Você está na página 1de 2

FASES DO CAPITALISMO: CAPITALISMO COMERCIAL, INDUSTRIAL, FINANCEIRO E

INFORMACIONAL

Ao contrário do que imagina-se, o capitalismo, durante a história, não foi um sistema imutável e homogêneo. Durante
os séculos, as relações econômicas e sociais regidas pelo capital alteraram-se significativamente. É com base nisso que
costuma-se dividir o capitalismo em fases: capitalismo comercial, capitalismo industrial, capitalismo financeiro e
capitalismo informacional. Acompanhe abaixo as principais características de cada uma destas fases.

CAPITALISMO COMERCIAL OU PRÉ-CAPITALISMO

É o capitalismo típico do período das Grandes Navegações, entre os séculos XVI e XVII. Neste tempo, os países
europeus lançaram-se à descoberta de oceanos e de regiões até então desconhecidas, colonizando-as e exterminando
sua população nativa. As terras recém-descobertas, principalmente no continente americano, eram muito ricas em
recursos naturais, como a prata e o ouro, e em terras férteis para a produção de diversos gêneros tropicais, como é o
caso da cana-de-açúcar, no Brasil.

Duas políticas destacam-se neste contexto: o metalismo e o mercantilismo. O metalismo dizia respeito ao acúmulo de
capitais e de metais preciosos pela Coroa das metrópoles europeias, com o objetivo de manter uma balança comercial
favorável, isto é, favorecer a entrada de lucros e inibir a saída dos mesmos.
Já o mercantilismo relaciona-se com as trocas comerciais realizadas entre as metrópoles europeias e suas respectivas
colônias. Sob o pacto colonial, uma colônia só poderia comprar produtos manufaturados de sua metrópole e, ao mesmo
tempo, todo o tipo de riqueza natural extraída na colônia era direito de sua metrópole. Nesta política econômica, o
Estado era o articulador e o organizador do fluxo comercial. A riqueza de um país era medida pela quantidade de metais
preciosos que detinha: era a acumulação primitiva de capital.

CAPITALISMOINDUSTRIAL
O acúmulo de capital no período do capitalismo comercial propiciou uma série de inovações tecnológicas que
aceleraram a produção nas antigas manufaturas. Era o início da Primeira
Revolução Industrial (1780-1860). É neste período que surgem as
primeiras fábricas, movidas por máquinas a vapor (carvão), sendo esta
época também marcada pelas inovações no setor de transporte, com a
criação de navios e trens que funcionavam com o mesmo combustível.

Quadro de Herman Heijenbrock, retratando um fábrica de fundição de ferro


O surgimento do capitalismo industrial está atrelado ao nascer de um novo tipo de sociedade, regida pelo trabalho
assalariado nas fábricas e pela propriedade privada. Segundo esta lógica, o trabalhador vendia sua força de trabalho em
troca de um salário, enquanto o dono dos meios produtivos, o patrão, oferecia-lhe as ferramentas necessárias para o
serviço em troca de um lucro.
Diferentemente do capitalismo comercial, onde o Estado era o planejador e organizador da economia, no capitalismo
industrial o Estado tinha suas funções reduzidas a questões de segurança da propriedade privada e mantimento da
ordem. Esta tese, formulada pelo filósofo e economista Adam Smith, ficou conhecida como liberalismo econômico e
preconizava que a economia era capaz de autorregular-se e que a concorrência estimularia o investimento em novas
tecnologias e o consequente barateamento de produtos.

CAPITALISMO FINANCEIRO OU MONOPOLISTA

A partir do final do século XIX, o descobrimento de novas fontes de energia, como a eletricidade e o petróleo, e a
criação de novas tecnologias, como o telefone, possibilitou a expansão das indústrias para outros países europeus, para
os EUA e para o Japão. Era o início de um novo tipo de integração econômica, onde a indústria e as relações por ela
regida se internacionalizaram e tornaram-se muito mais complexas. Para administrar os lucros e os investimentos, o
capital industrial aliou-se ao capital bancário. Os bancos passavam a ser os grandes articuladores econômicos do setor
industrial e as bolsas de valores os termômetros do valor das empresas. Era o início do capitalismo financeiro.

É marcante deste processo o surgimento de Sociedades Anônimas. Agora, uma empresa não seria administrada apenas
por uma pessoa, e sim por um grupo de pessoas, que dividiriam investimentos, lucros e participação nas decisões do
conselho, conforme as ações que cada um dispunha. A união do capital bancário com o industrial também favorece a
formação de grupos econômicos hegemônicos. Desde forma, podemos entender que, ao mesmo tempo
quefinanceiro (por unir a participação dos bancos à industria), esta fase do capitalismo émonopolista, pois acarreta na
fusão de grandes corporações, na concentração de capital e na consequente
diminuição da concorrência. O papel do Estado também sofre alterações nesta
fase. Embora o liberalismo ainda predomine como sistema econômico, agora a
figura estatal administra e fiscaliza a economia. Esta política ganha força após a
crise do liberalismo, em 1929, com o teórico John Maynard Keynes, que, através
da política do Estado do Bem-Estar Social, vai defender a obrigatoriedade do
Estado em suprir as necessidades básicas da população, com serviços públicos de
saúde e educação, por exemplo, e também a intervenção do Estado na economia,
para fiscalizar e impedir uma nova crise. Esta fase do capitalismo viria a sofrer
mudanças após a Segunda Guerra Mundial, quando ocorre o processo de
descolonização da África e da Ásia e a industrialização de alguns países
subdesenvolvidos.

CAPITALISMO INFORMACIONAL

Existem alguns estudiosos que defendem que, atualmente, vivemos uma nova fase do capitalismo: o capitalismo
informacional. Nesta fase, marcada pela ascensão de novas tecnologias e da sociedade da informação, o domínio do
conhecimento, da técnica e do saber científico passam a quantificar a riqueza de um país. Este novo sistema foi
impulsionado pela Revolução Técnico-Científica e o surgimento da rede mundial de computadores. No capitalismo
informacional, as relações econômicas entre países são mediadas através do neoliberalismo, teoria econômica posta em
prática pela primeira vez no final da década de 1970, pelos governos de Ronald Reagan (EUA) e Margareth Tatcher
(Inglaterra), preconizando a não-intervenção do Estado na economia e defendendo a privatização de empresas e a
diminuição das tarifas alfandegárias, entre outras medidas.

Você também pode gostar