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NOTURNO
MARÍLIA, SP
2022
O capitalismo começou e se desenvolveu pela primeira vez na Europa ocidental, nos
séculos XVI e XVII. Antes do surgimento do capitalismo, as sociedades se organizavam em
torno da agricultura, que, por anos, utilizava tecnologia rudimentares com a existência,
mesmo que pouca, de comércio e indústrias de bens manufaturados. Entre os anos 1000 e
1500, a região contou com o crescimento de 0,12% da renda per capita ao ano, significando
um crescimento desta em 82% do ano 1000 para o ano 1500.
O estudioso Karl Marx argumentava que a nova sociedade deveria aproveitar, e não
rejeitar, as realizações do capitalismo. Marx também propõe que uma sociedade socialista
deveria ser gerida assim como uma empresa capitalista, no sentido de seus planejamentos
econômicos serem feitos de forma centralizada, é o que se chama de planejamento central.
Marx e seus seguidores defendiam que uma sociedade socialista poderia ser criada
por meio de uma revolução liderada pelos trabalhadores, enquanto alguns social-
democratas como Bernstein e Kautsky, pensavam que os problemas do capitalismo
poderiam ser atenuados não com a abolição do sistema, mas mediante uma reforma através
da democracia parlamentarista.
A eclosão da Primeira Guerra Mundial decretou o fim de uma era para o capitalismo.
A visão popular de que a forte rede comercial que o capitalismo estava construindo em todo
o mundo tornaria as guerras entre as nações assim interligadas altamente improváveis, se
não totalmente impossíveis. A Revolução Russa foi um choque ainda maior para os
defensores do capitalismo do que a Primeira Guerra Mundial, já que levou à criação de um
sistema econômico que pretendia minar todos os pilares do sistema capitalista. A fase inicial
da industrialização soviética foi um grande sucesso, comprovado pela sua maneira e
capacidade de repelir o avanço nazista na frente oriental durante a Segunda Guerra
Mundial. Estima-se que a renda per capita cresceu 5% ao ano entre 1929-1938, uma taxa
espantosa num mundo em que o aumento típico da renda era entre 1-2% ao ano.
Depois de uma grande crise financeira como a Quebra da Bolsa de 1929 ou a crise
financeira global de 2008, os gastos do setor privado caem. As dívidas não são pagas, o que
obriga os bancos a reduzirem seus empréstimos. Sem conseguir empréstimos, empresas e
indivíduos cortam gastos. Isso, por sua vez, reduz a demanda para outras empresas e
indivíduos que antes vendiam para eles (por exemplo, empresas que vendiam para
consumidores, empresas que vendiam máquinas para outras empresas, trabalhadores que
vendiam seus serviços a empresas). O nível de demanda na economia entra numa espiral
descendente. O governo é o único ator econômico capaz de manter o nível de demanda na
economia gastando mais do que ganha, ou seja, entrando em um déficit orçamentário.
A explicação mais influente para a Era de Ouro é que ela resultou sobretudo de
reformas nas instituições e nas medidas econômicas que deram origem à economia mista —
ou seja, a que mistura características positivas do capitalismo e do socialismo.
O fim da Era de Ouro foi marcado pelo Primeiro Choque do Petróleo, em 1973,
quando o preço do petróleo quadruplicou da noite para o dia, devido ao conluio de preços
do cartel dos países produtores de petróleo, a Organização dos Países Exportadores de
Petróleo (OPEP).
Em 1979 o Segundo Choque do Petróleo acabou com a Era de Ouro trazendo outro
ataque de inflação elevada e ajudando governos neoliberais a chegar ao poder em países
capitalistas de importância central, especialmente a Grã-Bretanha e os Estados Unidos.
Rejeitando o acordo dos Tories com os Trabalhistas, feito após a Segunda Guerra
Mundial, Thatcher começou a desmantelar radicalmente a economia mista, ganhando assim
a alcunha de “Dama de Ferro” por sua atitude intransigente. Thatcher reduziu os impostos
para a faixa de renda mais elevada, cortou gastos do governo, introduziu leis reduzindo o
poder dos sindicatos e aboliu o controle do capital. A medida mais simbólica foi a
privatização, gás, água, eletricidade, siderurgia, aviação, automóveis e setores da habitação
pública foram privatizados.
As taxas de juros foram elevadas, o juro alto atraiu o capital estrangeiro, elevando o
valor da libra esterlina e assim tornando as exportações britânicas não competitivas. O
resultado foi uma enorme recessão, com o recuo dos consumidores e das empresas, entre
1979 e 1983. O desemprego subiu para 3,3 milhões de pessoas.
Entre 1979 e 1981 o juro mais do que dobrou, passando de cerca de 10% para mais
de 20% ao ano, a desregulamentação financeira nos Estados Unidos feita nessa época lançou
as bases para o sistema financeiro que temos hoje.
O legado mais duradouro da política do juro alto nos Estados Unidos no chamado de
Choque Volcker ocorreu nos países em desenvolvimento. Os países em desenvolvimento
tinham emprestado muito nos anos 1970 e início dos 1980, em parte para financiar sua
industrialização e em parte para pagar pelo petróleo mais caro, quando os juros nos Estados
Unidos dobraram, o mesmo ocorreu com os juros internacionais, e isso levou a uma
moratória generalizada da dívida externa de países em desenvolvimento. Enfrentando crises
econômicas, os países em desenvolvimento tiveram que recorrer às Instituições de Bretton
Woods, que impuseram como condição que os países que tivessem empréstimos
implementassem o programa de ajuste estrutural (PAE), que exigia encolher o papel do
governo na economia, diminuindo o orçamento, privatizando as estatais e reduzindo a
regulamentação, especialmente do comércio internacional.
O primeiro sinal de que nem tudo ia bem naquele “admirável mundo novo” veio com
a crise financeira do México, em 1995. Muitas pessoas tinham investido em ativos
financeiros mexicanos, país que seria o próximo milagre econômico. O México foi socorrido
pelos governos dos Estados Unidos e do Canadá e também pelo FMI.
Em 1997, aconteceu um choque mais grave com a crise financeira asiática. Uma série
de economias da região, até então bem-sucedidas — as chamadas “economias MIT”
(Malásia, Indonésia e Tailândia) e a Coreia do Sul —, entrou em dificuldades financeiras. O
culpado foi o estouro das bolhas de ativos, esses países abriram de maneira radical seus
mercados financeiros no final dos anos 1980 e início dos anos 1990.
À medida que mais capital estrangeiro entrava, os preços dos ativos subiam, o que
permitiu às empresas e famílias nos países asiáticos tomar emprestado ainda mais,
utilizando seus ativos, agora mais valiosos, como garantia. Logo esse processo chegou à sua
consequência lógica, com a expectativa de preços dos ativos sempre crescentes justificando
ainda mais pedidos e concessões de empréstimos (isso soa familiar?). Quando mais tarde se
tornou claro que os preços desses ativos eram insustentáveis, o dinheiro foi retirado, e as
crises financeiras se seguiram
A crise asiática deixou uma cicatriz profunda nas economias atingidas, dezenas de
milhões de pessoas ficaram sem trabalho. Em troca do socorro monetário oferecido pelo
FMI e pelos países ricos, os países asiáticos em crise tiveram que aceitar uma série de
mudanças na sua política econômica.