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Tempos, Memórias e Narrativas em Chimamanda Adichie.

Ensino de História da
África e Diáspora Negra.

Janaina Cardoso de Mello*


Alessandra Corrêa de Souza**

Resumo:
O texto propõe uma imersão nas obras literárias da escritora Chimamanda Ngozi Adichie,
expressando o cotidiano de seus personagens na Nigéria, em um diálogo interdisciplinar que
se realiza em uma reflexão sobre "tempos, memórias e narrativas" a partir de uma perspectiva
decolonial. Assim, a História da África e da Diáspora negra é compreendida através da lente
do imaginário criativo, do realismo ficcional e histórico, do protagonismo feminino, das tensões
e reações, das raízes culturais e ancestrais. Perpassando "Hibisco Roxo" (2011), "Meio sol
amarelo" (2008) e "No seu pescoço" (2017), além dos textos teóricos, apresentam-se
possibilidades teóricas e metodológicas de "experienciar", na tessitura dos enredos e tramas,
um Ensino de História significativo e dialógico com as lutas, resistências e re-existências das
populações negras, principalmente no que diz respeito à perspectiva do feminismo negro.

Introdução

A proposta deste texto busca enveredar pelas searas de um diálogo afro-


diaspórico entre a História e a Literatura nigeriana contemporâneas a partir dos textos
"Hibisco Roxo" (2011), "Meio sol amarelo" (2008) e "No seu pescoço" (2017) de
autoria de Chimamanda Adichie, propondo uma reflexão crítica na construção de
conhecimentos originais e autônomos no ensino de História na Educação Básica.
Os objetivos que nortearam essa escrita compreenderam: a) promover a
interdisciplinaridade entre História e Literatura como campos de troca e aplicação às
análises do cotidiano; b) incentivar o ensino de História e Literatura Africana e Afro-
Brasileira a partir do exposto nas Leis 10.639/03 e 11.645/08; c) propor uma
metodologia ativa com o uso da técnica da storytelling e dos princípios da Taxonomia
de Bloom.
O caminho percorrido perfaz a tríade “tempo”, “memória” e “narrativa” que sai
de sua visão no singular eurocêntrico para o plural das diversidades étnicas africanas
no processo de elaboração historiográfica e tendo como metodologia a adoção da
contação de histórias tão cara aos griots ancestrais.
O texto se divide em quatro partes, sendo a primeira Tempos, Memórias e
Narrativas na disputa dos sentidos historiográficos, uma abordagem sobre os
conceitos de tempos, memórias e narrativas no contexto dos distintos regimes de
historicidade no ofício da escrita histórica acadêmica e sua reverberação no ensino
da disciplina. A segunda parte, Vida e obra de Chimamanda Adichie, que retrata as
origens da autora e sua trajetória de reconhecimentos acadêmicos e literários
internacionais. A terceira parte - Chimamanda Adichie e as possibilidades de leituras
de memórias, narrativas e tempos - traz as obras "Hibisco Roxo" (2011), "Meio sol
amarelo" (2008) e "No seu pescoço" (2017) da autora. Na quarta parte - Letras
africanas ancestrais: uma proposição didática no Ensino de História, são
apresentados modelos de tirinhas para o início do trabalho didático com a storytelling
na sala de aula.
Como estado da arte dialogou-se com as perspectivas analíticas de Neusa
Souza, Dipesh Chakrabarty, bell hooks, Vanda Machado, Tzvetan Todorov, Ana Paula
do Carmo Marcheti Ferraz e Renato Vairo Belhot, dentre outros.

I - Tempos, Memórias e Narrativas na disputa dos sentidos historiográficos

“Tempo”, “Memória” e “Narrativa” integram o rol de conceitos fundamentais


para a compreensão do passado sob a lente da ciência histórica. Articulados,
conferem sentido ao fato histórico, imbuídos de personagens, ações e rememorações
sobre seu desdobramento nas vidas cotidianas. Desse modo, a historiografia como
campo epistemológico promove uma reflexão sobre os modos de escrita da História
considerando sua natureza, etapas e limites do conhecimento pesquisado.
Compreendemos como pesquisadoras das Humanidades que não há como
olhar para o passado sem a percepção da passagem do tempo, de sua efemeridade,
das rupturas e continuidades. Ainda as representações desse passado, seus
testemunhos orais, imagéticos e textuais remontam lembranças, flexíveis e
constantemente atualizadas conforme as demandas do tempo presente onde estas
memórias subsistem como heranças de experiências anteriores. E a forma como tudo
isso encontra um início, um meio e um fim, de forma inteligível, em nosso processo
cognitivo, constitui-se em narrativas, ou seja, modos de contar as variadas histórias
em distintas temporalidades, geografias e povos.
Mesmo com inúmeras possibilidades de apreender a história em sua escrita
multiforme, o século XIX foi consagrado como a “era de Ouro” do ofício historiográfico
e nele a predileção por obras de autores europeus. Sob esse aspecto, os estudos
sobre a história latino-americana, africana e oriental foram influenciados pelas obras
e pensamentos de Escolas alemã (Frankfurt), francesa (Annales) e britânica (New
Left).
De norte a sul, leste a oeste, uma visão de mundo ocidental eurocêntrica e
homogeneizadora se impôs sobre etnias, práticas, costumes e epistemologias
destoantes dessa lógica unívoca de interpretação do mundo (CHAKRABARTY, 2015).
Ao invés de constituírem um diálogo enriquecedor de aprendizado com os “outros”,
estes receberam um tratamento hierarquizado e inferiorizador de suas origens
proveniente da ordem escravocrata que despersonalizou e objetificou os corpos
negros escravizados.
O choque dos colonizadores europeus com os colonizados, fossem os povos
originários no território americano, fossem os africanos transmigrados forçosamente
de seu continente para a escravização nas lavouras, cidades, Casas-Grandes e
Sobrados, foi demarcado pela noção de “conquista” do “diferente” onde o “Eu
europeu-homem-branco-civilizado” se impôs sobre o “outro” estigmatizado
(TODOROV, 2003), “desejado” e recusado em uma percepção ambígua pautada pela
vontade de assimilacionismo e “aculturamento” do outro (BHABHA, 1998).
Para além da abolição da escravização, ao final do oitocentos no Brasil, a
manutenção dos negros libertos em uma condição socioeconômica desigual, sob a
espoliação capitalista, perpetuou as restrições de suas potencialidades e de suas
filosofias de apreensão da realidade. A atribuição de tipificações negativas e a
imposição da submissão em uma sociedade estratificada e autoritária multirracial e
racista incrementou ainda mais a valoração de teorias e metodologias europeias na
escrita historiográfica (SOUZA, 1983, p. 20-21).
Ao longo do século XX, predominou a universalização da compreensão
francesa a respeito dos conceitos de tempo, memória e narrativa, a partir de autores
como Marc Bloch, Pierre Nora, Jacques Le Goff, Paul Ricouer, dentre outros, na
formação acadêmica de historiadores e professores de História. Todavia, os
processos de descolonização e o protagonismo de vários movimentos sociais étnicos
fez emergir contestações e recusas a esses paradigmas de leitura de diferentes
sociedades com regimes próprios de historicidades, contrapondo-se às
generalizações e aprisionamento de significados. Pois, como afirmou bell hooks
(1992):
[...] uma tarefa fundamental dos pensadores críticos negros tem sido
a luta para romper com os modos hegemônicos de ver, pensar e ser
que bloqueiam nossa capacidade de nos vermos em oposição,
imaginar, descrever e nos inventar de maneiras liberatórias. Sem isso,
como podemos desafiar e convidar aliados e amigos não-negros a
ousar olhar para nós de maneira diferente, para nos atrever a quebrar
seu olhar colonizador?

Principalmente no que se refere aos estudos da História da África ou da História


da Cultura Afrobrasileira, apesar de autores negros fundamentais como Sueli
Carneiro, Lélia Gonzáles, Beatriz Nascimento, Neusa Santos Souza, Abdias
Nascimento, Kabengele Munanga e outros, suas obras só começaram muito
recentemente a adentrar os portões das universidades com um significativo impacto
nas reescritas da história.
Esse movimento advém de três ações importantes: 1. a promulgação da lei n°
10.639/2003 (que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n°
9.394/1996), incluindo a obrigatoriedade, nos ensinos fundamental e médio, oficiais e
particulares, do ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira e, posteriormente, a lei
n° 11.645/2008, reforçando a obrigatoriedade do estudo da História e Cultura Afro-
Brasileira e dos Povos Indígenas (PIO; ARAÚJO, 2019); 2. a partir da criação de novos
campi e cursos universitários, uma maior inserção de intelectuais negros como
professores-pesquisadores concursados, produzindo uma espistemologia descolonial
e decolonial1; 3. o surgimento e consolidação de Coletivos com identidades étnicas
nas universidades, através dos quais os graduandos passaram a reivindicar
referenciais bibliográficos de autores afro-brasileiros e africanos.
Os ventos dessas renovações de olhares, reflexões e produções também
movimentou as temáticas de eventos acadêmicos nacionais e internacionais,
publicações e linhas de financiamento de pesquisas em Editais. Ao passo que
também revelou um profundo desconhecimento de inúmeros professores de História
da Educação Básica dadas as lacunas e ausências em suas formações orientadas
pela literatura eurocêntrica. Na angústia de saber mais para melhor ensinar, muitos
têm buscado a criação de seus próprios recursos didáticos (e-books e cartilhas
paradidáticas, jogos analógicos e digitais, podcasts, vídeos, circuitos de cinema e

1
Ressalta-se que a teoria pós-colonial advém de pensadores diaspóricos das ex-colônias europeias,
enquanto o pensamento decolonial é ligado aos intelectuais da América Latina. As teorias da
descolonização têm realizado críticas aos estudos pós-coloniais, percebidos como ainda contendo
resquícios do colonialismo. O pensamento decolonial enfatiza a materialidade de outros lugares, as
memórias, os corpos e as performances, do que foi negado na retórica da modernidade. Portanto, o
pensamento decolonial combate a ideia hegemônica e eurocentrada da modernidade. Assim, as
interpretações da história resultam das mudanças no equilíbrio geopolítico de poder (PRADO, 2021).
teatro pedagógicos, fanzines, músicas, cordéis, poesias, Histórias em Quadrinhos,
etc.) com conteúdo de História e Cultura Afro-Brasileira que retomam as autorias
fundamentais já citadas aqui e abrem espaços para novas intelectuais negras
nacionais como Mônica Lima, Flávia Rios, Ana Flávia Magalhães Pinto, Suelen Girotte
do Prado, Pâmella Passos, Janete Santos Ribeiro, Mariléa de Almeida, mas também
internacionais como Grada Kilomba, bell hooks, Angela Davis e outras, reafirmando
um feminismo negro tão necessário à história do país.
Se os objetos, espaços e trajetórias dos sujeitos negros, em suas visões de
mundo, ancestralidades, resistências e devires assumem uma identidade étnica que
lhes é própria, revisitar e reelaborar as concepções de “tempo(s)”, “memória(s)” e
“narrativa(s)” - os três agora no plural - a partir da matriz africana, da “terra mãe”, das
conexões com as origens, antes sequestradas e silenciadas, torna-se imprescindível
para que o ensino de História acolha a diversidade étnica no desenvolvimento dos
educandos para o exercício da cidadania, da democracia e do desafio da construção
de uma sociedade justa e antirracista.
Sob esse aspecto, o estudo da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie
em seus textos teóricos e literários nos fazem entrar em contato com a desconstrução
de noções arbitrárias que ainda perpassam as escolas brasileiras: a) da África como
país e não continente, homogeneizando-a, sem situar suas diferenças contextuais
históricas, geográficas, econômicas, políticas e socioculturais e b) da África como um
“tempo” passado (da colonização, imperialismo, apartheid e guerras de
descolonização) sem uma História Contemporênea. Apresentando, portanto, a defesa
do ensino de História a partir de textos de autoria africana de distintas nações, de
forma interdisciplinar, como princípio de conhecimento vivo, criativo e centrado na
pertença cultural de vivências ancestrais.

II - Vida e Obra de Chimamanda Adichie

Chimamanda Ngozi Adichie nasceu em 15 de setembro de 1977, em Enugu,


na Nigéria. Quinta filha de seis irmãos, seus pais, Grace Ifeoma e James Nwoye
Adichie, são falantes de igbo. Embora sua família seja originalmente da cidade de
Abba, no estado de Anambra, a autora cresceu em Nsukka, na casa que já foi do
renomado escritor Chinua Achebe. O pai de Chimamanda, que já se aposentou, foi
professor de estatística na Universidade da Nigéria, em Nsukka, e a mãe foi a primeira
mulher a ocupar o cargo de registrar na mesma instituição.
Chimamanda completou o ensino médio no colégio da universidade e recebeu
diversas honrarias. Estudou medicina e farmácia em Nsukka por um ano e meio e,
durante esse período, editou a revista The Compass dos estudantes de medicina.
Aos dezenove anos, mudou-se para os Estados Unidos com uma bolsa para
estudar comunicação na Universidade Drexel, na Filadélfia, mas pediu transferência
para a Eastern Connecticut State University, onde se formou sum cum laude em
comunicação e ciências políticas e contribuiu para o jorna Campus Lantern. Lá, morou
com a irmã Ijeoma, que trabalhava em uma clínica médica.
Em 2003, defendeu seu mestrado em escrita criativa na Universidade Johns
Hopkins, em Baltimore. No mesmo ano publicou Hibisco Roxo, seu primeiro romance,
que começou a desenvolver ainda durante a graduação. O livro foi calorosamente
recebido pelo público e pela crítica, sendo ganhador do Commonweath Wither´s Prize
e do Hurston/Wright Legacy Award.
Entre 2005 e 2006, Chimamanda foi fellow da Universidade de Princeton. Seu
segundo romance, Meio Sol Amarelo, publicado em 2006, venceu em 2007 o Orange
Prize for Fiction (atual Women’s Prize for Fiction) e o National Book Critics Circle
Award. O livro recebeu adaptação para o cinema em 2013.
Entre 2008, a autora defendeu seu mestrado em estudos africanos pela
Universidade Yale com a dissertação intitulada - O mito da “cultura”: Delineando a
história das mulheres igbo na Nigéria colonial e pré-colonial. Sua primeira coletânea
de contos, No seu pescoço, foi lançado em 2009.
Entre 2011 e 2012, recebeu uma bolsa do Radcliffe Institute for Advanced
Study, da Universidade Harvard, para escrever o romance Americanah, publicado em
2013. O livro, eleito um dos dez melhores do ano pelo New York Times Book Review
e vencedor do National Book Critics Circle Award, teve os direitos para o cinema
adquiridos por Lupita Nyong’o. A publicação mais recente de Chimamanda, o ensaio
Como educar crianças feministas,saiu em 2017.
A obra da autora foi traduzida para mais de trinta línguas e apareceu em
inúmeros periódicos, como as revistas New Yorker e Granta. Juntas, suas
conferências no TED já somam mais de 2 milhões de visualizações.
Atualmente Chimamanda é casada e tem uma filha. Divide seu tempo entre a
Nigéria, onde ministra workshops de escrita com regularidade, e os Estados Unidos.2

III - Chimamanda Adichie e as possibilidades de leituras de memórias, narrativas


e tempos

Chimamanda nos convida a partir de seus textos literários a revisitar as


narrativas plurais da Nigéria, assim como da diáspora africana, escolhemos Hibisco
Roxo (2011), Meio Sol Amarelo (2008) e No seu pescoço (2017) como textos de ficção
que diretamente trazem a tríade tempos, memórias e narrativas presentes também
em seus textos teóricos que também irão compor o nosso diálogo.
Como pensar em memórias e não acionar as nossas memórias individuais e
coletivas? Lembramos de como conhecemos Chimamanda Adichie, foi em especial
na plataforma youtube, a partir da palestra TED talks, O perigo de uma história única
e a partir desse encontro com a ancestralidade do velho continente com os sujeitos
da diáspora negra.
Em O perigo de uma história única, Adichie como uma grande griot que é, a
partir de narrativas de sua infância toca em uma reflexão que começou a fazer a partir
de suas memórias e como o tempo a fez compreender que histórias importam e que
se construímos uma história única sobre um determinado assunto, tema, ou grupos
de pessoas não é de forma gratuita é a mimesis da história do Ocidente.
Em Hibisco Roxo, a protagonista e narradora, a adolescente Kambili, a partir
de suas memórias problematiza assuntos importantes que deveriam compor pautas
para que sejamos agentes de mudanças estruturais em nossa sociedade. Como por
exemplo: o papel social de gênero, as ideologias impostas pelo discurso religioso, o
machismo presente na psique dos nigerianos que pelo advento do rapto, sequestro,
imposição de valores ocidentais alicerçaram diversas nações pós-colonizadas de
diversos países subsaarianos.
Eugene, a figura masculina é a representação dos efeitos perversos que a Grã-
Bretanha impôs a todos nigerianos, o ódio e a indiferença por parte do pai tirano ao
estar sempre almejando falar o melhor inglês, a língua do invasor e sua psique pretere
as línguas de seu grupo étnico, igbo. A violência expressada pela figura masculina de
um pai “adoecido” e “adoecedor” e por essa estrutura colonialista que autoriza

2
Dados recolhidos no livro O perigo de uma história única de Chimamanda Adichie (2019).
micropoderes ao homem no Ocidente que diretamente exerce agressões físicas e
psicológicas a Beatrice, assim como aos seus filhos. A personagem mãe que não é
autorizada ao exercício de sua liberdade, pois mulheres nessa estrutura machista,
patriarcal e misógina na qual está inserida, tem sua voz silenciada.
A família que ao olhar de toda a comunidade cumpre um papel social de
“perfeita”, do pai provedor e da mãe zelosa, na realidade é uma encruzilhada de
violências e opressões que apenas os próprios membros da casa sabem que vivem,
chegando ao nó da narrativa o assassinato da figura masculina a partir de chás que
foram sendo servidos diariamente com uma catarse de liberdade dessa mulher que
não via uma outra solução a não ser a morte silenciosa de seu algoz.
Ao utilizar a morte como papel de fundo para a liberdade, a personagem
Beatrice não saberia que este assassinato ficaria impune e que seu próprio filho, Jaja
assumiria a culpa da morte de seu pai para poupar a sua mãe do cárcere. Ao mesmo
tempo que a personagem liberta a si e os seus filhos dessa instituição de violências
que era o seu casamento com Eugene, indiretamente, coloca o seu filho na cadeia,
visto que ele sabe que foi sua mãe a responsável pela morte física de seu agressor.
Na mesma perspectiva de pensar nos eixos: tempos, memórias e narrativas, é
importante discorrer sobre “as histórias importam. Muitas histórias importam. As
histórias foram usadas para espoliar e caluniar, mas também podem ser usadas para
empoderar e humanizar. Elas podem despedaçar a dignidade de um povo, mas
também podem reparar essa dignidade despedaçada.” A partir dessa citação de
Adichie (2019, p. 32), podemos constatar o papel de seu primeiro romance Hibisco
Roxo (2011) em oportunizar alguns aspectos de uma Nigéria atual, contemporânea
que para além de problemas estruturais oriundos de ditaduras, conflitos, opressões e
violências utilizadas por países ricos como a Grã-Bretanha.
Os textos de Adichie são atravessados de histórias que dialogam com os
nossos saberes ancestrais e apresentam leituras de uma Nigéria que, nós como
povos negros da diáspora apenas começamos a ter acesso, nos últimos vinte anos.
É importante salientar que este protagonismo africano partiu de muitos autores como
Chinua Achebe, Amílcar Cabral entre outros que publicaram livros de suas próprias
economias, ou trazendo o caso do queniano, Ngûgî wa Thiong’o que no próprio
cárcere escrevia suas memórias nos rolos de papel higiênico.
Em relação às memórias e aos tempos das narrativas, vimos que o romance
Meio Sol Amarelo (2008) foi construído a partir de pesquisas feitas por Adichie, com
as suas mais velhas e também com os acervos da Guerra de Biafra. Essa guerra
fratricida foi instaurada entre grupos étnicos e religiosos, a partir do discurso
colonialista e capitalista na Nigéria, na década de 1960.
Em Meio Sol Amarelo (2008), diferentemente de Hibisco Roxo (2011), temos
Kambili, a protagonista e narradora que expõe diversas histórias sobre a Nigéria
contemporânea. Em Meio Sol Amarelo, por mais que seja um romance posterior ao
Hibisco Roxo, a história é contada por meio de três pontos de vista, em um tempo
anterior ao próprio nascimento da autora, que nasceu apenas em 1977.
A narrativa concentra-se nas perspectivas de Olanna, do namorado de
Kainene, o jornalista britânico Richard Churchill, e de Ugwu, um garoto que trabalha
como criado de Odenigbo.
Meio Sol Amarelo, para além de ser um romance denso é muito importante por
registrar umas das inúmeras guerras patrocinadas pelo Ocidente colonialista, Adichie
utiliza técnicas discursivas que oportunizam vozes diversas para contar a sua própria
visão sobre o período da guerra de Biafra que dividiu a Nigéria e matou milhares de
nigerianos. O texto é rico em dados e informações, pois foge do maniqueísmo que
ainda se faz presente em alguns textos literários, sobretudo quando o tema principal
é um conflito militar.
Uma das técnicas narrativas é a personificação de duas irmãs gêmeas,
Kainene e Olanna, que podemos interpretar como um país dividido em dois, uma que
atende aos interesses do capitalismo e de uma elite burguesa ligada aos países ricos
do Ocidente colonialista. Em contrapartida, a outra irmã representa a Nigéria
progressista que acredita na educação, construída pela classe trabalhadora, com
utopias de uma nação independente do capital estrangeiro.
Todavia, há uma contradição nesse enredo, sobretudo no quesito de classes,
à exemplo do personagem Ugwu que é praticamente um adolescente que vive na
casa de um professor universitário, marido de Kainene, mas não tem acesso à
educação formal, por mais que a casa seja repleta de livros e professores em diversos
jantares e encontros entre os pares. Ugwu é apenas o serviçal, o trabalhador do
interior, e em momento algum, é discutido no ambiente dos professores os salários e
direitos de um trabalhador como eles, sua vida se resume a cuidar da família do
professor progressista e nacionalista.
Em síntese, como profissionais da educação, podemos contribuir com o debate
com nossos alunos no ensino da história da Nigéria do passado e do presente, com
a utilização dos romances aqui representados. As narrativas, memórias e tempos
podem ser negociadas em nossas práticas didáticas. São proposições que podemos
delineá-las, a partir do uso do texto literário escrito por mulheres negras, pertencentes
a grupos historicamente silenciados.

IV - Letras africanas ancestrais: uma proposição didática no Ensino de História

Uma aprendizagem significativa de histórias que atuem no plural e na


diversidade de tempos, memórias e narrativas de distintos povos no continente
africano, principalmente no que tange o estudo de protagonistas femininas negras em
tempos históricos contemporâneos, além de trazer suas vivências para uma
proximidade maior com os alunos da Educação Básica, também permite aos mesmos
aprender sobre a complexidade das formações identitárias, dos processos de
valoração cultural, das responsabilidades políticas em assumir a condução de suas
próprias vidas frente às adversidades arrazoadamente brancas-europeias que sujeita
as demais etnias.
A imersão nas letras africanas ancestrais da Nigéria de Chimamanda Adichie,
incentiva aos professores o deslindar de vários eixos temáticos dolorosos como a
violência de gênero, a sociedade patriarcal e machista, o capitalismo predatório. A
hipocrisia e o conservadorismo nas sociedades sob a égide do cristianismo branco,
como ideologia “aprisionadora” de comportamentos e mentalidades, bem como a
própria corrosão familiar nesse universo de desigualdades, conveniências políticas e
exploração econômica de outras terminam enredadas em tensões e conflitos.
Na premissa de Hibisco Roxo, professores de História e Letras podem atuar
conjuntamente na produção de tirinhas capazes de trazer um mosaico de assuntos
essenciais da obra, configurada na técnica da storytelling para contar/adaptar
histórias com o uso de imagens, enredos, palavras e frases chave, estimulando a
criatividade e autonomia de pensamento.
Palacios e Terenzzo (2018, p. 221) salientam que a “Storytelling é o ponto de
intersecção entre todas as artes.” Seja como ferramenta, recurso, expressão artística,
técnica ou metodologia ativa. Pois, para além da transmissão de conhecimentos,
propicia a troca de ensinamentos, uma vez que as histórias contadas e vistas,
provocam reações, reflexões e diálogos. Nesse sentido, se desperta a interação, a
empatia, a emoção, se revelam os aspectos de vulnerabilidade da existência humana,
o encantamento e a quebra da rotina da sala de aula, através de um relato com
características peculiares e originais.
A confecção das tirinhas ilustradas utilizadas na Storytelling inspirada nos livros
de Chimamanda Adichie (figuras 1, 2 e 3) utilizou os modelos disponíveis no site
Canvas (https://www.canva.com/). As imagens foram pesquisadas em Blogs literários
e sites, além de acervos digitais de museus e imprensa.
Na fig. 1, dedicada a storytelling de Hibisco Roxo foram utilizadas a capa do
livro ao lado da imagem da autora, Chimamanda Adichie, a seguir, uma pergunta da
autora sobre as relações de gênero oriunda de “Sejamos todos feministas”, abaixo,
uma frase da autora sobre a importância de se perceber o uso das histórias como
proposições positivas ou negativas para os grupos humanos, presente em “O perigo
de uma História única” e finalizando, uma imagem de uma escultura em bronze
“Cabeça de um Oba” (1955), do acervo do museu da Universidade de Aberdeen,
saqueada da Nigéria há mais de 120 anos, e agora em processo de devolução à
nação de origem como uma reparação histórica.
Fig. 1 - Storytelling do livro Hibisco Roxo

A imagem acima possibilita aos alunos compreenderem as relações sociais e


políticas tratadas no livro através da protagonista Kambili, dialogando com os outros
textos teóricos da autora, relacionando o passado ao presente e a perspectiva de um
futuro distinto a respeito da violência de gênero, o espólio dos países europeus e a
elaboração de narrativas históricas humanizadoras, capazes de empoderar as
mulheres negras. A partir dessa tirinha introdutória de temas do livro, os alunos podem
se reunir, para utilizar o Canvas, produzir mais tirinhas com outras discussões e ao
final, realizar uma exposição coletiva virtual e/ou física na escola com o conhecimento
produzido a partir da literatura e a contextualização histórica.
Para a obra Meio Sol Amarelo foi produzida uma tirinha referente a uma
storytelling que traz a capa do livro, a imagem em P&B de uma mulher militar em um
momento de humanização e empatia, trançando o cabelo de outra mulher no
reencontro com suas ancestralidades. O momento conflituoso da guerra civil de Biafra
tratada na obra compreendeu o período de 6 de julho de 1967 a 13 de janeiro de 1970.
Ao lado uma imagem com uma frase de Chimamanda Adichie sobre as histórias como
identidades de origem.
Fig. 2 - Storytelling do livro Meio Sol Amarelo

O livro Meio Sol Amarelo retrata questões relacionadas às dores, amores e


colorismo em meio a tentativa de separação das províncias ao Sudeste da Nigéria.
Duas irmãs tentam sobreviver ao eurocentrismo, às heranças trágicas do
colonialismo, aos abusos de poder, às desigualdades sociais e étnicas, e a exploração
do trabalho infantil, às dissenções do cotidiano dos docentes acadêmicos da
universidade. Os tempos de paz e guerra, as memórias de alegrias e angústias, em
uma narrativa de nostalgia, subjetividades e historicidade.
A sequência imagética da fig. 3 apresenta temas do enredo do livro No seu
pescoço, uma obra de contos, ressaltando o texto Historiadora obstinada, assim, a
primeira imagem apresenta uma escultura de terracota como exemplo de cultura
material Nok, da Nigéria de 500 a.C. e 200 d.C., no Museu do Louvre, ao lado a
imagem da capa do livro de Chimamanda com uma mulher de cabelos trançados da
cor azul (“olhar para o horizonte”) e abaixo, uma manifestação da cultura imaterial
local.
Fig. 3 - Storytelling do livro No seu Pescoço

A tirinha inspirada no conto da protagonista Nwamgba, uma historiadora local


que investiga as dificuldades de preservar a herança imaterial durante uma
dominação colonial que promove um epistemicídio cultural ao impor culturas e
tecnologias europeias como princípio de civilização e desenvolvimento,
desconsiderando as especificidades, temporalidades e geografias de cada povo. A
partir dessa introdução se pode debater as tensões entre “colonização e liberdade”,
as permanências e rupturas do colonialismo até os dias atuais.
A estrutura de uma storytelling aplicada envolve quatro princípios: o
protagonista; o ambiente; conflitos e a mensagem. Insere-se, portanto, nos preceitos
da “Taxonomia de Bloom”3, que incentiva:
[...]os educadores a auxiliarem seus discentes, de forma estruturada
e consciente, a adquirirem competências específicas a partir da
percepção da necessidade de dominar habilidades mais simples
(fatos) para, posteriormente, dominar as mais complexas (conceitos)
(FERRAZ; BELHOT, 2010, p. 422).

Trata-se ainda de promover o desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor


dos educandos. Assim, as tirinhas que subsidiam a storytelling propiciam a leitura das
obras de Chimamanda Adichie, sua interpretação e produção de novos sentidos,
considerando-se suas próprias vivências, bagagens subjetivas e visões de mundo,
fazendo-os desenvolver a coordenação motora fina no manuseio das ferramentas de
encaixe das imagens nos quadrinhos.
Por isso, é importante que os professores aprendam também a trabalhar com
a storytelling e o Canvas para elaborar os produtos iniciais que irão despertar a
curiosidade, interesse e o ponto de partida para que as próprias reflexões discentes,
imbuídas de criatividade e expressão artística, os leve a confeccionar as próximas
tirinhas com autonomia, coerência e organização, sob orientação dos professores.
Ao adotar uma perspectiva metodológica no Ensino que centra o aluno na
produção do conhecimento a partir de sua imersão na cultura africana, escrita por
seus próprios intelectuais, temos um direcionamento no qual a educação deixa de
referendar apenas os valores da sociedade oficial branca, refuta a construção de
“pessoas iguais” em um modus operandi de submissão à hierarquia dominante,
combate uma ignorância do universo simbólico e filosófico negro que perpetua
estereótipos da ideologia de branqueamento, desconstruindo assim um “pacote de
ensino” onde o aprendizado destoa da experiência das crianças negras em sua
observação, práticas e textos padronizados por um olhar europeu (MACHADO, 2019,
p. 63).

3
O psicólogo e pedagogo estadunidense Benjamin Bloom (1913–1999) desenvolveu várias pesquisas
abordando a educação em uma perspectiva psicológica. Para ele, a educação vai além do âmbito
acadêmico e deve servir ao propósito de extrair todo o potencial humano, para que este alcance seus
sonhos. Direcionava um olhar mais otimista para os alunos, sem vê-los como meros estudantes (SAE
DIGITAL, 2022).
Considerações Finais

Os encaminhamentos finais deste trabalho reportam a importância do ensino


da História Africana e Afro-Brasileira em um olhar descolonizado que apresentou uma
Nigéria plural, com contradições e superações a partir de protagonistas e narradores
de suas próprias histórias, em um tempo contemporâneo pouco visto na Educação
Básica, onde os estudos terminam na descolonização e quando muito abordam uma
África do Sul descontextualizada e insuficiente para ressaltar apenas Nelson Mandela.
Deixando as histórias dos demais países africanos ausentes da formação escolar.
É importante ressaltar que em nossas reflexões foram constatadas formas
pelas quais as histórias contemporâneas de países como a Nigéria podem e devem
integrar nossas práticas cotidianas.
Os textos literários escolhidos abriram um leque de possibilidades entre o
ensino da História e da Literatura Africana. Os narradores e protagonistas de Hibisco
Roxo, Meio Sol Amarelo e No seu pescoço nos convidaram para sair dessa história
única que os vencedores perpetuam no imaginário da própria formação dos
professores.
No decorrer das leituras e análises foram trabalhados os textos literários e
teóricos de Chimamanda Adichie na perspectiva da multiplicidade de memórias,
narrativas e tempos, traçando um diálogo com o universo de saberes e vivências que
a Nigéria apresenta em vozes griots para atender o que preconiza a legislação sobre
a oferta de História da África e Cultura Afro-Brasileira na educação básica.
O uso de storytelling para expressão artística, criativa e autônoma na produção
de conhecimentos centrados nos alunos os coloca tanto como contadores de
histórias, bem como intérpretes dessas histórias que perpassam suas experiências e
crescimento intelectual e sociopolítico.
Evitar o perigo de uma História única, promover o feminismo negro e aprender
com os países africanos sobre a formação do ser humano integral possui desafios e
reencontros com nossas ancestralidades.
Referências Bibliográficas

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Letras, 2011.

ADICHIE, Chimamanda Ngozi. Meio Sol Amarelo.1 ed. São Paulo: Companhia das
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estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial
da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e
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Janaina Cardoso de Mello*


Bacharel e Licenciada em História (UERJ, 1997), Especialista em História
Contemporânea (UFF, 2000), Mestre em Memória Social (UNIRIO, 2001), Doutora em
História Social (UFRJ, 2009) com pesquisa na Faculdade de Letras da Universidade
do Porto, Portugal (FLUP, 2008). Pós-Doutoranda em Estudos Culturais (PAAC-
UFRJ, 2014-2018). Professora Adjunta no Departamento de História da Universidade
Federal de Sergipe (UFS). Investigadora na Rede de Estudos de Geografia, Género
e Sexualidade Ibero Latino-Americana (REGGSILA) da Universidad Autónoma de
Barcelona. Pesquisadora do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET-
UFS/CNPq), do Laboratório de Humanidades Digitais e Documentação Terminológica
(LADOC - UFS/CNPq) e do NUPEP – Núcleo de Pesquisa Propriedade e suas
Múltiplas Dimensões (UFRRJ/CNPq). E-mail: janainamello@academico.ufs.br

Alessandra Corrêa de Souza**


Professora de Literaturas Hispânicas e Afro-brasileira do Departamento de Letras
Estrangeiras da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Professora de Literatura
Afro-Latino-Americana no Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL/UFS).
Possui graduação em Letras (UFRJ), Mestrado e Doutorado (com bolsa sanduíche
PDSE/CAPES na Universidad Nacional Mayor de San Marcos, Peru) em Estudos
Literários Neolatinos (UFRJ). Líder do Grupo de Pesquisa Escrevivências de Mulheres
Negras em Diáspora e pesquisadora do Laboratório de Humanidades Digitais e
Documentação Terminológica (LADOC - UFS/CNPq). E-mail:
professoralessandra@academico.ufs.br

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