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Escola Secundária Manuel da Fonseca – Santiago do Cacém

Ano letivo de 2019 /20


História A / 11º Ano /Turma E e F
Mód.4 – Síntese de apoio ao estudo
3.2. A HEGEMONIA ECONÓMICA BRITÂNICA: CONDIÇÕES DE ARRANQUE
INDUSTRIAL
Páginas 114 a 129 do Manual

Condições da prioridade inglesa

a) Revolução Agrícola
 No século XVIII, na região de Norfolk (Inglaterra), iniciou-se a chamada “Revolução
Agrícola”, ou seja, um conjunto de alterações rápidas no tempo e marcantes na forma
de cultivar os campos:
 Sistema de rotação quadrienal de culturas (afolhamento quadrienal): o cultivo
de maneira rotativa das quatro parcelas (ou folhas) de um campo ao longo de
quatro anos permitia resolver o problema do esgotamento dos solos e, assim,
prescindir do pousio. Este sistema apresentava muitas vantagens: - aumento da
área de cultivo, associar à agricultura a criação de gado e, consequentemente,
uma melhor fertilização das terras;
 Seleção de sementes e seleção de animais para reprodução e apuramento das
raças animais;
 Tratamento/melhoramento dos solos;
 Formação de Enclousures – a vedação dos campos (enclousures) substituíram o
anterior sistema de uso comunitário da terra (open field). A formação de
Enclousures pelos Landlords (proprietários agrícolas) revela também uma nova
atitude face à atividade agrícola que passa a ser vista e explorada como
atividade económica lucrativa/capitalista (produzir para o mercado e não para
autossubsistência);
 Inovações técnicas – a introdução de máquinas nos campos, por exemplo a
primeira semeadora mecânica, a charrua triangular e a primeira máquina
debulhadora, trouxe um maior rendimento e produtividade agrícola.

 A revolução agrícola foi importante e decisiva para o arranque industrial: - libertou


mão de obra para as indústrias situadas nas cidades (êxodo rural), permitiu o
crescimento da população e forneceu matérias primas ao setor industrial.

b) Crescimento demográfico
 Tal como em grande parte da Europa, também na Inglaterra se assiste por meados do
século XVIII a um crescimento demográfico significativo (recordar a U1 – População da
Europa nos Séculos XVII e XVIII).
 As inovações agrícolas resultaram num aumento de produtividade que estimulou o
crescimento demográfico (maior produção, melhor alimentação, menos mortalidade)
e disponibilizou maior quantidade de mão de obra necessário ao arranque industrial.
 O crescimento demográfico foi simultaneamente fator de desenvolvimento económico
e consequência desse mesmo desenvolvimento, pois à medida que a população
aumentava, estimula-se o consumo e a produção.
 Este crescimento demográfico faz-se sentir, especialmente nas cidades devido ao
grande êxodo rural – migração dos campos para as cidades. Muitas cidades inglesas,
como Londres, triplicam a sua população num período de 1 século.

c) Mercado (* neste contexto, mercado, pode ser entendido como o conjunto dos
consumidores)

O facto de a Inglaterra dispor de um enorme mercado externo e de um unificado mercado


interno, foi uma das principais condições para o arranque industrial na Inglaterra.

c1) O Mercado Interno


 A Inglaterra foi o país que mais cedo se transformou num espaço económico unificado,
onde o consumo interno podia expandir-se: Para a criação deste mercado nacional,
contribuíram os seguintes fatores:
 O crescimento demográfico, especialmente o urbano, tornou-se o
motor do desenvolvimento económico, ao proporcionar maior
consumo interno.
 Desenvolvimento de transportes e vias de comunicação: estradas, rios
navegáveis, canais.
 livre circulação de produtos entre as diferente regiões do país

c2) Alargamento do Mercado externo


 Europa - Ao nível do mercado externo os produtos ingleses, pela sua qualidade e
preço, conseguiram ultrapassar as dificuldades impostas pela política mercantilista de
alguns países europeus.
 América - No entanto, o principal mercado externo inglês era, sem dúvida o mercado
colonial, especialmente o comércio triangular atlântico, entre a Inglaterra, África
(compra de escravos) e América de onde traziam os produtos tropicais como o açucar,
o algodão, o tabaco....). Mais de metade da frota comercial inglesa dedicava-se a este
comércio.
 Oriente – No oriente, da India à China, os ingleses através da sua poderosa Companhia
das Índias Orientais, impuseram o seu domínio comercial, de onde traziam sedas,
especiarias, chá, porcelanas....)
 No seu conjunto, o comércio e o mercado externo da Inglaterra, foi decisivo para o
arranque da Revolução Industrial:
 permitiu o acumular de lucros/capital de forma progressiva ao longo
dos séculos XVII e XVIII. esse capital acumulado vai ser decisivo para o
investimento na indústria.
 As colónias inglesas constituíam importantes mercados para o
escoamento da produção industrial inglesa e ainda fonte de matérias
primas e outros recursos necessário à industrialização.

d) Sistema financeiro
 O sistema financeiro favoreceu o sucesso inglês através das seguintes instituições:
 Bolsa de Londres – a compra de ações na Bolsa de grandes empresas,
permitia a estas reunir capitais em grande escala para os seus
investimentos e davam lucros a quem investia na compra de ações.
 Banco de Inglaterra – grande banco nacional que emitia dinheiro e
financiava através de empréstimos investimentos no comércio e na
indústria. O Banco de Inglaterra era apoiado por vário pequenos bancos
que recolhiam poupanças e as canalizavam para o investimento.

 Este sistema financeiro bastante evoluído para época teve a sua importância no
processo de industrialização em Inglaterra, pois canalizava as poupanças dos
particulares para o financiamento aos grandes investimentos industriais. Comprar
ações tornou-se uma forma de investir as poupanças.

e) Sociedade e organização política


 A burguesia e a própria nobreza inglesa apresentava uma mentalidade ativa e
empreendedora no mundo dos negócios. Com capital e sem receio do risco era um
fator de dinamização económica.
 Desde a Revolução Gloriosa e da vitória do parlamentarismo, que a burguesia assumia
um papel preponderante na política inglesa, criando legislação que não criasse
obstáculos à liberdade económica e favorecesse o progresso. – Laissez faire-laissez
passer.

f) Recursos naturais
 A Inglaterra dispunha de importantes recursos naturais decisivos no arranque
industria: um subsolo rico em carvão e ferro; rios naturais navegáveis que ajudavam a
unificar o mercado interno.

g) Condições técnicas
 Grande desenvolvimento técnico na indústria têxtil, especialmente na área
da fiação e da tecelagem.
 A invenção e utilização da máquina a vapor como força motriz
Os Setores de Arranque
Os setores de Arranque da industrialização foram:
 Indústria Têxtil: - Havia matéria prima abundante (lã e algodão)
- Aparecimento de maquinaria e outros inventos
técnicos (ex: spining – jenny, mule-jenny, tear
mecânico)
 Indústria Metalúrgica: - Aperfeiçoamento dos altos- fornos.
- A aplicação da energia do vapor
- Grande procura de ferro para construção da
Maquinaria.

Mudança do Regime de Produção


Antes da Revolução Industrial Com a Revolução Industrial
Manufatura Maquinofatura
Artesanal Mecanizado
Oficina Fábrica
Artesão Operário
Baixa produção Elevada produção
Produção por objeto Produção em série

Ideias Estruturantes:
 Desde o início do séc. XVIII, que a Inglaterra passou a deter a hegemonia económica,
quer a nível europeu, quer a nível mundial., através dos grandes desenvolvimentos do
comércio, especialmente o colonial, na agricultura, na indústria e no setor financeiro.

 A hegemonia económica da Inglaterra favoreceu a criação de condições para que, na


segunda metade do século XVIII fosse o primeiro país europeu a iniciar o arranque da
Revolução Industrial.

 A prioridade inglesa no arranque da Revolução Industrial resulta da conjugação de


vários fatores/condições de natureza diversa.

 Em todos este processo de modernização económica a invenção de James Watt


(MÁQUINA A VAPOR) teve um papel central, pois constituiu o primeiro motor artificial
da História. Com ela foi possível mover teares, martelos, locomotivas, enfim, todo o
tipo de maquinismo que, anteriormente, dependiam do trabalho humano ou das
forças da natureza.

 As máquinas ao serviço da produção, a manufatura cede lugar à maquinofatura, cerne


da Revolução Industrial.

 As mudanças provocadas pela Revolução Industrial, não foram apenas económicas,


elas criaram uma nova realidade, um mundo novo, uma nova época histórica – a Idade
contemporânea. O mundo acelera, o crescimento económico é imparável, os
transportes aceleram, as cidades crescem, a burguesia vence e com ela nova uma nova
cultura e forma de viver

 O capitalismo comercial que marcara os séculos anteriores dá lugar ao capitalismo


industrial.

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