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Por Revolução industrial se entende o evento histórico por meio do qual se romperam

as limitações ao poder produtivo das sociedades. A partir de então se tornaram capazes da


multiplicação rápida e constante e ilimitada de mercadores, homens e serviços. Entre suas mais
marcantes características estão:

 Mecanização da indústria e agricultura através de um conjunto de inovações


técnicas
 Aplicação da força motriz à indústria com destaque para utilização da energia a
vapor
 Aceleração dos transportes e da comunicação do qual o grande expoente foi a
ferrovia
 Significativo acréscimo do controle capitalista sobre todos os ramos da
atividade econômica (hierarquia capital-trabalho)

Falar em revolução industrial também implica falar numa espécie de explosão cuja
década de decisiva foi a de 1780. Isto porque é possível constatar um grande salto estatístico,
quase vertical, de todos os índices relevantes. A economia, nesse sentido, passou a voar.
Convém ressaltar que não representa a criação da indústria, mas sim ter todo um sistema
produtivo estruturado a partir da indústria; no caso britânico, inicialmente a têxtil.

No que tange a primazia inglesa, importa ressaltar alguns fatores que fizeram a balança
pender para o lado da Inglaterra:

 A ascensão política da burguesia já ter sido alcançada como consequência da


revolução gloriosa (1688-1689). A deposição do Rei Jaime II, a elaboração da
Bill of Rights de 1689, a imposição de limitações ao poder da coroa e a
concretização da supremacia política de um parlamento controlado pelos
burgueses. O lucro privado e desenvolvimento econômico haviam sido aceitos
como propósito primordial da política governamental. Monopólios foram
abolidos, ainda que princípios mercantilistas continuassem a ser aplicados nas
colônias.
 Ter o melhor sistema bancário da Europa . O aspecto mais importante desse
sistema se encontrava no Banco da Inglaterra, fundado em 1694. Este sempre
operou em íntima ligação com o governo, constituindo-se desde cedo em um
importante fator de estabilização das contas públicas. Outro importante
elemento foi o escopo do desenvolvimento das sociedades de ações.
Operações sobre valores já era um negócio legal quando foi fundada em 1698
a Bolsa de Fundos Públicos de Londres. Já por volta do começo do século XVIII,
Londres se mostrava capacitada para competir com Amsterdã como capital
financeira do mundo.
 Ser o país que mais lucrou com a revolução comercial , sobretudo a partir do
século XVIII, alcançando o posto de principal nação capitalista durante esse
período. Para tanto, contribuíram suas colônias, sua potente força naval e sua
agressiva política de conquista de mercados dos seus competidores – como
veio a ser o caso da vitória sobre a França na Guerra dos Sete Anos. O domínio
imperial inglês conseguiu estabelecer um verdadeiro monopólio
 A existência de uma indústria capaz de fornecer recompensas espetaculares
para o fabricante que buscasse expandir sua produção paralelo a um mercado
mundial amplamente monopolizado. A dianteira tomada por fabricantes de
mercadorias de consumo de massa, sobretudo produtos têxteis, se deu muito
em função de que o mercado para estas mercadorias já existia e os homens de
negócio poderiam claramente visualizar as possibilidades de expansão. A
própria indústria algodoeira é originalmente desenvolvida como um
subproduto do comércio ultramarino, tendo se desenvolvido ao longo de todo
o século XVIII perto dos maiores portos coloniais ingleses. O tráfico
transatlântico de escravos foi um fator de grande estímulo à indústria
algodoeira e continuou a alimentá-la, dado que o grosso do algodão provinha
das plantações americanas das Antilhas e do Sul dos EUA as quais utilizavam
mão-de-obra africana escravizada. Em troca, os plantadores compravam
tecidos de algodão de Manchester em grandes quantidades. A indústria
algodoeira, assim sendo, foi lançada pelo empuxo do comércio colonial ao qual
estava ligada.
 Os novos inventos tecnológicos – a máquina de fiar, o tear movido à água, a
fiadeira automática e o próprio tear a motor – também cumpriram um papel
decisivo, pois eram simples e baratos o suficiente e traziam retornos quase
imediatos em termos aumento da produção.

A primeira indústria a se revolucionar foi justamente a do algodão na Inglaterra. Sua


capacidade de empregar pessoas e seu maior poder transformação conferiu a essa indústria
uma grande proporção do crescimento econômico inglês a ponto de dominar todos os
movimentos da economia e representar grande parcela das exportações britânicas durante a
primeira metade do século XIX. Ainda que outras industrias pudessem ser tecnicamente mais
avançadas, tais afetaram muito menos a economia ao redor. As exigências de construção,
maquinas, inovações químicas, eletrificação industrial e uma frota mercante atuante
promovidas pela indústria do algodão eram incomparáveis a qualquer outras.
No entanto, sua trajetória não foi linear. Consequências negativas e limitações
começaram a se impor na realidade britânica. A desaceleração do crescimento diante da
primeira crise geral do capitalismo somada a agitação revolucionária das décadas seguintes
deu o tom dos desafios internos da economia britânica. Movimentos cartistas e levantes de
trabalhadores da indústria se tornaram sintomas do descontentamento social gerado pela
exploração da mão-de-obra que permitia aos ricos acumularem lucros que financiavam a
industrialização. Conflitos com o proletariado também se somavam a insatisfação de pequenos
comerciantes, da pequena burguesia e de fazendeiros ingleses. Não obstante, falhas inerentes
ao processo econômico também punham em xeque o objetivo de maximização dos lucros. O
ciclo comercial de boom e depressão, a tendencia à diminuição da taxa de lucro e a escassez de
oportunidades de investimento lucrativo eram fatores que tinham como consequência crises
periódicas que levavam ao desemprego, quedas na produção e bancarrotas. Ademais, se
inicialmente a indústria algodoeira se beneficiou de enormes vantagens – o aumento da
produtividade da mão-de-obra em razão da mecanização, os baixos salários e a drástica
redução do custo da matéria-prima devido a expansão do cultivo do algodão no sul dos EUA –
após 1815 as vantagens começaram a diminuir. A abolição do monopólio do trigo para abaixar
o custo de vida e o avanço da mecanização da indústria (ou seja, baixar os custos de produção
através da diminuição da mão-de-obra) teve apenas sucesso variável para compensar a queda
das margens de lucro via aumento da produção e das vendas. Por mais que o crescimento real
das exportações tenha sido grandioso, a mecanização das ocupações não levou a uma
revolução tecnológica adicional, muito menos a um aumento da produtividade em escala
revolucionária. Por volta da década de 1830, a indústria algodoeira já se encontrava
estabilizada.
O quadro só muda na segunda metade do século XIX com a fase seguinte o do
desenvolvimento industrial, a construção de indústria básica de bens de capital. A mineração
de carvão era um importante combustível doméstico e se constituía na principal fonte de
energia industrial do século XIX. A mineração do carvão não exigiu nenhuma revolução
tecnológica significativa para além de melhorias na produção. No entanto, essa indústria foi
grande o suficiente para estimular a invenção que iria transformar as industrias de bens de
capital: a ferrovia. Precisavam as minas não somente de máquinas a vapor, porém de meios de
transporte eficientes para transportar grandes quantidades de carvão do fundo das minas até a
superfície e aos pontos de embarque. A introdução dos trilhos foi justamente a resposta mais
adequada, uma legítima filha das minas. Materializou o triunfo da tecnologia da época: abriu
países até então isolados pelo mercado mundial, dado os altos custos de transporte; aumentou
a velocidade da comunicação por terra; além de gerar um enorme apetite pelo ferro, aço,
carvão, maquinaria pesada e investimentos de capital. Propiciou a demanda maciça que se
fazia necessária para as indústrias de bens-de-capital, sobretudo durante as duas primeiras
décadas de sua introdução (1830-1850), e a produção em massa de aço decorrente nas
décadas seguintes. Foram capazes de absorver capital ocioso – das classes medias em especial.
Resolveram virtualmente a maioria dos problemas do crescimento econômico do período.

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