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NOVO LINHAS DA HISTÓRIA 11

D6 A civilização industrial – economia e sociedade; nacionalismos e choques


imperialistas
3. PORTUGAL, UMA SOCIEDADE CAPITALISTA PERIFÉRICA

FICHA 3 Entre o crescimento e a crise durante a Regeneração

DOC. 1 | PORTOS E CAMINHOS DE FERRO DURANTE O FONTISMO


O grande objetivo do programa de melhoramentos materiais era aproximar Portugal da Europa desenvolvida, quer em
termos de distância e tempo […], quer em termos económicos. Através de caminhos de ferro ligando a Europa aos
portos nacionais (sobretudo ao porto de Lisboa), esperava-se que o reino conhecesse um enorme desenvolvimento,
graças ao comércio que se estabelecia entre a Europa e a América e que passaria a ser realizado por Lisboa. Em
meados da década de 1850 o comércio mundial conhecia um grande crescimento. Os caminhos de ferro contribuíram 5
para este fenómeno, mas também foram seus beneficiários. […] para nações periféricas como Portugal era muito
tentador ligar ambos os fatores, muito embora outras condições estruturantes justificassem o desenvolvimento […]
O caminho de ferro, ao mesmo tempo que aproximaria Portugal de um “estrangeiro cada vez mais estrangeiro”, teria
também o condão de unificar um país caracterizado por transportes arcaicos e onde 30 a 40% do território não tinha
acesso a vias fluviais navegáveis. As regiões interiores do reino ligar-se-iam mais facilmente ao litoral e aos seus portos, 10
passando a dispor de uma via de escoamento para os seus produtos. Ou assim se esperava. […]
A Regeneração manteve esta aposta. […]. Até à década de 1870, quando se iniciou a construção de caminhos de ferro
centrados no Porto (Minho e Douro), o enfoque foi dado a linhas que desembocassem em Lisboa (vindas do Porto, de
Elvas e de Sintra). […]
No final do fontismo, tinha-se conseguido aumentar o trânsito no Porto, Lisboa e Setúbal, mas graças ao movimento 15
externo que continuou a ser feito maioritariamente por via marítima. […] As linhas internacionais conjugadas com portos
nunca geraram tráfego suficiente para garantir coeficientes de exploração aceitáveis. Não foi também por causa dos
caminhos de ferro que Portugal aumentou as suas relações comerciais internacionais, que, de resto, continuaram a ser
feitas na sua maioria por mar.
Hugo Silveira Pereira, Ciência, Tecnologia e Medicina na construção de Portugal, Tinta da China, Lisboa, 2021, pp. 285-304 [disponível em
https://www.researchgate.net/project/Caminhos-de-ferro-nos-Debates-Parlamentares-1845-1890, consultado em 20/09/2021].

Inauguração do caminho de
ferro em 1856, com a
ligação de Lisboa ao
Carregado.

1. Nomeie a designação atribuída ao “programa de melhoramentos materiais” (Doc. 1, l. 1) desenvolvida em Portugal,


a partir de 1851.

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2. O “programa de melhoramentos materiais” (Doc. 1, l. 1) ficou associado ao ministro das obras públicas e, por isso,
ficou conhecido como…
(A) Cabralismo.
(B) Setembrismo.
(C) Fontismo.
(D) Vintismo.

3. Explicite duas evidências da importância do caminho de ferro na política desenvolvimentista portuguesa, a partir
de 1851.
As duas evidências devem conter excertos relevantes do documento 1.

DOC. 2 | A PONTE D. MARIA PIA (1877)

DOC. 3 | A POLÍTICA FINANCEIRA DA REGENERAÇÃO


Com o fontismo vieram os empréstimos e os impostos [...], uns atrás dos outros, para a boa gente portuguesa, com
parte dos quais se fez caminhos de ferro, alguns edifícios públicos [...] e se pagou a ociosidade interna, a especulação
da finança e dos empreiteiros... e se pagaram juros da dívida sempre crescente.
– Que a nação havia de prosperar em riqueza e bem-estar, e o Tesouro em fortuna.
Mas o Tesouro teimou em ficar exausto [...]. Não houve ano em que não houvesse défice [...]. A crise de 1892 rematou 5

o fontismo quando o Brasil minguou as remessas de dinheiro [...].


Ezequiel de Campos, 1924.

4. Identifique duas transformações nas infraestruturas que marcaram a Regeneração.


Uma das transformações deve conter informações relevantes do documento 2 e a outra transformação deve ser
fundamentada com excertos relevantes do documento 3.

5. Nomeie o dirigente político associado ao “fontismo” (Doc. 3, l. 1).

6. A construção de infraestruturas exigiu um financiamento avultado de que o país não dispunha. Por isso, os
governos da Regeneração recorreram…
(A) aos empréstimos e ao aumento de impostos.
(B) à diminuição dos impostos e à venda dos bens eclesiásticos.
(C) ao aumento das exportações e à criação de mais indústrias.
(D) ao desenvolvimento da agricultura e do comércio.

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7. Entre 1891 e 1892, a precariedade das finanças públicas agravou-se em Portugal e o governo…
(A) continuou a amortizar a dívida pública.
(B) continuou a amortizar a dívida comercial.
(C) suspendeu o pagamento da dívida industrial.
(D) suspendeu a amortização da dívida pública.

8. Explicite dois problemas que afetavam a situação económico-financeira de Portugal em 1892.


Os dois problemas devem conter excertos relevantes do documento 3.

DOC. 4 | REGENERAÇÃO: DA POLÍTICA DE MELHORAMENTOS MATERIAIS À CRISE NAS DÉCADAS DE 80 E 90


Como é sobejamente sabido, o golpe da Regeneração iniciou um período de consenso generalizado entre as fações
políticas nacionais, que passaram a ver o progresso como um dos principais objetivos da governação. Por progresso
entendia-se sobretudo os melhoramentos materiais promovidos pelo investimento em ciência e tecnologia, que
eventualmente acarretariam também melhoramentos morais. Embora ciência e tecnologia pudessem adotar várias
formas, uma em particular assumiu um maior protagonismo: a ferrovia. Pelo seu impacto na paisagem e nos modos de 5
vida coevos, tornou-se o símbolo mais espetacular do século XIX, pioneiro de civilização e manifestação do triunfo do
engenho humano. […]
Apesar destes conseguimentos, notava-se já algum pessimismo em franjas da intelligentsia nacional, mormente em
Oliveira Martins, que, já em 1887, lamentava que pelo “silvo agudo da locomotiva (...), supusemos que todo o progresso
económico estava em construir estradas e caminhos de ferro”. O autor reconhecia que a ferrovia era “um instrumento 10
de uma energia incomparável sem dúvida, mas é um instrumento apenas. Aplicado a um organismo são e capaz de o
suportar, avigora-o; aplicado, porém, a um organismo depauperado, extenua-o”. Noutro texto, acusava: “O sistema
fontista de tudo sacrificar aos progressos da viação é uma utopia provadamente condenada: por causa dela chegámos
ao estado de apuro em que vemos o Tesouro, caminhando progressiva e aceleradamente para a bancarrota”. De
qualquer modo, vozes como esta eram totalmente minoritárias. Nada fazia antever o choque trazido pela década de 15
1890. […]
No ano seguinte, os sintomas de retração financeira, que já se vinham sentindo desde 1889, medraram e culminaram
na inconvertibilidade das notas bancárias, que viria a precipitar a crise de 1891, a saída de Portugal do padrão-ouro
(que durante 40 anos facilitara o acesso ao crédito internacional) e a declaração de bancarrota parcial de 1892. Quase
simultaneamente, estouravam escândalos no setor ferroviário metropolitano e colonial. […]
Hugo da Silveira Pereira, Caminhos de ferro portugueses na década de 1890, in Revista Portuguesa de História, vol. 50, 2019
[disponível em https://orcid.org/0000-0002-7706-2686, consultado em 12/02/2022].

9. Transcreva um excerto do documento 4 que defina Regeneração.

10. Identifique o “pioneiro de civilização” (Doc. 4, l. 6), segundo os governos da Regeneração.

11. Explicite duas críticas que podem ser apontadas à política de desenvolvimento promovida durante a Regeneração.
As duas críticas devem conter excertos relevantes do documento 4.

12. Transcreva um excerto do documento 4 que comprove a existência da crise financeira em Portugal no final do
século XIX.

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PROPOSTA DE RESOLUÇÃO

1. Regeneração. exemplo ou construção de estradas ver o progresso como um dos


2. (C) ou melhoramentos nos portos ou principais objetivos da governação”.
3. construção de vias férreas ou 10. Ferrovia ou caminho de ferro.
Tópicos de resposta: “caminhos de ferro” (Doc. 3); 11. Tópicos de resposta:
– promover o desenvolvimento – construção de infraestruturas: – a ideia de desenvolvimento
económico do reino através do “com parte dos quais se fez [...] centrou-se somente na construção
desenvolvimento do comércio: alguns edifícios públicos [...]” (Doc. de infraestruturas: “supusemos que
“ligando a Europa aos portos 3). todo o progresso económico estava
nacionais (sobretudo ao porto de 5. Fontes Pereira de Melo. em construir estradas e caminhos
Lisboa), esperava-se que o reino 6. (A) de ferro” ou “a ferrovia era [...] um
conhecesse um enorme 7. (D) instrumento apenas”;
desenvolvimento, graças ao 8. Tópicos de resposta: – a política desenvolvimentista foi
comércio que se estabelecia”; – recurso a “empréstimos” internos concretizada com o recurso a
– atenuar a distância de Portugal e externos para financiar o empréstimos devido à falta de
face à Europa: “O grande objetivo programa de obras públicas; capitais do país: “aplicado, porém, a
do programa de melhoramentos – recurso ao lançamento de um organismo depauperado,
materiais era aproximar Portugal da “impostos[...], uns atrás dos outros, extenua-o” ou “O sistema fontista
Europa desenvolvida [...] em termos para a boa gente portuguesa”; de tudo sacrificar aos progressos da
de distância e tempo”; – endividamento crescente do viação é uma utopia provadamente
– desenvolver o mercado interno, Estado através da “dívida sempre condenada”;
facilitando a circulação das crescente” ou “Não houve ano em – a política desenvolvimentista da
mercadorias: “O caminho de ferro que não houvesse défice [...]”; Regeneração contribuiu para
[...] teria também o condão de – aplicação de capitais na acentuar o endividamento crónico
unificar um país caracterizado por especulação financeira: “a do país: “por causa dela chegámos
transportes arcaicos e onde 30 a especulação da finança e dos ao estado de apuro em que vemos
40% do território não tinha acesso a empreiteiros...”; o Tesouro, caminhando progressiva
vias fluviais navegáveis” ou “As – o crescimento económico fazia-se e aceleradamente para a
regiões interiores do reino ligar-se- à custa dos empréstimos: “Que a bancarrota”.
iam mais facilmente ao litoral e aos nação havia de prosperar em 12. Afirmação:
seus portos, passando a dispor de riqueza e bem-estar, e o Tesouro – “os sintomas de retração
uma via de escoamento para os em fortuna”; financeira [...] medraram e
seus produtos”; – as remessas dos emigrantes culminaram na inconvertibilidade
– melhorar o acesso à capital: “Até eram importantes para equilibrar as das notas bancárias”;
à década de 1870, [...] o enfoque foi contas: “A crise de 1892 rematou o – “a crise de 1891, a saída de
dado a linhas que desembocassem fontismo quando o Brasil minguou Portugal do padrão-ouro”;
em Lisboa (vindas do Porto, de as remessas de dinheiro [...]”. – “a declaração de bancarrota
Elvas e de Sintra) […]”. 9. Afirmação: parcial de 1892”.
4. Tópicos de resposta: – “período de consenso
– construção de pontes como a “D. generalizado entre as fações
Maria” (Doc. 2) no Porto ou outro políticas nacionais, que passaram a

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