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A HEGEMONIA ECONÓMICA BRITÂNICA:

as condições de sucesso e o arranque industrial


A Inglaterra era, provavelmente, em meados do século XVIII, o país mais rico e avançado da Europa. E foi a
conjunção de vários fatores de afirmação (económicos, políticos e militares) que, a partir de 1750, permitiu o arranque
industrial da Inglaterra.
CONDIÇÕES DE SUCESSO
FATORES NATURAIS, que dinamizaram a economia inglesa: minas de ferro, de carvão, bons portos, canais e rios
navegáveis.
PROGRESSOS NA AGRICULTURA:
Os processos agrícolas incluíram transformações nas técnicas de cultivo e na estrutura de propriedade.
A nível da estrutura da propriedade:
 Destacou-se os movimentos de vedação dos campos (enclosures);
 Os grandes proprietários de terras (landlords) marcaram as suas propriedades com cercas e vedações,
transformando os campos abertos (openfields) e as terras comunais em grandes propriedades;
 A propriedade ficou concentrada nas mãos de uma nobreza terratenente (gentry).
 Os pequenos e médios proprietários (yeomen), sem capacidadade competitiva, viram-se obrigados a vender
as suas terras e a transformarem-se em assalariados.
A nível de inovações nas técnicas de cultivo:
 substituição do afolhamento trienal de rotação de culturas pelo sistema quadrienal de rotação de culturas;
 eliminação do pousio;
 associação de culturas cerealíferas (trigo, cevada e aveia) às leguminosas e às plantas forrageiras (nabo e
trevo);
 transformação das terras pantanosas e incultas em terras aráveis e produtivas através da margagem dos solos
e secagem dos pântanos.

Novos instrumentos:

 invenção da semeadora mecânica por Jethro Tull (1701), que permitiu lançar as sementes à terra com maior
aproveitamento;
 generalização de instrumentos de ferro.

Inovações agropecuárias:

 A associação entre a agricultura e a criação de animais permitiu fertilizar a terra e alimentar o gado;
 A seleção de animais especialmente carneiros e vitelos, que foi introduzida por Robert Bakewell, para
aperfeiçoar as espécies

As inovações ao nível da estrutura da propriedade e das técnicas agrícolas tiveram consequências importantes na
produção, na distribuição geográfica da população e ao nível comercial:

 permitiu aumentar a produtividade e a produção (em quantidade e em qualidade);


 permitiu alimentar as necessidades de uma população não agrícola cada vez maior;
 correspondeu ao aumento da diversidade da procura da população nas cidades em expansão;
 libertou mão de obra para outras atividades;
 promoveu o êxodo rural para as cidades e zonas industriais;
 permitiu a acumulação de capitais;
 dinamizou o mercado interno.

CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO E URBANIZAÇÃO...


As mudanças ocorridas na agricultura foram acompanhadas de alterações demográficas e sociais necessárias ao
arranque industrial. Estas transformações permitiram disponibilizar mão de obra para trabalhar nas indústrias e um
aumento populacional, a partir do século XVIII, que ficou associado à redução de mortalidade (sobretudo infantil) e a
um aumento da esperança de vida média (mais 10 anos).

As inovações ao nível da estrutura da propriedade e das técnicas agrícolas tiveram consequências importantes na
produção, na distribuição geográfica da população e ao nível comercial:

FATORES DO CRESCIMENTO POPULACIONAL

◆ existência de verões mais quentes e secos e anos de boas colheitas;

◆ generalização do vestuário de algodão e melhor higiene; ◆ a quantidade de ratos negros, responsáveis pela peste,
diminuiu;

◆ o uso do quinino (contra a malária) e a descoberta da vacina da varíola por Jenner, em 1796, favoreceu a diminuição
da mortalidade;

◆ maior assistência durante o parto e melhoria dos cuidados com as crianças nos primeiros anos de vida
(amamentação utilização do berço e abandono do enfaixamento).

◆ melhores condições de habitabilidade (uso da telha, de vidraças e chaminés);

◆ redução das crises demográficas e consequente diminuição da mortalidade;

◆ introdução de novos alimentos como o milho e a batata;

Assistiu-se ainda, a uma acentuada urbanização e um êxodo rural acelerado pela revolução agrícola, que nos levou a
este tipo de consequências:

▫ Transformação do mercado interno, que deixou de ser essencialmente agrícola.


▫ Aumento da oferta e da procura.
▫ Aumento do consumo.
▫ Aumento da mão de obra disponível (abundante e barata) para outras atividades não agrícolas (serviços e
atividades transformadoras).

CRESCIMENTO DO MERCADO INTERNO

A criação e desenvolvimento do Mercado Interno


O aumento do consumo de bens agrícolas e transformados proporciona a melhoria das condições de vida em
Inglaterra. Um número cada vez maior de pessoas acedia a produtos variados devido à existência de um mercado
nacional, isto é, um mercado interno, unificado e livre de portagens e barreiras alfandegárias, amplo em termos
geográficos e socialmente diversificado.

Foram vários os fatores que promoveram o desenvolvimento de um sólido mercado interno:

 Apoio governamental à redução de taxas e à construção de infraestruturas.


 Melhoria da rede de estradas que facilitou a circulação de produtos à escala nacional.
 Quantidade e diversidade de produtos disponíveis devido às transformações agrícolas.
 Aumento da procura por parte de uma população urbana em crescimento.
 Inexistência de entraves à circulação interna.
 Sistema de canais e rios navegáveis que facilitaram as comunicações e a coesão do mercado interno.

O desenvolvimento do mercado externo e colonial


Às crescentes necessidades do consumo interno juntou-se um extenso mercado externo: os produtos manufaturados
ingleses eram escoados, simultaneamente, para o mercado europeu e colonial.

As colonias inglesas na Ámerica e no Oriente colocavam à disposição produtos e matérias-primas baratas (tabaco,
açúcar, café, algodão...), em resultados do regime exclusivo colonial, associado ao trabalho escravo.

O modelo político e o sistema financeiro no desenvolvimento económico


A Revolução Gloriosa de 1688-1689 consolidou a monarquia parlamentar. Em termos sociais, a aristocracia e a alta
burguesia tinham grande influência política e faziam valer os seus interesses. Estas apoiaram medidas políticas que
promoveram a escassa regulamentação das atividades económicas, facilitaram a liberdade de iniciativa e a
concorrênca interna e fomentaram o enfraquecimento das corporações.

O desenvolvimento económico foi indissociável da existência de um sistema financeiro capaz de responder às


necessidades de investimento e de movimentação de capitais nos diversos ramos económico.

Londres assumiu-se, a partir de finais do século XVII, como o centro financeiro da Inglaterra, associado à criação de
várias instituições:

 Da bolsa de valores, organização (ou mercado) onde se transacionam valores (ações, obrigações de empresas
e seguros);
 Do Banco de Inglaterra, em 1694;
 Da criação de bancos privados, como o Lloyd's, em 1765.

O arranque industrial e a transformação das estruturas económicas


A Inglaterra foi a primeira potência europeia a entrar na época industrial. A conjugação de fatores naturais, sociais,
políticos, económicos e financeiros, bem como a disponibilidade de recursos energéticos e de matérias-primas,
permitiram reunir as condições para o arranque industrial. A Revolução Industrial ocorreu pela primeira vez em
Inglaterra, e foi uma transformação qualitativa e quantitativa da produção através da utilização da máquina a vapor
que substituiu a manufatura e o trabalho artesanal, na indústria têxtil do algodão.

TRANSFORMAÇÕES CAUSADAS PELA UTILIZAÇÃO DA MÁQUINA:

TÉCNICAS SOCIAIS FINANCEIRAS ECONÓMICAS

passagem da -passagem de uma sociedade agrícola e rural dinamização dos na agricultura, no


manufatura para a para uma sociedade industrial e urbana; bancos e da bolsa mercado interno e
maquinofatura externo e na
-domínio da burguesia e afirmação do indústria
operariado industrial

O USO DE FERRO, DO CARVÃO E DA MÁQUINA A VAPOR: a revolução industrial


A primeira Revolução Industrial foi um processo complexo que marcou o início da maquinofatura, dando lugar a
uma produção mais rápida e mais barata.

O arranque industrial, a partir de 1750, esteve ligado a uma sério de inventos e de inovações, dos quais se destacou a
máquina a vapor. O carvão (como fonte de energia) e a máquina a vapor tornaram-se símbolos da Revolução
industrial. Esta assentou também no uso do ferro como matéria-prima.

A INDÚSTRIA TÊXTIL: O arranque da Revolução Industrial


O setor têxtil britânico foi o setor de arranque da primeira fase da Revolução Industrial, devido a diversos fatores:

 a importação de panos de algodão indianos colocou em risco a produção inglesa, centrada dominantemente
na lã;
 o algodão era barato e abundante nas colónias;
 o setor do algodão não estava sujeito ao controlo das corporações (como acontecia com a lã e o linho), uma
vez que era uma indústria nova;
 os custos das invenções não eram elevados e, por isso, o setor algodoeiro foi o mais propício para aplicação
das inovações que se destacam no quadro abaixo;
 os produtores têxteis, nas manufaturas ou no sistema doméstico de produção (domestic system) procuraram
novas técnicas para aumentar a produção, diminuir os custos e dar resposta a um mercado em expansão e a
uma população em crescimento;
 a produção estava concentrada numa unidade produtiva - a fábrica que organizava as diversas fases de
fabrico: o sistema fabril (factory system) substituiu as pequenas unidades familiares de persas (domestic
system).

INOVAÇÕES TÉCNICAS QUE FAVORECERAM O DINAMISMO DO SETOR ALGODOEIRO: A lançadeira


volante (permitiu tecer panos de qualquer dimensão e duplicar a produção); A water-frame (era uma máquina de fiar
cuja adpatação à força motriz da água permitiu iniciar a produção em larga escala); A spinning-mule (que permitiu
obter um fio de elevada qualidade).

O setor da metalurgia na primeira Revolução Industrial


Utilização
A metalurgia
do foi o segundo
coque, carvão setor
mineralde arranque
obtido a partir
da industrialização.
da hulha, abundante
O seu desenvolvimento
no subsolo. Usadobeneficiou
na do aumento da
fundição
procura edo
daferro desdede1709,
aplicação atingiatécnicas
inovações temperaturas mais elevadas
e na produção na fusão do ferro.
do ferro

Utilização do processo de pudelagem para Utilização da máquina a vapor para


tratamento das impurezas do ferro, descoberto bombear a água e facilitar o trabalho nas
por Henry Cort, em 1784, e que permitiu obter minas permitiu maior capacidade de
um ferro com menos impurezas e de melhor extração do carvão (de hulha e de
qualidade. coque).

As novas fontes de energia (carvão mineral) aplicadas à máquina de vapor permitiram aperfeiçoar os processos de
transformação na metalurgia e obter ferro de melhor qualidade. A utilização do ferro impôs-se sobre o uso da
madeira e

TRANSFORMAÇÃO DOS PROCESSOS PRODUTIVOS:

 Os métodos e a organização da produção transformaram-se


 A produção em massa de bens substituiu a produção de bens artesanais e de luxo (limitada)
 Os trabalhadores concentraram-se em fábricas e ficaram sujeitos à disciplina do tempo e aos horários de
produção
 A maquinofatura impos-se como modelo produtivo
 As novas energias (carvão e vapor) substituíram a água, o vento e a força animal
 As fábricas tornaram-se o centro do novo modelo de produção (factory system)

TRANSFORMAÇÃO DAS ESTRUTURAS ECONÓMICAS:

Os setores extrativos do carvão e do ferro foram impulsionados;

 Aumento da necessidade de matérias-primas


 Alargamento do comércio externo (internacional e ultramarino) para adquirir matérias primas e escoar
produtos transformados
 Desenvolvimento da rede de transportes
 Diminuição dos preços e o período de abundância relativa devido à diversidade produtiva
 Atração de capital estrangeiro
 A industria torna-se o motor da economia
 Desenvolvimento do comércio interno, com aumento da procura e novas necessidades de consumo

A situação económica de Portugal, no século XVII


No século XVII, o comércio ultramarino era a base da economia portuguesa, sobrepondo-se à atividade produtiva
interna, o que dava à economia nacional um carácter essencialmente comercial (e menos produtivo).

Lisboa continuava a ser o entreposto comercial onde chegavam os produtos coloniais, que, depois, eram reexportados
para as praças europeias.

No decorrer do século XVII, o comércio português dos produtos do Oriente (assente na rota do Cabo e nos circuitos
intra-asiáticos) foi perdendo relevância. Em contrapartida, o Brasil tornou--se, a partir da segunda metade do século
XVII, o principal polo económico. As riquezas que dali afluíam ao reino (açúcar, tabaco e madeiras) eram a principal
fonte do Tesouro, através do monopólio dos produtos, geralmente arrendados a contratadores, aos quais se juntavam
os impostos diretos (dízimos e quintos) e os indiretos (taxas alfandegárias) cobrados sobre todas as mercadorias que
iam de e para o Brasil.

Enquanto no Norte da Europa, no século XVII, Inglaterra e Holanda viviam um período de ascensão e prosperidade
económica, Portugal, pelo contrário, apresentava sinais de fragilidade, manifestados nos seguintes aspetos:

 as exportações para os mercados europeus consistiam sobretudo em vinho e sal, cujo valor era inferior ao das
importações do reino.
 o modelo económico do reino assentava numa cultura cerealífera que não garantia a autossuficiência, o que
obrigava o país a importar cereais e a ficar sujeito à disponibilidade de cereais nos mercados externos,
agravada em crises cíclicas de produção;
 a economia nacional era pouco produtiva e a balança comercial era deficitária;
 dependia do comércio colonial e dos mercados estrangeiros.

Foi neste quadro económico, confrontado com o elevado défice da balança comercial, que conde da Ericeira adotou as
práticas mercantilistas em Portugal, no reinado de D. Pedro II:

MEDIDAS PROTECIONISTAS APOIO ÀS MANUFATURAS APOIO AO COMÉRCIO


 Promulgação das leis  Criação de novas  Criação de companhias
pragmáticas que proibiam a manufaturas (sedas, comerciais monopolistas «,
importação e o uso de bens chapéus, ferro, papel) destinadas a controlar o
de luxo como os panos, as  Conceção de privilégios a comércio em determinadas
baetas, as louças... particulares de modo a regiões e fazer frente à
 Proibição da exportação de encorajar a fundação de concorrência internacional
matérias-primas que manufaturas;
serviam as manufaturas  Contratação de artificies
nacionais estrangeiros especializados,
para introduzirem no reino
melhores técnicas de
produção
A política de desenvolvimento da produção nacional implementada pelo conde de Ericeira promoveu a criação de
diferentes núcleos manufatureiros (indústria de tecelagem da lã, as saboarias, as ferrarias, os couros e calçados).

A descoberta do ouro brasileiro


As primeiras iniciativas portuguesas de procura de metais preciosos em território brasileiro ocorreram numa
conjuntura em que o ouro e a prata eram objeto de elevada procura para amoedação, no quadro do mercantilismo.

A Coroa incentivou os governados do Brasil, no final do reinado de D. Pedro II, a promoverem e apoiarem iniciativas
de exploração do sertão brasileiro através de várias expedições, designadas “entradas” às quais se juntaram as
bandeiras (expedições armadas para explorar o brasil e procurar escravos, metais e pedras preciosas, integradas
pelos bandeirantes).

A descoberta do ouro no Brasil, deu assim, um novo fôlego à economia portuguesa.

A vida no reino ficou marcada pelas seguintes características económico-financeiras:

 a moeda em circulação aumentou de forma significativa e permitiu atenuar a carência monetária que tinha
caracterizado o século XVII;
 a abundância em ouro permitiu que, quer as importações, quer o défice, passassem a ser pagos em ouro;
 a disponibilidade financeira verificada conduziu ao abandono da política de fomento da produção interna,
assente no desenvolvimento manufatureiro que fora promovida pelo conde da Ericeira;
 as relações comerciais entre Portugal e os países europeus - França, Ho- landa, Itália e Inglaterra -
intensificaram-se devido ao aumento das importações de produtos de luxo, oriundos desses mercados.

A aproximação diplomática económica entre Portugal e a Inglaterra


Desde meados do século XVII que as relações económicas entre Portugal e Inglaterra se fortaleceram, isto devido a
rivalidades europeias e a interesses, por parte de Portugal, relacionados com o domínio de espaços coloniais,
sobretudo atlânticos.

Estes aproximação foi culminada través do Tratado de Methuen, consagrando: A admissão sem restrições, dos
tecidos de lã ingleses no mercado português; E a entrada de vinhos portugueses em Inglaterra a taxas mais
favoráveis que os vinhos franceses;

O tratado de Methuen promoveu, assim, a colocação dos vinhos portugueses nos mercados ingleses, afirmando-se
como maior exportador de vinho (essencialmente vinho do Porto).

À medida que entrava no reino o ouro vindo do Brasil, Portugal abandonava as restrições às importações , anulava as
leis pragmáticas e abrandava o surto manufatureiro iniciado com o conde da Ericeira, aumentando o volume das
compras a Inglaterra.

Na sequência do Tratado de Methuen, o défice da balança comercial portuguesa agravou-se: importava-se mais do
que se exportava e isso era pago com o ouro brasileiro.

A Inglaterra foi a maior beneficiária da descoberta de ouro no Brasil, quer através de privilégios especiais, quer
através do contrabando.
Apesar de Lisboa se ter tornado numa cidade cosmopolita e global, a complementaridade pretendida entre a
economia portuguesa e inglesa não se concretizou e a supremacia económica da Inglaterra acentuou-se.
Daqui resultou uma estagnação da produção nacional e um desequilíbrio da balança comercial portuguesa.

A ECONOMIA PORTUGUESA NO FINAL DO REINADO DE D. JOÃO V

 Excessiva dependência da economia nacional face a Inglaterra;


 Elevado défice da balança comercial portuguesa;
 Comércio colonial cada vez mais sujeito à concorrência e aos interesses estrangeiros;
 Diminuição do afluxo do ouro e dos diamantes ao reino;
 Reduzida produção manufatureira e de fraca qualidade, para fazer face à concorrência estrangeira;
 Agricultura atrasada e pouco produtiva
 Setor vinícola afetado pela perda de qualidade, que se refletia na diminuição do preço de vinhos e no recuo
das exportações.

A política económica pombalina- PORTUGAL NO SÉC. XVIII

D. José ascendeu ao trono em 1750, com uma situação de crise económica, herdada do reino anterior.
As medidas reformistas adotadas, no sentido de procurar uma solução para o desequilíbrio das finanças e do
comércio, ficaram a cargo de Sebastião José de Carvalho, futuro Marquês de Pombal.

OS OBJETIVOS DA POLÍTICA POMBALINA

 Aumentar a rentabilidade do comércio colonial;


 Diminuir as importações ;
 Reduzir dependência face à Inglaterra;
 Desenvolver a produção manufatureira;
 Aumentar a produção agrícola;
 Equilibrar a balança comercial.

No setor comercial:

1- A criação da Junta do Comércio (1755), tinha como objetivos regular e fiscalizar as práticas comerciais, impedindo
o contrabando.

2- A criação de companhias monopolistas foi fundamental porque:

 Possibilitou o aumento da produção;


 Permitiu o crescimento das exportações;
 Contribuiu para o equilíbrio da balança comercial.

No setor produtivo interno marquês de Pombal definiu:

1- FOMENTO DAS MANUFATURAS:

 Dinamização de unidades manufatureiras do reinado anterior, como foi o caso da Real Fábrica das Sedas;
 Criação de novas unidades, com apoio estatal;
 Concessão de privilégios e de subsídios a privados;
 Contratação de mão de obra estrangeira especializada, em diversos ramos manufatureiros;
 Apoio à importação de matérias-primas e de tecnicas;

2- REFORMA DAS ANTIGAS CORPORAÇÕES (de raiz medieval) que impediam a renovação dos setores
económicos sujeitos a regulamentos de ofícios

3- PUBLICAÇÃO DE MEDIDAS AO NÍVEL DO MERCADO INTERNO METROPOLITANO:

 Adoção de medidas facilitadoras da circulação no reino, entre as quais se destacam as leis de 1773 e 1774, que
estabeleceram a liberdade de circulação para mercadorias.

A POLÍTICA SOCIAL POMBALINA


A intervenção política do marquês de Pombal também abrangeu o setor social. A política social pombalina apoiou-se
na alta burguesia, que foi elevada a posições cimeiras na hierarquização social e deu origem a uma nova nobreza.

Pombal aspirava desenvolver uma classe poderosa de negociantes com capital e habilidade suficientes para competir,
nos mercados internacionais e português, com os seus concorrentes estrangeiros, em especial os Ingleses.

MEDIDAS DA POLÍTICA SOCIAL DO MARQUÊS DE POMBAL

PROMOVEU A BURGUESIA PROMOVEU A CRIAÇÃO DE UMA RENOVOU A NOBREZA


MERCANTIL NOVA NOBREZA
 Valorizou a alta burguesia,  Autorizou os grandes  Extinguiu títulos e criou novas
entendida como fundamentak mercadores a instituir distinções nobiliárquicas
para o desenvolvimento morgadios (1775);  Colocou a nobreza ao serviço
económico  Concedeu à alta burguesia um do Estado
 Defendeu os interesses dos estatuto social elevado,  Criou o Colégio dos nobres
grandes comerciantes, aos promovendo a criação de uma (1761), para formar jovens
quais concedeu privilégios ao nova nobreza. aristocratas;
declarar o comércio atividade TOMOU MEDIDAS PARA  Incentivou a prática do
nobre (1770) CONTROLAR O PODER DE ALGUNS comércio pela aristocracia
 Criou a aula do comércio, para SETORES LIGADOS À IGREJA:
criar os mercadores (1759)  Promoveu uma política de
 Expulsou os jesuítas do reino
casamentos entre a nobreza e
 Reformou o tribunal do Santo
cristãos-novos.
oficio, proibindo os autos de fé
e submetendo a Inquisição à
Coroa
Deste modo, ao limitar os poderes da alta nobreza e ao controlar a interferência da Igreja nos assuntos do Estado, a
política social pombalina permitiu submeter todos à vontade régia (Docs. 6 e 7). O reforço do poder régio absoluto,
implementado durante o reinado de D. José I, era justificado pela Razão e enquadrou-se nas conceções do despotismo
esclarecido (forma de governo absoluto inspirado nos valores e ideais do Iluminismo, como a Razão e o progresso).

A prosperidade comercial
As políticas económicas do marquês de Pombal produziram efeitos positivos, mesmo para além do seu afastamento
do governo. Estima-se que foram criadas 96 novas fábricas entre 1750 e 1777, durante o reinado de D. José I, e mais
263 novas fábricas entre 1777 e 1788, no de D. Maria I.

Quais os fatores que estiveram na origem destes resultados positivos?

O saldo da balança comercial começou a inverter a curva descendente, em 1780, e, pela primeira vez em cerca de um
século, Portugal vendeu à Inglaterra mais do que comprou, numa tendência que se manteve regular até 1792 e de
forma irregular até ao início do século XIX.

FATORES INTERNOS PROMOTORES DO CRESCIMENTO ECONÓMICO

 desenvolvimento manufatureiro;
 aumento da produção agrícola, marcada pela introdução de novos produtos, como o milho, o arroz e a batata;
 desenvolvimento da indústria do sal e das pescas;
 o regime de exclusivo colonial protegeu o comércio português e dinamizou o comércio do Brasil.

FATORES INTERNOS PROMOTORES DO CRESCIMENTO ECONÓMICO

 promoção da burguesia, à qual foi atribuído um estatuto social elevado;


 a nobreza foi colocada ao serviço do Estado e incentivada a praticar o comércio;
 concessão de privilégios decorrentes do entendimento do comércio enquanto atividade nobre; criação da Aula
do Comércio e do Colégio dos Nobres;
 eliminação da distinção entre cristãos-velhos e cristãos-novos.

FATORES EXTERNOS PROMOTORES DO CRESCIMENTO ECONÓMICO

 a guerra da independência das colónias inglesas da América do Norte, entre 1775 e 1783;
 a eclosão da Revolução Francesa em 1789;
 aumento da procura europeia do algodão e do açúcar.

Resultado: reanimação da rota do Cabo; reforço da importância do Brasil na economia portuguesa; renovação da
nobreza e desenvolvimento de uma burguesia dinâmica e empreendedora.

O contributo dos progressos do conhecimento para a modernidade europeia


Nos séculos XVII e XVIII, em plena Idade Moderna, os progressos do conhecimento foram notórios.

Com efeito, desde o século XV, o conhecimento dos Antigos e o saber livresco foi questionado, o que abriu novos
horizontes na descoberta do mundo e da humanidade. A prática da observação direta e do experiencialismo abriram
caminho para a ciência moderna, nos diversos domínios do conhecimento.

A curiosidade e o espírito científico, presentes na abordagem dos fenómenos, consolidaram-se nos séculos XVII e
XVIII e apaixonaram soberanos e elites. Estes demonstraram um interesse acrescido pelas ciências, apoiando as
atividades dos filósofos, dos sábios, das academias e dos observatórios.

Desenvolveu-se assim, progressivamente, uma comunidade mais culta e interessada.

Foi no século XVII que o conhecimento dos fenómenos passou a basear-se na observação, na experimentação e na
Razão, ou seja, nos procedimentos do método experimental.
Era necessário repetir várias vezes as experiências, de modo a comprová-las com base na razão, ou seja, no raciocínio
e no uso da linguagem matemática, para determinar as leis e elaborar teorias sobre os fenómenos que regiam o
universo e a natureza.

Deste modo, o método científico partia da observação e da prática para construir o conhecimento (experimentação).

A valorização da Razão como única fonte do conhecimento e a recusa da experiência metafísica contribuiu para a
afirmação do racionalismo.

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