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Unidade II
Arte e tecnologia
Em Money Barrels, de 1897, Victor Dubreiel mostra notas e maços de dinheiro como um bem
estocável, exatamente como é possível fazer com outros bens e mercadorias como petróleo, vinho,
cachaça e tantos outros produtos (ou, como se diz no jargão econômico atual, commodities, ou seja,
produtos padronizados e de fácil comercialização).
Com a ajuda dessa visão artística, o dinheiro ou os recursos financeiros podem ser facilmente vistos
como um recurso que está à disposição da empresa, como se fosse uma matéria-prima. A boa utilização
ou a má utilização desse recurso depende do talento da pessoa que tiver acesso a esse estoque.
Nesta unidade, daremos início ao estudo da relação entre controladoria e gestão financeira nas
empresas. É nessa relação que aprenderemos conceitos de sistemas de custos, que podem ser subdivididos
em:
É importante dizer que essas técnicas são de uso corrente em muitas empresas brasileiras, ou seja,
você lidará com elas diretamente ou chegará até mesmo a implantá-las.
Dessa forma, essa unidade fornecerá uma formação importante para basear o que estudaremos em
seguida.
Aqui também é recomendável não ter ansiedade para ir logo para o estudo de técnicas avançadas de
controladoria. Esta unidade continua sendo uma importante preparação.
Observação
O ambiente organizacional atual é marcado pelas mudanças e evoluções do setor, pois está
intrinsecamente associado aos hábitos sociais, às alterações nas relações entre os diversos países e às
mudanças nas relações da força de trabalho, por exemplo.
Frente a um cenário de alta concorrência, no qual produtos similares são produzidos e comercializados
pelas empresas, para ser competitivo e conquistar o consumidor, um produto deve apresentar qualidade,
utilidade e características diferenciadas.
Para que isso ocorra, é essencial que as empresas sejam capazes de perceber o perfil do consumidor,
que está cada vez mais informado acerca de seus direitos e crítico no que diz respeito às opções e
preços de produtos e serviços. Em outros termos, é essencial o desenvolvimento de um planejamento
estratégico como um plano de ação para que a empresa se posicione em relação à sua concorrência, no
intuito de obter uma vantagem competitiva. Na visão de Wernke (2001), esse exercício proporciona uma
situação mais favorável em comparação com os concorrentes.
De acordo com Porter (1992), a informação sobre custos é essencial para se conseguir uma
das vantagens competitivas como estratégia empresarial. Para o autor, há três estratégias que
podem ser usadas para a obtenção de uma posição favorável no mercado: liderança de custo,
diferenciação e enfoque. As empresas precisam adotar uma dessas estratégias com a finalidade
de obter vantagem em relação à concorrência. Assim, ela conquistará um diferencial em seu
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controladoria
campo de atuação, o que poderá levá-la a uma posição de liderança de mercado (KASPCZAK et
al., 2008).
É nesse contexto que o sistema de custos pode ser compreendido, ou seja, ele deve ser entendido
como uma ferramenta de gestão capaz de prover informações relativas à estrutura de custos. Seu
objetivo principal é auxiliar a administração com o fornecimento de informações sobre as atividades
mais ou menos lucrativas e com maior ou menor custo. Ele é particularmente interessante quando se
consideram segmentos caracterizados pela complexidade na gestão de seus custos, como é o caso das
organizações industriais e prestadoras de serviços.
Vale a pena destacar que uma ferramenta de gestão só será realmente válida se for capaz de fornecer
informações úteis e habilitar os gestores a alcançar os objetivos propostos para a organização. Isso se
dá por meio do uso eficiente dos recursos disponíveis, da elaboração de estratégias empresariais e do
controle das diversas operações em uma organização (BEUREN, 1998).
Nesse sentido, para se buscar maior efetividade de um sistema de custos, é preciso diferenciar os
dados das informações: os dados só podem ser considerados como informações (e, portanto, ter sua
utilidade) quando organizados e classificados tendo em vista o perfil do tomador de decisão e suas
necessidades. Em outras palavras, essa efetividade vem do tratamento dedicado aos dados em função
das demandas da situação em questão. Esse tratamento faz com que se tenha realmente uma informação
útil para cada caso. Os dados brutos podem ser interessantes, mas, sem o tratamento, não são capazes
de orientar a tomada de decisão.
A informação só encontra finalidade se estiver relacionada à estratégia que a companhia adota. Essa
estratégia define, por exemplo, a quantidade, o tipo e o direcionamento das informações. Porter (1992)
aponta que, se a empresa fizer uma opção pela liderança em custos, ela deverá ter um controle maior
sobre seus custos para conseguir oferecer preços mais acessíveis do que os oferecidos pela concorrência.
Dessa forma, a empresa precisará de dados informativos precisos e detalhados sobre a estrutura de
custos.
É possível ter uma visão mais clara desse processo quando se consideram as organizações industriais
e prestadoras de serviços que, conforme indica Perez Jr. et al. (2001), buscam a apuração do custo de
produção para atingir objetivos específicos, como indicado no quadro a seguir:
Atendimento de exigências Custeio por absorção – a Lei nº 6.404/76 determina que a escrituração
contábeis contábil seja elaborada segundo os princípios contábeis, o que pode ser
realizado através da metodologia do custeio por absorção.
Atendimento de exigências fiscais Custeio por absorção – o único método aceito pela legislação de
imposto de renda.
Apuração do custo dos produtos e Sistema de custos – fornece informações que possibilitam a
dos departamentos identificação dos responsáveis pelo consumo dos gastos dentro das
organizações.
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Unidade II
Controle dos custos de produção Custeio padrão – indicado para efeito do controle.
Auxílio na tomada de decisões Método de custo direto ou variável – capaz de gerar informações de
gerenciais forma mais rápida.
Otimização de resultados Teoria das restrições – oferece informações sobre a superação de metas
e resultados.
É importante destacar as perguntas que orientam a tomada de decisão e que, de acordo com Marion
(1996) e tendo em vista o perfil do usuário dessas informações, direcionam e estruturam um sistema de
custos. Elas são:
A contabilidade de custos é a área da contabilidade que trata dos gastos na produção de bens
e serviços. Ela é aplicada em qualquer empresa onde se deseje controlar os gastos necessários à
produção de bens e serviços. A contabilidade de custos pode ser dividida em: contabilidade de
serviços e contabilidade industrial. Todavia, a contabilidade de serviços é pouco estudada e
aplicada no Brasil, sendo comum o uso da expressão contabilidade de custos apenas no sentido
de gastos incorridos na atividade industrial. Existem autores que adotam a denominação de
contabilidade de custos mesmo quando abordam apenas a contabilidade industrial (FERREIRA,
2003).
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controladoria
A contabilidade de serviços é a área da contabilidade de custos que trata dos gastos incorridos na
prestação de serviços, como no caso de serviços hospitalares, escolares ou bancários.
Custos e investimentos
A diferenciação entre custo e investimento é sutil, porém, essencial. Quando se adquire uma máquina
para a produção, esta não será consumida em apenas um período, mas será utilizada para a produção ao
longo de muitos períodos na empresa, gerando vários períodos de receitas.
A aquisição de matéria-prima também pode ser considerada um investimento, pois está contabilizada
no ativo até o momento de ser consumida na produção.
Ainda, a compra de móveis e materiais para a empresa também pode ser considerada um investimento,
dada a necessidade de uso desses itens para o bom funcionamento do negócio.
Quadro 4
Por fim, os custos podem ser classificados como diretos, indiretos, fixos e variáveis.
Custos diretos
Os custos diretos são os gastos de produção associados diretamente aos produtos, como é o caso da
matéria-prima utilizada na produção. Esse custo pode ser medido a partir de cada unidade do produto.
Assim, em uma vinícola, o ácido tartárico (acidulante INS 334) é um produto químico importante
para a conservação e melhoria da qualidade do vinho, de modo que é possível determinar a
quantidade de ácido tartárico necessária para a produção de cada lote, constituindo, desse modo,
um custo direto.
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Unidade II
Custos indiretos
Os custos indiretos são os gastos de produção que não estão diretamente associados aos
produtos, como é o caso da supervisão ou dos serviços de manutenção nos equipamentos de uma
fábrica.
A partir do exemplo da vinícola, tem-se que esta precisa de máquinas para a produção, porém, essas
máquinas tendem a sofrer um desgaste com o tempo (depreciação) e precisam passar por manutenção.
Ainda que os gastos com manutenção não sejam passíveis de identificação diretamente no produto, eles
são necessários e constituem custos indiretos.
Custos fixos
Os custos fixos são os gastos de produção que, independentemente do volume produzido, mantêm
seu valor inalterado. É o caso, por exemplo, do aluguel do imóvel onde a fábrica está implantada,
que, ainda que possa ser reajustado a partir de cláusulas contratuais, será praticamente o mesmo,
independentemente da produção.
Custos variáveis
São os gastos de produção que aumentam conforme o volume produzido, como é o caso da
necessidade de aumento ou diminuição de mão de obra conforme a demanda do mercado pelo produto.
Uma produção maior ou menor se dá, portanto, conforme picos sazonais de consumo. Um exemplo é
o período da Páscoa, no qual há um aumento do consumo de chocolate, o que impulsiona uma maior
quantidade de contratação de mão de obra.
Despesas
As despesas também podem ser classificadas como fixas ou variáveis. As fixas estão associadas a
gastos cuja variação não está vinculada ao volume de vendas da empresa, como é o caso dos gastos com
a administração de vendas e faturamento, que são fixos.
Despesas
Resultados
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controladoria
Critérios de rateio
Ao se considerar os custos indiretos, é preciso ter em vista que, por poderem ser apropriados somente
de forma indireta, eles devem ser trabalhados a partir de estimativas, o que implica certo grau de
subjetividade em função do critério adotado para distribuição do custo.
Desse modo, é possível classificar alguns gastos como custo ou despesa em conformidade com a
utilização prevista e com sua natureza, como ocorre com a energia elétrica que, por exemplo, é utilizada
e compartilhada por diversos departamentos concomitantemente. Nesse caso, para efeitos de cálculo,
por exemplo, é mais interessante considerar critérios adequados para ratear o total de custos de um
determinado departamento e estimar o quanto um departamento de produção utiliza do serviço de um
departamento de apoio.
Assim, seria possível considerar uma empresa que mantém, entre seus custos fixos, um
laboratório para o atendimento de emergência dos funcionários. Entretanto, como o número
de atendimentos não pode ser pré-determinado, pode ocorrer que, em certo mês, apenas um
funcionário seja atendido ou, em outro, funcionários de um departamento específico sejam
atendidos em maior quantidade.
Não seria possível atribuir o custo para esse departamento ou funcionário, já que o ambulatório
está disponível para uso de todos. No entanto, poderiam ser consideradas as alternativas de ratear
os custos do ambulatório pelo número de funcionários ou, ainda, no caso de algum departamento
apresentar demanda superior aos demais, utilizar um critério de proporcionalidade, considerando um
período determinado.
Vale a pena destacar que as mudanças de critérios de rateio podem modificar os resultados da
empresa para mais ou para menos, o que destaca a importância de se estabelecer critérios consistentes
e, em caso de necessidade de alteração, que esta seja justificada a fim de garantir a consistência dos
dados perante a legislação fiscal.
Custos de produção
Nesse momento, nos ateremos aos cálculos dos custos, porém, já é possível perceber
que, para fazer a análise financeira, é preciso um bom volume de informações. Para efeitos
de demonstração, o autor calculou os valores em R$ 1, excluindo os centavos (os valores
iguais ou acima de R$ 0,50 foram arredondados para mais e aqueles abaixo de R$ 0,50 foram
arredondados para menos).
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Unidade II
Além disso, é preciso avaliar, com cuidado, a disponibilidade de capital próprio e de terceiros, para
então calcular o gasto na montagem da agroindústria, ou seja, o custo das máquinas, equipamentos,
ferramentas, veículos, mobiliário, imóveis e outros materiais permanentes que compõem o investimento
fixo.
A seguir, apresenta-se ilustrações de diferentes processos produtivos para o vinagre, de acordo com
Rizzon (2006b):
Entrada do vinho
Algodão ou lã
Torneira
42
controladoria
É preciso ter uma estimativa do plano de produção, que é a identificação do volume de produtos que
pretendemos comercializar num determinado período de tempo. Rizzon (2006a) indica a necessidade de
se calcular o valor do investimento físico (equipamentos e instalações necessários para o cumprimento
das metas de produção). Nesse cálculo, serão relacionados os custos e as quantidades das máquinas,
equipamentos, veículos, ferramentas e demais materiais permanentes.
• capacidade nominal dos recursos materiais, ou seja, capacidade nominal de produção das
máquinas, equipamentos e instalações, além dos recursos financeiros;
• disponibilidade de matérias-primas, materiais secundários e embalagens;
• disponibilidade de recursos humanos na região.
Custo de investimento
Esse conjunto é chamado de investimento físico, pois são gastos feitos de uma só vez e que
ficam agregados ao patrimônio da empresa. O maquinário deve ser de qualidade e ter a garantia
de assistência técnica eficiente, para evitar que a produção fique suspensa caso aconteça algum
problema. Uma máquina quebrada ou mal regulada pode acarretar enormes prejuízos no momento
em que as matérias-primas estão sendo processadas.
Ainda de acordo com Rizzon (2006a), as máquinas também devem ter uma capacidade de produção
adequada às necessidades iniciais da empresa, com uma folga que possibilite uma expansão futura.
Para fechar a tabela dos investimentos físicos, o autor acrescentou uma reserva técnica de 10% dos
custos totais. A tabela a seguir apresenta a necessidade de investimento físico do projeto.
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Unidade II
Custos diretos
Como apontado anteriormente, os custos diretos estão relacionados com a produção e a venda e
apresentam particularidades em razão do tipo de atividade que a empresa exerce.
Numa pequena agroindústria de processamento de uva, estão incluídos nesses custos os materiais
diretos – matérias-primas, materiais secundários e embalagens – e a mão de obra direta – salários e
encargos sociais dos recursos humanos ligados diretamente à produção.
Materiais diretos
Dentro do jargão e dos conceitos contábeis, materiais diretos são as matérias-primas, materiais
secundários, embalagens e demais materiais utilizados na fabricação de um produto até o estágio em
que ele estiver em condições de ser enviado ao consumidor final (MARTINS, 2003).
Rizzon (2006a) aponta que, no caso da agroindústria de processamento de uva, eles são fundamentais
para o bom resultado final dos produtos.
Os custos dos materiais diretos variam muito de produto para produto. A tabela a seguir apresenta o
custo anual dos materiais diretos necessários para a produção de 20 mil garrafas de vinagre.
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controladoria
Os recursos humanos são fundamentais para o sucesso de qualquer empresa, o que não é diferente
para uma agroindústria de processamento de uva. Mas é necessário realizar uma separação entre os
trabalhadores que lidam diretamente com a produção e aqueles que estão em outras atividades de
apoio.
Essa divisão é feita para permitir um melhor planejamento e uma melhor administração da empresa.
É mais simples calcular o tempo de trabalho dos operários que estão diretamente relacionados ao
volume de produção de uma agroindústria do que calcular o tempo de trabalho do pessoal que trabalha
na área administrativa.
Uma secretária, por exemplo, trabalha oito horas por dia, quer a agroindústria esteja processando
um quilo ou 100 mil quilos de uva.
Para Rizzon (2006a), os operários ou funcionários que trabalham diretamente na área de produção
compõem o que pode ser chamado de mão de obra direta de uma agroindústria de processamento de
uva.
Para definir a quantidade de pessoas necessárias à produção, Rizzon (2006a) buscou referências
junto aos empresários do ramo. Para estes, o volume de produção deve ser definido no plano
de produção e, assim, são necessários um técnico, um enologista e um auxiliar de produção
trabalhando em tempo integral mais três empregados temporários, trabalhando três meses por
ano.
No Brasil, geralmente o piso salarial dos trabalhadores é definido regionalmente por sindicatos da
classe. Rizzon (2006a) utilizou o salário médio mensal para o enologista, de R$ 1.200,00, para o auxiliar
de produção, de R$ 700,00, e para a mão de obra temporária, de R$ 500,00 (valores ilustrativos), para
compor a tabela apresentada a seguir:
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Unidade II
Valores
Discriminação
Quantidade (R$)
Técnico em enologia 1 14.400
Auxiliar de produção 1 8.400
Mão de obra temporária 3 4.500
Subtotal 5 27.300
Encargos sociais - 20.420
TOTAL 5 47.720
Após a definição do número de empregados e dos salários de cada um, é preciso calcular a despesa
anual com a folha de pagamento, acrescentando um percentual de 74,8%, correspondente aos encargos
sociais. Estes são distribuídos como apresentado na tabela a seguir:
Discriminação %
Contribuição da empresa 20,00
FGTS 8,00
Sesi 1,50
Senai 1,00
Incra 0,20
Sebrae 0,03
Salário-educação 2,50
Seguro sobre acidente de trabalho 2,00
Férias 13,67
Feriados 4,00
Auxílio-enfermidade 0,60
Aviso prévio 1,20
Faltas justificadas 3,00
13º salário 12,20
Dispensa sem justa causa 4,90
TOTAL 74,80
Rizzon (2006a) destaca que é importante informar que alguns desses índices são variáveis, como o
número de faltas justificadas, o índice de rotatividade dos empregados, as férias, o número de feriados
por ano, o índice de acidente de trabalho, o auxílio-doença, o sistema “S” (Senac, Sesc, Senai, Sei e
Sebrae), entre outros.
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controladoria
Custos fixos
Segundo Rizzon (2006a), após o calculo do custo anual dos materiais diretos e do valor da folha
de pagamento, apura-se os custos fixos do negócio, ou seja, aqueles que ocorrem independentemente
da produção ou das vendas. Geralmente, esses custos fixos correspondem aos salários e respectivos
encargos sociais do pessoal administrativo e os gastos gerais de administração.
Nessa etapa da análise financeira, Rizzon (2006a) demonstrou uma série de dados e informações
importantes:
Rizzon (2006a) lembra que esses custos existem mesmo que a agroindústria não venda ou
produza nenhum bem. Eles são necessários para a manutenção do negócio em funcionamento e
podem ser denominados de custos de funcionamento ou custos de estrutura.
Os custos fixos
O autor utilizou uma média de valores para os custos fixos, já que eles variam muito de região
para região, sendo importante considerar que eles dependem também do estilo gerencial que o
empresário imprime em seu negócio e do nível de simplicidade ou sofisticação da empresa.
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Unidade II
Observação
Valores
Discriminação
% (R$)
Depreciação
Equipamentos 15,0 19.665
Obras civis 3,5 2.205
Soma 21.870
Manutenção
Equipamentos 4,5 5.900
Obras civis 1,5 945
Soma 6.845
Seguros
Equipamentos 3,5 4.589
Obras civis 1,5 945
Soma 5.534
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controladoria
Discriminação Valores
Tarifa de água, energia elétrica e telefone 960
Retirada pró-labore 12.000
Honorários profissionais 3.000
Fretes e transportes 1.080
Combustíveis e lubrificantes 720
Materiais de expediente e de limpeza 360
Depreciação 21.870
Manutenção 6.845
Seguros 5.334
Outros custos 600
TOTAL 52.769
Custos de produção
Uma vez determinados o custo anual dos materiais diretos, o gasto com a mão de obra direta e os
custos fixos, é possível calcular o custo de produção.
Rizzon (2006a) destaca ser muito frequente considerar que os custos de produção de um determinado
bem são compostos exclusivamente pela matéria-prima, embalagem e outros materiais diretos utilizados
em sua fabricação, esquecendo-se de agregar àqueles preços outros custos, como o de mão de obra
direta e os custos fixos.
Para evitar esse erro, é preciso lembrar que “o custo de produção é igual à soma dos custos
dos materiais diretos com o rateio dos custos fixos e dos custos da mão de obra direta” (RIZZON,
2006a).
CP = ( MD + MO + CF (: VP
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Unidade II
A partir dessas informações, é possível ter uma visão geral mais aprimorada sobre a formação de
custos.
Sistema de custos é uma ferramenta de gestão que visa fornecer informações sobre a estrutura de
custos da organização, auxiliando os gestores a tomar decisões a fim de prover maior competitividade
em seu segmento de atuação.
Esse sistema recolhe, categoriza e organiza os dados que dizem respeito aos custos dos produtos ou serviços
e os transforma em informações. Segundo Martins (2003), essa estrutura representa um “conduto que recolhe
dados em diversos pontos, processa-os e emite, com base neles, relatórios na outra extremidade” (MARTINS,
2003, p. 28). Desse modo, há o controle de desempenho e o gerenciamento de custos.
50
controladoria
Como ferramenta, o sistema de custos pode ser utilizado no âmbito interno de uma organização nos
níveis operacional, tático e estratégico, conforme apresentado na figura a seguir:
Nível operacional
Coleta de dados
Nível tático
Diferenciação e classificação dos dados, transformando-os em informações
Nível estratégico
Informações são utilizadas para a tomada de decisões estratégicas, como qual o melhor
mix de produtos ou controle e redução de custos
De acordo com Crepaldi (2004), os sistemas de custos podem ser utilizados para diversas finalidades,
tais como:
O que se pode perceber, assim, é que um sistema de custos pode propiciar uma vantagem competitiva
na medida em que permite buscar a redução e um controle rigoroso dos custos e das despesas gerais,
além de uma utilização mais eficiente das instalações, o que, mediante um aumento de recursos obtido
por meio de custos menores, favorece maiores investimentos na melhoria e inovação da organização e
de seus produtos e serviços.
Atkinson et al. (2000) apresenta exemplos de algumas empresas que utilizaram sistemas de custos
como ferramentas de gestão no processo de tomada de decisão mediante um posicionamento estratégico
específico:
51
Unidade II
Uma maneira de compreender melhor as estratégias competitivas elaboradas a partir dos sistemas
de custos é realizar uma abordagem comparativa entre empresas de um mesmo segmento.
Carvalho (2005) analisa a evolução recente das estratégias competitivas implementadas pelas
principais montadoras da indústria automobilística no Brasil e, embora resguarde que isso não pode ser
feito sem que se considere o contexto de reestruturação, integração e modernização2 que marcou esse
setor da indústria brasileira a partir da segunda metade dos anos 1990, o autor destaca características
estratégicas interessantes que permitem visualizar o trabalho com as informações dos sistemas de
custos.
Analisando as estratégias competitivas das montadoras General Motors (GM), Ford, Volkswagen
(VW), Fiat e Toyota no âmbito internacional, Carvalho (2005) apresenta as seguintes informações:
2
Carvalho (2005) afirma que o contexto de reestruturação, integração e modernização está associado em larga
medida à globalização do setor automotivo.
52
controladoria
Para fins de análise e tomada de decisão, os critérios de acumulação de custos podem ser
definidos a partir de diversas condições, que são essenciais para que se definam as estratégias
privilegiadas. Essas condições serão apresentadas a seguir, porém, de uma maneira ou de outra, é
o profissional da área contábil que deve observar a organização a partir de sua área de atuação,
atividade, modo de gestão e finalidade do sistema e designar o critério que levará aos melhores
resultados.
O sistema de custos pode ser classificado em função do processo produtivo ou do modelo de gestão,
sendo essencial que o gestor conheça o processo de produção e suas características para melhor analisar
o método de custeio a ser utilizado.
O sistema de custos por processo contínuo objetiva identificar, coletar, processar, armazenar e
produzir informações para a gestão de custos, representando o aspecto de registro ou de escrituração
das informações associadas à gestão de custos adequada ao processo de produção do produto ou
serviço produzido.
Esse sistema tem melhor aplicação quando é considerada uma fábrica que produz continuamente,
em série ou massa, de modo que o sistema de custos por processo contínuo deva determinar e controlar
os custos pelos departamentos, setores e fases de produção (processos) para, então, considerar a
quantidade de produtos fabricados em determinado período de tempo e determinar o custo do processo
fabril nesse período.
Por acumular os custos por fase do processo, operação ou departamento (centros de custo) e
considerar bases sistemáticas (não há contabilização de custos de itens individuais ou grupos de
itens), esses sistemas são adequados para a análise de organizações envolvidas com a produção
de grandes volumes de produtos uniformes em bases contínuas, como seria o caso da produção de
eletrodomésticos da linha branca, automóveis ou outros produtos fabricados de forma padronizada.
Esse também é o caso das empresas de construção civil, produtoras de filmes e CDs, tipografias,
setor imobiliário etc.
A identificação e monitoramento dos centros de custo são essenciais nesse sistema, do qual Mattos
(s. d.) apresenta as características mais relevantes:
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Unidade II
O sistema de custos por ordem ou encomenda é o mais adequado quando se tem um processo
não repetitivo no qual cada produto ou grupo de produtos é mais ou menos diferente entre si, o que
demanda a diferenciação entre os custos diretos (mão de obra, materiais gastos etc.) e indiretos (aluguel,
seguro, eletricidade, água etc.).
Nesse sistema, os registros são realizados em ordens e cada ordem recebe um número ou código, de
modo que se possa inserir cumulativamente custos de material ou mão de obra pela emissão de ordem
de produção de lotes de um bem ou serviço.
Dessa maneira, o diagnóstico dos resultados, sejam eles lucros ou prejuízos, pode ser rapidamente
feito ao subtrair o preço da venda dos custos acumulados naquela ordem, de modo que a apuração
periódica dos resultados não se faça necessária.
Seguindo a mesma lógica, tão logo a ordem de serviço ou produção for concluída, é possível obter os
custos primários, embora os custos indiretos só possam ser incorporados ao produto ao final do período
contábil.
56
controladoria
Contudo, por se tratar de um processo complexo de fluxo de informações que envolve diversas
pessoas dedicadas à detecção do custo da mão de obra e dos demais insumos, seu custo operacional
tende a ser razoavelmente alto.
Os formulários de ordem de produção são essenciais, pois têm por intuito apresentar e registrar
os gastos com material direto e mão de obra e estimar os custos indiretos associados a cada unidade
produzida. São também essenciais as informações sobre o modelo e características do produto a ser
fabricado, a data de emissão e expectativa de término, a estimativa dos custos indiretos de fabricação,
o registro de material e de mão de obra e o resumo dos custos.
A escolha do sistema de custos está associada ao tipo de informação e controle pretendido com o
sistema a ser implementado, sendo que a diferenciação entre os diferentes sistemas se dá pela natureza
dos dados contábeis utilizados – históricos ou predeterminados.
De acordo com Zanluca (2005), o sistema de custeio baseado em custos históricos ou atuais aponta
que os custos são registrados do modo como ocorrem. Eles são determinados, assim, após o término da
fabricação do produto ou da prestação do serviço.
Nessa estrutura, o produto é debitado pelo custo vigente do material utilizado, da mão de obra usada
e por uma estimativa dos gastos gerais de fabricação, com características de custo predeterminado.
O sistema baseado em custos históricos pode ser válido tanto em âmbitos de acumulação de custos
por ordem de produção como naqueles de acumulação de custos por processo de fabricação em série,
apresentando as seguintes limitações:
Conforme Zanluca (2005), custos predeterminados são estabelecidos sobre as operações de produção
com antecedência, de modo que, em um sistema de custeio baseado em custos predeterminados, o
material, a mão de obra e os gastos gerais de fabricação devem ser contabilizados com base em preços,
usos e volumes previstos.
Para o autor, os custos predeterminados são utilizados quando a gerência tem interesse, inicialmente,
em conhecer quais deveriam ser seus custos, para, em seguida, compará-los aos custos reais.
Num sistema de custos predeterminados, as contas de variações servem para a contabilização das
diferenças a mais ou a menos resultantes da comparação entre o custo realmente incorrido e o respectivo
custo predeterminado.
Ainda segundo Zanluca (2005), os custos predeterminados podem ser estimados com base na
melhor informação disponível no momento de sua fixação ou podem ser padrões resultantes de um
58
controladoria
Ao demarcar o sistema de acumulação de custos a ser utilizado, a empresa precisa saber qual será
o sistema de custeio a ser adotado. Isso não depende apenas do sistema produtivo da empresa, mas,
sobretudo, depende do tipo de informação e controle que se quer ter a partir do sistema de custos
implantado (ZANLUCA, 2005). Os principais objetivos são a separação entre custos variáveis e custos
fixos e a definição de qual seu peso dentro do preço de venda do produto.
A metodologia utilizada no sistema de custos define os gastos que devem fazer parte da apuração
do custo unitário do produto. Padoveze (2005) afirma que o método é o fundamento teórico mais
importante na gestão de custos, uma vez que todos os demais fundamentos e processos decisórios
deverão ser modelados à luz do método adotado.
De acordo com Bornia (2002), em outros termos, os sistemas de custos devem proporcionar
acurada mensuração do valor agregado ao longo de toda a cadeia produtiva como base para a
tomada de decisões estratégicas e operacionais. É relevante mencionar que os princípios de custeio
devem ser corretamente compreendidos e aplicados para que haja o retorno esperado no setor
empresarial.
Para Moura (2005), existem basicamente dois métodos de custeio – forma como as empresas agregam
ao preço de venda seus custos de fabricação. Eles são: o método de absorção e o método variável.
59
Unidade II
Escolher por um ou outro método não pode ser uma decisão aleatória, mas sim baseada no
questionamento quanto à finalidade do sistema, seja para obter controle por meio do fornecimento
rápido de informações para fins de decisões rotineiras ou por meio da apuração de estoques e
resultados.
A decisão deve ser baseada em quem receberá as informações e com que finalidade. Assim, é preciso
que os objetivos do sistema e a necessidade de detalhamento estejam claros.
Para uma melhor compreensão, a figura a seguir demonstra a diferenciação existente entre os
principais gastos (custos e despesas) que compõem o custo dos produtos em uma empresa industrial:
CUSTOS
São gastos necessários para fabricar os produtos da
empresa, é o gasto relativo ao bem ou serviço utilizado
na produção de outros bens ou serviços.
DIRETOS
São diretamente apropriáveis ao produto.
INDIRETOS
São apropriáveis ao produto mediante rateio ou
estimativas.
GASTOS
VARIÁVEIS
Seu montante varia em função do volume de
produção.
FIXOS
Seu montante não varia em função do volume de
produção.
DESPESAS
Gastos relativos à vendade produtos e
administração da organização, realizados
diretamente na obtenção das receitas.
FIXAS
São os gastos de comercialização e administração
que ocorrem independentemente do volume de
vendas.
VARIÁVEIS
São os gastos de comercialização diretamente
relacionados ao volume de vendas.
Bornia (2002) afirma que os princípios de custeio estão ligados às metas dos sistemas de custos, nos
quais estão relacionados os objetivos da contabilidade de custos – principalmente no que diz respeito à
avaliação de estoques –, o auxílio ao controle e a tomada de decisões.
O termo custeio significa apropriação de custos e os métodos de custeio são aplicados aos custos
indiretos na busca pela melhor maneira de levá-los aos custos do produto.
60
controladoria
A literatura acadêmica aponta que existem duas grandes modalidades diferentes de métodos de
custeamento do produto: métodos de alocação de custos indiretos e métodos de custeio direto e
variável.
Os métodos de alocação de custos indiretos englobam todos os custos (diretos, indiretos, fixos ou
variáveis) de modo a absorver todos aqueles incorridos no processo produtivo.
De acordo com Dias e Padoveze (2007), a alocação dos gastos fixos pede a utilização de rateios ou
estimativas, o que, ainda que a empresa tome cuidado para que os critérios de alocação sejam os mais
objetivos, torna o custo do produto arbitrário porque não se pode apurar precisamente o quanto foi
consumido por cada produto ou serviço.
Para os autores, as críticas acadêmicas estão direcionadas para a falha de alocação dos custos
indiretos por meio de rateios e na imprecisão desses custos, o que compromete o método de custeio
como instrumento de controle e decisão, além de o custo dos produtos variar de acordo com os volumes
de produção.
Os métodos de alocação de custos indiretos são divididos em método de custeamento por absorção,
método de custeamento baseado em atividades, método de custeamento integral e método de
custeamento RKW. Embora todos os métodos possam ser utilizados, será detalhado a seguir apenas o
método de custeio por absorção.
Segundo Martins (2003), o custeio por absorção é o método derivado da aplicação dos princípios de
contabilidade geralmente aceitos e consiste na apropriação de todos os custos de produção aos bens
elaborados. Os custos de produção são distribuídos para todos os produtos elaborados e as despesas
administrativas, comerciais e financeiras não o integram.
Dessa forma, o conceito de custeio por absorção assenta-se sobre a apropriação de todos os
custos (variáveis, diretos ou indiretos) à produção do período. Dessa forma, os gastos que não estão
relacionados com a produção (conceituados na contabilidade como despesas) são excluídos.
As bases de rateio ou direcionadores de custos mais tradicionalmente utilizados para avaliação dos
custos de fabricação e cômputo dos estoques são:
61
Unidade II
Salienta-se que o custeio por absorção faz distinção entre custos e despesas. Essa separação é
importante porque as despesas são contabilizadas imediatamente contra o resultado do período e
somente os custos relativos aos produtos vendidos terão o mesmo tratamento.
Sendo assim, faz-se necessário retomar a distinção entre custos e despesas. Numa situação hipotética,
pode-se considerar que a empresa A fabricou 2 mil unidades do produto x. Os custos de produção foram
da ordem de R$ 7.000,00, com despesas operacionais de R$ 3.000,00. Se tiverem sido vendidas mil
unidades a R$ 10,00 cada, será possível considerar como custo unitário médio de cada produto: R$
7.000,00/2.000 unidades = R$ 3,50.
Alerta-se que, para fins tributários, a Receita Federal do Brasil aceita apenas o custeio por absorção,
pois a entidade entende que esse é o custo que corresponde aos seguintes princípios contábeis essenciais
para sua validação:
Princípio da confrontação As despesas devem ser reconhecidas à medida que são realizadas as
receitas que ajudam a gerar (direta ou indiretamente).
Princípio da competência As despesas e receitas devem ser reconhecidas nos períodos de sua
competência, ou seja, no período em que ocorrer o seu fato gerador.
62
controladoria
Para uma melhor compreensão desses procedimentos, consideremos mais uma situação hipotética:
a empresa Tecnopur, em determinado período, fez a apuração de seus custos de produção, apresentados
na tabela a seguir:
Matéria-prima R$ 75.000,00
Material direto
Embalagem R$ 10.000,00
Mão de obra direta Mão de obra direta R$ 50.000,00
Materiais indiretos R$ 24.750,00
Mão de obra indireta R$ 24.000,00
Energia elétrica (fábrica) R$ 10.000,00
Custos indiretos Combustíveis R$ 1.350,00
de fabricação (CIF) Manutenção de máquinas R$ 2.500,00
Telefone da fábrica R$ 4.550,00
Depreciação e seguros (fábrica) R$ 4.250,00
IPTU R$ 2.250,00
Total R$ 210.000,00
Se a empresa tiver fabricado 7.000 peças de seu produto, será possível a seguinte condição:
Mas isso não é suficiente para se fazer uma análise dos custos. Considerando-se que a Tecnopur
tenha apurado as seguintes despesas no mesmo período, temos a tabela a seguir:
Assim, se o preço de venda de cada unidade corresponder a R$ 75,00, a receita de vendas será:
63
Unidade II
Por se tratar de uma metodologia validada e aceita, alguns passos devem ser seguidos para que se
proceda à apuração do resultado do exercício. São eles:
O custeio direto ou variável considera, para o custeamento dos produtos da empresa, apenas os
gastos variáveis e/ou diretos, eliminando-se a necessidade de rateios e estimativas e, consequentemente,
as distorções geradas por eles.
De acordo com Dias e Padoveze (2007), essa modalidade de custeio apresenta vantagens quando
comparada ao método de custeio por absorção no que diz respeito à apuração dos resultados econômicos
gerados pelos diferentes produtos da empresa e suporte às decisões gerenciais.
Os métodos de alocação de custeio direto e variável podem ser identificados distintamente como:
método do custeio direto, método de custeio variável e método da contabilidade de ganhos.
Para Padoveze (2005), considerar os custos diretos variáveis é uma maneira adequada de tratar
os produtos pelo custo unitário específico, sendo possível atribuir valores aos produtos sem rateios,
ao passo que os custos diretos fixos devem ser alocados pelo custo médio em função da quantidade
produzida ou vendida.
64
controladoria
De acordo com Martins (2003), o método de custeio variável utiliza para custo dos produtos apenas
os elementos variáveis, sejam eles diretos ou indiretos. Desse modo, ficam separados e desconsiderados
os custos fixos, que são tidos como custos do período e utilizam o valor unitário do produto, não
sendo realizado cálculo médio. Essa característica, para Padoveze (2005), faz com que esse método seja
considerado recomendável para todos os propósitos de previsões e tomada de decisão, o que é reforçado
por Martins (2003), quando afirma que
Para Padoveze (2005), a defesa do custeio variável está estruturada nas seguintes premissas:
• independentemente da produção de certo produto, os custos fixos existem e podem ser encarados
como encargos necessários para a produção de determinado produto pela empresa;
• grande parte dos rateios é feita por meio da utilização de fatores que, na verdade, não vinculam
cada custo a cada produto. Assim, há altos graus de arbitrariedade;
• o custo de um produto pode variar em função da variação da quantidade produzida de outro produto.
A melhor compreensão desse contexto pode se dar a partir de uma situação prática: Marchi, Arend
e De Gregori (2006) realizaram um estudo por meio de análises de notas fiscais de compra e venda,
documentos estes existentes em certa propriedade rural de cultivo de soja.
Assim, Marchi, Arend e De Gregori (2006) coletaram dados de duas áreas, uma própria de 32 hectares
(ha) e outra arrendada de 42 hectares (ha). Os dados foram colocados em uma tabela contendo tanto
custos fixos como variáveis.
Os autores afirmaram que os cálculos de custos fixos, como os de manutenção de máquinas, foram
realizados de acordo com a necessidade de utilização dessas máquinas e os salários foram mensurados
no período de novembro a abril de 2006. Dessa forma, todo o período produtivo, do plantio até a
colheita, foi coberto, pois, como o funcionário é fixo (independentemente de haver produção ou não,
seu salário é pago), seu custo é rateado para outras culturas nos meses nos quais não há produção.
Já nos custos variáveis, utilizou-se os custos padrões com uma média de 150 kg/ha de adubo,
totalizando 11,1 toneladas de adubo. Para as sementes, foram usados 125 kg/ha, o que totalizou 154
sacos em toda a área. Na aplicação de Glifosato, uma dosagem de 2L/ha foi utilizada, o que totalizou
148 litros (duas aplicações).
65
Unidade II
Em sua área própria, o produtor rural alcançou uma colheita média de 21 sacas/ha, com uma
rentabilidade de R$ 504,00. Na área arrendada, conseguiu 19 sacas/ha, com uma rentabilidade de R$
456,00.
Em sua análise, Marchi, Arend e De Gregori (2006) observaram que, no caso em questão, o
arrendamento tem um custo mais elevado em relação ao plantio. Isso ocorre porque o custo fixo com
arrendamento é inalterável, independentemente de haver ou não produção.
66
controladoria
Nessas condições, Marchi, Arend e De Gregori (2006) indicam que, para que haja um equilíbrio na
atividade, o produtor necessitaria vender seu produto obtido na área própria a um preço de R$ 26,60 e,
na área arrendada, a R$ 35,98. Os autores verificaram, ainda, que “só de arrendamento o produtor paga
R$ 9,37, reforçando, assim, a análise mais detalhada de investimento em uma área arrendada” (MARCHI;
AREND e DE GREGORI, 2006).
Com o estudo, os autores puderam perceber já na construção dos dados que uma das principais
dificuldades encontradas pelo dono da propriedade
[...] é a falta de uma ferramenta precisa onde se possa levantar com mais
precisão os custos e resultados na safra, sendo indispensável a adoção de um
sistema de relatórios gerenciais, que seja adaptado às variáveis do ambiente
e às peculiaridades da propriedade rural (MARCHI; AREND e DE GREGORI,
2006).
De acordo com Ferreira (2003), no sistema de custeio por absorção, todos os custos (fixos, variáveis,
diretos e indiretos) são apropriados à produção. Assim, os custos fixos e variáveis são “estocados” e
lançados ao resultado apenas quando da venda dos produtos correspondentes.
67
Unidade II
Para o autor, um inconveniente na adoção do custeio por absorção diz respeito aos custos fixos
(indiretos e apropriados por estimativas mais ou menos arbitrárias), como aluguel, imposto predial e
seguro da fábrica, por exemplo, que são gastos realizados para que a indústria adquira capacidade de
produção.
Vale lembrar que, como o custo de fabricação de um produto varia de acordo com os critérios
adotados para a apropriação dos custos fixos, o resultado da venda de um produto pode variar de
acordo com a parcela de custos fixos que a ele se decida apropriar.
Por outro lado, no sistema de custeio variável, são apropriados aos produtos apenas os custos variáveis
de produção, sendo os custos fixos lançados diretamente ao resultado, como se fossem despesas, sem
transitar pelos estoques.
Como exemplo, considere uma indústria qualquer com os seguintes gastos em unidades monetárias
em seu primeiro mês de atividade:
O autor indica que a indústria vendeu toda sua produção, com receita total de 40.000,00. Comparando
o resultado pelo custeio por absorção com o resultado apurado pelo custeio variável, o resultado seria
o seguinte:
68
controladoria
* O CPV no custeio por absorção é representado por todos os custos de produção, tanto variáveis quanto fixos. Já o CPV no custeio
variável é correspondente apenas aos custos variáveis e os custos fixos são apresentados como despesas operacionais.
69
Unidade II
Exemplo de aplicação
Ao longo da unidade, você teve contato com termos da área contábil que correspondem a
determinados conceitos e, em razão disso, propõe-se que você aprofunde sua compreensão em relação
a esses termos. Assim, tente explicar a seguir com suas próprias palavras o que significa o termo em
destaque (caso necessite, volte ao texto, releia-o e pesquise em livros e na internet não só o que o termo
significa, mas como os profissionais da área contábil o utilizam).
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______________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________.
Uvas Brancas
Cuba de desborra Cuba de fermentação
(principalmente) e Tintas
Engaços
Bomba
Prensa
Separação das
cascas Bomba
Engarrafamento
É fundamental que nos estudos dos ramos de negócios tente-se saber quais são os custos diretos,
indiretos, fixos e variáveis envolvidos na produção. Assim, pesquise os principais insumos necessários para
a produção industrial do vinho e separe esses insumos em custos diretos, indiretos, fixos e variáveis.
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
70
controladoria
No espaço a seguir, tente montar um mapa mental ou um esquema com os principais conceitos
estudados nesta unidade.
Resumo
Exercícios
Questão 1. Na última reunião de direção da Empresa MC – Moderna e Competente, foi analisado o seguinte
quadro, elaborado pela Unidade de Inteligência Competitiva (Fonte: Unip, Tomo Gestão Geral I, Questão 7).
Tabela 16
2005
2006
2004
2005
2006
2004
2005
2006
Ano(*)
Participação de mercado 20 25 30 25 20 10 - - -
Margem de Contribuição
Média (%) 30 30 30 34 38 42 36 36 36
D) o setor apresenta instabilidade em termos de rentabilidade, associada a uma lenta modernização tecnológica.
E) se os custos variáveis, como os de mão de obra direta e matérias-primas, são equivalentes nas
empresas, os preços da Empresa MC são mais elevados.
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: a idade média dos equipamentos do concorrente principal varia para mais um ano a
cada ano transcorrido, ou seja, a concorrência substituiu menos os equipamentos, em comparação à
empresa MC. Na empresa MC, a idade média dos equipamentos caiu entre 2004 e 2006, evidenciando
72
controladoria
substituição de equipamentos velhos por outros mais novos e, provavelmente, mais modernos. É provável
que, ao contrário da MC, não tenha ocorrido modernização tecnológica no principal concorrente. A
afirmativa, portanto, está errada.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: a participação de mercado do concorrente principal caiu de 25%, em 2004, para 10%
em 2006, enquanto a margem de contribuição média subiu, no mesmo período, de 34% para 42%. Os
dados indicam que o concorrente principal optou por reduzir sua participação no mercado, o que torna
a afirmativa incorreta.
C) Alternativa correta.
Justificativa: a empresa MC aumentou sua participação de mercado de 20% para 30%, entre 2004
e 2006. No mesmo período, o concorrente principal reduziu essa participação de 25% para 10%. Pode-
se concluir que a empresa MC apresentou melhor desempenho mercadológico. A idade média dos
equipamentos da empresa MC é de cinco anos, enquanto a do concorrente principal é de 14 anos: os
equipamentos da empresa MC são, dessa forma, muito mais novos.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: o setor apresenta estabilidade total em termos de rentabilidade, expressa pela margem
de contribuição mantida constante nos anos de 2004 a 2006. Quanto à evolução tecnológica, ela
possivelmente é a responsável pela redução da idade média de equipamentos de 15 pra 13 anos, em
dois anos. Informações complementares poderiam qualificar a evolução, se lenta ou rápida.
E) Alternativa incorreta.
Logo, no caso da empresa MC, Cv =PVMC - MCMC = PVMC - 30; no que respeita ao principal concorrente,
Cv = PVPC - MCPC = PVPC - 42.
Questão 2. Num projeto para a construção de um parque temático, serão financiados 30% com
recursos do BNDES, 20% com debêntures e 50% com capital dos sócios. O custo do financiamento junto
73
Unidade II
ao BNDES é 10% a.a., a debênture tem um custo de 15% a.a., e o custo de capital dos acionistas é 20%
a.a. Desprezando-se o efeito de imposto de renda, o retorno mínimo que o parque temático deverá ter
para ser interessante aos investidores, é de (Fonte: Unip, Tomo Gestão Geral I, Questão 9):
A) 20%
B) 16%
C) 15%
D) 13%
E) 10%
74