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Unidade III
Arte e tecnologia
O artista mexicano Diego Rivera produziu para o Museu de Detroit (EUA) um mural no qual procurou
exibir todo o poderio, o fascínio e as agruras da indústria automobilística norte-americana da década
de 1930.
O mural de Rivera mostra com grande fidelidade o ambiente industrial da década de 1930, após a
Revolução Industrial inglesa do século XIX e antes do surgimento da era ou sociedade do conhecimento,
na qual vivemos atualmente.
Saiba mais
Com base no que já foi estudado nas unidades anteriores, temos condições para estudar nesta
unidade as técnicas avançadas de custos, que são:
• custo padrão;
• padrão de materiais;
• variações de preço e quantidade;
• padrão de mão de obra direta;
• variações de taxa e eficiência;
• padrão de custos indiretos de fabricação;
• variações de orçamento, de eficiência e de volume;
• custos ABC;
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Unidade III
Apesar de o termo técnicas avançadas de custos gerar a aparência de que todas essas técnicas
precisam ser adotadas e usadas pelas empresas que pretendam atuar em mercados sofisticados, o que
se observa, em se tratando de contabilidade estratégica, é uma tendência a escolher ou adotar apenas
uma dessas técnicas.
Há vários fatores comportamentais que influenciam nessa escolha, no entanto, o fundamental é que
os gestores usem a técnica que for adotada entusiasticamente. Por exemplo, não adianta uma empresa
escolher uma técnica de custeio ABC se os gestores forem avessos a essa técnica e não a utilizarem para
suas decisões.
Outro aspecto a ser destacado é que, por mais que essas técnicas sejam avançadas, elas não são
novas. Ao contrário, técnicas como a do custeio padrão, por exemplo, foram desenvolvidas ainda no
século XIX. Há contadores que indicam que, na França, já havia outros métodos ainda mais avançados
50 anos antes que o ABC norte-americano.
Atualmente, entende-se que, para uma contabilidade ser estratégica, é imprescindível que seja
relevante para seus usuários, independentemente de que técnica de custos é utilizada. A Ifac, inclusive,
produziu recentemente um estudo sobre a maturidade dos métodos de custos nas empresas, com uma
interessante orientação de que ferramentas os contadores podem usar para melhor escolher o método
de custos adequado para a organização (vide apêndices).
Assim, esta unidade lhe proporcionará conhecimentos que podem vir a ser utilizados pelas
empresas, já que certamente você se valerá de algumas das técnicas avançadas de custos em
seu ambiente profissional. A preocupação aqui será a de entender as diferenças entre essas
técnicas.
Observação
Várias das decisões dos administradores de empresas são tomadas antes das operações serem
iniciadas (ex-ante), ou seja, as decisões muitas vezes são tomadas quando uma ideia, sugestão ou
intenção está sendo discutida em reuniões de planejamento estratégico. São nesses momentos
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controladoria
que decisões como a aquisição de uma máquina ou a contratação de uma equipe de funcionários
são tomadas. Geralmente, essas decisões não podem ser revertidas com facilidade.
Após as operações terem início e os resultados reais forem apurados (ex post ou a posteriori), torna-se
difícil ou até mesmo impossível devolver uma máquina que não esteja condizente com o planejamento
anterior. Do mesmo modo, não é bom para uma empresa contratar funcionários e, após a análise de um
relatório feito sob demanda (ad hoc), demiti-los porque ficou constatado que não seria possível efetuar
o pagamento de seus salários.
Assim, os administradores sentem a necessidade de diminuir o risco de suas decisões para a viabilidade
dos negócios. Para tal, utilizam o custo padrão.
Observação
Esse modelo é completamente fictício, mas, por se basear em condições normais e rotineiras
de produção – ou seja, sem maiores desvios entre o que se planejou e o que será executado –, as
informações podem ser muito parecidas com o que irá ser apurado nos resultados reais. Por isso, esse
modelo apresenta alto potencial para a tomada de decisões. Porém, é essencial ter em mente que o
custo padrão jamais deixará de ser um estudo fictício.
Normalmente, o custo padrão é calculado em empresas industriais que têm uma produção
rotineira e constante e está relacionado aos custos para produção. No entanto, o custo padrão
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Unidade III
pode ser usado também em diversas outras áreas, como a administrativa, a de distribuição, a de
entretenimento etc. Empresas de serviços, como as telefônicas e as empresas de software, também
costumam usar o método de custo padrão.
Para Martins (2003), o custo padrão deve ser predeterminado de forma científica a partir de
bases estatísticas que possibilitem a avaliação de desempenho em determinado momento. Neste
estudo, deve-se pensar também nas condições normais e em eventuais problemas conhecidos e/ou
condições adversas previstas no ambiente de produção.
Por exemplo, em uma gráfica, a temperatura do ambiente tem uma influência muito relevante
sobre o volume e a qualidade da produção. Quando o custo padrão de uma gráfica for definido,
deve-se, portanto, observar se o pátio ou galpão onde as máquinas estão instaladas são climatizados
ou não e deve ser feito um estudo levando-se em conta a previsão do tempo para determinada
época do ano.
O custo padrão divide-se em dois aspectos: padrão e custo. O padrão é a metodologia utilizada para
medir a execução de uma tarefa, seja ela qual for e, a partir disso, um estudo sobre tempos e movimentos
dos processos é realizado, o que permite medir quantitativa e qualitativamente os consumos de materiais
e matérias-primas, reunidos num estudo técnico de engenharia para obter-se os padrões.
A partir dos padrões, atribuem-se custos do modo mais preciso possível, formando-se, assim, o custo
padrão. Esses custos padrões são expressos em itens específicos, como quilos, litros, horas de mão de
obra exigidas, horas de capacidade de fábrica, ociosidade, entre outros.
Saiba mais
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controladoria
Uma vez definido um custo padrão, ele não é modificado, a menos que ocorram mudanças no
processo de elaboração ou nos produtos. Há muitos casos em que o processo produtivo não muda,
entretanto, existe a necessidade de atualizar os custos por causa de variações de preços.
Martins (2003), um dos mais conhecidos pesquisadores da área de custos no Brasil, comenta
que a adoção de um custo padrão não significa que a empresa poderá eliminar a apuração dos
custos reais, ao contrário, o custo padrão só poderá ser bem-sucedido se a empresa também
tiver um sistema de custos reais bem estruturado. Ainda segundo Martins (2003), por conta da
praticidade de cálculo (uma vez definidos os padrões e os custos), é muito comum os empresários
ou os profissionais terem vontade de usar apenas o custo padrão, contudo, isso não é possível
porque o custo padrão é um processo auxiliar, ou seja, não há como substituir a apuração dos
custos reais pelo custo padrão.
Matz et al. (1976) listou como importantes vantagens do custo padrão os seguintes benefícios:
Para Leone (1997), Contador (1998) e Martins (2003), além de permitir aos gestores e
empresários diminuir a incerteza sobre as decisões, o emprego do custo padrão também pode
ser usado como uma ferramenta de controle, ou seja, ele serve para melhorar a qualidade e o
desempenho operacional porque tem um efeito psicológico muito interessante sobre aqueles que
lidam com a produção.
Assim, uma vez que um padrão é definido e divulgado, os funcionários se esforçarão para manter o
padrão e/ou criar novos padrões. Aqui, é muito comum surgir a criatividade para enfrentar problemas,
encontrar soluções e aplicar inovações.
No entanto, o gestor deve conduzir esse processo com muita responsabilidade, para não gerar efeitos
negativos ao que estava proposto anteriormente. Se os padrões e metas forem muito difíceis de serem
alcançados, poderá haver insatisfações. Caso os objetivos sejam alcançáveis ou necessários, o gestor
precisará convencer seus funcionários a alcançá-los. É importante que se crie um ambiente favorável e
de confiança mútua para que seja possível atingir o padrão.
Dessa maneira, Leone (1997) e Martins (2003) comentam que o envolvimento desde a alta
administração até os mais simples funcionários é fundamental. Os funcionários devem conhecer
os padrões. Se apenas a alta administração conhecer os padrões e os funcionários trabalharem às
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Unidade III
cegas sem saber que há padrões, os benefícios do emprego do custo padrão certamente não serão
os mesmos. Crepaldi (2004) aponta que isso traz aos contadores e gestores a responsabilidade de
apurar os padrões e promover um ambiente justo.
Leone (1997) comenta ainda que, quando uma empresa adota o custo padrão de forma sistemática
e concisa, deve-se comparar as variações entre o planejado e o real e, uma vez que forem encontradas
diferenças, trabalhar para que elas sejam diminuídas.
Se um gestor, por exemplo, não der importância a 5% de variação na produção alegando que essa
variação é muito pequena, os benefícios do custo padrão também poderão não ser observados. Cada
variação é importante e as ações devem ser empreendidas a fim de diminuir o desvio entre o planejado
e o real.
Sendo assim, o custo padrão é um importante artefato contábil e gerencial que vai além de um
estudo de tempos e movimentos e de um ensaio de custos. Ele é usado como uma ferramenta para
atingir os objetivos da empresa e os anseios de seus colaboradores.
Áreas Áreas
técnicas técnicas
Materiais
Diretos
Compras e Compras e
Controladoria Controladoria
Controladoria
Áreas Áreas
técnicas técnicas
Mão de obra
Direta
Departamento Departamento Ficha de
de Pessoal de Pessoal Custo
Padrão
Planejamento Planejamento
Custos
Indiretos de
Fabricação
Controladoria Controladoria
Faz sentido considerar que o custo padrão realmente propicia a simplificação da contabilização
dos estoques por valores já fixados, facilitando e agilizando a elaboração dos relatórios, desde que se
considere que, com a adoção desse método de custeio, haverá um maior volume de trabalho porque é
preferível que, uma vez encontrada uma causa de variação entre o que havia sido definido como padrão
e o que ocorreu nas operações reais, sejam realizadas ações para correção sob um acompanhamento
constante.
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controladoria
Considerando a dinâmica inerente a todo processo empresarial, o custo padrão não deverá funcionar
de forma perfeita imediatamente, ou seja, será necessário algum tempo para adaptações, correções dos
erros e imperfeições e introdução de melhorias para que, com a aquisição de experiência, seu uso possa
ser bem-sucedido.
Matz (1987) indica um organograma como forma de ilustrar os passos e departamentos envolvidos
na construção do custo padrão de um produto, como indicado na figura a seguir:
Departamento de engenharia
libera o desenho para:
Divisão Contadoria,
Departamento Departamento
de manufaturas custo e cômputo
de vendas de estimativas das variações
Quando os produtos são industrializados em processos contínuos e não por ordem de produção
– outra forma básica de produção da indústria –, é provável que haja perdas ou refugos (rejeição)
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Unidade III
Os preços padrão dos materiais diretos, por sua vez, devem sempre ser obtidos a partir de condições
de negociação de rotina. Eventuais compras com preços promocionais e/ou com descontos por
conveniência não devem ser utilizados.
Tendo em vista a condição de compra com pagamento à vista, devem ser incorporadas a esse
preço as despesas que eventualmente possam fazer parte do custo unitário dos materiais, de
modo a possibilitar a adoção de um custo padrão numa data-base e sua atualização pela inflação
interna da empresa.
De acordo com Pedrosa (2005), pelos próprios usos aos quais se pretende e para ser eficiente e
adequado, o custo padrão deve ser estabelecido a partir de critérios técnicos, nunca a partir de critérios
subjetivos.
Assim, a base deverá estar associada ao estudo do projeto, dos métodos e dos processos de
produção, sendo interessante que esse estudo seja realizado concomitantemente ao projeto do produto,
estabelecendo-se padrões para materiais, mão de obra, tempo de operação e gastos gerais de fabricação
(ou despesas indiretas de fabricação).
Observação
Por outro lado, o preço padrão depende consideravelmente das condições do mercado, de modo
que eventos como greves, maior ou menor disponibilidade de matéria-prima, fatores econômicos e até
mesmo a estabilidade da moeda devem ser levados em conta, bem como as condições mais ou menos
vantajosas oferecidas pelos fornecedores ou associadas à logística da produção.
Mudanças quaisquer em relação a padrões preestabelecidos podem ser compreendidas como uma
variação, sendo que é importante realizar uma avaliação qualitativa dos desvios a partir da variação.
Para tal, é necessário formar uma base quantitativa para o custo padrão, o que, conforme Martins
(2003), requer a utilização de modelos matemáticos em bases científicas para que seja possível analisar
e entender as causas das variações.
Considerando que o custo padrão é composto por quantidade e preço, é preciso determinar qual dessas
variáveis influencia a variação.
Pode-se considerar, nesse sentido, que a diferença entre o custo real e o custo padrão é denominada
variação no custo padrão e o exame dessa variação é a análise de variações.
Segundo Martins (2003), como a fixação do padrão é determinada pela matéria-prima, mão de obra
direta e custos indiretos de fabricação, os desvios ou variações podem ter alguns aspectos distintos:
a) Variações de preço
Variações entre o preço estabelecido no padrão e o preço realizado são consideradas particularmente
importantes nas análises das variações, pois são diretamente associadas ao mercado.
Para que essas variações sejam reduzidas ao mínimo, é preciso realizar um estudo econômico, tendo
em vista as condições de formação de preço do setor da indústria em questão (monopólio, oligopólio,
concorrência) e a eliminação do efeito da inflação embutida no preço.
b) Variações de quantidade
A relação entre a quantidade de insumo estabelecida para a produção sob análise e aquela
efetivamente incorrida corresponde à variação de quantidade, que deve ser controlada durante o
processo de produção para que se identifique e diferencie alterações de natureza técnica, por exemplo,
ou ainda a influência de matérias-primas defeituosas ou mesmo de mão de obra despreparada.
c) Variação mista
A variação mista está associada tanto aos efeitos das variações de preço quanto das variações de
quantidade, sendo preciso isolar um ou outro, pois a eliminação desse tipo de variação depende das
medidas tomadas quanto às variações de preço e de eficiência.
É preciso diferenciar quando uma variação técnica terá efeitos transitórios ou mais duradouros, pois,
no segundo caso, será necessário estabelecer novos padrões. A análise da variação por mudança técnica
deve possibilitar que experiências que ocorram no processo produtivo, incluindo uma mudança técnica
ou mesmo a escassez de matéria-prima e sua substituição, tenham seus resultados verificados.
É possível considerar que as variações de preço e quantidade correspondem à diferença entre o custo
real e o custo padrão a partir da consideração do material envolvido na fabricação.
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Unidade III
Para realizar esse cálculo, é preciso considerar a equação fundamental de custo, indicada a seguir:
C=PxQ
Assim, as variações podem ser calculadas a partir do preço ou da quantidade, como representado no
quadro a seguir:
Sendo que:
Vale notar que a variação do preço trata apenas do efeito da diferença entre o preço padrão e o
preço real, supondo a manutenção da quantidade padrão. Essa variação pode ser calculada da seguinte
maneira:
Quando se trata da análise de variação de quantidade, é preciso considerar que, nesse caso, a análise
é feita somente da diferença entre o consumo padrão previsto e o consumo real verificado, supondo a
manutenção do preço padrão. Essa variação é calculada a partir da seguinte fórmula:
Contudo, geralmente é preciso considerar a variação mista e analisar os efeitos mistos das variações
de preços e quantidades, o que equivale ao produto das diferenças, conforme fórmula representada
abaixo:
Variação mista = (quantidade padrão – quantidade real) x (preço padrão – preço real)
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controladoria
De acordo com Martins (2003), a variação mista pode ser de difícil entendimento e causar,
às vezes, algumas dificuldades para a análise. Por outro lado, ela é normalmente pequena e
imaterial quando comparada às outras, o que, aliado ao fato de ser de difícil entendimento, faz
com que, na prática, a variação mista seja incluída mesmo que arbitrariamente junto a uma das
outras duas.
Como a base para a construção dos padrões de mão de obra direta é o processo de fabricação,
envolvendo tanto as atividades e processos necessários para a produção quanto os operários envolvidos
no manuseio dos materiais ou dos equipamentos, a quantidade de horas de trabalho necessárias de
pessoal e de funcionários diretos em todas as fases do processo de fabricação do produto devem compor
a mão de obra direta padrão.
Esses cálculos devem ser realizados a partir de estudos que compreendam as quebras,
refugos, retrabalhos, manutenção e necessidades do pessoal, o que pode ser feito a partir de
operações simuladas anteriormente em ambientes reais ou, quando se trata de ambiente de alta
tecnologia de produção gerenciada computacionalmente, por meio de estimativas calculadas
cientificamente.
Para alguns casos, é possível empreender estudos de tempo por meio de operações simuladas em
ambiente reais. Para todos os casos, é sempre necessário incluir nesses estudos as quebras, os refugos,
os retrabalhos e outras necessidades do pessoal.
Os encargos sociais também devem fazer parte da base de cálculo dos custos de mão de obra direta.
Para isso, calcula-se o custo médio horário dos salários a partir do tempo em que o produto passa por
cada departamento ou célula produtiva.
Pedrosa (2005) comenta ainda que a mão de obra padrão é o resultado do cálculo do salário padrão
e do tempo de operação (ou tempo padrão). O padrão de mão de obra sofre influência do método
de operação mais ou menos adequado (o que é determinado pela área técnica), dos equipamentos
utilizados na produção, do controle sobre a quantidade e qualidade dos materiais usados e também
sofre influência do tempo a ser aplicado em cada operação.
É importante que o cálculo do padrão da mão de obra direta inclua estudos da área técnica, que
devem fornecer tais informações para que se estabeleça o padrão de mão de obra com a maior precisão
possível.
Bacurau et al. (s. d.) alertaram para o fato de que o grau de eficiência da mão de obra
influenciará o tempo padrão que, por sua vez, poderá ser influenciado por muitas outras
variáveis, como o arranjo físico da fábrica, o treinamento, a frequência de parada, as condições
de transporte etc.
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Unidade III
Observação
Finalmente, deve-se considerar o estabelecimento do salário padrão, que tende a sofrer impactos
consideráveis da conjuntura econômica, de acordos salariais, pressões sindicais, direitos trabalhistas,
tributação, tecnologia e também da forma de remuneração da mão de obra, que pode se dar por hora,
por dia, por mês ou por jornada, por exemplo.
Horas necessárias de mão de obra para montagem completa de uma unidade do produto 70,00
final
Paradas para manutenção e necessidades pessoais 8,00
Horas estimadas de retrabalhos de qualidade 2,00
Horas padrão por unidade de produto 80,00
A variação da mão de obra direta é analisada de forma semelhante à análise da variação de materiais
diretos.
A variação de taxa (preço) é a diferença entre a taxa de remuneração padrão de mão de obra (TP) e
a taxa de remuneração real (TR) multiplicada pelo número real de horas trabalhadas (HR), conforme a
fórmula a seguir:
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controladoria
A variação de eficiência representa a diferença entre as horas padrão de mão de obra necessárias
para produzir certo número de unidades (HP) e o número real de horas trabalhadas (HR) multiplicada
pela taxa de remuneração padrão de mão de obra (TP), o que pode ser calculado como segue:
Segundo Pedrosa (2005), os gastos gerais de fabricação diferem significativamente dos gastos com
materiais e mão de obra, pois, para estes, há uma certa facilidade em calcular um padrão.
Nesse sentido, Bacurau et al. (s. d.) afirmam que é necessário ter rigor para a correta determinação
dos custos indiretos.
O uso das variações dos custos indiretos facilita o entendimento da análise do próprio orçamento,
lembrando, ainda, que os custos indiretos, como apontado anteriormente, podem ser variáveis ou fixos,
levando ao estabelecimento de duas taxas de custos indiretos: uma de custos variáveis e outra de custos
fixos.
Para Bacurau et al. (s. d.), a diferenciação é importante para a análise das variações, no entanto, ela
torna a análise mais complexa. Esta pode ser classificada em:
Ainda segundo Bacurau et al. (s. d.), ao realizar-se um detalhamento do que provocou a variação de
gasto nos itens individuais de custos indiretos variáveis, é possível destacar os elementos que levaram à
variação das quantidades orçadas.
Sendo assim:
Nos custos indiretos fixos é o elemento de custo variável que deve ser
computado nas dotações nos vários intervalos de saídas de produção
e que o custo fixo permanece constante em um intervalo relevante. A
diferença entre custos fixos orçados e o custo real resulta na variação
orçamentária dos custos indiretos (também chamada de variação de
gasto). Ocorre outra variação de custos fixos quando é empregado o
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Unidade III
Os custos indiretos variáveis também são padronizados por meio do estabelecimento de taxas
predeterminadas. Assim, é necessário que ele seja relacionado de forma direta à atividade a ser escolhida
como base para a construção dessas taxas predeterminadas. O consumo de energia elétrica, por exemplo,
é um custo variável indireto essencial para boa parte das indústrias, bem como o uso de lubrificantes e
materiais para a manutenção do maquinário, o que faz com que sejam elementos importantes para a
determinação das taxas, como exemplificado na tabela a seguir:
O método de custeio por absorção também pode ser utilizado para a elaboração do padrão de custos
indiretos fixos.
Vale lembrar que, enquanto os custos indiretos variáveis são associados aos volumes
produzidos, os custos indiretos fixos são geralmente associados aos denominadores de capacidade
de produção.
Dessa forma, considerando-se que o custo padrão precisa permitir uma estimativa do volume de
produção ou atividade para os períodos seguintes, o volume de produção estimada deve ser considerado
como um critério para rateio. Assim, será possível elaborar o padrão de custos indiretos fixos por unidade,
considerando-se os mesmos critérios para rateio utilizáveis para os custos indiretos variáveis. Como
exemplos desses critérios para rateio, temos:
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controladoria
Vale destacar também que, ainda que se planeje o cumprimento das metas para seis meses ou um ano, a
elaboração do custo padrão deve considerar sempre o período de um mês. Além disso, é preciso ter o cuidado
de determinar a moeda a ser utilizada como base, pois fatores internos e externos podem influenciar e levar à
necessidade periódica de atualização dos indicadores da inflação interna da empresa.
Martins (2003, apud BACURAU et al., s. d.) ensina que o orçamento é uma importante ferramenta
de controle de uma empresa, sendo que o custo padrão é também uma forma de orçamento que, ao ser
empregado na empresa, tende a promover um melhor desempenho porque incentiva o aproveitamento
dos fatores de produção.
Não se pode esquecer, contudo, que, por ser mais rigoroso que o custo real, o custo padrão não pode
ser utilizado indiscriminadamente para a elaboração de orçamentos de preços de venda, pois há o risco
de se deixar de lado as eventuais e naturais imperfeições, ineficiências e fatos imprevistos do processo
de produção.
6 Custos ABC
A lógica do meio de custeio ABC é associada às atividades que geram os custos e as despesas e aos
principais motivos para que sejam gerados. Esses motivos são denominados direcionadores de custos
de atividades.
O método ABC surgiu fundamentalmente com base no segmento industrial pelo fato de os métodos
anteriores proporcionarem informações gerenciais precárias e insuficientes quando se considerava a
modificação no perfil de custos das indústrias. Essa modificação constava de uma redução dos custos
diretos, como mão de obra e despesas indiretas de controle e gestão, por exemplo, a partir dos anos de
1980.
Assim, com o método ABC, procura-se identificar as atividades que contribuem direta e
especificamente no processo produtivo, procurando associar os gastos dessas atividades, que
acabam sendo transferidos para o produto de um modo ou de outro.
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Unidade III
Atkinson et al. (2000) apresentam um modelo para a identificação dessas atividades, conforme
exposto no quadro:
Uma atividade pode ser considerada como uma série de processos interligados que utiliza diversos
recursos no intuito de agregar valor à atividade-fim da empresa. Assim, no sistema ABC, são analisadas
as atividades desenvolvidas por toda a empresa, o que envolve diversos departamentos. Desse modo, o
procedimento se desdobra com o mapeamento das atividades que geram custos e despesas indiretas e
o cálculo do lucro por unidade antes dos impostos.
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controladoria
Ao atribuir-se os custos de cada atividade aos produtos, a intenção é a de obter o valor unitário de
tal forma que o preço de venda fique muito próximo (ou sem muitas variações) do que será apurado no
resultado do produto.
Além da apuração dos custos em si, com o método ABC é possível também realizar uma análise para
apurar o que agrega ou não valor ao produto de um ponto de vista do consumidor ou do mercado em
geral. Como o método ABC permite identificar em pormenores cada atividade e suas características, ele
também possibilita compreender melhor todo o processo produtivo. Com isso, fica mais fácil encontrar
problemas nas atividades, verificar eventuais recursos que não estejam sendo usados da melhor forma
e tomar decisões que corrijam desvios. Esse talvez seja um dos grandes atrativos do custeio ABC em
relação aos demais métodos.
De acordo com Sakamoto et al. (1997), as informações de caráter gerencial também podem ser
obtidas através do método ABC, como apresentado a seguir:
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Unidade III
Castro Jr. e Santos (s. d.) apresentam a análise de custo padrão e de suas variações em uma empresa
do segmento têxtil. Conforme apresentam os autores, trata-se de uma tecelagem que, atualmente,
produz mais de 50 diferentes artigos e atende a clientes nacionais e internacionais.
A gestão com base no custo padrão por artigo é feita em seis etapas, conforme apresentado a
seguir:
Quadro 10 – Análise de custo padrão e suas variações em uma indústria do segmento têxtil
92
controladoria
Castro Jr. e Santos (s. d.) retomam as considerações acerca da análise do custo padrão e suas variações
na empresa e consideram que, como arma de controle de custos, o custo padrão é uma ferramenta de
grande utilidade gerencial e pode ser aplicada, entre outras coisas, para promover e medir eficiências,
simplificar procedimentos de custos – além de controlá-los e reduzi-los, uma vez que passam a ser
conhecidos antecipadamente – e fixar preços de venda.
Os teóricos destacam ainda que, por meio da análise de valores calculados pelo sistema de custos
padrão – o que deve ser feito de forma científica –, é possível tomar decisões de maneira mais eficaz
pela comparação com o Real, contribuindo, desse modo, para a eficiência dos processos.
Para Castro Jr. e Santos (s. d.), não se pode desconsiderar a importância do custo padrão como
instrumento psicológico, pois, quando bem utilizado, ele colabora para a melhoria do desempenho de
pessoal e permite não apenas que se calculem as variações, mas também que elas sejam localizadas e
combatidas.
Como medida de análise decisória, os autores indicam que o uso do custo padrão promove o crescimento
da organização na medida em que possibilita a tomada de decisões seguras e, consequentemente, a
obtenção da competitividade, medida perfeitamente viável diante do atual contexto de globalização.
Assim, o conhecimento do custo padrão pode ser tido como instrumento de avaliação da performance
da empresa, uma vez que, comparado aos custos reais e conhecidas suas variações, a empresa deve
buscar as causas das variações e tomar contramedidas eficazes que eliminem as principais fontes das
variações, que muitas vezes são decorrentes de ineficiências e desperdícios durante o processo produtivo
(variações de quantidades) ou falhas na política de compras e negociação com fornecedores (variações
de preços).
Apesar disso, na análise apresentada por Castro Jr. e Santos (s. d.), a utilização do custo padrão é
considerada ainda deficiente, pois, com base nos custos padrão dos artigos, a simples análise comparativa
do custo total realizado com o custo planejado pode ocultar grandes variações nos custos unitários
por artigos. Há que se considerar também a influência dos rateios dos custos indiretos, uma vez que a
empresa não utiliza o custeio baseado em atividades.
Como ponto positivo, os autores percebem a integração entre as áreas de marketing, desenvolvimento,
produção e controladoria na busca pela identificação dos custos padrão e a preocupação em manter
atualizada essa informação, que é de grande importância para as empresas.
Exemplo de aplicação
Ao longo da unidade, você teve contato com termos da área contábil que correspondem a
determinados conceitos e, em razão disso, propõe-se que você aprofunde sua compreensão em relação
a esses termos. Assim, tente explicar a seguir com suas próprias palavras o que significa o termo em
destaque (caso necessite, volte ao texto, releia-o e pesquise em livros e na internet não só o que o termo
significa, mas como os profissionais da área contábil o utilizam).
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Unidade III
Saiba mais
A partir da leitura dos artigos sugeridos no Saiba Mais, faça uma comparação entre os métodos de
custos ilustrados nos artigos e os usados na empresa onde você trabalha, em uma empresa da região
onde você mora ou, ainda, em uma empresa que você admire.
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controladoria
No espaço a seguir, tente montar um mapa mental ou um esquema com os principais conceitos
estudados nesta unidade.
Resumo
Exercícios
A) I e III.
B) I e IV.
C) I e V.
D) II e III.
E) II e IV.
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controladoria
O cálculo do valor presente líquido é obtido por meio da perpetuidade. Para isso, é necessária a
definição da taxa de juros. A taxa de juros é decorrência das fontes de financiamento. Nessa questão,
pelo fato de o financiamento ser 50% para cada fonte, a média ponderada resultará em valor idêntico
ao da média simples. Como isso não ocorre sempre, devemos usar a média ponderada, ou seja:
0, 5 x 0, 08 + 0,12
imédia = = 0,10 ou 10%
0, 5 + 0, 5
Observe que a taxa de juros corresponde ao custo ponderado de capital do projeto.
Calculada a taxa de juros, pode-se calcular o valor presente líquido devido à perpetuidade:
P
VP = → VP = 200
i
O valor presente líquido será de 80 milhões, visto que o retorno por perpetuidade é de 200 milhões
e o investimento é de R$ 120 milhões (os R$ 80 milhões correspondem à diferença entre os valores
presentes de entrada e de saída de caixa).
I - Afirmativa correta.
II - Afirmativa incorreta.
Justificativa: o custo do capital junto ao banco é de 8%. Esse valor, portanto, não se refere ao valor
médio ponderado.
IV - Afirmativa correta.
V - Afirmativa incorreta.
Justificativa: o custo do capital próprio é de 12%, não sendo esse valor correspondente ao valor
médio ponderado.
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Unidade III
Sobre esse assunto, considere as afirmativas sobre a avaliação do valor do estoque, ao final do mês
de outubro, a seguir (Fonte: Unip, Tomo ADM I, Questão 10).
III - Considerando-se o método “UEPS” (Último a Entrar, Primeiro a Sair), o valor do estoque é de R$
500,00.
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