Janeiro e o Ceará. (3) O
jornalista (em destaque), durante coletiva de imprensa com o presidente
Juscelino Kubitschek. (4) Cumprimenta o então governador do Estado de
e n tr a e m u m a redação
São Paulo, Adhemar de Barros. (5) Encontro com o presidente da Argentina “Hoje, você estar em uma
Arturo Frondizi, que exerceu o cargo entre 1958 e 1962.
p re s s ã o d e
e tem a im e : todo mundo
m a te rn id a d
um grande jornalista na cidade do necessidade. As manchetes espécie de vendo aquilo,
d a te le v is ã o
Rio de Janeiro. Ele me deu uma passaram a ser, em geral, em frente mandar um
carta para entregar ao Cândido sobre a área. Um belo dia fui o n v e rs a . P a ra
ninguém c r com o colega
de Campos, dono do A Notícia, buscar o “boneco” (usava-se à
v e z d e fa la
do Rio. Apresentei-me ao Silva época a fotografia do rosto da recado, em putador. O
a s s a p e lo c o m
Ramos, que foi o meu grande pessoa) de um suicida, perto ao lado, p
professor, mestre de jornalismo, do centro do Rio, e entrei num
ó c io é m u it o mecanizado.”
porque foi na base do trabalho; hotel para informar à redação ne g
era um sujeito exigente. Ele leu o que não havia “boneco” algum.
bilhete e disse: “O Bittencourt está Enquanto esperava, ouvi um
dizendo que você é bacharel, mas cidadão com sotaque estrangeiro,
não é necessariamente analfabeto. aos berros, ao telefone no fundo
Tire o paletó, sente ali e comece”. do corredor, com a cabine aberta,
Esse foi o meu curso de jornalismo falando com alguém de Porto
político. Demorou dois, cinco mi- Alegre. Comunicava o fato de ser
nutos, talvez. Tirei o paletó e, nesse vítima de uma tentativa de chan-
dia, voltei para casa lambendo a tagem por parte de um ministro
notícia, a minha primeira matéria de Estado, e que ia ter naquele
publicada, uma matéria simples, dia uma entrevista com o então
de uma coluna. ministro da Guerra, o general
Canrobert Pereira da Costa. Ele
BV — E a carreira no jornalismo se chamava Ivo Borcioni; apre-
político? sentei-me, disse que era jornalista,
Villas-Bôas — Foi muito rápi- bacharel, e que ouvira a conversa.
da. A Notícia não possuía repórter Combinei que iria como advogado
político e começou a existir essa dele à audiência com o Canrobert,
Comunicação
22 | BOA VONTADE
100 anos da ABI e 200 da imprensa BV — O senhor fala da família de Ao término da entrevista, Villas-
no Brasil... forma apaixonada. Esse convívio Bôas, que vem acompanhando o tra-
Villas-Bôas — Tenho absoluta foi importante para sua condição balho da LBV há décadas, registrou:
imparcialidade em avaliar isso. O intelectual, cultural e moral? “Tenho uma relação muito longa
Maurício Azêdo trabalhou comigo Villas-Bôas — Em geral, o jor- com a LBV, desde Zarur. Tinha
no Estado de S. Paulo, tivemos lá nalista da minha geração cultivava as referências mais elogiosas do
nossas divergências, mas considero muito a vida familiar. Quase sem Osório Borba, um pernambucano
absolutamente exemplar a admi- exceção, tiveram um casamento ranheta, grande jornalista e escri-
nistração dele. Ele não está só re- só. Essa fase de Brasília eu não pe- tor, que tinha a informação de que o
cuperando a Casa, o prédio, como guei, não quis ir para lá. Recebi um Zarur era um homem absolutamen-
também está movimentando todos convite absolutamente irresistível, te honrado, desprendido, que vivia
os setores. Tem sabido respeitar o para dirigir a sucursal do Jornal distribuindo a Sopa dos Pobres. O
contraditório. Na ABI, de vez em do Brasil em Brasília, mas não fui presidente atual, o dr. Paiva Netto,
quando, há palestras de pessoas que porque era difícil deslocar a famí- é sempre muito cordial comigo... eu
levam um pensamento inteiramen- lia, os meninos estavam estudando, o encontrei pessoalmente algumas
te diferente do que é predominante ia atrapalhar a vida deles. Trabalhei vezes. Um dia, ele me convidou a
na Casa; isso é perfeito. Acho uma sempre nesse ritmo; há pouco ir a Brasília (para uma visita ao
administração fantástica. Ele vai tempo é que se deixou de ter essa Templo da Boa Vontade), lá estive
dar o maior brilho possível a esse relação. Hoje, você entra em uma e fui muito bem recebido. Se não
centenário da Associação Brasilei- redação e tem a impressão de estar sou um crente de nenhuma reli-
ra de Imprensa. em uma espécie de maternidade: gião, também não sou um desafeto.
todo mundo em frente da televisão Contribuo, modestamente, com a
BV — O senhor chega aos 84 vendo aquilo, ninguém conversa. Legião da Boa Vontade há muitos
anos com boa memória e saúde. Para mandar um recado, em vez e muitos anos, e é o único lugar
Qual o segredo para manter-se de falar com o colega ao lado, em que colaboro financeiramente.
bem? passa pelo computador. O negócio Apenas ajudo a LBV porque merece
Villas-Bôas — Reflete um é muito mecanizado. a minha confiança”.
preço meio grande porque nunca
fui boêmio, não tive tempo. Casei
muito moço. O Marcos nasceu
nove meses depois e, Marcelo,
um ano depois. De repente estava
eu com mulher e dois filhos, mo-
rando na casa do sogro. Embora
tenha sido bem tratado lá, estava
louco para ter minha casa. Então,
trabalhava demais. Como é que
seria boêmio se saía de casa às sete
da manhã, voltava para almoçar
e emendava até as duas, três da
manhã? Quando Getúlio morreu,
passei 48 horas na redação sem
sair; só pude dar um pulo em casa
para tomar um banho, trocar a BASTIDORES Equipe da Super Rede Boa Vontade de Comunicação prepara o
ambiente para gravar a entrevista, na sala da residência do jornalista, na zona
roupa, fazer a barba. sul do Rio.
BOA VONTADE | 23
Samba & História
Altay Veloso
Cidadão do
mundo
Altay Veloso conta como a infância na LBV o ensinou a
respeitar as diferenças
Hilton Abi-Hihan
especial para a BOA VONTADE
A
reportagem do programa Samba & História esteve no
bairro de Porto das Pedras, São Gonçalo, município do
Rio de Janeiro, para conversar com uma figura desta-
cada da música brasileira: o cantor e compositor Altay
Veloso. O artista abriu as portas da casa e do coração para
contar um pouco da trajetória de vida. Destacou a infância
e juventude como épocas marcantes na formação do caráter
e de sua abrangente visão de mundo.
Autor de mais de 450 músicas, muitas delas de bastante su-
cesso, Altay mantém a forma simples de ser do início de carreira.
Mora no mesmo bairro onde nasceu e escolheu para constituir
família e criar os filhos, Saul, Saulo, Bárbara e Gibran. Du-
bre
u rante a conversa, relembrou como a convivência com pessoas
eA
Ric
kd especiais o influenciaram e quando surgiu a oportunidade de ser
compositor: “A primeira gravação na verdade foi com a Wan-
derléa, um disco produzido pelo Egberto Gismonti; ali
aconteceu o pontapé inicial”.
Depois, as canções de Altay ganharam realce
nas vozes de Roberto Carlos (Dito e Feito),
Elba Ramalho (Nascido em 22 de abril),
Emílio Santiago (40 anos), Vanusa, Ale
xandre Pires, Leny Andrade, Alcione e
dos grupos de samba Só pra Contrariar,
Negritude Júnior, Soweto e Exaltasamba.
Como cantor, lançou cinco discos, a
exemplo de Avatar (1983) e Nascido
em 22 de abril (1995).
Enquanto toda a vida profis-
sional ia desenrolando-se, um
24 | BOA VONTADE
Cristiane Moraes
DUAS ÉPOCAS
O pequeno Altay
entre os pais
Izolina e Aguilar;
ao lado o registro
dele em sua
Altay Veloso recebe em sua residência o ra- primeira comunhão.
dialista, jornalista e apresentador do progra-
ma Samba & História*, Hilton Abi-Rihan, da
Boa Vontade TV e da Super RBV.
BOA VONTADE | 25
Samba & História
26 | BOA VONTADE
É também na infância, como maravilhoso, marxista, ateu, da- relevante do que já foi, porque
Soldadinho de Deus, que ele des- queles que amam o próximo de tal hoje a gente precisa muito desse
cobre o valor de figuras notáveis forma que, mesmo não acreditando sentimento ecumênico”, ressalta.
da Humanidade, Seres Humanos em Deus, como dizia, estava pronto E acrescenta: “Se as crianças
que trabalharam para que o Pla- para ajudar o semelhante”. tiverem acesso a essa diversidade
neta hoje pudesse ser um pouco O médico chamou o garoto humana, serão muito melhores, te-
mais fraterno. Isso há quase 50 para lecionar na escolinha que a rão mais chance de ser felizes”.
anos: “Nessa época não havia avó montou. “O pessoal me cha- Para o artista, ali está o retrato
uma literatura vasta, principal- mava de professor, tínhamos 80 do Brasil futuro, que pode influen-
mente morando em São Gonçalo, alunos e isso foi possível por conta ciar o restante do Planeta. “Aqui
mas o que eu li sobre Gandhi na da LBV, que juntou todas essas árabes e judeus vivem próximos
antiga revista BOA VONTADE foi coisas na minha vida.” Foi mais uns dos outros. Há alguma coisa
o bastante para que eu o amasse ou menos nessa época que desco- de especial neste chão, neste ter-
e tentasse me inspirar a partir briu a vocação musical e aprendeu ritório, nesta aura brasileira que
de um sentimento de um homem a tocar violão e acordeão. o mundo aos poucos saberá.”
como ele”. Tantos anos depois, Altay Velo- Por fim, Altay não se esquece
Da avó, recorda-se que era so guarda todos aqueles sublimes de dizer que costuma assistir ao
uma voluntária ativa nos progra- sentimentos que conhecera quan- Programa Boa Vontade, com
mas socioeducacionais da LBV do criança. Diz que recentemente Paiva Netto*²: “O meu abraço
— “daquelas que faziam sopa sentiu-se muito feliz ao visitar o ao Paiva Netto, minha gratidão
aos sábados*¹” — e, apesar de conjunto educacional da LBV na por ter continuado, de forma tão
ser analfabeta, valorizava muito o capital paulista, no qual são aten- bonita, essa Inspiração Divina,
estudo.“Tanto é que, quando ela didos mais de 1.200 alunos. “Vi começada por Alziro Zarur. Que
pôde, fez dentro da casa dela uma meninos e meninas sendo tratados Deus lhe dê muita força e luz,
escola para alfabetizar os meninos com carinho. E a contribuição da para que possa levar à frente esse
da vizinhança, que se chamava LBV nos dias atuais pode ser mais trabalho”.
Escola São Francisco de Assis, o
Patrono da LBV. Aprendi a gostar
Fotos: Divulgação
de São Francisco, conheço todas
as orações dele.”
Nas reuniões da Institui-
ção, o cantor fez um grande
amigo, o psiquiatra José Eu
gênio: “Ele era da Legião
da Boa Vontade, um sujeito
BOA VONTADE | 27
Perfil
Myltainho
Alma de editor
Caminhos que o jornalista
Mylton Severiano percorreu
para consolidar-se como um dos
grandes nomes da comunicação
Izilda França
brasileira
gênese de repórter
28 | BOA VONTADE
P
elas contas do veterano jor- “Tive a sorte
Arquivo pessoal
nalista Mylton Severiano,
editor-executivo da revista
de ter pais
Caros Amigos, sua trajetória maravilhosos.
na profissão começou, literalmen- Meu pai, Bernardo
te, a ser redigida em 10 de setem-
bro de 1940, então data dedicada Severiano da Silva,
à Imprensa. O próprio Myltainho é o meu herói.” 1
diz que desde o nascimento isso
1- Myltainho entre os pais, Bernardo e Ju-
“estava escrito”. Aliado a este 2 lieta, e a irmã Iracema, no colo da mãe.
fator, o incentivo a boas leituras, 2- Moisés Baumstein (E), Myltainho e Ha-
vindo do pai, o alagoano Bernar milton Almeida Filho (D), na redação da
do Severiano da Silva, foi aos revista Extra-Realidade Brasileira.
poucos burilando na mente do 3- Revista Realidade, em 1969. Sentado,
em destaque, no centro da mesa, Paulo
jovem Myltainho uma consciên
Mendonça, então diretor da revista. No
cia crítica e intelectual. Tanto que sentido horário, os novos jornalistas da
o faro pela reportagem é aguçado Realidade, Luís Fernando Mercadante,
Arquivo pessoal
desde tenra idade — seu primeiro José Carlos Marão, Mylton Severiano, Luís
texto fora publicado antes mesmo Fontes, Jean Solari, David Zingg e Jaime
Figuerola.
de completar uma década de vida.
Arquivo pessoal
Aos 12 anos, fez um poema sobre 3
o Dia das Mães para o Correio
de Marília. No colégio, tocava o
jornal do grêmio, ao lado do amigo
de infância Woile Guimarães,
também jornalista, dono da GW
Produções.
No entanto, apesar de esse
repertório conspirar a favor do
jornalismo, o contato com a pro-
fissão surgiu da necessidade de
auto-sustento. Logo quando che-
gou à capital paulista, vindo de
Marília/SP, em janeiro de 1960,
ingressou na faculdade de Direito, Ao ceder esta imagem, o ilustre Woile
Arquivo pessoal
BOA VONTADE | 29
Perfil
Amancio Chiodi
para a professora. Ele disse: “Não.
Sérgio de Souza Escreva, mas me dê, vou mandar
No fechamento deste número, para o Terra Livre”. Esse era o nome
recebemos a notícia do falecimento de um jornal agrícola, dos campone-
do jornalista Sérgio de Souza, editor ses e pequenos agricultores. Desse
da revista Caros Amigos, publicação modo, publiquei com 8, 9 anos meu
lançada por ele há 11 anos. Serjão, primeiro texto, relatando o que tinha
como era conhecido entre os cole- visto, que eu achava aquilo muito
gas, morreu aos 73 anos, no dia 25 triste. Até então, não vira uma coisa
de março, na capital paulista. Em dedicam as mais sinceras vibra- que tivesse me tocado assim, penso
sua carreira, trabalhou na redação ções de Paz e respeito a esse gran- que ali nasceu o jornalista; a vocação
de grandes jornais brasileiros. Inte- de comunicador, nosso caro amigo. baixou.
grou a equipe que fundou e lançou Esses sentimentos são extensivos
a histórica revista Realidade. também a todos os colegas e fa- BV — E daí trabalhou em vários
A Legião da Boa Vontade e seu miliares, especialmente à esposa, jornais brasileiros, certo?
diretor-presidente, Paiva Netto, Lana Nowikow, e filhos. Myltainho — Trabalhei. Eu vim
a São Paulo fazer curso de Direito,
cheguei a entrar na São Francisco,
BOA VONTADE — Como foi a Como é importante ter pais legais. mas, ao mesmo tempo, procurei em-
infância? Naquela época meu pai gostava prego; precisava trabalhar, meu pai
Myltainho — Eu sou filho de de caçar e, um dia, me levou junto. não tinha condições de me sustentar
um pai e de uma mãe semi-alfa- Fiquei fascinado! Chegamos a uma aqui. Um amigo, Woile Guimarães,
betizados. Tive a sorte de ter pais fazenda que tinha Mata Atlântica e já tinha vindo na frente; a gente
maravilhosos. Meu pai, Bernardo começou a chover muito forte, um era de Marília/SP. Ele é jornalista,
Severiano da Silva, é o meu herói. temporal com raios; a gente saiu empresário de comunicações, já
Minha mãe, Julieta Mazzola da correndo. Encontramos uma cabana estava havia um ano na Folha de
Silva, era cristã; meu pai entrou para onde morava um jovem casal de S.Paulo e me arrumou um lugar lá.
o Partido Comunista. Autodidata, camponeses, muito pobres, com Quando entrei e vi aquela coisa toda,
lia muito, e o maior bem que ele duas crianças, uma de colo, e outra me desencantei do Direito e me
me deu foi me colocar para estudar. pequenina de 2 ou 3 anos. Meu pai já apaixonei na hora por uma redação.
É a minha gênese. Quando tinha 5 era candidato a vereador, um sujeito Tinha começado a estudar Direito
anos, me lembro de um primeiro muito falante, simpático. Ele pediu pela inércia e também porque meu
presente que ele me deu, muito ins- licença ao casal para olhar no fogão pai queria. Em seguida, em 1964,
tigante. Era uma caixa, com cubos de lenha o que tinham para comer. com o golpe militar, o meu pai foi
de madeira, que deve existir até No caldeirão só havia feijão e ele me preso e aí tive o álibi para abandonar
hoje. Cada face do cubo tem uma mostrou: “Filho, olha aqui o que a faculdade e mergulhar de sola no
letra para você se alfabetizar. Logo eles vão comer”. Virou-se para eles jornalismo. Eu precisava segurar
depois, começou a me dar livros. e perguntou o que mais comeriam. as pontas da família e então fui em-
Assim eu comecei a ler. “Farinha, senhor”, responderam. bora. Trabalhei em vários canais de
Quando parou de chover, e a gente ia TV e em muitos veículos, como o
BV — Nessa época você já sonha- embora, meu pai entrevistou os dois, Estado de S.Paulo, Jornal da Tarde,
va em fazer comunicação? O que perguntou quanto ganhavam, de uma porção deles.
o despertou? onde vieram, enfim... foi o jornalista.
Myltainho — Estava escrito! No caminho de volta, eu falei que ia BV — Quem você destaca como
30 | BOA VONTADE
Fotos: Arquivo BV
ENTREVISTA DE CAMPO
Fachada da unidade
educacional da LBV, na zona
norte do Rio, onde Myltainho
entrevistou o dirigente da
Instituição.
Ivan Souza
O jornalista Myltainho com seu colega de
profissão Paiva Netto, durante visita ao Centro
Educacional, Cultural e Comunitário da LBV
em Del Castilho, Rio de Janeiro/RJ, em 2000.
Recordando-se carinhosamente da data,
mandou um recado: “Um grande abraço ao
Paiva Netto e a todos os colaboradores da
LBV. Eu os trago no coração”.
nácio de Loyola
“Nessa entrevista com o Paiva
Rafael Rezende
Roberta Assis
Arquivo pessoal
Brandão, José
Carlos Marão, Netto fui, mais uma vez, um
Hamilton Almei repórter bissexto, pois não era a
da Filho, enfim,
cada um ensinou minha praia. Mas o que eu senti
José Hamilton Ribeiro Ignácio de Loyola Brandão Hamilton Almeida Filho
alguma coisa, e naquele dia na LBV foi muita
fundamental na sua formação você também ensina para eles. emoção. Criança me emociona
dentro do jornalismo?
Myltainho — No começo, o BV — Quais reportagens mais o
muito. E eu vi aquelas crianças
meu pai. Depois que ele foi solto, marcaram? se alimentando e sendo bem
ficou meio aperreado, como ele dizia, Myltainho — Praticamente
tratadas. Aquilo me embargou
chateado. Logo sentiu que aquilo era tudo o que fazia o José Hamilton
uma paixão para mim, então enten- sempre foi muito bom, desde a a voz em alguns momentos.
deu e me deu todo o apoio. Depois revista Realidade. Na televisão, Foi uma das entrevistas de
dele, grandes amigos, verdadeiros me lembro de uma reportagem no
campo que fiz que mais me
mestres, o Paulo Patarra, que foi programa Globo Rural, no qual ele
o diretor de redação da revista Rea está até hoje. Nela, mostrava, para emocionaram, sem dúvida. Não
lidade, e o Sérgio de Souza, meu a gente da cidade, como na roça as teve outro trabalho que me
professor de texto. Ele me ensinou pessoas dão um jeito para as coisas
praticamente tudo: a aper- que para nós, urbanos, não trazem emocionasse tanto.”
feiçoar a ideologia, o jor- preocupação como, por
Amancio Chiodi
nalismo a serviço do Povo, exemplo, mandar uma manhã buscar o leite e depois volta,
do mais fraco, na defesa carta. A gente a põe no recolhendo aqueles latões na porta
das causas populares. Esses correio e fim de papo. Só da fazenda. Aí, ele aproveita para
são os principais. Aí tem o que na reportagem ele levar cartas, bilhetes, encomendas,
convívio com colegas como mostra um sujeito na roça o sapato que o pai manda para um
José Hamilton Ribeiro, Ig Paulo Patarra que vai com o caminhão de filho. É bonito isso, sabe? Na última
BOA VONTADE | 31
Daniel Trevisan
Perfil
Arquivo pessoal
CAROS AMIGOS Myltainho, ao centro, com sua equipe de redação, na Editora
Casa Amarela. Da esquerda para a direita, Mariana, Natália, Letícia, Wagner,
Camila, Léo, Thiago, Mariana, Michaella.
32 | BOA VONTADE
Utilidade pública
Na época das chuvas, fique atento a essa doença
Dengue
vilã da saúde pública Jully Anne
S
egundo balanço do Minis- baixo, os pés e tornozelos são os do paladar e do apetite; manchas
tério da Saúde, em 2007, principais alvos. Como a picada e erupções na pele, semelhantes
foram registrados 559,9 é anestésica, a dor torna-se im- ao sarampo; náuseas, vômitos e
mil casos de dengue no perceptível; casas e terrenos são tonturas; extremo cansaço, dores
Brasil, 1,5 mil casos confirma- os principais abrigos do inseto nos ossos e articulações, que
dos de febre hemorrágica e 158 (95% deles). causam moleza no corpo.
mortes por dengue hemorrágica. Para combater a dengue, é ne-
O que elevou o número de no- cessário manter quintais sempre
tificações, no ano passado, em limpos, não acumular entulho,
cerca de 200 mil casos da doença verificar se não há água parada, Repercussão
em relação a 2006. Dados da separar e enviar para a reciclagem O diretor de Saúde Ambiental da
Organização Mundial de Saúde garrafas PET que não serão utili- Secretaria de Saúde de Londrina/PR,
(OMS), envolvendo 100 países, zadas, manter baldes de boca para Maurício Barros, em recente pa-
dão conta de que dezenas de baixo. Além disso, deve-se retirar lestra sobre o combate à dengue,
milhares de pessoas são afetadas a água da bandeja da geladeira; as agradeceu à LBV e à BOA VON-
anualmente pela dengue: em caixas d’água precisam estar bem TADE o apoio à conscientização da
média, 550 mil necessitam de fechadas, assim como as lixeiras; doença. O diretor destacou a página
hospitalização e 20 mil morrem. e lavar diariamente as vasilhas de Walter Periotto, publicada na
O Aedes aegypti, nome científi- com água destinadas aos animais edição no 220 da revista: “O controle
co do mosquito que se tornou o domésticos. e o combate à dengue se dão pela
grande vilão da saúde pública, Sintomas — Em casos de participação efetiva das pessoas, e
por ser o agente transmissor da suspeita de dengue é aconselhá- a LBV tem sido fundamental nesse
doença, tem sido o alvo principal vel procurar imediatamente o trabalho em Londrina. É parceira
do Programa Nacional de Con- serviço de saúde. Após a picada, essencial. Deixo o convite a outras
trole da Dengue, por meio de os sintomas começam a manifes- instituições para que sigam este
campanhas efetivas de combate tar-se no terceiro dia. Depois do exemplo. Para combater a dengue,
à proliferação do inseto. período denominado incubação, você e a água não podem ficar pa-
É fundamental eliminar os começam a surgir os seguintes rados. Vejam todos esta belíssima
criadouros do mosquito que sintomas: forte dor de cabeça; matéria da BOA VONTADE: ‘Todos
ataca, geralmente, pela manhã dor atrás dos olhos, que piora contra a dengue’”.
e ao entardecer. Por voarem com o movimento deles; perda
BOA VONTADE | 33
Teatro
Marcos Caruso
a paixão
Em cena
pelo teatro
H
á três décadas e meia a dra- fevereiro de 1952, completa em ouve-se isso. (...) Todas as mídias
maturgia brasileira desfruta maio 35 anos de carreira e não foram interferindo nos espetáculos
o talento do ator e roteirista esconde que continua apaixonado teatrais, mas nada disso atrapalha,
paulistano Marcos Caruso. pelo teatro. porque esta é a arte mais pura, a
Nesta entrevista à BOA VONTA- A primeira experiência no palco arte do imponderável.”
DE, ele fala de sua trajetória em veio na infância. Desde criança, o Em 21 de março, volta em
diferentes palcos (teatro, cinema, autor de comédias de grande suces- cartaz a peça que Caruso escreveu
TV) e dos desafios na profissão. so de público e crítica ouve falar do com Jandira Martini, em 1986,
Um dos maiores talentos de sua destino de infortúnio que teria o tea Sua Excelência, o Candidato, em
geração, ele também compartilha tro. Ele garante, com propriedade, São Paulo/SP.
com o leitor sua visão sobre a arte que essa milenar expressão artística Entre outras coisas, Caruso lem-
de representar. Nascido em 22 de não vai acabar. “Há dois mil anos brou seus ídolos e contou o que
aprendeu na carreira, além de deixar
Elenco da comédia Operação registrado seu carinho pela Legião
Abafa, com direção de Caru-
da Boa Vontade. “Para-
so e da atriz Jandira Martini
(centro) (1). O ator com Ma- 3 béns, LBV, pelo que faz. Eu
rília Pêra (2) e Vera Holtz acompanho esse trabalho
On-line
2
BOA VONTADE — Quando
nasceu o interesse pela
profissão de ator?
Marcos Caruso — Eu ia
muito ao teatro infantil. Minha tia- Em 1972, na faculdade, entrei tral, um papel na TV e um roteiro
avó me levava, e isso sempre foi um para o Centro Acadêmico 11 de que acaba de virar filme. Como é
grande estímulo para que eu desco- Agosto, um teatro muito impor- lidar com tudo isso?
brisse o meu talento. Aos 7 anos, tante na época. Em plena ditadura Caruso — Sempre trabalho com
enquanto os fregueses esperavam militar se fazia um teatro político muitas coisas ao mesmo tempo.
para provar as roupas que a minha da maior importância. A partir daí Sempre assim, nunca tive menos
avó fazia, eu usava os retalhos da fui chamado para participar de um de dois ou três trabalhos concomi-
costura para fantoches e apresen- espetáculo profissional e, em 1973, tantemente. A peça Trair e Coçar
tava algumas peças que inventava me profissionalizei como ator. é só Começar está há 21 anos em
à mesa da sala de jantar. Ajoelhava cartaz (recorde registrado pelo
no chão, punha uma toalha e fingia BV — Certa vez, você disse: “O Guiness Book) e continua sendo
que aquilo era um palco. Começou mais importante é fazer com que
ali a minha carreira, digamos assim, o sucesso não alimente a vaidade,
amadora. Mas o talento espontâneo mas a responsabilidade”. Por
de ator, autor e diretor já aparecia: quê?
eu inventava, dirigia e interpretava Caruso — Quando você
ao mesmo tempo. (...) Ganhei a pri- faz sucesso, é aplaudido, bem
meira marionete aos 7 anos, que era criticado, elogiado, ou seja, é
da minha mãe. Ela faleceu quando acarinhado pelo público, pela
nasci. Isso instigou em mim a von- crítica e pelos colegas. Tudo isso
tade de me tornar um manipulador faz bem à nossa vaidade, somos
de ilusões, assim dizendo. Seres Humanos. Só que, quanto
mais alimentamos isso, ficamos
BV — Você se formou em Direito. menos responsáveis. (...) Fico muito
Tinha a intenção de seguir car- feliz com os aplausos, mas quanto
reira? mais elogios recebo, mais respon-
Caruso — Não. Desde os 12 ou sável eu tenho de me tornar, pois
13 anos eu já sabia o que queria: isso significa que o público gosta
ser ator. Meu pai, com toda a razão, do que eu faço. O teatro é mais
achou que a profissão de artista era do que uma profissão para
muito dura e cheia de percalços. mim, é uma opção. Se optei
Então ele me disse: “Você pode por fazer com que o meu
seguir o que quiser, mas se tiver semelhante se divirta, se
uma faculdade, um diploma ou um emocione e reflita na sua
curso em que possa se apegar nos realidade com o meu tra-
momentos mais difíceis da incons- balho, então ele tem de
tância da profissão, será bom”. ser mais do que uma
E optei pela advocacia. Achei profissão.
que, em última análise, poderia
ser um advogado de tribunal, de BV — Atualmen-
júri. Graças a Deus, não precisei te você está
exercer a profissão, que considero envolvido em
lindíssima, mas não tenho talento muitos pro-
algum para ela. Já no ginásio fun- jetos: uma
dei grupos de teatro com colegas. peça tea
s
de
rnan
Fe
dré
35
An
BOA VONTADE |
Teatro
apresentada; temos obtido grande e a televisão é uma indústria. Por exagerado, falava alto demais, o
sucesso, principalmente porque se isso, não há a chance de errar tipo de interpretação não servia
trata de comédia. Os meus espe- muito. No teatro é mais prazeroso ao veículo, mas eu fui aprendendo
táculos sempre divertem muito, o o trabalho do ator, dá para repetir com o passar dos anos e hoje eu
público gosta de rir. Por outro lado, durante 30 meses ou 30 anos, você ainda vou para a televisão cheio
acho que fazemos uma comédia que exercita, em um mesmo persona- de preocupações.
tem a intenção de colocar o dedo na gem, todas as possibilidades que
ferida de problemas políticos, sociais ele é capaz de lhe dar. Existe essa BV — Quem contribuiu para o seu
e econômicos do País, isso faz com liberdade. A televisão se fecha às aprendizado na televisão?
que a platéia também se identifique possibilidades de espaço, quer di- Caruso — Ainda estou apren-
muito com os nossos temas. zer, você tem de representar para dendo e tenho muito a aprender
uma câmera, os seus gestos são com as pessoas com quem eu
BV — Com que tipo de ator você menores, você tem de ter um vo- contraceno. Aprendi muito com
não gostou de trabalhar enquanto lume de voz menor. Obviamente Lília Cabral, Regina Duarte,
dirigia, atuava ou roteirizava? são duas coisas completamente Tônia Carrero, Jandira Marti
Caruso — Eu acho que com distintas. Quando comecei, era ni, Osmar Prado, Marília Pêra
o tipo que vê o trabalho como e tantos outros colegas da maior
André Fernandes
36 | BOA VONTADE
qualquer tipo de personagem. Em seu atual trabalho na TV, Caruso
Como autor, tenho alguns ídolos. interpreta o padre Inácio, que
contava com a ajuda do atrapalhado
Sigo sempre os passos do italia-
Nezinho, papel do saudoso ator
no Eduardo de Filippo. Ele foi Luiz Carlos Tourinho (em segundo
ator, autor, cenógrafo, figurinista, plano). Ao seu Espírito eterno as
diretor, músico, palhaço, artista nossas homenagens extensivas a seus
circense de cinema, de rádio, en- familiares e amigos.
fim, é uma pessoa pela qual tenho
profunda admiração.
mais fácil. O mais difícil para mim
Divulgação TV Globo
BV — Na sua opinião, qual seria a é tudo! (risos) Interpretar, encontrar
função da dramaturgia? a medida certa, introjetar, trazer de
Caruso — Acredito que uma dentro de você o humor ou o drama,
das funções mais importantes da a farsa ou a tragédia. Nada é fácil.
m os aplausos,
televisão é formar pessoas e cabe- O dia que eu achar que é fácil inter- “Fico muito feliz co
ogios recebo,
ças, além de informar e divertir. pretar, puser os dois pés nas costas mas quanto mais el
(...) A dramaturgia tem uma res- e fizer isso com facilidade, aí deixa tenho de me
ponsabilidade social muito gran- de existir o prazer em atuar. mais responsável eu
ifica que o
de. Qualquer obra de arte precisa tornar, pois isso sign
e eu faço. O
público gosta do qu
ser responsável, principalmente BV — Em todos esses anos, qual a
quando trata de assuntos como a sua maior emoção no palco?
ro é m ai s do qu e uma profissão
síndrome de Down, o idoso ou a Caruso — Foi com Intimidade teat
ção.”
bulimia, ou quando fala a respeito Indecente, tanto ao lado da Irene para mim, é uma op
de uma situação presente como a Ravache quanto da Vera Holtz.
que eu estou fazendo na peça tea- É uma peça da Leila Assunção
tral Operação Abafa, por exemplo, na qual pude, sem sair de cena, em foram interferindo nos espetáculos
e em tantos outros espetáculos. uma hora e 45 minutos de espetá- teatrais, mas nada disso atrapalha,
A função do teatro também está culo, ir dos 50 aos 90 anos de idade porque esta é a arte mais pura, a
bem descrita nas duas máscaras sem mudar a maquiagem, figurino, arte do imponderável. Você senta-
que o representam, a comédia e a nada. Pude, através do corpo e da se na platéia e pode subir ao palco a
tragédia. São funções importantes: voz, emocionar as pessoas e fazê- qualquer momento, ou saber que o
a de fazer rir e a de emocionar. Mas las rir. Foi um momento muito bo- ator poderá descer também. Só não
existe uma terceira, que é provo- nito da minha carreira, um divisor fazem isso porque existe um acor-
car a reflexão. Quando você junta de águas. do entre palco e platéia: ninguém
essas três, consegue cumprir todas passa daquela linha de luz. Isso é
as funções do teatro. BV — O teatro vai acabar sumindo lindo, você acredita que o que está
em meio a tantas opções novas de sendo feito em cena é uma verda-
BV — O que é mais difícil: comédia lazer e entretenimento? de, sabendo que é uma mentira. O
ou drama? Caruso — Não. Há dois mil ator sabe que está encenando para
Caruso — A arte de representar, anos ouve-se isso... O teatro ia a platéia, mas para ele tem de ser
como um todo, é desafiadora. Ob- acabar por outras circunstâncias, verdade. Esse acordo entre palco
viamente, não dá para fazer comé- pela chegada do cinema, depois e platéia só acontece no teatro, na
dia se não tiver humor. É impossível com a televisão, o vídeo, em se- arte ao vivo; cria-se a ilusão de que
transformar um ator dramático em guida o DVD, a TV a cabo e uma aquilo é a mais real das realidades.
um comediante. Já o contrário é série de coisas. Todas as mídias [L. T. e N. L.]
BOA VONTADE | 37
Especial — Capa
Olhares de Brasília
PROFESSORES E ALUNOS Cristiana Lôbo e Jorge Bastos Moreno, em primeiro plano. Em pé, os estudantes de jornalismo
que assistiram à entrevista: Kátia Oliveira Silva, Alaíde Ruth Popov, Neylon Jacob de Barros, Camila Fecury, Yza Morgana
Lima Ortegal e Hemilly Helen Araújo, do curso de Comunicação Social da Universidade Paulista (Unip) de Brasília, do Centro
Universitário Unieuro e do Instituto de Educação de Brasília (IESB).
Aula de
Jornalismo Belkis Faria e Enaildo Viana
Fotos: João Preda
S
e é uma arte receber bem ção, mas apenas por gostar da pelos saborosos pratos à mesa,
os amigos, Jorge Bas companhia de pessoas e querer sem esquecer, é claro, os ilustres
tos Moreno, um dos mais demonstrar-lhes quanto são que- convidados que ali se juntam ao
importantes e respeitados ridas. Por isso, um encontro para anfitrião para prosear. E foi dessa
jornalistas políticos do País, é o almoço em sua casa é sempre maneira, simpática, que Moreno
expert no assunto. Talvez porque um acontecimento, seja pela for- recepcionou outros dois amigos
faça isso não por uma obriga- ma cordial de reunir pessoas, seja de profissão: Sílvia Faria (direto-
38 | BOA VONTADE
“Na televisão o que é mais
difícil é noticiar tudo em Sílvia Faria
A diretora de jornalismo da
pouquíssimo tempo. É preciso
TV Globo, em Brasília/DF, já
ter critério de seleção altamente trabalhou na Folha de S.Paulo,
cuidadoso e batalhar todos os foi coordenadora de economia da
sucursal de O Globo e diretora do
dias para tudo que vai ao ar ser Estadão e da revista Época, sem-
100% verdadeiro e certo.” pre na capital federal. Trabalhou
por um tempo no Banco Central,
atuando depois como porta-voz
da ex-ministra da Fazenda Zélia
Cardoso de Mello.
ra de Jornalismo da TV Globo em Brasília, do Centro Universitário
Brasília/DF) e Cristiana Lôbo Unieuro e do Instituto de Educa-
(que possui um blog no portal G1 ção de Brasília (IESB), em que diploma de jornalismo, discutir
e é comentarista e apresentadora Jorge Moreno leciona Técnicas a comunicação no dia-a-dia e
da Globo News). e Gêneros Jornalísticos. as mudanças na mídia desde o
Para o encontro também foram A ocasião ofereceu àqueles es- aparecimento da internet. Fique
convidados o jornalista Oswaldo tudantes e também agora a você, à vontade nesta sala de visitas e
Buarim; o assessor parlamentar amigo leitor, a oportunidade de acompanhe nosso bate-papo.
Naaman do Valle; alunos do conhecer mais sobre os bastidores
curso de Comunicação Social da da política, bem como debater a BV — Como é essa experiência
Universidade Paulista (Unip) de questão da obrigatoriedade do do blog, da rádio do Moreno?
BOA VONTADE | 39
Especial — Capa
40 | BOA VONTADE
“Com o tempo que tenho
na profissão, não posso Cristiana Lôbo
Formada em Comunicação So-
tratar o fato simplesmente
cial pela Universidade Federal de
sem ver os personagens Goiás (UFG), foi contratada como
dele; esse é o papel do estagiária, em 1978, na editoria de
política da Folha de Goiaz, de Goiâ-
comentarista, passar para nia/GO. Desde 1982 acompanha a
o leitor o interesse daquele política nacional. Em 1986, trabalhou
personagem do fato.” como assistente da jornalista Tereza
Cruvinel na coluna “Panorama Po-
lítico”, de O Globo. Em 1992, teve
a oportunidade de trabalhar com
Ricardo Boechat. No mesmo ano,
assumiu uma coluna no Estado de
queria saber mais sobre aquilo escrever. Na convivência acadê-
S.Paulo, onde permaneceu até 1998.
nos jornais. Se a imprensa escrita mica, aprendem a escrever. Isso
De lá, passou a ser comentarista de
estivesse morrendo, os jornais não é erro deles, mas da estrutura
política e depois apresentadora do
não estariam crescendo. O Globo, de ensino. Como dispensar, hoje,
Fatos e Versões, da Globo News.
por exemplo, tem dois jornais o diploma do curso superior para
Em 2005 e 2007, participou da mesa
populares no Rio e logo pode ter alguém que trabalhará com tex-
de debates intitulada As Meninas
mais outro. Todo o mundo está to, se essa pessoa teve o ensino
do Jô, no Programa do Jô, sobre a
investindo nisso. Isso mostra médio ruim? Acaba-se criando
situação política do País.
que um complementa o outro. A emprego, mais uma vez, para
informação chega hoje, de forma ricos, porque estão nas escolas
instantânea, ao maior número de particulares e ali a exigência é
pessoas no mundo. A pessoa vê maior, há bons professores; eles uma opinião muito interessante.
na televisão, no dia seguinte quer vão chegar e ter um belo desem- Tinha dúvidas: por que um advo-
ler no jornal os detalhes. penho como repórter. gado não pode escrever matéria
Sílvia Faria — A questão é em jornal? Wolton disse que
BV — A questão da obrigatorieda- um pouco mais complexa. Um temos de defender, com unhas
de do diploma de jornalismo está advogado, um médico, podem e dentes, a exigência do diplo-
sendo discutida? ser jornalistas também e exercer ma. Por quê? Se um médico vai
Moreno — Há vários aspectos a profissão como defende a Folha cobrir um evento, dará a notícia
a serem discutidos em função de S.Paulo? do ponto de vista médico, que é
de uma grave crise que o País Moreno — O curso de Jor- a formação dele. O advogado, a
atravessa na Educação, que está nalismo é recente no mundo; no mesma coisa: terá o viés jurídico
comprometendo as gerações Brasil não tem 50 anos. Antes para a questão. Já o jornalista não
futuras. Temos um ensino mé- os jornalistas eram médicos, tem um corporativismo nesse as-
dio e fundamental deficientes. advogados. Houve uma fase de pecto, o interesse dele é dar furo,
Esses jovens entram na univer- transformação. Defendo o diplo- o máximo volume de notícia. É
sidade para estudar jornalismo, ma nessa circunstância. questão da democracia que se
ou qualquer matéria da área de Sílvia Faria — Ouvi do Do exija o diploma, o argumento dele
Humanidades, e não sabem nada minique Wolton [cientista políti- me convenceu completamente.
de História do Brasil, nem sabem co francês], estudioso de mídias, Quando vemos um fato, temos a
BOA VONTADE | 41
Especial — Capa
42 | BOA VONTADE
porque o cidadão é em casa o que comentários. O Moreno também
é no trabalho. Fico repetindo isto lida muito com isso. Tem hora
“Quando vemos um fato,
para meus alunos: “É em casa que um me xinga de governista
o que é no trabalho”. O temos a obrigação de lidar e, em outro momento, me xinga
que falava o mestre com todos os pontos porque acha que sou neoliberal ou
Cláudio Abramo “neo” qualquer coisa. Quer dizer,
está certíssimo. de vista.” enquanto estão me xingando é
Há situações, Sílvia Faria sinal de que faço o meu trabalho
no entanto, es- de noticiar o fato. Com o tempo
pecialíssimas, que tenho na profissão, não posso
como a questão tratar o fato simplesmente sem
da privacidade; Sílvia, mas queria ver os personagens dele; esse é
não pode ser falar de outra coisa. o papel do comentarista, passar
dada essa condes- As pessoas que têm para o leitor o interesse daquele
cendência ao bandido, talento para escrever, personagem do fato. A política
ao criminoso. Com os meus virtude, vocação, hoje estão lida mais com vaidade do que o
alunos faço o seguinte: estávamos contempladas com seus blogs ou próprio setor artístico, porque ela
discutindo sobre o Conselho Na- com colaboração para os jornais. envolve vaidade e poder, que é a
cional de Jornalismo, algo que diz Antes, quando esse debate sobre soma de tudo.
respeito ao futuro deles, e eu tinha a exigência do diploma de jorna- Moreno — Se a política lida
de mostrar a história da imprensa lista se iniciou, dizia-se: “Muitas com a vaidade de aparecer na
no Brasil. Falava que Hipólito pessoas que têm talento para mídia, na televisão, imagino a
da Costa chegou de Londres, escrever ficarão embotadas por pressão que a Sílvia sofre para
fazia uma pauta, e argumentava: causa de um diploma?” Não! Pri- atender a algum tipo de reivindi-
vamos atualizar. Colocava em meiro, existe universidade à noite cação como: “Tenho uma coisa
debate o que estava acontecendo em que se pode estudar, não há li- importante, mereço estar no
no País. A universidade é fun- mitação de curso para freqüentar, Jornal Nacional”.
damental em todos os aspectos. para essa convivência. Ela pode Sílvia Faria — Isso ocorre
Abordei a deficiência do ensino, demonstrar o talento nos blogs várias vezes por dia, mas é normal,
até para confirmar que teremos ou como colaborador em jornais. todo o mundo quer alguns segun-
pessoas que não sabem escrever. Há espaço para isso em vários dos no Jornal Nacional. Isso vale
A Sílvia mencionou um aspecto segmentos: no segundo caderno, quantos milhões em investimento
mais profundo, a especificação na literatura, na crítica de livro. de candidaturas se for um político,
da profissão, que possui peculia- Isso tudo ajuda na pluralidade um governador? Muitos chegam e
ridades, certos comportamentos, que os meios de comunicação dizem: “Vocês podiam dizer que
que outras categorias não têm. Há têm interesse em passar para seu farei tal coisa”. E respondo que
determinados níveis de atuação público. primeiro ele precisa realizar; e, se
em que as éticas são totalmente fizer, temos a obrigação de noti-
diferentes; basta citar a ética do BV — Como lidar, na cobertura ciar. É preciso parcimônia, tomar
mercado financeiro, muito dife- diária, com a pressão do públi- cuidado com as promessas, porque
rente de outras. co? isso é uma ilusão; prometer todo o
Cristiana Lôbo — Acho Cristiana Lôbo — Não li- mundo promete, mas é normal, é
fundamental a universidade, dando. Tenho, além do espaço do jogo. Acho mais perigoso uma
essa convivência, como o Mo- na Globo News, um blog no pessoa que passa uma informa-
reno falou, essa abordagem da portal G1 e ali o leitor faz seus ção tentando usar você contra ou
BOA VONTADE | 43
Especial — Capa
44 | BOA VONTADE
dele. O jornalista trabalha com o
fato. Aposto que todo jornalista
cumpre o seu dever de contribuir
para o conhecimento da história
do país, e nós nunca seremos lem-
brados porque temos exatamente
essa função de trabalhar por trás de
tudo; a gente não é notícia. O dia
que o jornalista for notícia ele pode
ter essa pretensão de deixar alguma
herança intelectual ou material.
BOA VONTADE | 45
Acontece
R I B E I R Ã O P R E T O / S P
G O I Â N I A / G O
BOA VONTADE | 47
Meio ambiente
Parceiros globais pelo desenvolvimento sustentável
Apoio:
De mãos dadas
pelo desenvolvimento sustentável
II Fórum–Feira de Inovações, promovida pela LBV, com o suporte da ONU, reúne mais de 1.200 ONGs e
autoridades na busca de soluções para salvar o Planeta
E
m março, a Legião da Boa
Marco Sudário
Vontade promoveu no Bra-
sil e na Argentina uma série
de eventos que integram o
II Fórum–Feira de Inovações
Rede Sociedade Solidária. O
tema deste ano — “Desenvolvi-
mento Sustentável” — foi defi-
nido pelo Conselho Econômico
e Social da Organização das
Nações Unidas (Ecosoc-ONU),
com o objetivo de apresentar
boas práticas e ações sociais
capazes de promover o desen-
volvimento socioeconômico em
bases sustentáveis. Dra. Michele é recebida por algumas crianças atendidas pela LBV em Manaus/AM.
A programação dos encon-
tros incluiu painéis temáticos, leiras, no Distrito Federal e na Representações oficiais da
acompanhados de apresentações capital argentina, Buenos Aires. ONU estiveram presentes ao
artísticas e amostragem de boas Cada cidade apresentou sua pró- evento, a exemplo da dra. Mi
práticas, formados por represen- pria exposição de cases de suces- chele Billant-Fedoroff, chefe
tantes do poder público, iniciativa so, conforme as características adjunta do Departamento de
privada, organizações da socieda- e necessidades locais, que têm Assuntos Econômicos e Sociais
de civil e meio acadêmico. colaborado para a promoção do da ONU (UN/Desa); do jorna-
O Fórum–Feira de Inovações desenvolvimento sustentável no lista Giancarlo Summa, diretor
ocorreu em seis capitais brasi- Brasil e na América Latina. do UNIC-Rio; e do dr. Richard
48 | BOA VONTADE
Jordan, que presidiu a 60a Con-
BOA VONTADE | 49
Destaque
LBV — prestando contas do que faz ao Povo
Prestando
contas
A LBV inicia ação
social de 2008
e comemora o
resultado de seu
amplo trabalho
e aniversário
de 58 anos de
fundação
Nizete Souza
58 anos
Amor e
Americana/SP
Alexandre Freitas
João Miguel
João Miguel
Arquivo BV
Arquivo BV
Cláudia Oliveira
Rui Portugal
Arquivo BV
Mensagem de Fraternidade do NX Zero
Na ocasião da entrega das cestas de alimentos da LBV a famílias
em risco social, Di, o vocalista da banda NX Zero, em entrevista
à Super Rede Boa Vontade de Comunicação, aproveitou para
deixar seu recado de Solidariedade à Instituição e a
Divulgação
seu dirigente: “Estou aqui para mandar um beijão e
um abraço. Saúde e Paz para todo mundo da LBV!
Eu já estudei lá e tenho uma história com ela. Minha
educação e minha formação, devo à LBV também.
Feliz Natal e Feliz Ano-Novo, sempre com muita
Paz. Estou aqui para falar também para o Irmão
Paiva que eu o conheço há muito tempo. Ele já
me proporcionou muitas conversas boas desde
que eu era pequeno e estou com muita saudade
dele. Então, Irmão Paiva, um grande beijo”.
Solidariedade
Alex Dias
Almeida Oliveira
de alimentos.
Flammarion Campos Paulo Araújo
Kássia Bernarde
Vivian Ribeiro
410 toneladas
370 toneladas
BOA VONTADE | 53
Destaque
S
ão quase seis décadas de tra acolhida ao convite da Instituição
balho no desafio cotidiano se traduz no êxito da iniciativa: en-
para estabelecer na socieda- tre janeiro e fevereiro, kits escolares
de a consciência solidária e foram entregues, nas cinco regiões
altruística. Esse é o mote que dire- brasileiras, a milhares de meninos
ciona toda ação socioeducacional e meninas atendidos no Programa
Ponta
primeiros dias de janei- pelo educador Paiva Netto e im-
Grossa/PR ro, a Legião da Boa Von- plantada na rede de atendimento da
tade iniciou sua tradicional Instituição, no Brasil e no Exterior.
Marcos Franchi
Campinas/SP
• 2 borrachas
Rio de Janeiro/RJ
Vivian Ribeiro
Sérgio Serrano
Sou grata por este trabalho lindo
e maravilhoso. Ela não é só uma
mãe para a minha filha, mas para
mim também, pois me ajuda muito.
Não sei o que seria de mim se não
fosse a Legião da Boa Vontade!”,
exclama Maria dos Anjos, mãe de
Bauru/SP
uma das crianças beneficiadas pela
Entidade em Ipatinga/MG. A essas
Diogo Franco
Recife/PE
palavras junta-se o agradecimento
do catarinense Jorge Amorim, lí-
der comunitário em Florianópolis/ Rio de Janeiro/RJ
SC: “Com a entrega de kits esco-
Rui Portugal
lares, a LBV valoriza a criança, a
sociedade e a educação. Graças a red
a
oP
Deus, temos organizações como
ã
Jo
Dulcelene Leal
BOA VONTADE | 55
Destaque
BV
Assim que chegou o 1 o de
A r q uiv o
janeiro, uma comemoração
dupla: os 58 anos de trabalho
Adriane Mafra
Manaus/AM
da Legião da Boa Vontade
São Luís/MA (fundada pelo poeta, radialista e
ativista social brasileiro Alziro
a
rla
Mô
n ic
Zarur, em 1950) e mais um ano
de crescimento nas atividades
Ca
Coroamento de
a sociedade a fazer doações e,
principalmente, a engajar-se em
ações que contribuam para que o
Brasil vença seus grandes desa-
fios, entre eles o de acabar com
um ano de vitórias
a fome e a miséria e promover
a educação básica de qualidade
para todos — os dois primeiros
dos oito Objetivos de Desenvol-
vimento do Milênio (ODMs).
Esse mutirão, forte aliado na
Nas cinco regiões luta pelo bem-estar social, tem
colaborado para mudar a realidade
brasileiras, a LBV de brasileiros, como a de Rosalina
Morais, de São Luís/MA. Com
luta contra a fome. orçamento doméstico apertado,
ela admite que a
ajuda vem em boa
hora: “Agradeço a
Deus a oportunidade
que me concedeu
56 | BOA VONTADE
Daniel Trevisan
“Mesmo tendo a experiência
de ser mãe de quatro filhos,
Nizete Souza
São Paulo/SP Salvador/BA
aprendi muitas coisas na LBV
São José do Rio Preto/SP
Belkis Faria
e recebi muitas informações
importantes. É o melhor
atendimento que temos na
nossa região.”
Heleneida Gonçalves
João Miguel
Arquivo BV
Taguatinga/DF de Oliveira
Atendida pelo programa Cidadão-Bebê,
em Belo Horizonte/MG.
São José dos Campos/SP
Gladys Aparecida
Thaís Afonso
Joinville/SC
Lívia Caroline de Brito
Ledilaine Santana
BOA VONTADE | 57
Destaque
Belkis Faria
ano, com a campanha do Natal
Permanente de Jesus, o Cristo
Ecumênico. Ou seja, o mesmo
ideal que sensibiliza as pessoas
nos festejos de dezembro man-
tém acesa a chama da Solida-
riedade Altruística ao longo do
ano. É esse aspecto que chama a
Taguatinga/DF
atenção do mestre-de-cerimônias
“A LBV é mãe, é pai, é tudo na nossa vida. Quem chega aqui sai outra e apresentador Marcão Kareca,
colaborador da LBV em Londri-
pessoa, porque a LBV leva a gente para o alto, para a frente, mostra o na, cidade do norte do Paraná.
alto-astral para as pessoas. Depois que entrei aqui, tudo mudou, esse “É uma honra fazer parte da
Legião da Boa Vontade. Posso
ano para mim foi maravilhoso. De hoje em diante minha felicidade vai dizer isso porque aqui me sinto
ser permanente.” parte da família LBV. Eu vejo
Raimunda de Souza que aqui o Natal é Permanente,
Participante do curso de macramê na LBV de Brasília/DF.
Arquivo BV
João Miguel
Vivian Ribeiro
João Miguel
João Preda
Vânia Besse
Juliana Valin
Aparecida Bianchi
Osvaldo Santos
Arquivo BV
Daniel Trevisan
58 | BOA VONTADE
porque eles atendem todos os
dias do ano.” Colabore com as obras
Todos estão convidados a par-
ticipar não somente dessa grande socioeducacionais da LBV
mobilização, mas também de ou- Banco do Brasil
Paulo Araújo
tras ações nos demais dias do ano. Agência: 3339-1
Leia no quadro, ao lado, sobre Conta corrente: 5.010-5
como colaborar para as obras da
Banco Bradesco
LBV. [R. O.]
Agência: 0292-5
Conta corrente:
99090-6
Arquivo BV
Banco Itaú
Agência: 0237
Conta corrente:
73700-2
Outras informações:
(11) 3225-4500 ou
Cuiabá/MT www. lbv.org.br
Rui Portugal
BOA VONTADE | 59
Opinião — Mídia alternativa
1808-2008 — Bicentenário da Imprensa brasileira
Dois séculos
de imprensa Carlos Arthur Pitombeira
especial para a BOA VONTADE
Q
uando todas as atenções se sua circulação; o primeiro mensal; tantes que afetavam a Inglaterra,
voltam para as comemora- e o outro saindo duas, e depois, três Portugal e Brasil.
ções dos 200 anos da chegada vezes por semana. Os historiadores registram que
ao Brasil de dom João VI e A primeira edição do Correio, naquela época muitos brasileiros
sua Corte, fugindo das tropas de de Hipólito da Costa, preparada exilados, a exemplo de Hipólito da
Napoleão Bonaparte, não pode em Londres (Inglaterra), chegou Costa, também editavam jornais e
ser ignorado o fato de que o ano de clandestinamente ao Brasil, logo os enviavam ao Brasil. Sociedades
1808 marca também o nascimento após a abertura dos portos às na- secretas surgiram e se multiplicaram
da imprensa brasileira. Isso rompeu ções amigas, e circulou em 1o de “para abrigar os que ousavam pen-
60 | BOA VONTADE
dos portugueses e dos ingleses; a nho funda A Noite, e em 1925 surge
Divulgação
O Futuro, no Pará; O Amigo do — de alto valor, deixa sua marca. E bosa, Luís Augusto May, Quin
Povo, no Piauí; O Voluntário da não se pode esquecer do jornalismo tino Bocaiúva, Aristides Lobo,
Pátria, na Paraíba; O Tempo, no de qualidade, grandes reportagens e Manuel Vieira, Castro Alves,
Rio Grande do Sul. Por todo o País ótima linguagem, do Coojornal, de Eça de Queiroz, Raul Pompéia,
multiplicam-se os pequenos jornais Porto Alegre/RS. Monteiro Lobato, Joaquim Na
republicanos e também começam a A partir de O República, O buco e Euclides da Cunha, só para
surgir abolicionistas. Macaco Brasileiro, A Mulher do citar alguns mais antigos. Entre os
São inúmeras também as publi- Simplício, O Esbarra, A Mutuca contemporâneos, no eixo Rio–São
cações sobre temas diversos, como Picante, passando pelo Bondinho, Paulo/Minas Gerais, podemos citar
os periódicos feministas Brasil O Grilo, Ovelha Negra, Extra, Tarso de Castro, Jaguar, Henfil,
Mulher e Nós Mulheres (Londrina); Realidade, Ex, Opinião, Reunião, Marcos Faerman (Marcão), Ál
o anarquista Inimigo do Rei (Salva- Folha da Semana, Idéia Nova, Mais varo Caldas, Millôr Fernandes,
dor); O Beijo (Rio), com matérias Um Movimento, Senhor, Pasquim, Paulo Francis, Ivan Lessa, Sergio
político-existenciais que marcaram; Repórter, Versus, Flor do Mal, Sin- Augusto e muitos outros.
O Trabalho (SP), trotskista, político gular & Plural, Binômio, A Manhã, Há, sim, muito que se come-
e cultural; e o carioca Lampião da Pif-Paf e tantos outros, os jornais al- morar neste 2008, ano que registra
Esquina, publicação voltada para a ternativos sempre foram magníficos dois séculos da chegada ao Brasil
comunidade homossexual e con- laboratórios de jornalismo a serviço de dom João VI e sua Corte. Mas
siderada de excelente nível jorna- das liberdades democráticas. Devo- não pode ser ignorada a importância
lístico. Em 1977, O Repórter, com taram-se a essa causa jornalistas de que o ano de 1808 representa para a
reportagens e linguagem popular todas as épocas, como Gonçalves imprensa alternativa e comunitária
— marcada pela velha Última Hora Ledo, Cipriano Barata, Rui Bar brasileira.
A T V D A PA Z E D A F R AT E R N I D A D E R E A L
S KY - C A N A L 2 7 - 2 4 H O R A S N O A R
Programa voltado para o público jovem, tem como obje- É um espaço dedicado à valorização do pequeno, médio
tivo destacar as principais atividades desenvolvidas por e grande produtor rural. Com notícias, reportagens, di-
organizações do setor público e privado que promovam a cas e entrevistas com especialistas do setor, tem como
cidadania por meio da educação, preservação ambiental objetivo informar o homem do campo, apresentando a
e da existência humana. Contribui para a propagação do ele alternativas de produção e comercialização no agro-
conhecimento sobre a questão educacional e ambiental negócio. O programa traz também semanalmente as
em toda a sociedade. principais cotações do mercado agropecuário.
I n f o r m a ç õ e s : w w w . b o a v o n t a d e . c o m — Te l . : ( 1 1 ) 3 3 5 8 - 6 8 1 9
Patrocínio Apoio
Saúde
Diabetes: mutirões solidários
A preservação da saúde
De olho
no futuro
Mário Augusto Brandão e Liliane Cardoso
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes
U
m novo caso de diabetes
Photos.com
diab
de pessoas terão a doença
túr-
eé d i s em 2030, se não houver
O qu
de
m g rupo ado por mudança no estilo de
u z
b e t es é caracteri níveis
Di a dos vida. O relatório ci-
licos r
m e tabó aumento sado po tou a obesidade e o
bios icemia ( ue ), cau es tipo
g l n g t
hiper car no sa ta (diabe 2) de sedentarismo como
ç ú o l u t i p o os maiores vilões
de a bs es nio
s ê n cia a (diabet e hormô - do diabetes tipo
au iv a s s ta
o u relat reção de o do me
1) sec laçã se 2, o mellitus.
s u lina. A n a regu os, lipídio No Brasil, 11
in
ortan
te rat
rboid
é imp o dos ca milhões têm
o l i s m
b as. a doença.
ín
prote
64 | BOA VONTADE
Photos.com
Lucian Fagundes
Quem
desen tem risco
volver de
Existe
m vá a doenç
No sul do País, a criançada é atendida pelo mutirão contra o diabetes. torná-
lo m
rios f
ais
atore
sq
a?
• Esta
r acim vulnerável ue podem
sa Co ad :
rporal o peso. O Í
Na contramão desses indica- dados antropométricos (peso, • Sed deve ndice
entari estar de M
dores, a Legião da Boa Vontade altura e pressão arterial) • Ter m sm o; e ntre 20 e as-
ais de 24,9;
(LBV) desenvolve programas de dos alunos observou as • Dar 45 an
à os de
prevenção dirigidos aos que, di- questões de desnutrição a 4 qu luz criança ida
ilos; com p de;
reta ou indiretamente, participam e obesidade, tudo sob o • Here eso s
ditarie uperio
b é t d ade r
das atividades nos seus centros acompanhamento dos i c os). (irmão
s ou
educacionais — por determina- pais ou responsáveis. pais d
ia-
ção de seu diretor-presidente. Em Glorinha/RS, o cons-
Exemplo disso é o que se vê tante acompanhamento médico
freqüentemente no Instituto de tem feito a diferença na vida dos
Educação da Legião da Boa Von- guris amparados pelo Lar e Par-
tade, na capital paulista. A unida- que Alziro Zarur, da LBV. Para condizente com sinais de uma
de educacional da LBV realiza, um dos adolescentes abrigados, alteração na glicemia, foi solici-
durante o ano letivo, mutirões de esse hábito foi fundamental na tado o teste que constatou o valor
saúde com o objetivo de manter descoberta dos sintomas do dia- de 500 mg/dl”, relata a técnica
o bem-estar físico e mental de betes tipo 1. Após identificação em enfermagem do Lar, Flávia
seus 1.200 alunos. Em um deles, do caso, o garoto foi levado a um Freitas.
para identificar casos de diabetes especialista para consulta. “Du- A partir da avaliação, o menino
tipo 2, a Instituição contou com a rante o atendimento, ele relatou pôde ser encaminhado ao Hos-
parceria da Samcil. Esta ação faz ao médico que, nos últimos três pital da Criança Santo Antônio,
parte do Programa de Nutrição dias, sentiu muita sede, bebia em Porto Alegre/RS, para melhor
e Saúde da LBV, realizado com bastante líquido e, conseqüen- avaliação e tratamento diante da
sucesso em todo o Brasil. Na temente, urinava várias vezes gravidade da situação. Com o
primeira fase, o levantamento dos ao dia. Diante da descrição, diagnóstico confirmado, o menino
BOA VONTADE | 65
Saúde
Daniel Trevisan
te c t ar?
Com o de a sau
-
derad s de
a consi ei
m a pes s o
t é m os nív mas
Em u corpo man 00 miligra
,o 1 mer,
dável entre 70 e . Após co
e
glicos i l i t r o ( m g /
dl) do da
c e p e nden ão,
e d refeiç ,
por d is sobem, o d a dl
d
os ní
ve
e c onteú s 1 4 0 mg/
quant
idade eder o diabético.
v e exc o
ão d e quadr é de
mas n izando um l, o estado ise
ter g/d nál
carac 0 a 130 m ria outra a
11 sá o.
Já de n d o neces o resultad
,s e a r
alerta ara confirm
a p
clínic Desde os pequenos até os mais jovens participaram do mutirão em São Paulo/SP, em
parceria com a Samcil.
permaneceu seis dias internado. os monitores no ICD. Durante o idéia de realizar em dezembro de
Ao ser liberado, foi orientado pela treinamento são oferecidas aos 2007 um encontro — com muitas
equipe médica do hospital sobre educadores palestras e oficinas atividades recreativas, lúdicas e
alimentação e aplicação de insulina com a equipe multidisciplinar do esportivas — entre os meninos e
e encaminhado para acompanha- instituto, composta por médicos meninas atendidos pelo ICD e os
mento ambulatorial no Instituto pediatras e endocrinologistas, nu- meninos abrigados na Legião da
da Criança com Diabetes (ICD), tricionistas, enfermeiras, dentistas,
Boa Vontade.
centro de referência no tratamento psicólogas, assistentes sociais e No dia marcado, dezenas de
da doença no Rio Grande do Sul. educadores físicos. Os monitores crianças, adolescentes e pro-
Para seguir rigorosamente o são amplamente esclarecidos sobre fissionais do ICD adentraram
tratamento, a unidade da LBV diabetes. as dependências do Templo da
adaptou sua infra-estrutura para Natureza e da Criança — como
melhor atender às necessidades Encontro fraterno também é conhecido o Lar da
de crianças com diabetes. “Foi A equipe multidisciplinar do LBV. O diretor-presidente do
colocado um frigobar no quarto ICD abriu espaço na agenda de instituto, dr. Balduíno Tschiedel,
do adolescente, aos cuidados do trabalho para conhecer o Lar e presente na festividade, ressaltou:
monitor, em virtude da necessi- Parque da LBV. Durante a visita, “Este é um local fantástico, que
dade de guardar a insulina sob a nutricionista Siciane Gracciolli, só faz engrandecer a parceria.
refrigeração. Além disso, orien- o educador físico Winston Boff, (...) O interessante deste dia é
tamos, pessoalmente, os monito- a enfermeira Marjorie da Silva nossos pacientes verem uma
res, funcionários e responsáveis e a responsável pelo Programa de realidade diferente, convivendo
pelas refeições quanto às regras Educação em Diabetes com outras crianças em
Liliane Cardoso
66 | BOA VONTADE
foi “mais que uma visita à LBV: da Criança com Diabetes e o Lar
foi um momento de convivência e Parque Alziro Zarur, da LBV
muito especial. Todos nós retor- trabalham juntos para propor-
namos a Porto Alegre bastante cionar uma vida mais saudável
felizes, renovados. Esperamos às crianças que atendem. O os
o
a rd
estreitar cada vez mais ICD premia, anualmente, Lili ane
C
Liliane Cardoso
em prol de uma sociedade cadores e organizações “Nunca vi um lugar tão
melhor”. que participam de seus
Ao iniciar o encontro, programas e tornam-se
bonito e integrado com a
todos os presentes se multiplicadores de co- comunidade como este Lar
reuniram no ginásio po- nhecimento. Em dezem- da Legião da Boa Vontade.
Paulo Roberto Falcão
liesportivo José de Paiva bro de 2007, um grupo
Netto para um café da manhã. Em de profissionais da LBV recebeu Toda a nossa equipe e
seguida, as crianças da LBV e do o certificado de Educador Cida- as crianças agradecem
ICD foram divididas em grupos dão, entregue pelo comentarista sobremaneira à LBV. (...) Eu
mistos e tiveram a oportunidade e ex-jogador da Seleção Brasi-
de participar de variadas ofici- leira de Futebol Paulo Roberto transmito ao Paiva Netto o
nas, entre elas a de cavalgada, Falcão, presidente do Conselho abraço pelo orgulho desta
tradicionalismo, hip hop, vôlei, Administrativo do ICD, e pelo
futebol. coordenador do Programa de
Obra levantada, que tanto
Educação em Diabetes do ins- benefício vem espalhando
Lar e Parque da LBV tituto, endocrinologista César pelo mundo.”
recebe troféu do ICD Geremia. Além disso, o ICD pre-
Unidos pela solidariedade, miou a Legião da Boa Vontade Balduíno Tschiedel
amor e respeito a seus com o troféu Amigo do Instituto Diretor do ICD
atendidos, o Instituto da Criança com Diabetes.
Arquivo BV
que
em Glorinha/RS.
m a s es b e tes
to d i
Sin ciam o lados costu- a
denunom níveis malcontr
o
as c
Pesso resentar:
ap zes;
mam e d e; u i t as ve
a s r m
• Muit e de urina
t a d a;
• Von x a gerad
e e
• Fom mbaçada; sas;
o e e o u muco cicatrizar;
• Vis ã a pel ma
f e c ç ões n ue demora cir
• In c ados
q
a má
c h u s a d
• Ma cau
a d i g a; r n a s , por
•F s pe
D o r es na
•
ão.
culaç
Uimigração
História
100 anos da presença japonesa no Brasil
Uma bem-sucedida
Leila Marco
Colônia e descendentes
festejam um século de
história e agradecem
a acolhida aos
antepassados
Divulgação
68 | BOA VONTADE
ia
Wikipéd
ulgação/ iv
Fotos: D
P
rimeiro veio a necessida- Um olhar sobre o Mário Gonçalves diz que, a esse
de de sair da pátria mãe, passado tempo, o país do sol nascente se
atravessar oceanos e en- Ao observar o próspero Japão abria para o mundo ocidental e
contrar, no outro lado do de hoje, é difícil imaginar por vivia um momento expansionista.
Planeta, todo tipo de dificuldade que há cem anos muitos de seus “Quando eles chegaram aqui, o
do recomeço em uma nova terra. filhos abandonaram tudo a fim de Japão tinha acabado de sair de
Precisavam “fazer a América” arriscar-se em terras tão distan- uma guerra com a Rússia [1905],
para voltar ao Japão. Mas as coi- tes. Para entender melhor isso, é que venceu a duras penas. O
sas não aconteceram exatamente preciso recuar aos anos anteriores processo de industrialização se
como os pioneiros planejaram. ao marco inicial da imigração ja- dá, mas trazendo consigo graves
Depois de algum tempo, os imi- ponesa no Brasil — caracterizado crises internas. Grande parte da
grantes japoneses souberam que pela chegada do navio Kasato população rural se viu despojada
era hora de mudar o rumo dessa Maru a Santos/SP, em 18 de junho de suas terras, jogada na grande
história; era necessário criar raí de 1908, depois de 52 dias desde cidade, às vezes sem condições.
zes no Brasil. que partira do Porto de Kobe (429 As províncias, particularmente
Este ano, essa epopéia feita quilômetros a oeste da capital, populosas, tiveram fortes tensões
de lágrimas, suor e sonhos, nem Tóquio). A embarcação trazia os sociais, e uma das tentativas para
sempre alcançados, completa primeiros 781 imigrantes, dentro
um século. Os motivos que do acordo imigratório estabeleci-
influenciaram aquela aventura
e o que representou esse mo-
do entre as duas nações, e mais 12 Entenda a
passageiros independentes.
vimento para os cerca de 1,5 A história desses imigrantes nomenclatura
milhão de nikkeis (descendentes remonta ao período de moderniza- Issei – imigrante japonês
de japoneses nascidos fora do ção do país, em 1868. O professor Nissei – filho de japoneses
Japão) no Brasil estão nesta de História do Extremo Oriente, Sansei – neto de japoneses
reportagem especial da revista pela USP, estudioso da maçonaria Yonsei – bisneto de japoneses
BOA VONTADE. e missionário budista Ricardo
BOA VONTADE | 69
História
an
Trevis
Daniel
O professor Ricardo Gonçalves é autor
Clayton Ferreira
do livro A Ética Budista e o Espírito
Econômico do Japão (Editora Elevação).
O lançamento da obra, ocorrido no fim
de 2007, na Grande Loja Maçônica do
Estado de São Paulo, praticamente deu
início às comemorações do Centenário
da Imigração Japonesa no Brasil. Em
O Museu da Imigração um dos exemplares da obra, o professor
Japonesa, em São Ricardo deixou a seguinte dedicatória
Paulo/SP, abriga um ao dirigente da Legião da Boa Vontade:
grande número de peças e documentos, “Para o querido Irmão José de Paiva
a exemplo destes passaportes japoneses Netto, o Grande Timoneiro da LBV, com
das décadas de 1950 e 1960. um abraço ecumênico do autor”.
aya
aliviar essas tensões foi a
ato Nak
ssoal/Ren
imigração”, conta.
A Sakura, hoje a maior fabrican-
Com a modernização, após
te de molhos líquidos do Brasil,
a chamada Era Meiji, a nação
rquivo pe
70 | BOA VONTADE
Fotos: Daniel Trevisan
Célia Oi, historiadora, jornalista e coor- Visão geral de uma das exposições permanentes do Museu
denadora de comunicação da Sociedade Histórico da Imigração Japonesa no Brasil. No detalhe, réplica
Brasileira de Cultura Japonesa e de As- de um dos navios que trouxeram as primeiras levas de imigrantes do
sistência Social (Bunkyo). Japão ao Brasil. Endereço: Rua São Joaquim, 381, 7o, 8o e 9o andares, Liberdade, São
Paulo/SP, tel.: (11) 3208-1755. Horário: De terça a domingo, das 13h30 às 17h30.
Preço: R$ 5 adultos (estudantes pagam meia) e R$ 1 crianças de 5 a 11 anos.
Por isso a política chamada de Na primeira grande fase da imigração japonesa, 1908-1941,
branqueamento, trazendo imi-
grantes europeus”, explica Ricar- chegam aqui mais de 188 mil isseis, e dentro desta há outra muito
do Gonçalves. importante, no ano de 1925: um verdadeiro boom da imigração,
A idéia era fazer do Brasil um
país de população dedicada à agri-
quando o governo japonês subsidia a passagem para quem quisesse
cultura, mas de origem européia, seguir para o Brasil.
em um sistema de colonização que
visava à ocupação territorial como
forma de defender os espaços va-
zios. Só que a falta de habilidade de
Destinos da imigração japonesa
nossos fazendeiros, acostumados a na América
tratar com escravos, arrefeceu esse
processo, segundo o professor.
“Eles se sentiam muito maltra-
tados, e começou uma campanha
Estados Unidos
contra o Brasil. Os fazendeiros de 1888
café precisavam de mão-de-obra
e uma das soluções era o asiático.
Na segunda metade do século 19 Havaí
já havia tido algumas tentativas de 1868
BOA VONTADE | 71
História
Arquivo BV
Gilberto Bertolin
Netto completou 50 anos para levar passageiros. “Quando
de idade, recebeu do saía a parte na qual se transpor-
casal de monges budistas tava carga, você montava um
Yvonete e Ricardo Mário imenso tablado. As famílias eram
Gonçalves (fotos 1 e 2), divididas umas das outras com
representantes do Templo 1 2 uma espécie de cortina e com as
Budista Higashi Honganji, bagagens de mão; separavam-se
o koromo e o owan (ves- as pessoas pelas províncias a que
Clayton Ferreira
te e escudela). No ano pertenciam. No Japão daquela
seguinte, ofertaram-lhe época o uso do dialeto era muito
o kesa (manto). Essas forte. Cada setor tinha um repre-
vestimentas são conce- sentante e ele se entendia com os
didas somente àqueles coordenadores da viagem.”
cuja missão na Terra é De acordo com a historiadora,
considerada sagrada. Em 3 outro problema era a demora na
2006, ao completar meio viagem — o transcurso até o Bra-
Clayton Ferreira
século de trabalho na sil levava quase dois meses. Para
Legião da Boa Vontade, minimizar isso, eles desenvolviam
os monges budistas rea- uma série de atividades tentando
lizaram, em nova home- ocupar-se, como aulas básicas de
nagem, ocorrida no dia 25 português, competições esportivas
de agosto, no gabinete do envolvendo as crianças, festas para
dirigente da Instituição, marcar a mudança de hemisfério (a
em São Paulo/SP, a repo- 4 saída do Norte para o Sul), a passa-
sição da veste sacerdotal gem pela linha do Equador, enfim,
búdica que Paiva Netto ganhara em 1991 (fotos 3 e 4). Conhecida como tudo era motivo para distrair-se.
gedappuku e fukuden-e, a abençoada roupa, que simboliza a colheita do
sacerdote nos campos da Felicidade e da Libertação, também está exposta Fases migratórias
no Templo da Boa Vontade (Brasília/DF), a exemplo da primeira. e a contribuição da
comunidade
A corrente migratória japonesa
do fluxo de imigrantes italianos, iniciais não eram nada confortá- para o nosso País, conforme des-
em 1902. veis, muito pelo contrário. O pri- taca Célia Oi, teve três grandes
meiro navio construído especial- períodos. A primeira grande fase,
Aventura da mente para transportar emigrantes 1908-1941, na qual chegam aqui
primeira viagem japoneses para a América Latina mais de 188 mil isseis, e dentro
Como se vê, só surgiria em 1941. Até então, desta há outra muito importante, no
os isseis (japone- todas as embarcações utilizadas ano de 1925: um verdadeiro boom
ses que emigram para esse fim eram cargueiros. da imigração, quando o governo
para a América) A historiadora, jornalista e japonês subsidia a passagem para
quebram, em parte, essa coordenadora de comunicação da quem quisesse seguir para o Brasil.
discriminação e che- Sociedade Brasileira de Cultura “Bastava provar que era um sujeito
gam ao nosso País. Japonesa e de Assistência Social saudável e tinha idade e força para
Mas aquelas viagens (Bunkyo), Célia Oi, informa que o trabalhar”, diz a pesquisadora.
72 | BOA VONTADE
Grande parte deles veio para o
Estado de São Paulo, estimulada
pela cultura do café, sobretudo
até o fim dos anos 1920. Eles tra-
balhavam na fazenda cafeeira e,
depois de um tempo, começavam
a buscar a vida independente. Um
fato importante se dá nos idos de
1915, época da expansão do café Divulgação/Wikipédia
BOA VONTADE | 73
“Corações sujos”
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, os imigrantes japoneses
vivem um período bastante traumático no Brasil, em que a comunidade fica
cindida em dois grupos — os katigumi, da Shindô Remmei (Liga do Caminho
dos Súditos), seita ultranacionalista nascida em São Paulo, cujos adeptos
Boa Vontade TV eram chamados de “triunfalistas”, pois não acreditavam na notícia de rendição
do Japão, para eles, uma farsa dos aliados; e os makegumi, ou “derrotistas”,
no mundo apelidados de “corações sujos” pelos seguidores da seita. De janeiro de 1946
a fevereiro de 1947, matadores da Shindô Remmei buscam em todo o Estado
de São Paulo os makegumi, considerados por eles traidores do Império. Esse
grupo mata 23 imigrantes e deixa feridos outros 150, provocando um sentimento
de terror na colônia. O Dops (Departamento de Ordem Política e Social) prende
30 mil pessoas suspeitas dos crimes, mas apenas 381 são condenadas e 80
deportadas para o Japão. O episódio é contado em detalhes no livro Corações
sujos, do jornalista Fernando Morais.
Fernando Franco
empregos e um crescimento menor
da economia japonesa, o sonho já
não é tão atraente, mas, ainda assim,
é possível encontrar muitos brasilei-
ros por lá. Em 2005, o Ministério da
Justiça estimou a presença de 300
mil brasileiros vivendo legalmente
no Japão, os quais enviam todo ano
cerca de 1,5 a 2 bilhões de dólares
para o Brasil.
Ano de Intercâmbio
Brasil–Japão
Renato Nakaya, empresário e coordena- No último 17 de janeiro, o pre-
dor de finanças da Associação para a Homenagem ao Templo da Boa
Comemoração do Centenário da Imigra-
sidente Luiz Inácio Lula da Sil Vontade — Mais de duzentos ja-
ção Japonesa no Brasil. va abriu oficialmente o Ano de poneses da Sociedade da Oração
Intercâmbio Brasil–Japão, em para a Paz Mundial estiveram, no
O fenômeno dekassegui cerimônia realizada no auditório fim do ano 2000, em Brasília/DF,
Nos anos 1980, o Brasil assiste do Itamaraty, em Brasília/DF. Na para homenagear o Templo da
ao aparecimento do movimento oportunidade, o desenhista Mauri Boa Vontade, com o oferecimento
migratório no sentido contrário: o cio de Sousa apresentou o desenho de um Obelisco da Paz. A comi-
fenômeno dos dekasse- do mascote comemorativo tiva foi liderada pelo presidente
guis. O brilho do país do centenário: Tikara. da organização, Hiroo Saionji, e
do sol nascente levou Esse personagem rece- sua esposa, Masami Saionji. A
muitos nipo-brasi- beu de seu criador, dias cerimônia de entrega do Obelisco
leiros a procurar na depois, a companhia da ocorreu ao som da música Aos
terra dos antepassa- garotinha Keika, os dois Irmãos Orientais, de autoria do
dos uma oportunidade representam a cultura mi- diretor-presidente da LBV, José de
de melhorar a própria lenar do Japão em 2008. Os Paiva Netto.
vida. nomes foram escolhidos
2
História
na língua japonesa: tikara pode de pessoas envolvidas, com tantos Banco de dados
ser traduzido como “força e acontecimentos. Diz que é uma Outro importante projeto é o
coragem” e keika, “bravura, honra para ele estar vivenciando do Museu da Imigração Japo-
pureza e honestidade”. este centenário. Entre os muitos nesa, que está catalogando as
O coordenador de finan- acontecimentos, destaca os que informações dos japoneses que
ças da Associação para a ocorrerão em junho, no auge dos vieram na primeira e na terceira
Comemoração do festejos. A exemplo da presença fases. Com esses dados os des-
Centenário da Imi- do príncipe herdeiro Naruhito, cendentes poderão descobrir,
gração Japonesa representante oficial da Família ao acessar o banco de dados, o
no Brasil, o em- Imperial do Japão. O príncipe nome dos integrantes da família,
presário Renato participará das comemorações de quantos vieram, a origem, qual a
Nakaya, ressalta que a Brasília (18 de junho), São Paulo idade e o destino aqui no Brasil.
comunidade se prepara (21 de junho), Paraná (22 de ju- “O importante, neste primeiro
há um bom tempo para esse nho) e em outros Estados. momento, é que as pessoas po-
momento tão especial e que todos “Haverá uma Semana Cul- derão localizar suas famílias.
os eventos foram pensados sobre tural Japonesa (de 13 a 22 de ‘Ah, meu avô, minha avó tinham
cinco pilares: “Primeiro é home- junho), no Complexo Anhembi, essa idade...’”, estima a assessora
nagear os imigrantes, segundo em São Paulo”, informa o coor- de comunicação da Sociedade
é agradecer aos brasileiros a denador. Além da inauguração Brasileira de Cultura Japonesa e
acolhida a nossos antepassados, no Paraná dos parques do Japão de Assistência Social, entidade
aumentar o intercâmbio cultural e (Rolândia), Yumê (Maringá) e do mantenedora do Museu.
as relações bilaterais. E o quinto Centenário (Curitiba), também
é trazer a cultura japonesa para estão previstas a Corrida e a
o Brasil e também levar mais da Caminhada do Centenário, 3
nossa cultura brasileira para o em Florianópolis/SC e em
Exterior”. São Paulo, prometendo um
Nakaya também afirma que em mês de muitas realizações
nenhum país do mundo houve uma (www.centenario 2008.
mobilização com tamanho número org.br).
1
Divulgação
Notícias do Sul
BOA VONTADE | 77
Ecumenismo Irrestrito
Notícias de Brasília
No Dia da Religião,
o combate à intolerância. Da Redação
únior
do J
val
E
Os
78 | BOA VONTADE
“Viva Jesus! Para quem pensa que
muçulmano não acredita Nele, a
gente quer deixar claro que Ele faz
parte da nossa Fé; é o nosso Messias
Comitiva de Israel
e nós estamos aguardando a Sua se-
gunda vinda, como todos os cristãos.
Inch Allah (se Deus quiser)”.
conhece o Templo da Paz
Em fevereiro do ano passado,
Lícia Curvello
Muito a propósito, recordamos a a embaixadora de Israel no Brasil,
homenagem da comunidade islâmi- Tzipora Rimon, visitou o Tem-
ca ao Templo da Boa Vontade, en- plo da Boa Vontade (TBV), em
tregue na época da inauguração, em Brasília/DF, para apreciar a ex-
1989. Marrocos foi a primeira nação posição Desenhos das Crianças
a agraciar o famoso monumento da de Terezín, na Galeria de Arte do
LBV, em louvor ao relevante papel monumento. A mostra focalizou
que ele desempenha na sociedade. a experiência desses pequenos A embaixadora de Israel no Brasil,
Sua Embaixada no Brasil doou, em durante a Segunda Guerra Mun- Tzipora Rimon (E), acompanhada de
nome do governo e da população dial (1939-1945) na antiga Tche- Raphael Singer e Amós Rolnik.
marroquinos, notável obra de arte, coslováquia, hoje Eslováquia e
um mosaico de pedras característico República Tcheca, por meio de em um Templo como este. Quero
da crença islâmica. A Embaixada desenhos e poemas feitos por divulgar a idéia do TBV por todo
iraniana também manifestou seu mais de 15 mil crianças. o mundo”.
apreço ao presentear o TBV com Encantada com tudo o que No Salão Nobre, voltou sua
uma belíssima pintura tradicional presenciou no TBV, voltou em atenção para a Menorah — espécie
de sua arte, feita em pele janeiro deste ano para apresentá-lo de candelabro, um dos símbolos
Osvaldo Júnior
BOA VONTADE | 79
Responsabilidade social
Empresas abrem espaço para a mão-de-obra de presidiários
Esperança
Camargo Chibim, donos da
Vitória Artesanato, há sete anos
oferece qualificação profissional,
preparando o preso para o mercado
de trabalho.
O interesse deles em ajudar os
na reabilitação
Fotos: Daniel Trevisan
U
ma das questões a se discutir deva se reabilitar por intermédio do Ele me respondeu que abortaria,
com muita atenção no Brasil isolamento total, considerado um ‘porque é uma vida que não vale
de hoje, no âmbito da segu- instrumento eficaz na manutenção a pena’”, recorda Fabiana. A mãe,
rança pública, é o sistema da segurança. Entretanto, ao cum- porém, não desistiu: deu à luz uma
carcerário. O cidadão inserido prir a pena, o preso nem sempre criança que viveu por oito meses.
nesse meio vê suprimidos direitos se mostra disposto a melhorar a “Aprendi com esse exemplo que
fundamentais como a liberdade e o conduta, ou pior: na falta do que toda vida vale a pena, por isso
voto — conseqüência das infrações fazer lá dentro, muitos reincidem demos seguimento a esse traba-
que cometeram. Muitos na socie- no crime. lho. Muitas vezes, a sociedade faz
dade estabelecem que o detento Diversas iniciativas de organi- a mesma coisa com as pessoas
80 | BOA VONTADE
que estão atrás das grades e as
condena”.
Iniciativa privada e
responsabilidade social
Por acreditar nessa idéia, o em-
presário Selmo Scremin, da em-
presa Milênio Distribuidora, investe
no projeto de profissionalização de
detentos da unidade penitenciária de
Hortolândia. Visitando o presídio,
conta o que testemunhou: “A reali-
dade é um confinamento em espaço
totalmente reduzido. Alguns deten-
tos forjam doenças para caminhar
da cela até a enfermaria, e esse foi INCENTIVO Os empresários Sérgio
um dos relatos que mais nos choca- (E) e Selmo Scremin, da Milênio
ram”. No regime fechado, os presos Distribuidora, apostam na idéia de
ficam em cárcere 21 horas por dia, investir na mão-de-obra de detentos.
Ao lado, galpão de armazenamento de
e há aqueles que não chegam a produtos da empresa.
receber visitas, ou porque a família
mora em outra cidade ou porque os Entre outros benefícios, a inicia-
abandonou. “Por esse motivo, dão tiva ajuda na redução da pena em
valor ao emprego. Nós nos surpreen troca da prestação de serviços. “As
demos muito com o empenho e condições sociais que os trouxe-
com o respeito que tivemos deles”, ram ao presídio são várias, mas a
acrescenta Frederico Chibim. condição de saída é o foco de vida dio. O resultado dessa ação, conta
A Milênio Distribuidora, em- deles; eles não querem perder o o empresário, mudou também sua
presa dos irmãos Selmo e Sérgio emprego”, pondera o empresário, forma de ver a relação emprega-
Scremin, tira o preso da cela e o que tem como atuação basilar a dis- dor/empregado, antes restrita às
leva para o ambiente de trabalho, tribuição de materiais que agregam finanças. “Hoje recebo muito mais
remunerando-o. Para participar valor cultural. do que pago: não só pelo trabalho,
dos programas, os 1.200 internos “Imagine o currículo de uma mas para ter certeza de que as
da unidade de Hortolândia passam pessoa de 40 anos de idade, 10 de pessoas que estão com a Milênio
por uma triagem, a começar pelo cadeia e experiência profissional na penitenciária vão sair profissio-
critério de boa conduta. Com base zero. Alguma empresa no País o nalizadas e com cultura”.
nisso, são selecionados aqueles empregaria?”, questiona Selmo. “Chegava a esquecer que estava
mais aptos a exercer as funções. Os presos formam equipes de ma- num presídio; por algumas horas
nutenção de máquinas, consertam o me sentia em liberdade espiritual”,
telhado e fazem toda a conservação conta L., que não quis se identificar.
“Aprendi que toda vida do local onde se situa a empresa Ele cumpriu 25 anos de prisão,
vale a pena.” dos irmãos Scremin; além disso, tendo passado por várias unidades
são bons encanadores e cozinheiros prisionais, e viu naquela oportuni-
Fabiana Campos — preparam alimentos para eles e dade a esperança de dias melhores
Chibim para a área administrativa do presí- na reabilitação. [N. L.]
BOA VONTADE | 81
Arte na Tela
Exposição exalta o artista mineiro
Aleijadinho
o grande barroco brasileiro
Marta Jabuonski
especial para a BOA VONTADE
Q
uem foi Antônio Francisco da descoberta do ouro e da forte doença passou a deformá-lo.
Lisboa — o Aleijadinho? religiosidade, era filho de um por- A mostra situou o lugar — Minas
O museólogo Fábio Ma tuguês com uma escrava liberta, Gerais —, a paisagem e os índios
galhães responde: “É um nasceu livre e com o pai aprendeu que lá viviam. Desenvolveu-se no
personagem misterioso até hoje, o ofício de entalhador. É sobre local o ciclo do ouro, com enormes
teve uma vida longa para a época esse contexto que se desenvol- descobertas de jazidas, o que tornou
e foi bastante ativo. E a veu a exposição itinerante a região a maior produtora desse
cada dia descobrem-se “Aleijadinho e seu tempo tipo de metal no mundo. Só para
indícios da passagem do — fé, engenho e arte”, que se ter uma idéia, em 70 anos, foi
Aleijadinho, sobretudo nos recebeu público recorde de extraído de suas reservas mais do
arquivos das nossas paró- visitas no Centro Cultural que o resto do Planeta produziu em
quias, seja pelos recibos Banco do Brasil (CCBB), dois séculos.
de pagamentos, discussões Antônio Francisco Lisboa em São Paulo/SP, no ano A exposição suscitou alguns
de empreitadas, cursos passado: cerca de 150.600 questionamentos e reflexões sobre
que deveria realizar, pagamentos pessoas (Fonte: CCBB-SP). Isso esse tempo e, além disso, pôde-se
a auxiliares que contratou”. após ter alcançado sucesso de visi- conhecer mais a respeito da sensi-
Na seqüência, comenta o estu- tação também em Brasília e no Rio bilidade desse mestre entalhador. O
dioso: “Era um mulato, aliás, é bom de Janeiro. que é possível notar na maquete da
82 | BOA VONTADE
O curador da mostra lembra de Janeiro e São Paulo (apesar de
que a descoberta de diamante mais pobre).
na zona de Diamantina, Cerro Minas traz um Barroco tardio,
Conceição do Mato Dentro, tor- porque foi ocupada no fim do sé-
nou o Estado o maior produtor culo 17, e este é o diferencial entre
também dessa pedra preciosa. o Barroco nordestino, que é muito
“Somando diamante e ouro, português, e o mineiro, que recebe
imagina-se como era intensa a influências da Índia, da África e do
vida cultural e social da época. Rococó.
Toda produção ia para Ouro Preto Nos trabalhos de Aleijadinho
e pelo caminho real para Paraty, nota-se o chamado Barroco da
mais tarde para o Rio de Janeiro, Baviera, da Áustria, além do por-
de lá para Lisboa. Isso enriqueceu tuguês. A Igreja de São Francisco
Dom João V, que reconstruiu de Assis, em Ouro Preto, onde o
Lisboa e transformou Portugal em artista foi o arquiteto e responsável
uma nação influente.” por todo o projeto, bem como de
O próprio Karl Marx afirma no grande parte da decoração interna,
Igreja de São Francisco de Assis (em livro O Capital que o ouro brasilei- é considerada pelo ex-diretor do
Ouro Preto) ou com os Sete Passos ro ajudou a financiar a Revolução Museu do Louvre, em Paris, Jean
da Paixão e os 12 Profetas, do San- Industrial Inglesa. Roger Galard, a mais importante
tuário do Bom Jesus de Matosinhos, O museólogo diz que o Barroco obra arquitetônica já realizada fora
em Congonhas do Campo, suas mais brasileiro é a matriz de todos os da Europa nesse estilo.
famosas criações. outros movimentos que surgiram Fábio Magalhães é modesto ao
Destaque ainda para a sala espe- em seqüência, como Maneirismo, falar do êxito da exposição “Alei-
cial montada com obras originais de Renascimento e Barroco. jadinho e seu tempo – fé, engenho
Aleijadinho e outras das quais não No período do Descobrimento e arte”, dando crédito a toda a equi-
se tem certeza serem de sua lavra. do Brasil, o Barroco era a lingua- pe pelo sucesso e
Para falar da religiosidade mineira, gem da época na Europa, expan- ressaltando o nome
pôde-se ver os oratórios e um con- dindo-se para o norte da Espanha, de Ana Helena
junto expressivo de fotografias de para a Alemanha, para a Áustria e Curtis, produ-
Marc Ferrez e do Gotero. para o sul, Espanha e Portugal. No tora e responsável
Fábio Magalhães diz que é pos- Brasil há exemplos magníficos nos pela montagem da
sível traçar um paralelo das obras do Estados de Pernambuco, Bahia, Rio mostra.
mestre e dos seus contemporâneos,
como Xavier de Brito, Francisco
Servas e Mestre Piranga. “É inte-
ressante perceber que o Aleijadinho
não é um fenômeno isolado. Ele
viveu numa época excepcional, na
qual Ouro Preto, São João del-Rei,
Mariana e Sabará foram núcleos
urbanos que cresceram numa velo-
cidade extraordinária. Havia mais
orquestras em Ouro Preto do que
em Lisboa/Portugal.”
Melhor Idade
Dignidade e zelo para com a Terceira Idade
Arquivo pessoal
Mario
de Moraes
P
ara aqueles que, como este
que vos escreve, já atingi-
ram idade de serem cha-
mados idosos, custa aceitar
os novos tempos quando, cons-
tantemente, os mais velhos são
desrespeitados. Vai longe a época
em que o chefe de família era o
primeiro a sentar-se à mesa e o
primeiro a ser servido; quando
os jovens, nas conduções, cediam
o lugar a uma pessoa com mais
idade; ou numa reunião caseira,
ninguém interrompia a fala dos
mais velhos. Tudo isso é coisa do
passado e, se um idoso relembrar
algum fato desses, por certo será
tachado de ultrapassado pela qua-
se maioria dos jovens, que não lhe
dará a menor importância.
Se isso já ocorre em relação aos
pais, a situação torna-se ainda mais
preocupante quanto ao relaciona-
mento com os avós, quase sempre
tidos como chatos e fora da reali-
PhotoDisc
84 | BOA VONTADE
ao neto, que sairá à noite, aonde ele
Jorge Alexandre
Simone Barreto
vai e a que horas voltará.
São outros tempos. É preciso
aceitar. E ficar feliz quando enve-
lhece e é tratado como um membro
querido da família. Isso porque, em
muitos casos, o idoso é visto como
um problema, principalmente se é
vítima de enfermidade.
Nas camadas mais pobres, em
geral ele é levado para um asilo,
Davi Alves
por dia. Felizmente, observa-se que internações por violências de todo os dedicados à atenção primária
esses índices estão caindo, a cada tipo. Estudos de especialistas no como os do setor de emergência,
ano, suplantados por óbitos por assunto concluíram que a maneira se preparem, cada vez melhor, para
doenças infecciosas e parasitárias. mais freqüente de violência contra a leitura da violência nos sinais
Os números obtidos são sur- os mais velhos ocorre no âmbito deixados pelas lesões e traumas
preendentes. Embora a principal familiar. Cerca de 90% dos casos que chegam aos serviços ou levam
causa de falecimentos entre os de maus-tratos e negligência con- a óbito. Em vários estudos demons-
idosos de 60 anos ou mais, no tra eles acontecem em seu próprio tra-se o pouco envolvimento das
período estudado, tenha sido por lar, e 2/3 dos agressores são filhos equipes para ir além dos problemas
acidentes de trânsito e transporte, ou cônjuges das vítimas. O estudo físicos, mesmo quando em seu diag-
ela vem diminuindo de intensidade, também revela que, em primeiro nóstico fica evidente a existência de
ao contrário das quedas e homicí- lugar, aparecem como agressores os violências como causa básica das
dios, que aumentaram. Outro dado filhos homens, mais que as filhas. A ocorrências. A lógica que define
preocupante é que o suicídio entre seguir, vêm noras e genros ou um seu não-envolvimento costuma ser
os idosos, naquele período, teve dos cônjuges. O idoso é agredido a consideração do problema de
aumento de 6,7% para 7,8% do mesmo quando é ele quem, por maus-tratos como de âmbito priva-
total de mortes. meio da aposentadoria ou econo- do, portanto, fora da competência
Na pesquisa realizada pela dra. mias, sustenta a casa. da medicina (...)”.
Minayo, ela destaca seis unidades Como livrá-lo da violência? A E conclui com eloqüência a
da Federação como as mais vio- dra. Maria Cecília informa: “De- pesquisadora: “Em todas as formas
lentas para essa faixa etária: Goiás, vem ser objeto de atenção: políticas de aumentar o respeito à população
Mato Grosso, Mato Grosso do públicas que redefinam de forma mais velha, em todas as políticas
Sul, Rondônia, Roraima e Rio de positiva o lugar do idoso na so- públicas voltadas para sua prote-
Janeiro. E informa que o número de ciedade e privilegiem o cuidado, a ção, cuidado e qualidade de vida,
óbitos na Terceira Idade por causa proteção e sua subjetividade, tanto precisa-se considerar a participa-
da violência em nosso País não é em suas famílias como nas institui- ção dos idosos, grupo social que
conclusivo. ções, tanto nos espaços públicos desponta como ator fundamental
O sistema de informação hos- como nos âmbitos privados (...). na trama das organizações sociais
pitalar do SUS esclarece que, No caso dos serviços de saúde, é do século 21. Ricos ou pobres,
em 1999, registraram-se 69.637 preciso que os profissionais, tanto ativos ou com algum tipo de depen-
dência, muitos sustentam famílias,
dirigem instituições e movimentam
PhotoDisc
86 | BOA VONTADE
L A R D A L B V PA R A I D O S O S E M V O L TA R E D O N D A / R J
“Trabalho de excelência”
uivo BV
Selma Correa
rq
Fotos: A
Andréa Araújo (E), Cláudia Lage e dr. Alberto Pontes Garcia Júnior, juiz da Vara da
Infância, da Juventude e do Idoso, em visita ao Núcleo e Lar para Idosos da LBV.
P
ensando na valorização e no mento oferecido pela Instituição:
bem-estar dos vovôs e vovós
em situação de vulnerabilidade “É a minha primeira visita
social, a Legião da Boa Vonta- a este lar da LBV. Quero deixar espiritualmente”. (Andréa Araújo,
de de Volta Redonda/RJ se empenha consignado que fiquei muito bem promotora de Justiça)
com seriedade para satisfazer às impressionado com o trabalho de
necessidades deles, proporcionando- excelência aqui desenvolvido. Para- “Em visita à Instituição, fiquei
lhes qualidade de vida e respeito. benizo toda a equipe pela dedicação maravilhada com o trabalho de-
Para cumprir esse compromisso, aos idosos”. (Alberto Pontes Garcia senvolvido e animada por ter tido
a LBV utiliza a estrutura ampla e Júnior, juiz de Direito do Idoso) a oportunidade de observar que,
moderna do Núcleo e Lar Ássima e havendo boa disposição e vontade
Elias Zarur para Idosos, que é ampla- “Acompanhei o dr. Alberto e de acertar, é possível alcançar
mente reconhecido por autoridades mais uma vez percebi o zelo e a excelentes resultados. Desejo que
e personalidades do município. Em dedicação que são dados aos ido- Deus continue a abençoar esta bela
recente visita ao local, o juiz da Vara sos. Gostaria de parabenizar todos atividade e que o município de Volta
da Infância, da Juventude e do Idoso os funcionários e dirigentes pelo Redonda possa contar, por vários
dr. Alberto Pontes Garcia Júnior, trabalho que desenvolvem e que, e vários anos, com o maravilhoso
a promotora de Justiça Andréa sem dúvida, atende o idoso não só trabalho da LBV”. (Cláudia Lage,
Araújo e a secretária de Gabinete da materialmente, mas emocional e secretária de Gabinete)
Vara da Infância, da Juventude e do V I S I T E , A PA I X O N E - S E E A J U D E A L B V !
Idoso, Cláudia Lage, registraram as Núcleo e Lar Ássima e Elias Zarur para Idosos, da LBV — Av. Nossa Senhora do
seguintes impressões sobre o atendi- Amparo, 5.079, Santa Rita do Zarur, Volta Redonda/RJ, Brasil — Tel.: (24) 3346-7150
BOA VONTADE | 87
Melhor Idade
F ebre amarela
Não vacile,
vacine-se Walter Periotto
Fonte: www.saude.gov.br
D
esde dezembro do ano passado Transmissão — A febre amarela à zona rural das Regiões Norte e
— quando foi confirmada a é transmitida por meio da picada de Centro-Oeste, Estado do Maranhão
primeira morte por febre ama- mosquitos transmissores infectados. e parte dos Estados do Piauí, da
rela silvestre no Brasil — o A transmissão direta de pessoa para Bahia, Minas Gerais, São Paulo,
Ministério da Saúde tem alertado pessoa não existe. Paraná, Santa Catarina e Rio Grande
a população sobre a prevenção e Tratamento — Não há um do Sul, onde há casos confirmados
transmissão da doença. A advertên- específico. O tratamento é apenas em humanos ou circulação do vírus
cia é dirigida principalmente aos que sintomático e requer cuidados na entre animais (macacos).
vivem em regiões rurais (Leia o item assistência ao paciente que, sob
“Áreas de risco”). Segundo dados do hospitalização, deve permanecer em
órgão público, foram aplicados, até repouso com reposição de líquidos e
A febre amarela nos
meados de fevereiro, cerca de 7,3 das perdas sanguíneas, quando indi- últimos cinco anos
milhões de doses da vacina. cado. Nas formas graves, o paciente Número de casos confirmados e mortes
Na forma silvestre da doença, a deve ser atendido em uma Unidade registradas desde 2002.
transmissão do vírus ocorre quando de Terapia Intensiva. Se o paciente
64
pessoas saudáveis, que não tenham não receber assistência médica, po-
tomado a vacina, ao fazer trilhas, derá morrer. Casos
procurar cachoeiras ou mesmo estar Prevenção — A única forma de Mortes
em ambiente rural, são picadas pelos evitar a febre amarela silvestre con-
15 23
mosquitos haemagogus e sabethes. siste na vacinação contra a doença.
6
No meio urbano, onde não era regis- A vacina é gratuita e está disponível 6 5 3 2
5
Fonte: Agência Brasil
2003
2004
2005
2006
2007
88 | BOA VONTADE
Cidadania
Redescobrimento cultural do Brasil
N
o Brasil, onde historica- multimídias, seja na contratação de
mente o Estado aparece profissionais para cursos e oficinas,
como um fator fundamen- produção de espetáculos e eventos
tal para o estabelecimento culturais, entre outros.
do que se entende por identidade O Ponto de Cultura é exata-
nacional, em termos culturais, uma mente esta parceria entre Estado
iniciativa recente lançada pelo Mi- e sociedade civil, que recebe a
nistério da Cultura (MinC) promete quantia de R$ 185 mil reais para
desesconder o País e reconhecer executar seu projeto. “A rede cres-
os ritos vivos de seu povo. É o que ceu. Eram 450 pontos em 2006,
“A alma da Humanidade é a cultura”,
se espera com os Pontos de Cultu- agora são 680. (...) É um plano frase do dr. Célio Turino.
ra, ação prioritária do Programa de investimento que prevê, até
T Catalão
Cultura Viva, que começou a ser 2010, 20 mil Pontos de Cultura
implantado em 2004. Esse aspecto em atividade no Brasil, em
Fotos: T
dá esperanças quanto ao acesso diversos formatos”, anuncia
universal aos bens culturais, não o dr. Célio Turino, da Secre-
só na condição de consumidores, taria de Programas e Projetos
mas também de produtores de cul- Culturais, vinculado ao MinC,
tura. Além disso, permite inclusão responsável por essas ações.
de novas tecnologias que podem Parte da verba recebida
propiciar uma verdadeira explo- é usada para aquisição de
são transformadora na sociedade software livre, composto por mi-
brasileira. crocomputador, miniestúdio para
O resgate da produção cultural gravar CD, câmera digital, ilha de
será buscado a partir de iniciativas edição e o que mais for necessário.
que envolvem a comunidade em Neste caso, o papel do Ministério
atividades de arte, música, cida- da Cultura é o de agregar recursos
dania e economia solidária. Essas e novas capacidades a projetos e
organizações são selecionadas por instalações já existentes. Também
meio de edital público e passam oferece equipamentos que ampli-
a receber recursos do Governo ficam as possibilidades do fazer
Federal para potencializar seus artístico e recursos para uma ação Música e teatro são duas amostras das
trabalhos, seja na compra de ins- contínua nas comunidades. manifestações culturais registradas pelo
trumentos, figurinos, equipamentos Colaboração: Marilisa Bertolin programa.
BOA VONTADE | 89
Fórum Mundial Espírito e Ciência, da LBV
Entrevista exclusiva
O renomado físico
Amit Goswami explica
como as teorias da
Física Quântica têm
aproximado a Ciência
da Espiritualidade
Revolução
em curso
A
afirmação de que Ciência reza da criatividade mostra que é tica e foi pesquisador e professor
e Espiritualidade podem, falha também a crença segundo a titular de física teórica da Univer-
sim, caminhar juntas tem qual cientistas só trabalham com sidade do Oregon (EUA), por mais
mexido com os meios aca- idéias racionais, matemáticas. Na de três décadas. Ele costuma dizer
dêmicos nos últimos anos. Entre visão do físico, eles precisam da que fez o caminho contrário, isto
os que defendem essa posição está intuição, de visões criativas para é, partiu do aspecto científico para
um dos mais destacados físicos desenvolver a Ciência. E ele não o espiritual, pela ótica da Física.
da atualidade, o indiano Amit está só nesse pensamento, basta Dos 14 aos 45 anos manteve-se
Goswami, destacado palestrante relembrar as palavras do célebre em uma filosofia materialista, na
do I Fórum Mundial Espírito e físico judeu-alemão Albert Eins qual cresceu e obteve sucesso pro-
Ciência, que a Legião da Boa tein (1879-1955): “Não descobri fissional. Apenas quando começou
Vontade (LBV) promoveu no ano a Teoria da Relatividade apenas a trabalhar com a questão da medi-
de 2000, em seu ParlaMundi, em com o pensamento racional”. ção quântica, é que vislumbrou o
Brasília/DF, Brasil. Para ele, o Amit, que reside nos Estados paradoxo que lhe era apresentado:
entendimento da verdadeira natu- Unidos, é Ph.D. em Física Quân- “Se a consciência é um fenômeno
90 | BOA VONTADE
Espírito e Ciência, da LBV, con-
João Preda
“Deus é siderado um dos maiores eventos
do gênero no mundo: “Agradeço
o agente à Legião da Boa Vontade esse
apoio. Estou feliz de estarmos
causal por juntos nessa monumental mudan-
ça de paradigma”.
detrás da Em entrevista no ano de 2001,
Amit afirmou que “(...) se esses
nossa estudos se desenvolverem, no
início do terceiro milênio, Deus
criatividade e logo será finalidade da Ciência,
e não só da Religião”.
Espiritualidade.” Falando com exclusivida-
Amit Goswami participou do Fórum Mun-
dial Espírito e Ciência, da LBV, em outu-
de à revista BOA VONTADE, bro de 2000, no Parlamento Mundial da
Goswami comenta essa mudan- Fraternidade Ecumênica, em Brasília/DF,
considerado um dos maiores eventos do
ça de paradigma e as principais gênero no mundo. Sobre a iniciativa,
cerebral, evidências sobre a existência do destacou: “Agradeço à LBV esse apoio.
obedece à que chama consciência cósmica. Estou feliz de estarmos juntos nessa mo-
Física Quânti- Para o físico indiano, a Física numental mudança de paradigma”.
ca, como a obser- Quântica revolucionou ao trazer
vação consciente de um com ela uma mudança de conceitos que, segundo ele, esclareceria
evento pode causar o colapso da da Física Clássica, mostrando que alguns estágios homeostáticos
onda de possibilidades levando o tempo é variável, o movimento da evolução, como o fato de as
ao evento real que estamos ven- descontínuo, que existe interco- espécies adaptarem-se às mudan-
do? A consciência em si é uma nectividade não localizada e que ças ambientais, mas não elucida
possibilidade. Possibilidade não a consciência pode influenciar como uma espécie torna-se outra.
pode causar um colapso na pos- nos acontecimentos. “Potenciais Amit Goswami acredita que essas
sibilidade”. cerebrais têm sido transferidos de “lacunas fósseis”, estágios muito
Desde então, vem dedicando- um sujeito para outro enquanto rápidos da evolução, sugeririam
se ao assunto, tratado por ele em meditam juntos, e isso ocorre sem um salto quântico, que uma cons-
palestras pelo mundo e em livros nenhum sinal eletromagnético, su- ciência interveio de forma objetiva
de sucesso, a exemplo de Física gerindo conexão sem sinal ou não nesse mecanismo.
da Alma e O Universo Autocons- local entre eles. A cura espontânea, E conclui: “O Deus que a Física
ciente. Em nosso País já esteve para a qual existem dados extensos, Quântica possibilita redescobrir é
por diversas vezes e dele guardou mostra-se possível por causa dos objetivo”. Sob esse fundamento
as melhores referências: “Sinto- saltos quânticos criativos das pes- mudam-se importantes conceitos
me ótimo. A cultura brasileira soas. Dados científicos explicariam da medicina e da filosofia, que
sempre tem parecido aberta a a reencarnação, as experiências podem ser muito úteis ao Ser
mim quando se refere a assuntos de quase-morte e canalizações, a Humano. “Ele é o agente causal
espirituais, vida após a morte e eficácia da homeopatia e da acu- por detrás da nossa criatividade e
técnicas de tratamento alterna- puntura.” Espiritualidade, que, na verdade,
tivo, temas sobre os quais escre- Nesse raciocínio, o físico ques- é criatividade interior. A dança
vo”. Amit relembra, com carinho, tiona a teoria evolucionista de da criação é entre nosso interior e
a participação no Fórum Mundial Charles Darwin (1809-1882) Deus.” [L. S. M.]
BOA VONTADE | 91
Ação Jovem LBV
Opinião dos Militantes de Boa Vontade
PhotoDisc
Quando a
Alma
se fundamenta no Amor
D
Juliano Bento
92 | BOA VONTADE
imperioso que se junte ao esforço pioneiramente o saudoso fundador
mental o das mãos; à filosofia, o cabo da Legião da Boa Vontade (LBV), Tratado do Novo
da enxada (...). Não basta conceber, o radialista, poeta e ativista social
tem de realizar. Os novos tempos Alziro Zarur (1914-1979) ao afir-
Mandamento de Jesus
exigem maior presteza, posto que, mar: “Religião, Ciência, Filosofia (Reunido por Paiva Netto, con-
agora, o problema implacavelmente e Política são quatro aspectos da soante o Evangelho do Cristo
alcança bilhões de pessoas, cuja mesma Verdade, que é Deus”. de Deus, segundo João, 13:34
e 35; 15:12 a 17 e 9)
paciência não é inesgotável. Mesmo Globalizar o Amor Fraterno é
que atingisse um único Ser vivente, também globalizar o conhecimento Ensinou o Cristo Ecumê-
já seria um escândalo”, conceitua o eterno em prol do próprio conhe- nico: “Novo Mandamento vos
jornalista e escritor Paiva Netto em cimento e dos que o buscam, con- dou: Amai-vos como Eu vos
seu livro Reflexões e Pensamentos forme explica Paiva Netto em sua amei. Somente assim podereis
— Dialética da Boa Vontade (1987), mensagem às Nações Unidas. Fazer ser reconhecidos como meus
trecho reproduzido no artigo “Oito religião, ciência, filosofia e política discípulos, se tiverdes o mes-
Objetivos do Milênio”, constante para fortalecer a acomodação peran- mo Amor uns pelos outros. (...)
da revista Globalização do Amor te as contradições que se formam O meu Mandamento é este:
Fraterno, inicialmente editada em diante de nós significa rumar para que vos ameis como Eu vos
quatro idiomas, entregue a chefes de nosso fim, portanto, dessas frentes tenho amado. Não há maior
Estado e demais representações pre- de ação do conhecer humano. Não Amor do que doar a sua pró-
sentes à Reunião do Alto Segmento é necessária uma lógica matemática pria Vida pelos seus amigos.
da ONU, em Genebra (Suíça), em para demonstrar que para todo efeito E vós sereis meus amigos se
julho de 2007. há uma causa. Logo, sem novas fizerdes o que Eu vos mando.
Por isso mesmo se faz neces- causas em favor dos bons efeitos, E Eu vos mando isto: amai-
sário pensar para agir, ou seja, idéias falhas emergem, acarretando vos como Eu vos amei. Já
raciocinar para saber o melhor um abismo moral e intelectual cada não mais vos chamo servos,
modo de atuar. Por isso, quando vez maior, afastando-nos do brado porque o servo não sabe o
nos fundamentamos em um Saber “viver em um mundo melhor”. que faz o seu senhor. Mas
Divino, que podemos compreender A estratégia mais aceita, por- tenho-vos chamado amigos,
como Amor, surge uma Ciência tanto, para a Alma alçar vôos porque tudo quanto aprendi
que busca a grandeza da Verdade, maiores, sem atrofiar as asas e cair, com meu Pai vos tenho dado a
demonstrando humildade perante não é pensar pelo prisma do ego, conhecer. Não fostes vós que
a Natureza, que é seu objeto de mas, sim, pelo do Amor de Jesus, me escolhestes; pelo contrário,
estudo e pesquisa; uma Filosofia o Cristo Ecumênico, por trazer fui Eu que vos escolhi e vos
que busca trazer o indivíduo para a personificação maior do amar, designei para que vades e
as discussões, colocando-o como a manifestada no Seu Mandamento deis bons frutos, de modo que
causa do pensar; uma Política que Novo (quadro ao lado), visto que é o vosso fruto permaneça, a fim
não pensa no imediatismo para superior ao próprio “eu”. Isso por- de que tudo quanto pedirdes
proveito de quem a faz, mas, sim, que nos abrange e nos modifica para ao Pai em meu nome, Ele vos
no cultivo das relações humanas, a real necessidade de existirmos conceda. E isto Eu vos mando:
trazendo benefícios para todos; e, no Universo e de o Cosmos existir. que vos ameis como Eu vos
por fim, uma Religião que mostra o Somente assim entenderemos que, tenho amado. (...) Porquanto,
caminho necessário para que visua- da mesma forma que não se limpa da mesma forma como o Pai
lizemos e possamos pôr em prática sujeira com lodo, não se ama e vis- me ama, Eu também vos amo.
os ideais venturosos do Ser. lumbra a Verdade permanecendo na Permanecei no meu Amor”.
A respeito disso, tão bem definiu indiferença e na omissão.
BOA VONTADE | 93
Pedagogia do Cidadão Ecumênico
LBV da Europa
Espiritualidade
Novo paradigma da Educação
Noys Rocha
de Portugal
Fotos: Arquivo LBV de Portugal
para que não falte o material. “Mais familiar. Assim, a bagagem de ex-
do que educar, é preciso reeducar”, periência dos pais ou responsáveis
como propõe a LBV. pode ser partilhada com o corpo
É fundamental que haja novo docente, o que beneficia a formação
Noys Rocha, paradigma, afinal tudo é gerado pelo do caráter do estudante. A qualidade
representante Espírito do Ser Humano, portanto, da educação, portanto, depende de
da LBV de necessário se faz atuar nele. É nesse nós — como pais, responsáveis ou
Portugal.
panorama que se insere a Pedagogia professores.
A
do Cidadão Ecumênico (PCE), Pe- Diversos programas socioedu-
sociedade mundial está doente. dagogia do Afeto, linha educacional cativos são desenvolvidos, aqui em
Para chegar a esse diagnóstico, preconizada pelo diretor-presidente Portugal, com a missão principal
basta ver que a exclusão social da Legião da Boa Vontade, José de de criar uma cultura de Solida-
grassa, a dependência tóxica Paiva Netto, que alia intelecto, sen- riedade, por meio da melhoria da
assola gerações e a violência que timento e Espiritualidade. qualidade de vida, de forma ampla e
atinge o lar, a escola, as ruas, está em Essa linha educacional vai muito abrangente, em todos os segmentos
toda parte. O debate sobre tais ques- além dos períodos letivos, porque sociais, com a Caridade Completa
tões nos leva a refletir na profundida- não se restringe ao ensino formal, (material e Espiritual). Um desses
de da educação. É importante termos estende-se ao não formal, ao nosso exemplos é o programa Sorriso
a consciência de que não se pode cotidiano, na trilogia escola-família- Feliz, que, além de desmistificar
desenvolver o organismo social sem comunidade. Paiva Netto, em Re- a aversão à cadeira do dentista,
mudar a cultura vigente; o Ser Hu- flexões e Pensamentos — Dialética promove a cultura da higiene bucal
da Boa Vontade, nos adverte que “a correta, como medida mais eficaz
Crianças portuguesas atendidas
escola não substitui o lar”. A pre- para a prevenção da saúde oral. A
no programa Semente da
Boa Vontade sença dos pais, acompanhando unidade móvel da LBV, denomi-
os filhos nos estabelecimentos nada Autocarro da Saúde Oral, um
de ensino, é essencial para um ônibus equipado com gabinete den-
bom desempenho escolar, pois tário e minibrinquedoteca, percorre
fortalece a auto-estima dos a área metropolitana de Lisboa,
educandos e contribui para de estabelecimentos de ensino a
que os valores de conduta entidades comunitárias, realizando
aprendidos no colégio te- procedimentos de profilaxia, como
Ecumênica
o tratamento de tártaro e aplicações
de flúor, de selantes, entre outros.
Na Ronda da Caridade rea- não tratares do espírito e da alma,
lizamos um serviço itinerante de não dás nada a ninguém (...). Todos
Integrado nesse mesmo propó- socorro aos sem-teto, percorrendo os dias acordo com um sorriso no
sito, temos o programa de Agen- diversas localidades nas noites frias rosto. Posso dizer que sou feliz”,
tes Comunitários de Saúde Oral das cidades do Porto e de Lisboa, no destaca Olga.
(Proaso) que, no Porto, em Lisboa, apoio aos sem-abrigo (moradores de Para levar avante essas e outras
em Coimbra e em várias cidades rua). O trabalho estende-se por toda iniciativas, a LBV de Portugal con-
portuguesas, vem formando agen- a semana nas instalações do Centro ta com a parceria da ESE (Escola
tes multiplicadores dessa cultura, Social da LBV, onde os Superior de Educação do
por meio de palestras, simpósios e atendidos recebem também Porto) e das Universida-
sessões educativas com entidades orientação tendo em vista des Lusófona (de Lisboa),
parceiras da LBV. “Há muitos pro- a reinserção na sociedade. Fernando Pessoa e Escola
blemas cardíacos e outros decorren- Uma das voluntárias nessa Superior de Educação Pau-
tes da saúde bucal comprometida”, atividade, a artista plástica la Frassinetti (do Porto),
informa o dr. Cassiano Scapini, e atriz em Portugal, Olga Olga Sotto entre outros respeitáveis
dentista voluntário, supervisor téc- Sotto, começou a colaborar estabelecimentos de ensino
nico de saúde da Instituição. como uma forma de fazer laborató- e entidades a quem agradecemos.
Voltado a crianças e adolescentes rio para um personagem morador de Na minha ótica, o pensamento
até os 13 anos de idade, em situação rua que ia interpretar. Desde então, basilar da Pedagogia do Cidadão
de risco social, há o programa Se- não deixou mais de ajudar. “Faço Ecumênico, de autoria do dirigente
mente da Boa Vontade que ocupa a Ronda da LBV toda semana, não da LBV, é: “Cuida do Espírito,
o tempo livre desses pequenos consigo viver sem ela. (...) Há uma reforma o Ser Humano, e tudo se
com oficinas temáticas e sessões de empatia que não consigo explicar. Se transformará”.
formação, além do apoio alimentar
e afetivo.
“É preciso unir a experiência dos
mais velhos à energia dadivosa dos
mais jovens.” Sob a inspiração desse
pensamento de Paiva Netto, outra
importante iniciativa é desenvolvida:
o programa Viva Mais!, que contri-
bui para a vida ativa na Terceira Ida-
de e incentiva o voluntariado sênior.
Os participantes são recebidos não A LBV de Portugal, nos meses de janeiro e fevereiro, recebeu a visita de estudantes lu-
como simples usuários dependentes sos interessados em ajudar os menos favorecidos. Alunos da Escola Carolina Michaelis
conheceram o trabalho voluntário e, ao final, ofereceram-se para “doar Amor” em co-
de amparo, mas colaboradores com operação à Obra. Os estudantes da Escola Secundária de Moimenta da Beira, região
uma rica bagagem a ser dividida centro-sul do país, também sensibilizaram-se e aproveitaram a oportunidade da visita
com as novas gerações. para participar do Programa Ronda da Caridade, na cidade do Porto.
BOA VONTADE | 95
De Newark, Estados Unidos,
Jhordan Gabriel, 12 anos, de Goiânia/GO, escreveu-nos escreve o Soldadinho de Deus
para contar um ensinamento que aprendeu no livro A Amanda Cecília Vieira, 11 anos:
cura do servo de um centurião, da Editora Elevação: “GOD IS PRESENT! (Deus está
presente!)
“O centurião, sabendo da doença de seu servo e “Adoro ser um Soldadinho de Deus!
da chegada de Jesus, pediu que seus soldados E adoro toda a Legião da Boa Vontade
O encontrassem (o Cristo), pois acreditava não (LBV).
ser digno de falar com Ele. E Jesus Sempre escuto a Super
pôde curar o servo do centurião, Rede Boa Vontade de
tão grande era sua fé. E isso Rádio pela internet. E
é um exemplo para todos nós, o programa que gosto
pois não há tempo e nem espaço bastante é o Bolo com
que impeçam as realizações no Pudim, que passa
Bem, desde que acreditemos em aos sába-
Jesus e façamos por merecer dos, às 11
recebermos a Sua proteção”. horas”.
Ajude Pedro
a atravessar o labirinto
96 | BOA VONTADE
(1) Lailla Pereira Jor-
ge, 3 anos, São Paulo/SP
(2) Anna Clara (4 meses) e Gui-
lherme de Figueiredo Caetano (8 anos),
Glorinha/RS (3) Os irmãos Eduarda, 9 anos,
e Enzo Coutinho de Carvalho, 6 meses,
de São Paulo/SP (4) Beatriz Alonso Von
Gal Furtado, 2 anos, Campinas/SP (5)
As gêmeas Ingrid Clara e Valeska Maria
Matos de Souza, 2 meses, de Brasília/DF,
(6) Evelyn de Souza Barreto, 9 meses, de
Niterói/RJ, (7) Soldadinhos de Deus da
Soldadinhos de Deus cidade de Arceburgo/MG, (8) Luana Santos
da Cruz, 9 anos, e Murilo Santos da Cruz,
da Baixada Santista 2 meses, São Paulo/SP. (9) Laura
Crianças da cidade de Santos/SP Bittencourt Rodrigues, 1 ano,
escreveram um livro a respeito do que Glorinha/RS.
aprendem nas Aulas de Moral Ecumênica,
da Religião de Deus, o qual dedicaram
ao Irmão Paiva. Destacamos um trecho
especial para demonstrar o belo trabalho
escrito por Gabrielle Cristina, 7 anos:
BOA VONTADE | 97
Esporte
A
premiação dos melhores des- prêmio de melhor programa local
portistas de 2007, avaliados do rádio esportivo do Rio de Ja- O técnico Alfredo Sampaio, o treinador
pelo Sindicato dos Treinado- neiro em 2007, representado pelo Mário Jorge Lobo Zagallo e Marcelo
Figueiredo, da LBV.
res de Futebol Profissional do coordenador da equipe, Marcelo
Estado do Rio de Janeiro, ocorreu, Figueiredo.“É um reconhecimento