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POINTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA

Wendel Hawan Santos Pinto

FICHAMENTO 1 – DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

Belo Horizonte

2022
A obra “História das crises econômicas e relações internacionais” objetiva
externar em seu conteúdo as ideias acerca da produção do capitalismo no anseio
social. Identifica-se inicialmente a ideia de que o modo de produção capitalista
historicamente separa-se em duas fases, identificadas como fases de expansão
e fases de crise estrutural, sendo cada uma destas fases passíveis de distinguir-
se em quatro fases em determinados períodos.

Amin esclarece que cada fase de crise estrutural corresponde a outra de


desajustamentos e reajustamentos, de passagem de um modelo de acumulação
a outro. A crise implica diminuição do ritmo de crescimento e acirramento da luta
de classes.

A primeira fase de expansão se caracterizara pela concorrência fácil feita


pela nova indústria no antigo artesanato e a segunda por um modelo de
concorrência atomística entre numerosas empresas de porte modesto,
incapazes de modificar, isoladamente, as condições do mercado. A Partir daí a
concorrência se fará entre monopólios em condições de, pelas suas decisões
unilaterais, de moldar o mercado; a individualização dos produtos através das
marcas e a publicidade reduzem, além disso, a concorrência pelos preços. A
eletricidade abre novas possibilidades à modernização da indústria, e a
navegação marítima dá ao mercado uma dimensão mundial. Mais uma vez esta
fase de expansão mundial do capitalismo confere à periferia a função essencial
de fornecedora de matérias-primas e de produtos agrícolas, absorvendo capital
para a instalação das infraestruturas e comprando produtos manufaturados.

Nessa fase, a situação internacional se definiria pelo equilíbrio relativo das


quatro grandes potências – Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra e França - às
quais se juntaram quatro potências retardatárias ou jovens: a Itália, o Japão, a
Rússia e a Áustria-Hungria.

Porém, segundo Amin (1977), o modo capitalista só assume sua forma


definitiva quando seu centro de gravidade se desloca para a nova indústria,
submetendo à agricultura a sua dominação. Porém, só após a Primeira Guerra
Mundial, a agricultura viria a passar por uma segunda onda de modernização,
renovando e aprofundando suas formas de dominação por meio do capital
industrial. Entretanto, a periferia do sistema mundial continua limitada à
especialização agrícola, seu atraso e sua dependência têm como causa a
dominação do modo de produção capitalista sobre formas da vida rural de origem
pré-capitalista.

Segundo Wright (1988), com o advento do nacionalismo, da democracia,


da industrialização e da mecanização da guerra, em meados do século XIX,
foram restabelecidos os princípios da nação em armas e da guerra totalitária.

Durante o século XIX, as grandes invenções navais, entre elas: o navio a


vapor, à hélice, os navios com couraça, o material bélico pesado, favoreceram,
inicialmente, o domínio marítimo britânico. O primeiro barco a vapor foi lançado
à água, em 1807, no Hudson, na América do Norte; no Império Britânico, em
1811, no Clyde. Desde essa data, foram construídos mais de 600, e, em 1873,
mais de 500 estavam em atividade nos portos britânicos.

O desenvolvimento industrial da Inglaterra fez-se em ritmo alucinante a


partir da segunda metade do século XVIII. A história da indústria inglesa na
primeira metade do século XIX foi uma história sem paralelo nos anais da
humanidade. Até os anos de 1750, a Inglaterra era um país como os outros, com
pequenas cidades, uma indústria pouco importante e rudimentar, uma população
rural dispersa, mas relativamente numerosa. Passados pouco menos de 100
anos, se tornou um país sem igual, com uma capital onde habitavam dois
milhões e meio de seres humanos, com enormes cidades industriais, uma
indústria que abastece todo o mundo e que fabrica, com o auxílio dos mais
complexos maquinismos quase tudo; com uma população densa, laboriosa e
inteligente, da qual dois terços se emprega no comércio e que se compõe de
classes bem diferentes das de outrora, constituindo uma outra nação, com
costumes e necessidades que divergem dos de tempos passados.

Tal desenvolvimento teve, em relação à população, uma consequência


direta: o processo de constituição dos grandes batalhões de trabalhadores fabris
assalariados.

A supremacia industrial britânica fez com que, em meados do século XIX,


a Grã-Bretanha adotasse a política de livre comércio. Assim, os produtos
agrícolas e as matérias-primas passaram a entrar na Grã-Bretanha sem pagar
direitos alfandegários, o que permitiu à indústria inglesa baixar ainda mais seus
preços de custo. Com a entrada do trigo americano isento de taxa alfandegária,
acabou por abaixar o preço do pão, fazendo também baixar o valor dos salários.
Essa situação ocasionou o colapso dos produtores de cereais britânicos, levando
também ao sensível recuo da agricultura. Contudo, o que levou o governo
britânico a aceitar as “amarguras” do livre comércio foi a convicção de que elas
abreviariam a especialização da Grã-Bretanha nos planos comercial e industrial.

O denominado imperialismo aparece quando as possibilidades do


desenvolvimento capitalista chegam ao esgotamento, fruto do fim da primeira
revolução industrial na Europa e na América do Norte, quando a crise impõe
nova extensão geográfica para o domínio do capitalismo. Para alguns autores, a
época imperialista pode ser subdividida em dois períodos: de 1880 a 1945, e
pós-1945. Entretanto, para o Direito Internacional teve especial importância os
últimos anos do século XIX.

O verdadeiro começo dos monopólios contemporâneos encontramo-lo


quando muito, na década de 1860. O primeiro grande período de
desenvolvimento dos monopólios começa com a depressão internacional da
indústria na década de 1870 e prolonga-se até princípios da última década do
século. Se examinarmos a questão no que se refere à Europa, a livre
concorrência alcança o ponto culminante de desenvolvimento nos anos de 1860
a 1870. Por essa altura, a Inglaterra acaba de erguer a sua organização
capitalista de velho estilo. Na. Alemanha, a referida organização iniciava uma
luta decidida contra a indústria artesanal e doméstica e começava a criar as suas
próprias formas de existência.

O fato de o movimento dos cartéis terem entrado em sua segunda época.


Ao invés de constituírem fenômeno passageiro, os cartéis tornaram-se umas das
bases de toda a vida econômica, conquistando, uma após outra, as esferas
industriais e, em primeiro lugar, a da transformação de matérias-primas. Os
cartéis estabelecem, entre si, acordo sobre condições de venda, prazos de
pagamento, partilham os mercados de venda, fixam a quantidade de produtos a
serem fabricados, estabelecem os preços e distribuem os lucros entre as
diferentes empresas.

A concorrência transforma-se em monopólio, resultando daí um


gigantesco progresso na socialização da produção. Socializa-se também, em
particular, o processo dos inventos dos e aperfeiçoamentos técnicos.
O modo de produção capitalista, na sua fase imperialista, conduz à
socialização integral da produção nos seus mais variados aspectos; arrasta, por
assim dizer, os capitalistas, contra sua vontade e sem que disso tenha
consciência para certo novo regime social, de transição entre a absoluta
liberdade de concorrência e a socialização completa.

Importante, nesse processo, é o fato da produção passar a ser social,


mantendo-se a apropriação em caráter privado. Os meios sociais de produção
continuam a ser propriedade privada de reduzido número de indivíduos.
Mantém-se o quadro geral da livre concorrência formalmente reconhecida e o
jugo de alguns monopolistas sobre o resto da população torna-se cem vezes
mais sensível, e mais insuportável.

Ocorre que modo de produção capitalista é forçado a uma revolucionar


incessantemente a produção, sendo, pois, também forçado a revolucionar de
igual modo as relações de produção para adaptá-las às exigências do
desenvolvimento contínuo das forças produtivas. A história do capitalismo
corresponde à história deste processo de ajustamento das relações de produção
às exigências do progresso das forças produtivas. O modo de produção
capitalista caracteriza-se por uma contradição imanente, ou seja, a que opõe o
caráter crescente das forças produtivas ao caráter estreito das relações de
produção. Esta contradição surge desde a origem e não indica, portanto, a
iminência de um desmoronamento final. Durante pelo menos um século, ela foi
superada ao mesmo tempo pela expansão do sistema e pela renovação de seu
modelo de acumulação.

Uma das características do modo de produção capitalista é justamente a


de separar a propriedade do capital de sua aplicação à produção. Por isso ocorre
a separação do capital monetário do capital produtivo, e assim separa-se o
capital financeiro, que vive apenas dos rendimentos do capital monetário, do
empresário e de todos que participam de maneira direta da gestão do capital.

A exportação de capitais repercute-se no desenvolvimento do capitalismo


nos países em que são investidos, acelerando-o extraordinariamente. Se, em
consequência disso, a referida exportação poderia, até certo ponto, ocasionar a
paralisação do desenvolvimento nos países exportadores, isso só poderia ter
lugar em troca da extensão e do aprofundamento maior do desenvolvimento do
capitalismo em todo o mundo.

Ressalta-se o fato de o capitalismo financeiro ter criado a época dos


monopólios, que trazem sempre consigo o princípio monopolista: a utilização das
relações para as transações proveitosas substituindo a concorrência no mercado
aberto.

Trata-se de uma época peculiar da política colonial mundial que se


encontra intimamente relacionada à fase moderna de desenvolvimento do
capitalismo – a do capital financeiro. Por isso, faz-se necessária uma mais detida
abordagem dos dados concretos, de modo a proporcionar um delineamento mais
preciso, não apenas relativo à diferença existente entre esta época e as
anteriores, como também relativo à situação atual.

Quanto mais desenvolvido está o capitalismo, quanto mais sensível se


torna a insuficiência de matérias-primas, quanto mais dura é a concorrência e a
procura de fontes de matérias-primas em todo o mundo, tanto mais encarniçada
apresenta-se a luta pela aquisição de colônias.

Os interesses da exportação de capitais levam do mesmo modo à


conquista de colônias, pois no mercado colonial é mais fácil (e por vezes só nele
é possível), com a utilização de meios monopolistas, suprimir-se o competidor,
garantir-se encomendas, e consolidarem-se as relações necessárias.

A livre concorrência é a característica fundamental do capitalismo e da


produção mercantil em geral; o monopólio é precisamente o contrário da livre
concorrência, mas esta vai se transformando em monopólio, criando a grande
produção, afastando a pequena, substituindo a grande produção por outra ainda
maior, e concentrando a produção e o capital a tal ponto que do seu seio surgiu
e surge o monopólio: os cartéis, os sindicatos, os trustes, e, fundindo-se com
eles, o capital de uma escassa dezena de bancos que manipulam milhares de
milhões.

Outra característica marcante do imperialismo é o fato de a exportação de


capitais, uma das bases econômicas mais essenciais do imperialismo, acentuar
ainda mais o divórcio completo entre o setor dos indivíduos que vivem de
rendimentos e a produção, o que vai imprimir marca de parasitismo a todo o país,
que vive da exploração do trabalho de vários países e colônias.

Na Europa, a burguesia, em razão da busca crescente de lucros, passou


a financiar a exploração de minas, as monoculturas, a eletrificação de cidades e
a construção de portos, pontes, canais e ferrovias, com o objetivo de favorecer
o setor exportador de cada região sob sua influência. Ao desenvolvimento das
relações de dominação econômica com característica mais geral trazida pelo
imperialismo, acrescentou-se a dominação política, na maioria dos casos
constituída por meio da conquista militar, o que veio caracterizar o novo formato
do colonialismo.

No desenvolvimento dessa política, a burguesia defendia que o Estado


tinha o dever de apoiar a política imperialista, garantindo, assim, o capital
investido fora da Europa.

O processo de implementação dessa política teve como resultado a


repartição quase por completo do continente africano, a ocupação de extensos
territórios na longínqua Ásia ou na subordinação da Ásia à influência dos países
imperialistas europeus.

Em 1890, apesar de o mundo já se encontrar em grau avançado de


partilha, e as grandes potências europeias já terem ampliado a concorrência para
todo o mundo, a Europa seguiu na condição de centro do mundo, hegemonia
que se deu a partir da supremacia europeia no desenvolvimento técnico e de sua
potência militar. Porém, devido à sua forte indústria, seu crescimento
demográfico e sua superioridade militar, a Alemanha de Bismarck é a potência
que detém a supremacia.

Assim, segundo Wright (1988), as potências continentais passaram a


desenvolver seus exércitos e marinhas progressivamente após a Guerra Russo-
japonesa e após o fracasso da Conferência de Haia em alcançar o
desarmamento. “A 2ª Conferência de Paz de Haia reuniu-se, em 1907, por
iniciativa do Presidente dos EUA e da Rainha da Holanda. Compareceram 44
países, inclusive da América do Sul, que estivera ausente na 1ª”
(ALBUQUERQUE MELLO, 2001, p. 154).”
Com o desenvolvimento das fontes energéticas, ocorreu aumento das
grandes indústrias, com destaque para a metalurgia, muito embora também
surgissem novos ramos industriais tais como as indústrias químicas e elétricas.
Esse rápido desenvolvimento afetaria inicialmente os países industrializados,
sobretudo o norte da Europa e os Estados Unidos.

Além disso, a produção agrícola apresentava lucros altíssimos nos países


economicamente evoluídos, ajudada pelo processo de desenvolvimento das
indústrias químicas e a partir da mecanização. A malha ferroviária viria permitir
o aumento das trocas e o escoamento rápido de produção sempre crescente.

Com isso ocorre o agravamento do problema dos mercados. A produção


cresce muito mais depressa que as possibilidades de absorção dos mercados
internos e todas as potências dirigem-se então aos mercados externos para
escoar os excedentes industriais e agrícolas.

Os políticos, os homens de negócio, os mais abastados e os governantes


europeus entendiam o imperialismo como fator necessário à prosperidade
econômica, à bonança e como forma de abrandar os graves problemas sociais
de seus países.

No final do século XX, a Grã-Bretanha segue sendo a única grande


potência industrial a praticar o comércio livre e, apesar de todos os esforços
feitos pelos industriais britânicos para baixar os custos de produção, não
conseguem ficar em igualdade de condições com os Estados Unidos e a
Alemanha, onde as indústrias em expansão frenética são protegidas por
elevadas tarifas. O resultado desse processo é o aumento ininterrupto da
concorrência para as exportações britânicas.

A competição entre as nações europeias pela posse de novas colônias


teve como resultado lógico a emergência da ideologia imperial nos Estados
Unidos. A partir de então, a política imperialista passou a caracterizar os anos
que antecederam a Primeira Grande Guerra Mundial.

A conquista de mercados para seus produtos industriais e de reserva de


matérias-primas passou a ser questão capital para o jovem império japonês.
Para as pretensões japonesas a Coréia e a Manchúria eram perfeitas, vez que
se encaixavam exatamente nas necessidades nipônicas, só que para tanto o
império japonês teria que desalojar os russos, que têm aumentado sua influência
na região desde 1895.

Depois de várias batalhas, os japoneses triunfaram. Apesar de não


existirem mais empecilhos ao triunfo dos japoneses, o governo do Japão não
desejava prosseguir com as hostilidades na Manchúria. Ao final da guerra, o
esforço tinha afetado as finanças japonesas. A paz foi assinada em Portsmouth,
nos Estados Unidos, a 05 de setembro de 1905.

Como parte do acordo de paz, a Rússia entregaria ao Japão a parte


meridional da ilha de Sacalina, o Liau-tung com Port-Arthur, que passaria a ser
a partir de então base japonesa bem como o Japão passaria a gozar dos direitos
sobre os caminhos de ferro do sul da Manchúria; a Rússia concederia a Tóquio
toda liberdade de ação na Coréia, até a efetivação da anexação, o que
aconteceu em 1910.

A vitória na guerra com a Rússia significou para o Japão o início de um


processo expansionista extraordinário.

Segundo Serge (1993), às vésperas de 1905, a concentração de terras na


Rússia era absurda; enquanto dez milhões de famílias camponesas possuíam
73 milhões de déciatines, 27.000 proprietários fundiários, dos quais 18.000
nobres, dispunham de 62 milhões de déciatínes, e um terço aproximadamente
desse incomensurável domínio pertencia a não mais que 699 riquíssimos
senhores, os quais se constituíam no mais seguro sustentáculo da autocracia,
que detinha em seu poder as melhores terras. Desde 1861, a porção dos
camponeses tinha sido dividida com o objetivo de tornar o antigo servo o mais
dependente possível do senhor. Com a chegada do ano de 1900, os preços dos
cereais subiram no mercado mundial. Desejosos por lucros, os proprietários
rurais elevaram o preço das terras e dos arrendamentos em até duas vezes. Ao
passo que a população rural havia aumentado, a porção de terras dos
camponeses que em 1861 tinha em média pouco mais de cinco hectares de terra
per capita masculina, caíra em média para menos de 2,5 em 1900. Esta situação
fez crescer em muito o número (cerca de uma dezena de milhões) de
desocupados na zona rural. Assim, os anos 1895-1898, 1901 representaram
anos de fome para os camponeses, e de exportação de cereais para a
aristocracia.
Por outro lado, a indústria russa, apesar de ter sido criada tardiamente,
iria desenvolver-se de maneira pujante em condições muito peculiares. Apesar
das fontes de mão-de-obra serem ilimitadas, a mão-de-obra qualificada era
muito rara nos primeiros anos do século XX. Em compensação, o nível de
concentração da indústria russa atingia, sob a influência do capital estrangeiro,
um grau ainda mais elevado que o da indústria alemã. Este capitalismo, de
estrutura moderna, encontrava-se obstruído por instituições retardatárias que
estavam ali há mais de um século antes do capitalismo chegar em solo russo.

Foi em meio a toda uma situação de crise interna que a guerra com o
Japão iniciou-se em 1904. Assim, como já dito anteriormente, a guerra
significava para a Rússia a concretização da política de expansão territorial do
Tzar, que voltava seus olhos para a Manchúria, além do domínio de Port-Arthur,
que deveria abrir a China ao comércio russo, o desejo de Nicolau II de aumentar
a fortuna dos Romanov, na Coréia e, por fim, o desejo do Tzar de consolidar a
aristocracia por meio de uma vitória militar.

O governo tinha, portanto, as mãos livres e seu jogo era absolutamente


seguro: à manifestação calculava, acorreriam os operários mais pacíficos, os
menos organizados e menos conscientes; a nossas tropas nada lhes custaria
esmagá-los, e com isso se daria uma boa lição ao proletariado; o pretexto seria
excelente para abater a tiros os que se encontrassem na rua; a vitória do partido
reacionário da Corte sobre os liberais seria completa; e depois disso viriam as
mais ferozes represálias.

O clima de tensão internacional fez com que grandes potências


subscrevessem tratados de aliança com o objetivo de aumentarem suas forças
para enfrentar as potências rivais. Após várias negociações e tratados bilaterais,
em 1907, passaram a existir dois blocos distintos na Europa: a Tríplice Aliança:
composta por Alemanha, Áustria e Itália e a Tríplice Entente: composta por
Inglaterra, França e Rússia.

A partir do ano de 1907, as nações europeias encontravam-se divididas


em dois blocos antagônicos, no interior de cada um dos agrupamentos as
rivalidades apresentavam-se abrandadas, porém, eram acirradas entre os dois
campos, tanto da França, em relação ao Reich, como entre a Alemanha e a
Inglaterra em se tratando de armamentos navais, além da Áustria-Hungria e a
Rússia, em função da supremacia nos Bálcãs. Essa situação provocou crises
cada vez mais fortes que ameaçaram por várias vezes a paz no continente
europeu: crise na Bósnia em 1908-1909, a segunda crise marroquina em 1911,
as guerras dos Bálcãs de 1912-1913 e, por último, o conflito austro-sérvio de
1914 que desencadearia a Primeira Guerra Mundial.

Se um elevado grau de liberdade e de acumulação de capital leva às


crises mais devastadoras para o sistema uma dose exagerada ou períodos muito
prolongados de regulação e de esterilização dos meios de produção, podem
levar àquilo que o economista da acumulação do capital, David Ricardo,
chamava de “Estado estacionário”. Um abafamento muito prolongado do fogo da
acumulação, de sua taxa de acumulação, pode levar a sociedade capitalista a
uma crise de estagnação e inanição muito mais perigosa para as classes
dominantes, que aquela que o regulacionismo estatal promete evitar.

A Primeira Grande Guerra Mundial foi definida por alguns como o retrato
do fim de um sonho. O fim dos sonhos otimistas da civilização europeia do século
XIX.

“De um lado desse espaço aberto estavam as trincheiras sérvias e, do outro,


estavam as austríacas. No máximo, 20 metros as separavam. Aqui e ali ambas as
trincheiras se fundiam em poços imensos com 12 metros de largura e 15 metros de
profundidade, que o inimigo tinha escavado e dinamitado. O solo entre uma e outra
estava pontilhado por montes de terra irregulares. Olhando mais de perto vimos algo
horripilante: desses pequenos montes projetavam-se pedaços de uniforme, crânios
com cabelos enlameados, sobre os quais ainda estavam presos pedaços de carne,
ossos brancos com mãos apodrecendo nas pontas, ossos ensanguentados saindo
de botas como as que os soldados usam. Um cheiro terrível pairava no local.
Bandos de cães semisselvagens esgueiravam-se nas margens da floresta, e de
longe deu para ver dois deles dilacerando alguma coisa que estava meio coberta
sobre o solo. Sem dizer nada, o capitão sacou o revólver e atirou. Um cachorro
cambaleou e tombou, tremendo, e depois ficou imóvel. O outro fugiu uivando entre
as árvores. Imediatamente, das profundezas da floresta veio em resposta um uivo
feroz e assustador, que enfraquecia ao longo do campo de batalha por quilômetros.
Os mortos eram tão numerosos que tivemos de caminhar sobre eles – às vezes
nossos pés afundavam num monte de carne em decomposição e faziam ranger os
ossos. Pequenos buracos se abriam de repente, afundavam e enxameavam de
larvas cinzentas. Em sua maioria, os corpos estavam cobertos apenas com uma
fina camada de terra, parcialmente, removida pela chuva. Muitos não foram nem ao
menos enterrados. Pilhas de austríacos continuavam, como tinham caído no
desespero da ação, amontoados no solo em posições terríveis de ataque. Havia
sérvios entre eles. Num local, o esqueleto meio comidos de um austríaco e de um
sérvio estavam emaranhados, envolviam um ao outro com braços e pernas
agarrados com uma força que mesmo agora não se podia afrouxar. Atrás da linha
de frente das trincheiras austríacas havia uma barricada de arame farpado,
sugerindo o estado de espírito dos homens que estavam presos naquela armadilha
mortal – a maioria deles era de sérvios das províncias austríacas eslavas,
compelidos sob a mira de um revólver a combater seus irmãos. Por 10 quilômetros
ao longo do cume de Goutchevo os mortos estavam acumulados desse modo – 10
mil ao todo, segundo o capitão (REED, 2002, p. 95-96).”
A Primeira Grande Guerra mundial tem em sua “causa” imediata o
assassinato do Arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco, e
de sua esposa, a Condessa Sofia Chotek, na cidade de Sarajevo, em 28 de junho
de 1914, pelo estudante Gavrilo Princip que pertencia à sociedade sérvia
Unidade e Morte (Mão Negra), organização que lutava pela coalizão dos sérvios,
contra os turcos e os austríacos, e que contava com o apoio do governo sérvio,
este, por sua vez, ligado à Rússia.

Fruto do conflito, os aliados não-europeus dos países envolvidos são


arrastados para um conflito que envolveu diretamente 65 milhões de pessoas,
ocasionou a perda de mais de oito milhões de soldados e deixou mais de 25
milhões de feridos. Com a Primeira Grande Guerra Mundial, a humanidade
conheceria, pela primeira vez, as catastróficas realizações que a época
imperialista, caracterizada pelo advento de guerras e revoluções, reservara para
os povos.

A partir do implemento imperialista em larga escala, a competição não era


eliminada, mas continuava principalmente entre um número relativamente
pequeno de firmas gigantes, aptas a controlar grandes partes da economia
nacional e internacional. O capitalismo monopolista, neste sentido, era intrínseco
à rivalidade Inter imperialista, revelando-se, primariamente, sob forma de luta
pelos mercados globais. A resultante divisão do mundo em esferas imperiais e o
esforço que isto acarretou conduziu diretamente à Primeira Grande Guerra
Mundial.

Na verdade, a Primeira Grande Guerra Mundial pode ser caracterizada


como sendo a guerra do imperialismo plenamente desenvolvido, que demonstra,
mais que qualquer outra anterior a ela, que a guerra não é apenas uma questão
de forças armadas, mas sim de todo o sistema de Estado, de toda a vida
econômica, bem como do conjunto da população, de cujo caráter e capacidade
de trabalho depende, em grande medida, a organização militar.

A rivalidade econômica, sob a bandeira do militarismo, é acompanhada


pelo roubo e a destruição, os quais violam os princípios mais elementares da
confusão produzida por divisões nacionais e de Estado como também contraria
a ordem econômica, a qual se transformou em um caos de desorganização. A
guerra de 1914 é a mais colossal ocorrida até então na história, de um sistema
econômico destruído por suas próprias contradições.

Tal como a vida econômica transformou-se em uma função do militarismo,


também o Estado se converteu em máquina construída, até nos detalhes, muito
mais “aperfeiçoada”, poderosa e intrincada que aquela espartana. A Primeira
Grande Guerra Mundial transformou a frágil máquina do início do século XX em
temível máquina de guerra.

Tanto o material humano, como o material destinado à execução da


guerra, não constitui, em contraste com o passado, uma grandeza fixa,
determinada, mas um produto social que, continuadamente, se renova,
completando-se e modificando-se segundo as respectivas necessidades de
volume e de tipo. A vida econômica abastece as forças armadas.

Com o fim da Primeira Grande Guerra Mundial, as potências vencedoras


buscam reorganizar a Europa segundo seus interesses.

Para as nações que, vitoriosas no conflito contra a Alemanha e a Austro-Hungria,


aspiraram que a nova ordem internacional tivesse caráter definitivo, o que só
poderia ocorrer se fossem apagadas as causas das rivalidades que levaram aos
confrontos entre os países e entre as populações que originaram o mais brutal
conflito bélico da história. Para isso, seria necessário indicar de maneira clara os
“culpados” pelo processo que originara a guerra. Por outro lado, para os
vencedores, era primordial a criação de um novo sistema internacional.

Apesar de todo o trauma sofrido, a Primeira Grande Guerra Mundial trouxe


prosperidade para alguns. Desde o período final do século XIX, os Estados
Unidos foram expandindo sua produção industrial e ampliando seu campo de
ação econômica em diferentes partes do globo terrestre. Com a eclosão da
Primeira Grande Guerra Mundial na Europa, o país alcançou significativo
crescimento agrícola e industrial.

Durante o transcurso da guerra, mantendo-se, a princípio, numa posição


de neutralidade, os norte-americanos forneciam seus produtos aos países
envolvidos no conflito bélico. Enquanto as potências europeias estavam
envolvidas em seu esforço de guerra, os Estados Unidos aproveitavam para
tomar e abastecer outros mercados mundiais, na Ásia e na América Latina.

Além do Tratado de Versalhes, após o término da Primeira Grande Guerra


Mundial, várias conversações de paz foram feitas, entre as quais salientam-se
as seguintes: a formação da Liga das Nações, o Tratado de Saint-Germain-en-
Laye, o Tratado de Neuilly, o Tratado de Trianon, o Tratado de Sèvres, o Tratado
Ítalo-iugoslavo, o Tratado de Brest-Litovski e o Pacto Briand-Kellogg.

A Conferência de Paz de Versalhes aprovou, em 28 de abril de 1919, a


criação da Liga das Nações, atendendo proposta do presidente dos Estados
Unidos, Woodrow Wilson.

Com sede em Genebra, na Suíça, a Liga das Nações inicia suas


atividades em janeiro de 1920. Seus fundadores elencam como principal
encargo da Sociedade, a promoção da cooperação entre as nações,
funcionando como mediadora em caso de conflitos internacionais, com o
propósito de preservar a paz mundial.

O Conselho deveria compreender cinco membros permanentes, mas teve


sua composição reduzida a quatro. Apesar do papel determinante do presidente
norte-americano (Wilson) na criação da Organização, o Senado norte-americano
recusou-se a ratificar o Tratado e os Estados Unidos retiraram-se de Genebra.
Somaram-se então a esses quatro, os membros não-permanentes eleitos em
alternância (número que passaria para seis em 1922 e para nove em 1926).

Somados a seus três organismos principais (Assembleia, Conselho e


Secretariado), existem numerosos organismos subsidiários, alguns de caráter
político (Comissão Permanente Consultiva para questões militares), outros
meramente “técnicos” (Cooperação Intelectual, Questões Sociais, Escravatura,
Lepra, Ópio). Por fim, entre os organismos ligados à Sociedade das Nações,
encontram-se a Organização Mundial do Trabalho e o Tribunal Permanente de
Justiça Internacional.

A Segunda Grande Guerra Mundial iria logo por fim ao período aberto
após a Primeira Grande Guerra Mundial, não se esquecendo de decretar a morte
da Sociedade das Nações. Do ponto de vista jurídico, a Liga das Nações
mostrou-se impotente para cumprir seu papel de garantidora da paz mundial. A
face mais conhecida de sua política foi o que se chamou de “política de
apaziguamento”. Na tentativa de isolar os soviéticos, a Liga acabou sendo
conivente com o militarismo fascista e com as ações beligerantes do nazi-
fascismo que desrespeitavam constantemente o “nada neutro” Tratado de
Versalhes, colaborando, assim, para a eclosão da guerra.

Na verdade, praticamente desde que se tornou Primeiro Ministro, Adolf


Hitler iniciou seu programa de promoção do crescimento imediato da indústria
alemã, há muito tempo vivendo sob grave crise, com o claro objetivo de aumentar
seus lucros (tanto em quantidade, quanto em relação às taxas de lucro) e de
preparar a Alemanha para, em um prazo máximo de dez anos, deflagrar uma
guerra com a URSS a fim de construir um império na Europa Oriental similar ao
império indiano inglês.

Depois de derrotar a França, em junho de 1940, Hitler tentou mais uma


vez evitar uma guerra de âmbito mundial. Porém, a essa altura, isso já não era
obviamente possível. Porém, para a Inglaterra, não fazia o menor sentido na
defesa de seus interesses a existência de uma Europa dominada pela Alemanha,
ainda mais com a ausência naquele momento de um exército francês
independente. Tal situação era desconfortável para a Inglaterra como potência
mundial, sem falar no perigo que corria de ser devastada militarmente, podendo
ser até mesmo ocupada em um prazo de poucos anos.

A corrida para um rearmamento total, levado a cabo pelo governo nazista,


além de ser uma irresponsabilidade diplomática e militar, constituía-se também
em uma insensatez perante a própria economia alemã. Assim, em 1938-1939, a
economia alemã viu-se em meio a uma séria crise financeira. Segundo Mandel
(1989), a Alemanha contava com um enorme déficit orçamentário: os gastos
públicos que em 1938-1939 situavam-se na casa de 55 bilhões de marcos (e que
em 1939-1940 viriam a ser de 63 bilhões) eram “compensados” por receitas de
impostos e tarifas de apenas 18 bilhões, em 1938-1939 e de 25 bilhões, em
1939-1940.

Por seu turno, o imperialismo norte-americano tinha como certo um


conflito, a longo prazo, com o Japão pela hegemonia da região do Pacífico e da
Ásia Oriental, incluindo-se aí a China. Sob essa situação, seria grande estupidez
dos EUA consentirem que um inimigo futuro materializasse primeiro essas
conquistas extraordinárias que lhe permitissem até mesmo quadruplicar sua
força industrial, financeira e militar; o que levou o governo Roosevelt a iniciar a
política de embargo informal de matérias-primas essenciais para o Japão, ao
mesmo tempo que aumentou sua ajuda à China de Chiang Kai-Shek. Assim, ao
Japão restava decidir entre retirar-se da China, ou prosseguir em direção a um
confronto com os Estados Unidos. De maneira deliberada, o Japão optou pelo
confronto, ocupando a Indochina, a 23 de julho de 1941, com o auxílio da França
de Vichy. Em resposta, o governo de Roosevelt tornou oficial o bloqueio dos
Estados Unidos.

Em seu início, a guerra na Europa e a guerra no Extremo Oriente davam


a aparência de serem distintas e independentes entre si. Porém, a simples
precipitação das primeiras vitórias alemãs nazistas foi forçoso para que os dois
conflitos se interligassem. O argumento derradeiro foi dado pelo governo
Roosevelt, que depois de julho de 1941, passaram a não fornecer ao Japão as
matérias-primas necessárias para a continuidade da guerra contra a China.

A Segunda Grande Guerra Mundial mostrou mais uma vez o que já tinha
sido notado com a Primeira Grande Guerra Mundial - a nítida e intrínseca relação
entre as guerras imperialistas, a economia e a política. E seus términos iriam
demonstrar essas relações com o caráter político-jurídico da nova ordem criada.

É claro que no caso da Segunda Grande Guerra Mundial, a Alemanha


preparou no tempo seu sistema militar-industrial, sobretudo no que se referir ao
armazenamento de matérias-primas essenciais para o conflito. Para isso, uma
combinação de fatores contribuiu, entre os quais: as exportações soviéticas
depois do pacto Molotov-Ribbentrop, que abriu espaço para a Alemanha,
inclusive, durante o período 1940-41, principalmente de petróleo, algodão e
minério de ferro; a substituição por matérias-primas químicas (principalmente
petróleo e borracha sintéticos), em geral extraídas do carvão, das matérias-
primas naturais, as quais poderiam sofrer escassez caso a guerra se
prolongasse e, por fim, a conquista e ocupação militar de territórios ricos em
produtos que a Alemanha não tinha como produzir, nem como comprar.

Na guerra de conquista, a Alemanha estabeleceu nos países ocupados o


“sistema de compensação” nas maiores fábricas da França, Bélgica, Holanda,
Dinamarca, Noruega e, mesmo, já bem mais tarde, nas fábricas italianas. Sob
esse sistema de conquista, as fábricas trabalhavam permanentemente para
alimentar a indústria de guerra alemã, ao passo que, cada vez mais, os países
ocupados recebiam menos o ‘‘valor real” pelos produtos que forneciam às forças
do Führer. Porém, esse tratamento se diferenciava a depender do país e dos
interesses alemães sobre eles, como no caso da Tchecoslováquia, Iugoslávia,
Polônia e nos territórios ocupados da União Soviética, na maioria dos casos, o
que ocorreu foi a apropriação direta do parque industrial.

Tal como a Alemanha, o exército japonês também se preocupava com a


conquista de guerra, ou pela guerra de conquista. Assim, em 1941-1942, o Japão
levou à frente uma ofensiva militar com o único propósito de tomar o petróleo e
a bauxita da Indonésia, a borracha e o estanho da Malásia, e o arroz da
Indochina e da Birmânia. Seu objetivo era o de constituir uma reserva ampla e
estável de matérias-primas demandadas para uma guerra longa contra a China,
os EUA e a Grã-Bretanha.

A Segunda Grande Guerra Mundial apresenta-se, nomeadamente, como


uma guerra de armas mecânicas produzidas em série; foi a guerra da esteira
rolante, a guerra do fordismo militar. Porém, a capacidade das potências para a
produção em série de armas dependia diretamente dos recursos industriais
gerais das potências beligerantes. E, justamente no tocante a isso, é que a
Alemanha e o Japão foram nitidamente esmagados pela absoluta superioridade
das potencialidades industriais dos EUA.

A humanidade pagou um preço elevadíssimo pela Segunda Guerra


Mundial. O custo social e econômico, embora seja possível de maneira plausível
ser quantificado, é bastante difícil de ser qualificado. Além da destruição própria
da guerra, foram “queimados” um trilhão e meio de dólares (ao valor de 1939)
durante o conflito, do qual tomaram parte 72 países, mobilizando 110 milhões de
soldados. O saldo de mortos atingiu a ordem de 55 milhões, 35 milhões foram
mutilados e 3 milhões desaparecidos. Em sua grande maioria, as vítimas eram
civis.

À custa de milhões de vidas, o imperialismo e, sobretudo, os EUA


souberam tirar proveito da maior catástrofe humana já ocorrida. “Durante a
Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos mais que dobraram a sua
opulência, o seu aparelho produtivo e a sua renda anual, mantendo o monopólio
da energia atômica” (DEUTSCHER, 1968, p. 177).

Passada a Segunda Grande Guerra Mundial, inicia-se novo período de


crescimento deslumbrante do capitalismo do centro, baseado na modernização
em profundidade da Europa Ocidental (Mercado Comum), cujo desajuste em
relação aos Estados Unidos se acentuara durante a guerra.

Sem sombra de dúvida, os Estados Unidos foram o país mais beneficiado pela
Segunda Grande Guerra Mundial; além de terem reativado, Também expandiram
seu parque industrial. Uma das conseqüências disso foi a absorção de
gigantesca massa de desempregados dos anos trinta, além de não terem sofrido
danos materiais.

Diante da destruição das estruturas produtivas européias, de uma


catastrófica situação econômica e financeira dos Estados Europeus e do
aumento da simpatia das massas operárias da Europa pelo socialismo, o
Secretário de Estado norte-americano General George Marshall proferiu em 5
de junho de 1947 o seu famoso “Discurso de Harvard”, no qual fez a promessa
de auxiliar na recuperação econômica dos Estados europeus, principalmente a
partir do aumento de empréstimos bilaterais.

A partir do momento que os EUA se definiram contra a manutenção da


Alemanha, Japão e Itália, num estado de prostração econômica, que começaram
a atuar com o Plano Marshall e as reformas monetárias de 1948, tornou-se
inevitável a instalação de uma segunda etapa da Guerra Fria.

Porém, por mais que o imperialismo norte-americano gozasse de absoluta


superioridade militar e de hegemonia industrial-financeira, não era possível, até
mesmo para ele, enfrentar todas as crises e conflitos do pós-guerra, na Coréia,
na França, na Itália, na Indonésia, etc e, ao mesmo tempo, lançar-se a uma
guerra aberta com a URSS. Naquela ocasião, a União Soviética já aparecia no
cenário mundial como a segunda potência militar do mundo, dispondo de um
exército experiente e com moral elevada por sentimentos de autoconfiança e
vitória, frutos de sua batalha contra a Alemanha.

Assim, após a Segunda guerra Mundial, surge uma nova ordem, ou um


novo sistema de Estados desenhado pelos vencedores. Os pontos de partida
foram estabelecidos nas Conferências de Teerã, Yalta - entre EUA, Inglaterra e
URSS, (Conferência tida como o marco inicial da Guerra Fria, por fixar as zonas
de ocupação da Alemanha, além de estabelecer as normas para a nova
formulação da Europa); a Conferência de Potsdam - que decidiu pelo
desarmamento e as indenizações a serem pagas pela Alemanha e sua divisão
em zonas de ocupação aliada; e, finalmente, a Conferência de São Francisco no
ano de 1945, na qual se deu a criação da ONU, em lugar da Liga das Nações.

Essa nova organização coletava a experiência da Liga das Nações,


inteiramente fracassada, que terminou desmoralizada dada sua impotência
diante dos atos de agressão da Itália e da Alemanha.

A nova Organização que se constitui se intitula a responsável por


promover a cooperação internacional e assegurar a paz mundial. Além de proibir
o uso da guerra em seu Art. 2.4: “Todos os membros deverão evitar, em suas
relações internacionais, a ameaça ou o uso da força contra a integridade
territorial ou a independência política de qualquer Estado, ou qualquer outra ação
incompatível com os propósitos das Nações Unidas”.

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