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Sabe-se que a formação estrutural do capitalismo se deu ao longo do séc XV, início da

Idade Moderna, constituição do Estado absolutista e o surgimento da burguesia. Devido às


rupturas ocorridas, houve um processo de urbanização e a ideia de comércio se vigorou. O
capitalismo mercantil foi o início do sistema, ao promover a comercialização, exploração de
novas terras com as grandes navegações e atribuição de valor às especiarias. Logo surge o
capitalismo industrial, que com o passar dos anos estabelece formas de produção/consumo de
massa, as grandes indústrias contratavam funcionários para a produção em série de produtos
que seriam consumidos, e em troca, pagavam-se um salário. O processo de industrialização
gerou novos comportamentos sociais como uma maior urbanização das cidades, novos
hábitos de consumo e modernização das máquinas nas grandes indústrias, e por último o
capitalismo financeiro, que após a crise de 29, houve uma maior inserção do Estado na
economia, trazendo consigo a evolução tecnológica, a ideia de comércio mais expansiva
administrada por empresas em todo o globo e a centralização da riqueza em pequenos grupos
e/ou bancos. Especula-se de um novo modelo capitalista vigente chamado de capitalismo
informacional no qual a inserção das novas tecnologias de comunicação impactou
significativamente o mercado.
Observa-se que durante todo o processo a estruturação capitalista continuou a mesma,
apenas houve mudanças na conjuntura, fazendo com que o sistema, se reformule perante as
mudanças sociais porém com finalidades lucrativas. A criação da economia de mercado,
elucida a ideia de uma economia de livre iniciativa, até mesmo conceituada por Adam Smith
ao tratá-la como uma ‘’mão invisível’’ no qual os preços se regulam por si só, sem nenhuma
interferência externa e os produtos sendo consumidos em grande escala pela massa.
A América se insere no processo do capitalismo mercantilista sendo explorada por
europeus devido as suas riquezas naturais, estabelecendo assim, colônias em países que não
compartilhavam da sua formação estrutural, trucidando determinados povos por diferenças
culturais e obtenção de poder. Durante todo o processo de formação do estado, o Brasil,
sofreu consequências na função de país colonizado, exploração de matéria prima, sistema
escravagista, surgimento das oligarquias e desigualdade social que refletem nos dias atuais da
população. Definido por Wallerstein como uma semiperiferia, países emergentes, localizados
entre o centro (Europa e EUA) e periferia. É significativo sob o ponto de vista
historiográfico, analisar que o Brasil sofreu um processo de industrialização tardio, no qual
ocuparia a posição mais barata da cadeia mercadológica, que é de oferecer a matéria prima.
Ainda hoje, o país tem sua economia baseada em commodities, sendo conhecido como o
grande fornecedor de café e, atualmente, de soja. A concentração de mazelas sociais e a
manutenção de uma desigualdade é uma das resultantes ao tratar a colonização. Observa-se
que a América Latina é um campo fértil nesse sentido, deparando-se com fatores históricos
que a designaram-se o que é atualmente. A formação do sistema mundo, é um sistema
vigente, acima do Estado, capaz de canalizar o mercado para as tendências que surgirem, ou
seja, o poder detido em rede, promovido pelas novas tecnologias da informação. O
universalismo europeu está intrínseco no sistema, por ser considerado o berço do sistema
vigente, sua influência de mercado e cultural são fatores que foram/são disseminados por
todo o globo, estabelecendo normas e regras, assim, países com culturas diversificadas são
analisados pela perspectiva européia como a definitiva. Wallerstein analisa sob diversos
aspectos os processos de manutenção do sistema e o categoriza de forma hierarquizada uma
certa noção de dominantes e dominados, seguindo uma lógica pós marxista, quando ainda há
um detentor de poder que designa uma divisão internacional do trabalho de forma desigual. A
contribuição da formação do sistema-mundo elucida independente do sistema conectado e
acima do poder estatal, uma hegemonia predisposta a ser praticada intrinsecamente.
O poder de reformulação da conjuntura é um dos fenômenos causados pelo
capitalismo, sua automanutenção está imposto organicamente no sentido de produção, o
imperialismo norte americano (que é um exemplo disso) é um fator importante a ser citado,
pois surge-se assim no cenário de países centrais, os EUA. O processo de industrialização
vigorante e a consolidação da nação norte-americana como uma potência, reformulou o
mercado internacional, principalmente quando analisa-se a indústria cultural e os meios de
comunicação de massa, consolidando-se no capitalismo financeiro.
A importância de analisar a historiografia do ponto de vista do colonizado é uma das
característica dos Annales, confrontando com um conceito positivista europeu, visto que é
essencial o conhecimento da própria cultura, desmistificar conceitos estabelecidos e valorizar
as origens que por tantos anos foram flageladas e suprimidas.

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