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Após o fim da primeira guerra mundial (1914-1918) deu-se a Conferência de Paz em Paris
(janeiro 1919), na qual participaram apenas as nações vencedoras, a Grã Bretanha, a França
e os EUA. O presidente Wilson, escreveu a mensagem em 14 pontos que serviu como base
para as negociações, defendeu:
*ficou separada da Prússia Oriental pela ligação da Polónia ao mar (corredor de Danzig)
Os efeitos políticos resultaram na criação de uma nova geografia política e de uma nova
ordem internacional, enquanto os efeitos económicos passaram pelo declínio da Europa e
pela ascensão dos Estados Unidos.
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Desta forma, reajustaram-se as fronteiras, nomeadamente da França, de Itália e da Grécia
e formaram-se novos Estados, como a Hungria, a Áustria, a Turquia e a Finlândia.
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1.1.2 A difícil recuperação económica da Europa
Inflação - Alta geral de preços derivada de distorções existentes entre a procura dos
produtos e a oferta dos bens, a quantidade de moeda que circula e a produção/circulação
de riquezas.
Quando a oferta de bens não corresponde à procura dos compradores capazes de pagar,
estes últimos, para conseguirem as mercadorias, sujeitam-se a pagar mais caro e fazem
subir preços. Em geral, a inflação tem origem na necessidade de criar meios de
pagamento suplementares através, da emissão de papel-moeda.
*desvalorização da moeda
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O principal centro financeiro do mundo, neste contexto, os EUA eram os principais
credores da Europa, aumentado cada vez mais a dependência europeia face à americana.
Assim, para intensificar o desenvolvimento industrial e comercial, foi necessário adotar o
taylorismo, com a racionalização do trabalho com o trabalho em cadeia e linha de
montagem e, por fim, recorreram à concentração de empresas. Foi assim a Era da
Prosperidade Americana caracterizada por grandes progressos tecnológicos.
A revolução de fevereiro (a revolução burguesa) para além de ter motivos políticos teve
também motivos económicos, nomeadamente o atraso económico vivido, em que a
agricultura era a atividade dominante, a indústria era atrasada e a economia estava
dependente de outros países.
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Assim, a população revoltou-se contra a política autocrática do Czar e sentiu-se crescer no
país o desejo de reformas, a oposição dos partidos e a desmoralização face às derrotas
militares.
Desta forma, a revolução de fevereiro foi liderada por soldados, pelos Sovietes de
Petrogrado, por operários e pela burguesia liberal, que exigia o fim do regime.
O poder foi entregue a um Governo Provisório para governar o país até às eleições, foi
liderado por Lvov e, depois, por Kerensky (socialista moderado) e caracterizava-se por um
modelo democrático parlamentar.
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No entanto:
❏ A Rússia assina uma de paz separada com a Alemanha, uma paz desastrosa mas
necessária;
↳ perde a Ucrânia, a Polónia, a Estónia, Letónia e a Lituânia, a Finlândia (¼ da sua
população e das suas terras cultiváveis, 3/4 das minas de ferro e de carvão);
❏ proletários e empresários criaram os > obstáculos à aplicação dos decretos relativos
à terra e ao controlo operário;
❏ 7 milhões de soldados, que não se conseguiram reintegrar na vida civil;
❏ inflação e banditismo;
↓
fraca adesão da população russa ao projecto bolchevique
Neste contexto, o líder do exército vermelho implanta o comunismo de guerra e acaba por
ganhar, instalando o centralismo democrático. Lenine toma a decisão de dissolver a
Assembleia e transferir todo o poder para o Congresso dos Sovietes.
Para mais:
● o único partido permitido era o partido comunista, formado por bolcheviques,
● nacionalizou-se as terras, as fábricas e o comércio;
● proibiram-se as greves;
● os opositores tinham de enfrentar a polícia política e os campos de concentração.
Comunismo - Etapa final para que caminha a revolução proletária. Caracteriza-se pelo
desaparecimento das classes sociais pela extinção do Estado e pela instauração de uma
sociedade de abundância.
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Ditadura do proletariado - Segundo a teoria marxista, é a etapa por que deve passar a
revolução socialista antes da edificação do comunismo. A ditadura do proletariado surge
para desmantelar a estrutura do regime burguês, possibilitando a supressão do Estado e a
eliminação da desigualdade social.
Assim Lenine substituiu o comunismo de guerra pela Nova Política Económica (NEP),
com o propósito de garantir a independência económica e repor os níveis de produção.
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- substituição das requisições, por um imposto pago em géneros;
- pequena burguesia comercial;
acordos comerciais com a Alemanha e a Inglaterra;
- estabelecer uma moeda;
- reintrodução do comércio livre;
- abrandamento da nacionalização das terras;
- contratação de técnicos estrangeiros;
- os camponeses passaram a poder produzir e a vender os seus excedentes no
mercado;
- a desnacionalização das empresas mais pequenas;
- o investimento estrangeiro.
Desde 1922, a Rússia converteu-se na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS),
um Estado multinacional e federal cujas repúblicas, iguais em direitos, dispunham de uma
Constituição e de uma certa autonomia. Assim, para conciliar a disciplina e a democracia
formou-se o centralismo democrático.
Consistia num sistema de sufrágio universal exercido de baixo para cima. Dominava então o
marxismo-leninismo, que consistia no poder ser democrático e exercido pelo povo, havendo
apenas um partido, que centralizava o poder. Assim, os diferentes níveis de poder eram
obrigados a respeitar a hierarquia e deviam obedecer aos níveis superiores do partido.
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O demoliberalismo mostrou-se frágil e instável
+
instabilidade política
+
aparecimento de 2 grandes partidos, extrema esquerda e a extrema direita
+
junta-se o nacionalismo de alguns países
+
Dificuldades económicas da Europa:
campos destruídos;
fábricas paradas;
transportes desorganizados;
finanças deficitárias;
inflação galopante;
⤷ greves/agitação revolucionária socialista
Alemanha:
- espartaquistas viram os seus líderes executados;
- falta de confiança do proletariado.
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Hungria:
- tentativa de revolução operária, o dirigente comunista acaba por se retirar.
Itália:
- vagas de ocupações de terras e fábricas;
- o governo determina o fim do controlo operário por falta de crédito bancário.
França, Portugal, Grã-Bretanha → precário nível de vida, baixos salários, inflação dos preços
↓
violentas greves
Emergência de autoritarismos
➔ Patriotas
➔ Conservadores
➔ Amantes da ordem
➔ Classes médias + classes possidentes (classe com posses)
Acabam por defender um governo forte como garantia da paz social, riqueza e dignidade
● Hungria (1920);
● Bulgária e na Turquia (1923);
● Grécia, em Portugal, na Polónia, na Lituânia (1926) e na Jugoslávia (1929).
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Agastada com a recuperação económica, contestada pelo proletariado, pelas classes
médias e grandes proprietários, a democracia liberal europeia, triunfante em 1919, parecia,
em fins dos anos 20, um organismo pálido e doente. A emergência dos autoritarismos
confirma, de facto, a regressão do demoliberalismo.
A mudança vivida nas cidades levou inevitavelmente a uma mudança nos padrões de vida
tradicionais.
Verifica-se:
- anonimato e o individualismo;
- desagregação das solidariedades tradicionais;
- desumanização do trabalho, em que o trabalho operário passou a ser dominado pela
utilização da máquina de montagem, ou seja, pelo trabalho em série que explorava
fortemente o trabalhador.
Para além disso, surge nas cidades novos comportamentos, como o consumismo, as
maneiras semelhantes de vestir, as atitudes semelhantes e as novas maneiras de passar os
tempos livres, havendo a cultura do lazer.
Por fim, a estrutura familiar também sofre mudanças, pois legaliza-se o divórcio, o
casamento passa a ser algo pouco estável e com o desenvolvimento de métodos
contracetivos verificou-se uma redução da natalidade.
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Anomalia social - Ausência de um conjunto de normas consistente e genericamente
aceite pelo grupo social.
A anomia pressupõe a fragilidade e a relativização dos valores que ditam a conduta dos
indivíduos. É uma característica das sociedades atuais em que as mudanças rápidas
impedem a consolidação de um código moral rígido.
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Os movimentos feministas
Durante a primeira guerra mundial, as mulheres ganharam mais poder, pois tinham de
substituir os homens enquanto estes estavam na guerra, passando a mulher a ser utilizada
na indústria, que apesar de proporcionar salários muito baixos, permitiu à mulher ganhar a
independência financeira que até aí não possuía.
Apesar da mulher ter conseguido poder financeiro, ainda não possuía poder social ou
político e, com o fim de lutar pela liberdade e pela igualdade de direitos, surgiram
movimentos feministas.
Entre as principais conquistas dos movimentos feministas no final dos anos 20, destaca-se o
reconhecimento às mulheres, em muitos países:
- do direito a participar em sufrágios eleitorais e a exercer funções políticas;
- da plena igualdade no quadro familiar e no trabalho.
No início do século XX, o pensamento ocidental revela-se contra este quadro de estrita
racionalidade valorizando outras dimensões do conhecimento. Nesta conjuntura intelectual,
a crença de que o ser humano conseguiria desvendar, com certeza absoluta, todas as leis
que regem o Universo e aplicar essas leis a todas as áreas do conhecimento, incluindo as
ciências sociais e humanas, é profundamente abalada com a formulação de teorias que
defendem a existência de áreas do conhecimento em que a certeza é impossível, não se
podendo ir além das probabilidades e da intuição.
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Abriam-se novos campos do conhecimento que, gradualmente, têm de abandonar o culto
ao racionalismo clássico, da certeza positivista e adotar a incerteza e o relativismo.
*(sistema filosófico que, banindo a metafísica e o sobrenatural, se funda na consideração do
que é material e evidente).
Enquanto Einstein deu início à teoria da relatividade, que negava a característica absoluta
do espaço e do tempo, afirmando que dependiam um do outro, eram relativos. Várias
teorias modificaram completamente o conhecimento que se tinha até aí sobre o universo,
pois passou a haver a consciência de que a certeza era impossível.
Freud contrariou a ideia de que o homem apenas obedecia à razão e que era capaz de
controlar todos os seus impulsos através da vontade.
Criou a psicanálise, isto é, um método de pesquisa que incide na análise de sonhos e de
pensamentos, chegando à conclusão que os comportamentos humanos eram comandados
por impulsos inconscientes, que resultavam da história de vida, nomeadamente de
recordações e de pensamentos.
Psicanálise - Ciência psicológica criada por Sigmund Freud que abarca um corpo doutrinal
teórico (sobre o psiquismo), um método de pesquisa e um processo terapêutico.
A psicanálise abriu à psicologia um novo campo de fenómenos (o inconsciente), através
do qual procura explicar comportamentos até aí tidos como inexplicáveis.
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Fauvismo - Corrente vanguardista, marcadamente francesa, iniciada em 1905 e liderada
pelo pintor Henri Matisse. Defende o primado da cor e utiliza-a com total liberdade, em
tons fortes e agressivos, negligenciando a precisão da representação. Como grupo, os
fauves tiveram uma curta duração desmembrando-se por volta de 1908.
O movimento fauvista foi de curta duração. Os grandes pintores fauvistas foram: Henri
Matisse, André Derain, Georges Rouault, Maurice de Vlaminck
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Expressionismo - Designa as formas artísticas que tendem para a expressão subjetiva e
emotiva. Num sentido restrito, designa uma corrente de vanguarda das três primeiras
décadas do século XX, marcadamente alemã, que proclama como objetivo da arte a
representação de emoções e insiste na escolha de temas fortes de índole psicológica e
social.
O grupo Die Brücke era constituído por: Kirchner, Heckel, Bleyel e Schmidt-Rottluf, já o
grupo Der Blaue Reiter, composto por Vassily Kandinsky, Franz Marc, Otto Dix e Emil Nold.
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Cubismo - Movimento artístico iniciado por Picasso e Braque, cerca de 1907, que rejeita a
representação do objeto em função da perceção ótica e a substitui por uma visão
intelectualizada globalizante de tipo geométrico. Distingue-se entre o cubismo analítico e
o cubismo sintético.
Fase do Cubismo Analítico - criado no verão de 1908 e onde se destacam Picasso e Braque.
Fase do Cubismo Sintético - surgiu no fim de 1911, quando o cubismo analítico já tinha sido
levado ao extremo.
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● ideia de relevo;
● uso de cores.
Abstracionismo lírico:
● não figurativo;
● subjetivo;
● anula a representação da realidade;
● linguagem assenta nas cores, linhas e geometrização;
● explosão de manchas de cor, linhas e formas sem significado aparente;
● originalidade;
● relação analógica com a musicalidade.
Abstracionismo geométrico:
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● originalidade:
● racionalidade.
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Dadaísmo - Movimento de contestação artística que recusa todos os modelos plásticos e a
própria ideia de arte. Nascido na Suíça, em 1916, o dadaísmo difunde-se
internacionalmente e atinge o seu apogeu em França, cerca de 1920. Verdadeiramente
desconcertante e inovador, levando ao extremo a espontaneidade e irreverência, Dada
influenciou os mais importantes movimentos artísticos da segunda metade do século XX,
como o Happening, a Pop Art e a Arte Conceptual. Diretamente, a via dadaísta
desembocou, por intermédio de alguns do seus membros (F. Picabia, Man Ray, Max Ernst,
André Breton…) no movimento surrealista.
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De forma crítica e provocatória, os dadaístas, assumidamente niilistas, negavam a realidade
substancial, a verdade, as normas morais e cívicas e toda autoridade política.
O objeto fundamental dos dadaístas era negar todos os conceitos de arte e de técnicas
artísticas, vulgarizar a criação artística, pela dessacralização dos objetos e das técnicas.
Por conseguinte as características dadaístas são:
A
principal inovação introduzida pelo surrealismo é a sua estreita ligação ao pensamento
freudiano. Negando a razão na sua superintendência dos comportamentos humanos, os
surrealistas afirmam que o inconsciente é altamente condenado pelo pensamento. Assim
as obras surrealistas são dominadas pela expressão interioridade nos seus níveis mais
recônditos do inconsciente, considerada a realidade mais autêntica.
Na literatura:
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● refletem as transformações que ocorrem na ciência e na arte;
● romances fragmentados;
● escrita gramaticalmente sem sempre correta;
● falta de rigor na construção frásica;
● surge o anti-herói, alguém que sofre e que é fraco, ou seja, mais humano,
● procura outra realidade.
Na arte:
● expressividade espontânea;
● influência das teorias da psicanálise;
● valorização do inconsciente.
● libertaram a figuração do sujeito ao modelo, distorcendo as formas e utilizando
arbitrariamente as cores, sem entender a fidelidade ao mundo real;
● desconstruíram o espaço pictórico que, desde o Renascimento, se organizava
segundo as leis da perspetiva;
Nova Objectividade
● Realismo acentuado;
● Desespero e tragédia;
● A técnica não importa, o que importa é a crítica.
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1.5.1 As dificuldades económicas e a instabilidade política e social; a falência da 1º
República
Nos anos que se seguiram ao fim da Primeira Guerra Mundial, mantinham-se em Portugal
as dificuldades económicas e financeiras que se agravaram pela participação na guerra. Tal
como em toda a Europa, deu-se um clima de agitação social a que os frágeis governos
republicanos não conseguiam fazer face. Com a sua credibilidade cada vez mais minada pela
inoperância política, prenunciava-se a transição da democracia liberal para a ditadura.
❖ instabilidade governativa → devido ao parlamentarismo instalado;
❖ laicismo da República → a proibição das congregações religiosas, as humilhações
impostas a sacerdotes e a excessiva regulamentação do culto, entre outras medidas
granjearam à República a hostilidade da igreja e do país conservador e católico.
Nesta situação pouco favorável, a participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial foi
fatal.
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O processo inflacionista permaneceu para além da guerra, subindo o custo de vida e
afetando os que viviam de rendimentos fixos e poupanças, ou seja, as classes médias e os
operários, vítimas de desemprego e o operariado. A agitação social em 1919-1920 levava a
frequentes greves organizadas pelas anarco-sindicalistas que recorriam a atentados
bombistas.
A falência da 1º República
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Como o governo não dava sinais de conseguir controlar a agitação social ou os problemas
financeiros e económicos, crescia pelo país a vontade de um governo, que possibilitasse a
instalação da ordem e da estabilidade económica. Neste contexto, as características
económicas, sociais e políticas contribuíram para enfraquecer o regime republicano em
Portugal e para o tornar mais vulnerável a golpes militares. Desta forma, ocorreu o golpe
militar de 28 de maio de 1926, dirigido pelo General Gomes da Costa, que teve como
resultado a queda da Primeira República e a instalação de um regime de ditadura militar,
em que o novo governo terminou com as liberdades individuais, impondo ordem no país.
❏ dissolveu o poder;
❏ ditadura militar;
❏ Mendes Cabeçadas era o líder do governo.
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2.1 A
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❏ desvalorização da moeda (o que levou ao protecionismo);
❏ superprodução que originava baixa dos preços e queda de lucros;
❏ desemprego e consequente perda do consumo e do poder de compra;
❏ instabilidade social e económica levou ao abrandamento das indústrias como a
construção civil e a indústria automóvel;
❏ a compra de ações aumentou consideravelmente o que favoreceu a especulação,
isto é, os valores das ações aumentaram o que acentuou o desfasamento entre o
valor real das empresas e o seu valor em bolsa.
Crash bolsista - Termo empregue nas operações financeiras de bolsas de ações para
caracterizar a quebra de valores dos papéis e títulos postos à venda.
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empréstimos não reembolsados/ retirada dos depósitos dos bancários
↓
dificuldades bancárias/afundamento do sistema de crédito
↓
baixa da procura, dos preços, do investimento, produção, dos lucros
↓
falências desemprego
↡
depressão
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Na primeira fase (1933-1934), o New Deal estabeleceu como metas o relançamento da
economia:
❏ encerro temporário dos Bancos;
❏ desvalorização da moeda americana de modo a aumentar as exportações e os
preços dos produtos;
❏ diminuição das dívidas dos agricultores;
❏ limitação da produção agrícola e industrial;
❏ conceder indemnizações e empréstimos aos agricultores;
❏ fixação do preço dos produtos industriais;
❏ conceder subsídios a algumas empresas;
❏ fixação do horário semanal;
❏ estabelecimento de um salário mínimo;
❏ autorização da liberdade sindical e do direito à greve;
❏ criação de um organismo estatal que ajude a população a arranjar emprego;
❏ desenvolvimento de um programa de obras públicas;
❏ contratação de jovens desempregados para trabalhos de conservação (plantação de
árvores, manutenção de parques).
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terem poder de compra e a criação de mais empregos, combatendo-se assim a crise e
melhorando as condições de vida.
A Frente Popular em Espanha integrou socialistas e comunistas que tiveram a necessidade
de aumentar o protesto, uma vez que a situação económica se ia agravando cada vez mais.
Devido à crescente contestação, o governo demite-se, sendo proclamada a República, em
que a Frente Popular vence as eleições e dá início a um intenso programa de reformas
políticas e sociais favoráveis aos interesses das classes trabalhadoras.
É decretada:
- a separação entre a Igreja e o Estado;
- o direito à greve, ao divórcio e à ocupação das terras;
- os salários são aumentados.
Perante tais medidas, os partidos nacionalistas de direita e monárquicos formam a Frente
Nacional que, opondo-se à Frente popular, dá início à guerra civil.
Nazismo - Sistema político instaurado por Hitler na Alemanha, a partir de 1933, Para além
de partilhar os princípios ideológicos do fascismo, distinguiu-se pelo racismo violento,
fundamentando-o numa suposta superioridade biológica e espiritual do povo ariano, ao
qual pertenciam os alemães. Ao Estado nazi incubiria não só a preservação da raça
superior, libertando-a de contactos impuros - daí as perseguições aos judeus - mas,
também a sua expansão - do que resultou a teoria do ‘espaço vital’ e o imperialismo
alemão.
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➔ os comportamentos baseados na razão;
➔ o sistema parlamentar, pois é uma forma de manifestar as fraquezas do poder;
➔ a democracia, pois é um regime considerado fraco e incapaz de contribuir para o
bem do estado;
➔ o pluripartidarismo que apenas gera discussões inúteis e divisões que põem em
causa a coesão e a força da Nação;
➔ comunismo e o socialismo, por conduzirem a divisões na sociedade que prejudicam
a afirmação internacional do estado.
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As ideias e os valores fascistas eram incutidos nos jovens desde pequenos para que estes
amassem a sua nação. Estes faziam parte de organizações fascistas, de frequência
obrigatória, como as Juventudes Fascistas. Os rapazes e as raparigas frequentavam
organizações diferentes. Os primeiros aprendiam a prática do desporto e da violência,
enquanto que as raparigas deveriam saber cuidar do lar e os valores maternais. Nas escolas
os manuais estavam cheios de propaganda fascista, e os professores tinham de fazer um
juramento que eram apoiantes do regime. Os adultos, para se mostrarem bons cidadãos,
teriam de fazer parte do Partido Fascista e integrar sindicatos autorizados.
➔ repressão da inteligência, sendo que se controlavam as publicações, a rádio, o
cinema, os jornais e até perseguiam os intelectuais.
Alma coletiva
↓
criação de meios de enquadramento
↓
destinadas a veicular os princípios ideológicos fascistas
↓
organizações militares fascistas de juventude, de frequência obrigatória
↓
obediência total ao Estado
A violência racista
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Antissemitismo - O mesmo que hostilidade aos judeus. No século XIX, o antessemitismo
asusmiu, em alguns países europeus, o carácter de racismo, ao identificar o povo judeu
como uma raça inferior e destruidora.
Esta forma forma de antissemitismo atingiu o auge no século XX, na Alemanha nazi,
originando a morte de milhões de judeus.
2.2.2 O estalinismo
Estaline tinha como principais objetivos a construção irreversível da sociedade socialista e
a transformação da URSS numa grande potência mundial. Para tal, foi necessário tomar
medidas, nomeadamente, a coletivização e planificação da economia e a instauração de
um Estado totalitário.
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Coletivização e planificação da economia
➔ reforçou o centralismo económico, nacionalizando todos os setores da economia, ou
seja, aboliu toda a propriedade privada;
Estado Totalitário
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➔ transforma o centralismo democrático na ditadura do Partido Comunista (partido
único autorizado e monopoliza o poder), e assim eliminou todas as oposições ao
poder;
➔ ausência de liberdade intelectual, em consequência da liberdade de imprensa que
foi severamente reprimida, assim como a produção intelectual severamente, vigiada,
censurada e colocada ao serviço da propaganda do regime pela difusão dos ideais
socialistas e soviéticos;
➔ praticou-se a arregimentação das massas em organizações, os jovens inscritos nos
Pioneiros e depois as Juventudes Comunistas, aos trabalhadores tinham que estar
filiados aos sindicatos ligados ao partido comunista;
➔ elites com determinados privilégios, que punha em causa a igualdade social pela
eliminação das classes;
➔ impôs o culto ao chefe (“pai dos povos”) e do Estado, através de manifestações
culturais;
➔ cultivo à violência e a negação dos direitos humanos, pela forte ação da polícia
política (NKVD) que, perseguia, prendia e julgava.
Na primeira metade do século, a imprensa, a rádio e o cinema, fizeram chegar todo o tipo
de mensagens a camadas cada vez mais vastas da população, afirmando-se como os
grandes veículos de difusão dos valores e das normas de comportamento.
Imprensa
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Sob a forma de jornais e de revistas, dirige-se a um público cada vez mais vasto,
preferencialmente urbano, mas não descurando os meios rurais. É graças ao aumento de
consumidores que a imprensa se expande cada vez mais, isto proporcionado:
Rádio
O mais poderoso veículo de informação. Para isso contribuiu:
❏ a criação de laços entre emissores e receptores, reduzindo o isolamento;
❏ a variedade e qualidade de géneros radiofónicos;
❏ os progressos verificados na difusão radiofónica e no fabrico dos aparelhos de
recepção;
❏ o interesse dos poderes políticos na generalização da expansão da rádio.
Cinema
Símbolo do desenvolvimento do capitalismo industrial, cedo o cinema passou a constituir a
maior atracção da época:
❏ os espectadores identificavam-se com os heróis e mitos e imaginavam os seus
mundos de sonho e de ilusão, em resposta às contrariedades da vida;
❏ a procura de novas formas de socialização nos meios urbanos.
❏ a facilidade de compreensão da mensagem nos filmes, não exigia grande formação e
actividade intelectual;
❏ o desenvolvimento da indústria cinematográfica permitiu tornar os preços mais
acessíveis;
❏ transformou-se numa arte onde se afirmam verdadeiros artistas de realização e de
representação que passaram a constituir novos modelos – as estrelas de cinema.
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depressão económica gerada nos excessos do capitalismo liberal proporcionou-lhes novas
motivações e novas temáticas
↓
a realidade material da condição humana
Nos Estados totalitários conservadores, são idênticos os objetivos da criação artística, mas,
colocada ao serviço dos valores nacionais, a superioridade da raça ariana, na Alemanha, ou
a grandeza do povo romano, na Itália, por exemplo.
A politização do desporto
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A disputa levada a cabo pelos competidores, identificados pelos símbolos nacionais, passou
a representar a disputa nacionalista dos países por que competiam. Deste modo, a
superioridade desportiva verificada nas diversas modalidades identificava-se com a
superioridade das nações em competição, tão frenética era a aclamação das vitórias por
parte das multidões.
- o desporto, espectáculo de massas, foi utilizado para fins propagandísticos;
- a sua internacionalização tornou-o susceptível de aproveitamento político;
- os eventos desportivos internacionais suscitam sentimentos nacionalistas e
patrióticos;
- o desporto era considerado essencial à formação do ser humano perfeito,
disciplinado, capaz de auto-controlo e sacrifício físico.
O Funcionalismo
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● continua a ser uma casa funcional, à medida do homem, mas agora a escala, além de
física, é também espiritual;
● a concepção do edifício como um ser vivo que vai crescendo segundo as leis
biológicas, isto é, na sua construção o edifício cresce em harmonia com o ambiente
natural que se insere;
● a individualidade de cada solução, pois cada caso era singular e único, do que
resultava a rejeição da sobreposição de andares dos edifícios urbanos;
● a assimetria, a diversidade e a originalidade deveriam ser as determinadas da
composição e da organização do espaço;
● recurso a materiais inovadores e a novas tecnologias construtivas, com preferência
para os materiais característicos da região onde o edifício se insere.
As preocupações urbanísticas
Os debates sobre arquitetura e urbanismo originaram a primeira Conferência Internacional
de Arquitectura Moderna (CIAM), que foi seguida de muitas outras.
Depois de uma análise crítica de diversas cidades, as conclusões da conferência foram
publicadas na célebre Carta de Atenas. Segundo a Carta, a cidade deve satisfazer quatro
funções principais: habitar, trabalhar, recrear o corpo e o espírito, e circular. Numa lógica
estritamente funcionalista cada uma destas funções ocuparia uma zona específica da
cidade. As três zonas articular-se-iam por uma eficiente rede de vias de comunicação.
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criou estruturas institucionais necessárias
1933 - publicação do Estatuto do Trabalho e da Constituição
Apoiantes de Salazar:
➔ hierarquia religiosa e devotos católicos;
➔ grandes proprietários agrários;
➔ alta burguesia ligada ao comércio colonial e externo;
➔ média e pequena burguesias;
➔ monárquicos;
➔ simpatizantes fascistas;
➔ integralistas;
➔ militares.
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● segundo Salazar, a nação era um todo orgânico e não um conjunto isolado de
indivíduos.
por isso, resultaram duas consequências fundamentais:
- os interesses da nação sobrepõem-se aos interesses dos indivíduos;
- os partidos políticos constituíram um elemento desagregador da unidade da nação e
um factor de enfraquecimento do Estado.
● Salazar encarnou na perfeição a figura do chefe providencial, intérprete supremo do
interesse nacional.
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● empenhado na unidade da nação e no fortalecimento do Estado;
● nega a luta de classes propondo o corporativismo, onde as pessoas se reuniam
conforme a sua profissão para debaterem aquilo que as incomoda, chegando a um
consenso de interesses;
● casa do povo, casa dos pescadores, os grémios, sindicatos nacionais (corporações
económicas)/ instituições de assistência e caridade (corporações morais)/
universidades e as suas agremiações científicas, técnicas, literárias, artísticas e
desportivas (corporações culturais).
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de obras públicas, industrial e colonial adaptadas. Salazar conseguiu equilibrar as finanças
através do intervencionismo e da autarcia.
Salazar consegue equilibrar o orçamento, através da criação de novos impostos (imposto
complementar sobre o rendimento, imposto profissional sobre salários e rendimentos das
profissões liberais, imposto de salvação pública sobre os funcionários, taxa de salvação
pública sobre o consumo de açúcar, gasolina e óleos minerais leves) e o aumento das tarifas
alfandegárias sobre as importações, o que se relacionou com a redução das dependências
externas, ditada pelo regime de autarcia.
A autarcia conseguiu tornar Portugal menos dependente do exterior e o intervencionismo
divulgou campanhas de produção e incentivos à especialização de certos produtos.
Os novos impostos permitiram aumentar a receita fiscal e para além disso, a neutralidade
de Portugal na segunda guerra mundial, permitiu que não houvesse consequências
negativas, aproveitando-se Portugal das necessidades económicas dos países em guerra.
- mais receitas com as exportações (no caso do volfrâmio);
- reservas de ouro⇾níveis significativos⇾ estabilidade monetária;
- poupou-se nas despesas com o armamento e defesa do território.
estabilização financeira (o milagre)
↓
conferiu uma imagem de credibilidade e de competência governativa ao Estado Novo
Defesa da ruralidade
Anos 30 ↠ exacerbado ruralismo
Ao privilegiar o mundo rural, preservava-se a simplicidade, a humildade, a família e o
trabalho.
Deu-se um fomento da agricultura, que proporcionava um meio de autossuficiência,
● construção de inúmeras barragens – melhor irrigação dos solos;
● a Junta de Colonização Interna fixou população em algumas áreas do interior;
● política de Arborização por parte do Estado melhorou alguns terrenos;
● fomentou-se a cultura da vinha – crescimento da produção vinícola;
● alargaram-se também as produções de arroz, batata, azeite, cortiça e frutas
De todas as medidas agrícolas, a que mais impacto teve pelos objectivos e resultados foi a
dinamização da produção do trigo, visando tornar o país autossuficiente neste sector ainda
fundamental da alimentação da população. Foram os tempos da Campanha do trigo, entre
1929 e 1937, que teve como objectivo alargar a área de cultura deste cereal. O crescimento
significativo da produção cerealífera forneceu a produção de adubos e de maquinaria
agrícola e deu emprego a milhares de portugueses.
O Estado concedeu proteção aos proprietários, adquirindo-lhes as produções (o mercado
do trigo foi completamente estatizado) e estabelecendo o protecionismo alfandegário.
*As colónias também foram um fator importante na economia portuguesa, pois permitiram a
venda de produtos nacionais e o abastecimento de matérias-primas baratas.
43
● a rede de caminhos-de-ferro não sofreu transformações de vulto a não ser no
material circulante e nos serviços prestados;
● a construção e reparação de estradas mobilizaram grandes esforços do regime
[duplicaram até 1950];
Forneceu a unificação do mercado nacional e proporcionou uma melhor acessibilidade
relativa aos mercados
● edificação de pontes (Lisboa, Aveiro, Leixões, Funchal);
● expansão das redes telegráfica e telefónica;
● obras de alargamento nos portos;
● aeroportos (embora em < escala) também mereceram a atenção do regime;
● construção de barragens;
● expansão da electrificação.
A política de obras públicas, que se tornou um dos símbolos orgulhosos da administração
salazarista inclui ainda a construção de edifícios públicos (hospitais, escolas, tribunais,
estádios, quartéis, prisões, universidades, bairros operários, estaleiros, pousadas, restauro e
monumentos históricos)
O condicionamento industrial
Num país de exacerbado ruralismo, a indústria não constitui prioridade para o Estado.
● o condicionamento industrial consistia na limitação, pelo Estado, do nº de empresas
existentes e do equipamento utilizado, pois a iniciativa privada dependia, em larga
medida, da autorização do Estado;
● defesa do nacionalismo económico;
● aumento da burocratização que dificultava a criação de empresas;
● regulação da atividade produtiva e da concorrência.
● impediu a concorrência;
● protegeu empresas;
● favoreceu a concentração industrial em determinadas atividades, que o regime
acabaria por proteger, já que a burguesia empresarial a eles associada tornar-se-ia
o grande suporte social do regime;
● limitou a modernização, não existiram avanços tecnológicos e níveis de
produtividade foram arcaicos.
44
coletivos de trabalho, estabeleciam normas e cotas de produção e fixavam preços e
salários. Evitava-se a concorrência, assegurava-se o direito do trabalho e o salário justo,
proibindo as greves e promovendo a riqueza da Nação e, consequentemente, o poder do
Estado.
A política colonial
O Ato Colonial, promulgado em 1930, e integrado na constituição de 1933, afirmou a
missão histórica civilizadora dos portugueses nos territórios submarinos, considerando-os
possessões imperiais. Não há colónias, há Portugal além-mar.
As colónias desempenharam uma dupla função no Estado Novo. Foram um elemento
fundamental na política de nacionalismo económico (tornaram-se mercados de escoamento
dos produtos industriais metropolitanos e fornecedores de matérias-primas baratas) e um
meio de fomento do orgulho nacionalista (forma de propaganda já que dava a ideia de que
Portugal era um país que abrangia um vasto território pluricontinental, e que resultava da
história e do papel civilizador de Portugal no mundo).
*Foram submetidas aos interesses nacionais.
O Estado Novo esforçou-se para incutir no povo português uma mística imperial, que uma
série de congressos, conferências e exposições ajudaria a propagandear (exposição colonial
do Porto em 1934 e a exposição do mundo português em 1940).
45
- Portugal;
- os Estados Bálticos;
- Polónia;
- Grécia.
Na América Latina
- Brasil;
- Argentina;
- Chile;
Extremo Oriente
- Japão.
46
A França e a Grã-Bretanha inverteram a sua política externa de não interferirem nos
assuntos políticos dos restantes países, e proclamaram o seu apoio aos países ameaçados
pelo imperialismo Eixo nazi-fascista.
A 1 de setembro de 1939, a Alemanha invade a Polónia e, a 3 de setembro, a França e a
Inglaterra declaram guerra e a SDN dissolveu-se.
Quando o mundo emergiu da Segunda Guerra Mundial, era já clara a alteração de forças
nas relações internacionais. Antigas potências como a Alemanha e o Japão, que tinham
sonhado com grandes domínios territoriais, saíam da guerra vencidas e humilhadas. Outras,
como o Reino Unido e a França, embora vitoriosas, viam-se empobrecidas e dependentes da
ajuda externa. No quadro da ruína e desolação do pós-guerra, só duas potências se
agitavam: a URSS e os EUA.
47
● a divisão da Coreia em duas zonas de influência - o Norte, pela URSS, e o Sul pelos
EUA;
● a celebração de eleições livres nos estados subtraídos à ocupação nazi,
supervisionadas pelas potências vencedoras.
Conferência de Potsdam
A finais de julho do mesmo ano, reuniu-se em Potsdam uma nova conferência com o fim de
consolidar os alicerces da paz. Tinha como objetivo de ratificar e pormenorizar os aspectos
já acordados em Ialta:
48
Sob o impacto do holocausto e disposta a impedir, no futuro, as atrocidades cometidas
durante a 2ª Guerra Mundial, a ONU tomou uma feição profundamente humanista que foi
reforçada em 1948 com a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
49
1.1.4. A primeira vaga de descolonizações
A Carta Fundadora da ONU refere que todos os povos poderiam ser independentes se
assim o quisessem. Com a guerra, povos colonizados começaram a ver as injustiças da
dominação estrangeira.
A URSS e EUA apoiavam os povos que quisessem ser independentes porque:
→ URSS → Ao demonstrar que o modelo comunista era “perfeito”, o comunismo ganharia
adeptos e, deste modo, espalhava-se pelo mundo.
→ EUA → Já foram uma colónia e agora são independentes e bem-sucedidos e também
porque querem defender o seu sistema económico .
50
Para uma eficiente distribuição dos fundos do plano criou-se, em Paris, a OECE
(Organização Europeia de Cooperação Económica), que integrou os EUA e os 16 países que
aceitaram a ajuda americana.
para ajudar na reconstrução da Europa, que acabou por não ter o resultado esperado, uma
vez que a União Soviética tinha já muita influência sobre alguns países europeus, que se
viram obrigados a recusar a ajuda americana. Desta forma, a União Soviética criou o
COMECON, que fomentava a cooperação económica entre os países da Europa central.
A URSS começou a expansão da sua influência na Europa Ocidental, países que tiveram o
nome de democracias populares. Consistiam assim na oposição à democracia liberal, na
representação dos trabalhadores que controlavam o Estado, a economia e a cultura, através
do Partido Comunista. As democracias populares eram supervisionadas politicamente pelo
KOMINFORM, economicamente pelo COMECON e militarmente pelo Pacto de Varsóvia.
COMECON (Conselho de Ajuda Económica Mútua), instituição destinada a promover o
desenvolvimento integrado dos países comunistas, sob a égide da União Soviética. A OCDE e
a COMECON funcionaram como áreas económicas transnacionais, coesas e distintas uma da
outra; contribuíram para reforçar, pela via económica, a “cortina de ferro” entre o Ocidente
e a URSS.
O primeiro conflito: a questão alemã
Este clima de desentendimento e confrontação refletiu-se na gestão do território alemão
que, na sequência da Conferência de Potsdam, se encontrava dividido e ocupada pelas
quatro potências vencedoras. Em 1948-1949, a expansão do comunismo no 1º ano de paz
fez com que ingleses e americanos olhassem para Alemanha como um aliado imprescindível
à contenção do avanço soviético. Assim, os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a França
juntaram os seus territórios da Alemanha, formando a RFA, República Federal Alemã e a
União Soviética formou a RDA, República Democrática Alemã.
Este processo de divisão trouxe para o centro da discórdia a situação de Berlim, já que na
capital, situada na área soviética, continuavam estacionadas as forças militares das três
potências ocidentais. Stalin interpretou a política ocidental como um afrontamento e
acusou os antigos aliados de pretenderem criar um bastião do capitalismo. Em retaliação,
decretou o Bloqueio de Berlim. Numa tentativa de forçar a retirada dessas forças militares,
Stalin bloqueia aos três aliados todos os acessos terrestres à cidade. Perante a
impossibilidade dos países ocidentais se deslocarem por terra até Berlim, foi organizada
uma ponte aérea que fez chegar todo o género de produtos à população da zona ocidental
da capital.
A rivalidade destas 2 potências, dividiu o mundo em 2 blocos antagónicos: de um lado os
países capitalistas, liderados pelos EUA; do outro, as nações socialistas, sob a égide da URSS.
Impregnou-se um forte clima de tensão e desconfiança: foi o tempo da Guerra Fria.
A Guerra Fria
Guerra Fria - A expressão designa o clima de tensão e antagonismo entre o bloco soviétivo
e o bloco americano (1947-1985). Numa aceção mais restrita, a Guerra Fria corresponde à
primeira fase desse mesmo afrontamento (1947-1955). São características salientes da
Guerra Fria a corrida aos armamentos, com particular relevância para o nuclear, a
proliferação dos conflitos localizados e crises militares nas mais diversas zonas do Mundo,
bem como uma visão simplista e extremada do bloco contrário.
51
Tratou-se de uma guerra fria porque os contendores se abstiveram de recorrer
diretamente às armas nucleares, mas:
- utilizavam, um contra o outro, as mais refinadas e agressivas formas de propaganda
ideológica;
Recorriam a formas de propaganda ideológica, com vista a exaltar a sua superioridade e a
apresentar a visão extremada do adversário para instigar o medo e o ódio do opositor.
- intensificaram a corrida ao armamento, cada vez mais sofisticado, que incluía armas
atómicas e que exibiam ostensivamente;
O antagonismo entre os dois blocos abrangia também o campo militar, através de
exibições e desfiles das forças militares e na formação de alianças militares defensivas.
52
● apresenta a divisão do mundo em dois campos políticos opostos entre as duas
principais potências;
● considera os EUA a principal força dirigente do campo imperialista juntamente com a
Inglaterra e a França;
● acusa o campo imperialista de ser apoiado pelos Estados coloniais, e por países com
regimes reacionários e antidemocráticos, como a Turquia e a Grécia e por países
dependentes dos EUA, como o Oriente, a América do Sul e a China;
● identifica as forças anti-imperialistas e antifascistas que formam o outro campo
liderado pela URSS;
● defende que o campo anti-imperialista tem uma dimensão ampla e internacional;
● assume que deve haver resistência ao imperialismo dos EUA pelos partidos
comunistas a quem cabe o papel de resistirem ao plano americano de escravidão da
Europa, apelando à defesa da soberania nacional, da liberdade e de independência
dos países.
Era o início da Guerra Fria que até meados da década de 80 marcou a consolidação de um
mundo bipolar- mundo capitalista e mundo comunista.
Em termos político-militares, os EUA criaram várias alianças com todos os continentes com
o objetivo de evitar a expansão do comunismo para o ocidente e reforçar a presença
americana na Europa. Nestes territórios, eram colocadas bases militares com o objetivo de
intervir prontamente em potenciais conflitos que pudessem pôr em causa a hegemonia
destas regiões.
53
❖ Organização dos Estados Americanos (OEA);
❖ Pacto do Rio, EUA e América Latina;
❖ Organização do Tratado Central (CENTO);
❖ CENTO (1954), EUA e Médio Oriente;
❖ ANZUS (Pacto do Pacífico com a Austrália e a Nova Zelândia);
❖ Pacto do Atlântico, que deu origem à Organização do Tratado do Atlântico Norte
(NATO);
❖ Organização do Tratado da Ásia do Sudeste (OTASE).
Social Democracia - Corrente do socialismo que teve origem nas concepções defendidas
por Eduard Bernstein, na II Internacional (1899). A social-democracia rejeita a
revolucionária proposta por Marx, opondo-lhe a participação no jogo democrático, como
forma de atingir o poder, e a implementação de reformas socializantes, como meio de
melhorar as condições de vida das classes trabalhadoras.
54
Por toda a Europa, destacam-se nomes como Olof Palme (Suécia), Willy Brandt (Alemanha)
e Clement Attlee (Inglaterra).
A democracia cristã foi inspirada pela doutrina social da igreja e tem como objetivo
garantir o desenvolvimento económico e o bem-estar social baseando-se nos princípios do
cristianismo (liberdade, justiça e solidariedade), defende assim:
- concilia o espírito laico da democracia com os valores do cristianismo;
- o Estado tem de defender os princípios de justiça, de liberdade, de entreajuda e de
valorização dos humanos, condenando assim os excessos do liberalismo capitalista;
- pluralismo democrático.
os impostos aumentam, o que possibilitou o aumento das receitas e, assim, assegurar uma
redistribuição mais justa da riqueza nacional, sob forma de auxílios sociais.
↓
Estado-Providência
A afirmação de um Estado-Providência
Após a guerra, os países capitalistas desenvolvem as concepções keynesianas e assumem
uma clara intervenção na resolução das dificuldades económicas. Para o efeito, o Estado
afirma-se como elemento equilibrador e organizador da economia e promotor da justiça
social.
Neste caso, o Estado passou a funcionar como elemento equilibrador:
- financiou obras públicas;
- definiu os salários;
- nacionalização dos setores vitais da economia, como o setor energético, o setor
siderúrgico e metalomecânico, o setor financeiro, os transportes;
- estabeleceu horários de trabalho;
- controlou a produção.
- intervenção mais no ensino;
- supervisionou as taxas de juro.
55
- acautelar as situações de: desemprego, doença, invalidez por acidente, velhice,
mediante a atribuição de ajudas financeiras sob a forma de subsídios;
- garantir serviços públicos de educação, saúde e habitação;
- promover uma melhor qualidade de vida das famílias através da atribuição de um
vasto leque de outras ajudas financeiras em determinados actos da vida civil, como
nascimento de filhos, abonos de família, casamento e óbito, mesmo instituindo um
salário mínimo de sobrevivência para os mais carenciados.
A prosperidade económica
O mundo capitalista conheceu um período de grande prosperidade económica entre 1947
a 1970, os designados Trinta Gloriosos. Tratou-se de um tempo de crescimento acelerado da
economia com origem nos EUA e que se estendeu aos restantes países do bloco capitalista.
Este crescimento económico deveu-se:
- intervenção do Estado na promoção da qualidade de vida da população, que se
traduziu no aumento do poder de compra da população;
- o surto demográfico baby-boom que aumentou significativamente o mercado
consumidor e levou ao rejuvenescimento da população;
(o aumento dos consumidores ⟶ aumento da indústria e das multinacionais, que
comercializavam os seus produtos em todo o mundo ⟶ devido à maior liberdade de
comércio proporcionada pela diminuição das barreiras alfandegárias).
- a liberalização das trocas comerciais;
- a diminuição das taxas alfandegárias e de outros entraves à circulação de
mercadorias;
↳ o que proporcionou a internacionalização das trocas de produtos (aumento das
exportações), o aumento das trocas entre o Ocidente e os países exportadores de
matérias- primas, permitiu o desenvolvimento dos países mais pobres e acentuou a
dicotomia Norte-Sul.
- Plano Marshall, FMI, a criação do GATT, os acordos de Bretton Woods e a criação
da CEE (1957 – reforço da cooperação económica dos países europeus), que
consolidaram as relações dos vários países;
56
trabalhos que exigem menos qualificação profissional passaram a ser exercidos por
imigrantes;
- A disponibilidade de capitais que eram investidos na modernização e construção de
infraestruturas (escolas, hospitais, fábricas, caminhos de ferro, entre outros). O
crescimento do consumo deveu-se ao aumento dos salários e ao estímulo da
produção;
- Aumento da concentração industrial e do número de multinacionais: estas
empresas financiam o desenvolvimento tecnológico, a investigação científica e estão
presentes em todos os setores económicos;
- Afirmação de uma sociedade de consumo.
A sociedade de consumo
O maior resultado dos Trinta Gloriosos foi a sociedade de consumo, caracterizada pelo
enorme aumento de consumo de bens essenciais e de bens supérfluos, o que foi conseguido
com a estabilidade dos empregos, com a produção de produtos a preços acessíveis e com os
salários razoáveis. Assim, o aumento do poder de compra promoveu o conforto material e
melhorou o estilo de vida dos cidadãos, que passaram a usufruir de novos eletrodomésticos,
veículos e férias, sendo assim incentivados através de publicidades de recurso ao crédito, a
comprar produtos mesmo para sendo eles inúteis.
O expansionismo soviético
Mecanismos de domínio
Grande consequência da intervenção americana nas economias da Europa ocidental
↓
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Confirmação do ambiente de Guerra Fria pela intensificação da influência soviética nos
países de Leste:
● Influência Política
- COMINFORM, organização internacional dos partidos comunistas dos vários
países do bloco socialista, sob coordenação do Partido Comunista da URSS,
fundada em 1947.
● Influência Económica
- COMECON (1949), conselho de assistência económica mútua através do qual
se estabelece a coordenação dos planos económicos dos países membros e a
ajuda financeira da URSS aos seus aliados; reacção soviética à organização
económica do Oriente (OECE).
● Influência Militar
- Pacto de Varsóvia, organização militar que integrava a URSS e os seus Estados
satélites; é uma resposta à formação da NATO.
58
➔ perdem influência;
➔ remetem-se à inoperância política com o silêncio ou a fuga dos seus dirigentes;
- por fim, o poder tornou-se propriedade exclusiva das classes trabalhadoras, cuja
vanguarda era constituída pelos partidos comunistas, é o centralismo democrático
na plenitude do seu exercício.
O exercício do poder totalitário nestes países contava com o “apoio” do Exército Vermelho,
que passou a ser constituído como força militar integrante do Pacto de Varsóvia.
A URSS expandiu também a sua influência para a Ásia, nomeadamente para a China e para
a Coreia. Na China formou-se a República Popular da China, ficando apoiada no modelo
soviético, em que adotou os planos quinquenais, de forma a desenvolver a indústria, e os
planos de coletivização da agricultura.
A Coreia após a guerra foi libertada pela URSS e pelos EUA, ficando dividida em duas áreas,
a República Popular da Coreia (URSS) e a República Democrática da Coreia (EUA).
59
quem vai apoiar as propostas marxistas de organização do poder de muitos países africanos,
após a sua independência, como aconteceu em Angola e Moçambique.
Opções e realizações da economia de direcção central:
❖ A acção de Stalin
Para reverter a situação, Estaline retoma o modelo de economia planificada, isto é, o IV e V
Plano Quinquenal, dando prioridade à reestruturação da indústria pesada e das
infraestruturas, à investigação científica e ao desenvolvimento dos meios de comunicação.
➔ IV Plano, lançado imediatamente a seguir à guerra e vigora até 1950.
- privilegia o desenvolvimento da indústria pesada;
- relançamento dos sectores hidroeléctrico e siderúrgico;
- grande importância à investigação científica, para a produção de armamento
e conquista do espaço interplanetário.
➔ V Plano, 1950-1955 .
- mantém as preocupações em dotar a URSS de um poderoso sector industrial
de base;
- desenvolvimento dos meios de comunicação.
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Devido às consequências registadas, implementaram-se algumas reformas, em que se
investiu nas indústrias, na agricultura e na habitação, reduziu-se as horas de trabalho e
incentivou-se a produtividade.
Os bloqueios económicos
Passando o primeiro impulso industrializador, as economias planificadas começam a
mostrar, de forma mais evidente, as suas debilidades:
● a planificação excessiva entorpece as empresas, que não gozam de autonomia na
selecção das produções, do equipamento e dos trabalhadores, na fixação de salários
e preços, ou na escolha de fornecedores e clientes;
● uma gestão burocrática limita-se a procurar cumprir as quantidades previstas no
plano, sem atender à qualidade dos produtos ou ao potencial de rentabilidade dos
equipamentos e da numerosíssima mão-de-obra;
● nas unidades agrícolas, a falta de investimento, a má organização e o desalento dos
camponeses reflectem-se de forma severa na produtividade.
❖ A acção de Kruchtchev
Contestou a rigidez e os excessos da centralização estalinista e assumiu como prioridade o
aumento da produção de bens de consumo, industriais e agrícolas, desvalorizando a
indústria pesada.
Põe em prática uma economia dirigida mas sujeita a planos anualmente ajustáveis
prolongados por sete anos.
❖ A política de Brejnev
Regressa aos excessos do centralismo e à prioridade à indústria militar em tempo de
agravamento das tensões Leste-Oeste.
Tenta a exploração de recursos naturais, porém os tempos são de grandes dificuldades
financeiras e os custos do processo inviabilizam a sua implementação. Confirma-se o tempo
da burocracia e do aumento incontrolado da corrupção.
A estagnação das economias de direcção central reflecte, sobretudo, as falhas do sistema,
que se foram agravando ao longo das décadas.
61
Depois disto, segue-se a construção de todo o tipo de armamento cada vez mais
destrutivo. As relações internacionais passam a ser condicionadas pelo terror nuclear.
No entanto, os dois blocos tinham consciência que ninguém sairia vencedor de uma guerra
nuclear. E assim, o poder nuclear acabou por ser a grande força dissuasora de um novo
conflito mundial que, esteve iminente por várias vezes.
62
A partir da segunda metade dos anos 50, o Japão viveu um autêntico milagre económico,
patente:
- estabilidade política, assegurada pelo Partido Liberal-Democrata no poder desde
1955.
63
Maoísmo - Forma particular de marxismo aplicada na China por Mao Tsé-Tung. O
maoísmo defende a viabilidade de uma revolução comunista liderada pelos camponeses,
sem o concurso do proletariado. Segundo Mao, uma revolução profunda e autêntica
implica um processo longo durante o qual as mudanças revolucionárias devem emanar
das massas e nunca ser impostas pelas estruturas governativas.
64
económica da Europa ocidental visa mesmo fazer frente à hegemonia dos Estados Unidos e
ao fulgurante crescimento das economias asiáticas.
Da CECA à CEE
Por proposta de Jean Monnet, concretiza-se a doutrina de Schuman, que preconizava a
cooperação da França e da Alemanha na produção de carvão e de aço. Com a adesão
também da Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo, é criada a Comunidade Europeia do
Carvão e do Aço - CECA, com objectivos:
- de organizarem em comum a gestão dos recursos de carvão e ferro;
- contribuir para a elevação do nível de vida dos habitantes dos estados-membros.
A Europa dos Seis acabou por se abrir à integração de novos países. Em 1973 aderem o
Reino Unido, a Irlanda e a Dinamarca. A Europa económica passa a ser conhecida como a
Europa dos Nove. A CEE tornar-se-á mais sólida com a integração de 18 novos países e com
a adopção de políticas tendentes a consolidar a união económica e a constituir uma união
política.
A descolonização africana
O processo de descolonização em África seguiu o sentido norte-sul: primeiramente
tornaram-se independentes os países do norte de África e, progressivamente, os países da
África Negra foram reclamando autonomia, onde se organizam também movimentos
nacionalistas que encabeçam a luta contra o estado colonizador.
Com o fim de criarem um sentimento de identidade nacional e de fazerem reviver o
orgulho perdido, os líderes nacionalistas promovem a revalorização das raízes ancestrais do
seu povo, a sua cultura comum.
65
A luta pela independência assume, assim, a dupla vertente de uma luta política e de uma
luta contra a pobreza e o atraso económico. O processo independentista contou com o
apoio da ONU, que, honrando os ideais de igualdade e justiça, se colocou inequivocamente
ao lado dos povos dominados.
Em 1960, a Assembleia Geral aprovou a Resolução de 1514 que consagra o direito à
autodeterminação dos territórios sob administração estrangeira e condena qualquer ação
armada das metrópoles.
* 1960: “o ano da descolonização”, o mundo viu nascer 18 novos países (Líbia, Marrocos,
Argélia, Tunísia, etc.)
Um Terceiro Mundo
A política de não-alinhamento
Para além da sua aceção económica, social, a expressão do Terceiro Mundo reveste
também uma conotação política: os novos países representam a possibilidade de uma
terceira via, uma alternativa relativamente aos blocos capitalista e comunista.
Cientes dos seus interesses comuns, os países saídos da descolonização esforçaram-se para
estreitar os laços que os unem e por marcar uma posição na política internacional. Em 1955
66
convoca-se uma conferência para definir as linhas gerais de atuação dos países recém-
formados. A conferência, em Bandung, na Indonésia, reuniu 29 delegações afro-asiáticas.
Foi possível adoptar um conjunto de princípios que definem as posições políticas do
Terceiro Mundo:
- condenação do colonialismo;
- rejeição da política dos blocos;
- apelo à resolução pacífica dos diferendos internacionais.
Embora não tenha tomado medidas práticas, a conferência de Bandung teve um efeito
notável no processo de descolonização. Ela foi o ponto de partida para a afirmação política
dos povos do Terceiro Mundo que, desde então, estreitaram relações diplomáticas e
conjugaram os seus esforços para apressar o fim do colonialismo.
A mensagem da Bandung foi tomando corpo através de sucessivos encontros
internacionais que desembocaram no Movimento dos Não-Alinhados, criado oficialmente
na conferência de Belgrado, empenhando-se no estabelecimento de uma via política
alternativa à bipolarização mundial.
O não-alinhamento atraiu um número crescente de países da Ásia, da África e da América e
tornou-se o símbolo do sonho de independência e de liberdade das nações mais frágeis.
Os factores da crise
A interrupção do crescimento económico nos anos 70 deveu-se, sobretudo, à conjugação
de dois fatores: a crise energética e a instabilidade monetária.
No final da década de 60, o petróleo era a fonte de energia básica de que dependiam os
países industrializados.
Em 1973, os países do Médio Oriente, membros da OPEP (Organização dos Países
Exportadores de Petróleo) decidiram subir o preço de venda do petróleo para o quádruplo,
numa tentativa de pressionar o Ocidente a desistir de auxiliar Israel na guerra israelo-
palestiniana.
Em 1979, a situação agravar-se-á com novas subidas de preço devido à crise política no Irão
e à posterior guerra Irão-Iraque.
Estes “choques petrolíferos” que multiplicaram por 12 o preço do petróleo provocaram um
acentuado aumento dos custos de produção dos artigos industriais e, consequentemente, o
encarecimento dos artigos junto do consumidor, gerando uma escalada da inflação.
Um outro fator determinante desta depressão económica foi a instabilidade monetária. A
excessiva quantidade de moeda posta em circulação pelos Estados Unidos levou o
presidente Nixon a suspender a convertibilidade do dólar em ouro, o que desregulou o
sistema monetário internacional → desregulamentação do sistema financeiro internacional,
forte desvalorização das moedas dos países mais afetados).
67
- modelo de organização racional do trabalho
↳ revelou-se incapaz de aumentar a sua produtividade
↘ o sistema fordista conduziu à desmotivação dos operários e a um
elevado absentismo que, conjugados com o aumento dos encargos sociais e salariais,
diminuiu fortemente os ganhos dos empresários.
A baixa produtividade estava relacionada com as assimetrias entre o Norte e Sul do país .
No Norte havia, na grande maioria, minifúndios, que como eram tão pequenos não
permitiam a mecanização e serviam apenas para o autoconsumo. Por outro lado, no Sul
havia, na grande maioria, latifúndios, que estavam subaproveitados por falta de interesse
dos proprietários.
Outro fator para a baixa produtividade estava relacionado com a estrutura fundiária
precária, que teve necessariamente de ser mudada através do II Plano de reformas que
persistia na exploração agrícola média:
Norte → Propriedades mais vastas → Emparcelamento de pequenas propriedades e
vendidas a jovens empreendedores, dispostos a investir em novas técnicas e produtos
agrícolas de que o país necessitava.
Sul → Tenta-se estimular a constituição de propriedades mais pequenas.
68
Para além disso, investiu-se mais na indústria e, consequentemente, verificou-se um grande
êxodo rural, como forma de procura de melhores condições de vida, o que levou ao défice
agrícola e à continuação da necessidade de importar.
Esta modernização não contou, no entanto, com o apoio dos proprietários que, no Norte,
preferiram continuar agarrados ao bocado que herdaram e que garantia a sua subsistência
e, no Sul, preferiram continuar a viver à custa da perpetuação dos baixos salários e dos
subsídios e outros apoios subaproveitados do Estado, sem perceberam as mudanças
operadas no consumo resultantes do aumento do poder de compra da população urbana.
As formas de emigração:
Os emigrantes eram, na sua maioria, homens, principalmente jovens entre os 18-29 anos,
dispostos a aceitar qualquer tipo de trabalho que proporcionasse um rendimento inatingível
na ocupação que tinham nas suas terras.
Perante os obstáculos que, ao início eram colocados à emigração para a Europa, a maior
parte da emigração era feita clandestinamente, com grandes benefícios materiais para os
“passadores” muitas vezes desprovidos de escrúpulos, que conduziam grupos de emigrantes
por roteiros fronteiriços mediante o pagamento de avultadas importâncias. A legislação
portuguesa impunha entraves, uma vez que era necessário um certificado de habilitações
mínimas e ter o serviço militar cumprido.
Com efeito, eram enormes as dificuldades para quem partia nestas condições:
- o elevado custo da passagem, em muitos casos, a detenção da PIDE ou pelas forças
de segurança e, sobretudo;
- ausência de protecção civil com que chegavam aos locais de destino.
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A solução era o alojamento em barracas, de familiares. Porém, o Estado interveio pelos
interesses dos emigrantes portugueses, pois apercebeu-se dos benefícios económicos e
financeiros que poderia usufruir. Realizou então acordos com os países de acolhimento que
permitiram a transferência dos rendimentos dos emigrantes para Portugal, beneficiando
assim o equilíbrio financeiro e o aumento do consumo.
Consequências negativas da emigração:
70
O surto industrial
A política de autarcia do Estado Novo não alcançou o seu objetivo: Portugal continuou
dependente do estrangeiro e sem capacidade de abastecer as suas próprias necessidades.
A partir de 1945, foram implementados Planos de Fomento com o objetivo de
industrializar Portugal, aumentar as exportações, dinamizar o mercado interno e diminuir
o desemprego.
Esta primeira fase, através da Lei do Fomento e Reorganização Industrial (1945), considerou
que o principal objetivo era a substituição das importações, ou seja, Portugal continuava,
ainda no pós-guerra, a adotar um ideal de autarcia que o colocava à margem da economia
internacional.
71
● o aumento das exportações de produtos nacionais;
● a consolidação de grandes grupos económico-financeiros.
O Estado procedeu:
- primeiro, à criação de infra-estruturas: caminhos-de-ferro, estradas, pontes,
aeroportos, portos, centrais hidroeléctricas.
- desenvolveram-se os sectores agrícolas (sisal, açúcar e café em Angola; oleaginosas,
algodão e açúcar em Moçambique) e extrativos (diamantes, petróleo e minério de
ferro, em Angola), virados para o mercado externo.
72
O imobilismo político do pós-guerra a 1974
Em 1945 estavam reunidas as condições políticas para, também em Portugal, Salazar
enveredar pela reclamada democratização do país. Demonstra a sua preocupação em
renovar a imagem do regime. Para isso criou, estas medidas (entre outras):
- concedeu amnistia a alguns presos políticos;
- renovou a polícia política (PVDE »» PIDE);
- antecipou a revisão constitucional para introduzir o sistema de eleições dos
deputados por círculos eleitorais, em vez de um círculo nacional único;
- liberdade de imprensa;
- dissolveu a Assembleia Nacional e convocou novas eleições;
- convidou a oposição para participar nas eleições que anunciou “tão livres como as da
livre Inglaterra”.
Enfim, o anúncio do carácter democrático das eleições era apenas para dar cumprimento à
letra da Constituição e para iludir a opinião pública internacional. Na realidade, a abertura
política anunciada por Salazar contribuiu para que os opositores ao regime se dessem a
conhecer, o que lhes valeu a intensificação das perseguições, prisão, despedimentos dos
seus empregos, exílio, etc. A feição autoritária e conservadora e autoritária do regime dava
sinais de permanecer, evidenciando o imobilismo político de Salazar, que contava com
alguns apoios internacionais. Com efeito, o carácter anticomunista do Estado Novo até
agradava às democracias ocidentais.
Vivia-se o ambiente de Guerra Fria e, por isso, os EUA e a Inglaterra chegaram mesmo a
apoiar-nos, como o demonstra a aceitação de Portugal como país fundador da NATO (1949)
e como membro da ONU (1955).
2.1.2 A radicalização das oposições e o sobressalto político de 1958
73
visibilidade, sobretudo nas épocas eleitorais, em que lhes é permitido que atuem
legalmente, embora com inúmeras restrições.
A 8 de outubro de 1945, surge um movimento oposicionista, o MDU (Movimento de
Unidade Democrática).Para garantir a legitimidade no acto eleitoral, o MUD formula
algumas exigências, que considera fundamentais:
- o adiamento das eleições por 6 meses (a fim de se instituírem partidos políticos);
- a reformulação dos cadernos eleitorais;
- liberdade de opinião, reunião e de informação.
As esperanças fracassaram. Nenhuma das reivindicações do Movimento foi satisfeita e este
desistiu por considerar que o acto eleitoral não passaria de uma farsa. A apreensão das
listas pela PIDE permitiu perseguir a oposição democrática. Em 1949 o nosso país tornou-se
membro fundador da NATO, o que equivalia a uma aceitação clara do regime pelos
parceiros desta organização.
Um momento de grande contestação do regime acontece em 1949, ano das eleições do
Presidente da República. A oposição apresentou o candidato Norton de Matos, um general
que conseguiu reunir as tendências oposicionistas. No entanto, face à intensa repressão e à
inevitabilidade de uma derrota, Norton de Matos desistiu do processo eleitoral. Todavia, a
candidatura do general entusiasmou a opinião pública e esta foi bastante importante para
abrir o caminho ao grande sobressalto do regime.
Este movimento denunciou os abusos do regime e reclama eleições verdadeiramente
justas e, em consequência do seu sucesso, formou-se no país uma oposição democrática
que, até 1974, não iria dar tréguas ao regime.
74
- O assalto ao Santa Maria. Em janeiro de 1961, em pleno mar das Caraíbas, o navio
português Santa Maria é assaltado e ocupado por Henrique Galvão, como forma de
protesto contra a falta de liberdades cívicas e políticas em Portugal. Este ato foi visto
a nível internacional como um protesto legítimo, apesar do Governo português o ter
tentado rotular como um ato de pirataria. Henrique Galvão foi entregue à armada
americana que o conduziu ao exílio no Brasil.
- O desvio de um avião da TAP. Em 1961, um grupo de Oposicionistas liderado por
Palma Inácio, assalta um avião da TAP e inunda Lisboa de propaganda antifascista.
Palma Inácio conseguiu escapar e exilou-se em Marrocos.
- O assalto à dependência do Banco de Portugal, levado a cabo por Palma Inácio em
1967 com o objetivo de angariar fundos para posteriores ações de revolta. Esta
operação foi a que mais feriu o orgulho de Salazar, visto que todos os pedidos
solicitados ao estrangeiro foram recusados porque esta operação tinha um carácter
político.
A tomada da cidade de Covilhã liderada por Palmo Inácio foi um fracasso e levou-o à
prisão, no entanto, outras ações violentas levadas a cabo por opositores fizeram tremer
permanentemente o regime e conduziram-no ao seu fim.
Soluções preconizadas
A adaptação aos novos tempos processou-se em duas vertentes, uma ideológica e outra
jurídica:
Vertente ideológica
Na década de 30, Gilberto Freire, apresentou a teoria do lusotropicalismo, segundo a qual
era confirmada a ideia, já presente no Ato Colonial de 1930, de que a presença portuguesa
em África se revestia de características particulares e não podia ser considerada uma
presença colonial. Os portugueses haviam demonstrado uma surpreendente capacidade de
adaptação à vida nas regiões tropicais, onde, por ausência de convicções racistas, se tinham
entregado à fusão de culturas, retirando-lhe o carácter opressivo que assumiam outras
nações. A estas características acrescenta-se o papel histórico de Portugal como estado
evangelizador.
Vertente jurídica
Em 1951, revoga-se o Ato Colonial e inseriu-se o estatuto dos territórios na Constituição.
Desta forma, Portugal deixou, legalmente, de ter colónias e passou a ter Províncias
Ultramarinas, que ganharam equivalência jurídica a qualquer território continental. Portugal
apresentava-se então como um Estado pluricontinental e multirracial
75
● Tese integracionista: Política que defendia a integração plena das Províncias
Ultramarinas.
● Tese federalista: Defendida não só pela oposição ao regime, mas também por altos
quadros da hierarquia militar e por alguns membros do Governo, esta política
considerava não ser possível, prevendo as dificuldades económicas e humanas,
manter uma guerra. Os defensores desta tese chegaram a propor a destituição de
Salazar.
A luta armada
A recusa do governo português de aceitar a possibilidade de autonomia das colónias
africanas fez extremar as posições de libertação que se formaram em África:
● Em Angola, em 1955, surge a UPA (União das Populações de Angola), liderada por
Holden Roberto que, sete anos mais tarde, se transforma na FNLA (Frente Nacional
de Libertação de Angola); o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola)
dirigido por Agostinho Neto, em 1956; e a UNITA (União para a Independência Total
de Angola) que surgiu com Jonas Savimbi, em 1966.
● Em Moçambique, em 1962, surge a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique),
criada por Eduardo Mondlane.
● Na Guiné, em 1956, foi criado o PAIGC (Partido para a Independência da Guiné e
Cabo Verde), fundado por Amílcar Cabral.
76
colonial apenas iria favorecer os interesses soviéticos, visto que afastava os estados
africanos de Portugal e, consequentemente, da NATO. Deste modo, os EUA não só
financiaram alguns grupos nacionalistas, como propuseram sucessivos planos de
descolonização procurando vencer as resistências de Salazar. De forma a conseguir
sustentar a sua posição colonial, Portugal permitiu a utilização das bases das Lajes, nos
Açores, vital para os Americanos durante a Guerra Fria.
A intensificação da hostilidade internacional, incluindo a da administração americana, da
generalidade dos membros da NATO e mesmo Espanha que deixou de votar ao lado de
Portugal na ONU, o país estava cada vez mais isolado das diversas instituições
internacionais.
77
Foi durante a primavera marcelista, num ambiente de relativa abertura política que
ocorreram as eleições legislativas de 26 de outubro de 1969. Pela primeira vez concorreram
a Comissão Eleitoral de Unidade Democrática (CEUD) e a Comissão Eleitoral Monárquica
(CEM), para além da União Nacional.
Durante a campanha eleitoral, a oposição beneficiou de uma maior liberdade de ação e de
expressão, teve acesso aos cadernos eleitorais e à fiscalização das mesas de voto.
Apesar de ter sido um ato eleitoral mais livre, não deixou de ocorrer fraude eleitoral. Estas
eleições acabaram com a vitória da União Nacional, cujas listas incluíram, pela primeira vez,
elementos mais liberais como Francisco Sá Carneiro, José Pedro Pinto Leite, João Bosco
Mota Amaral e Francisco Pinto Balsemão (a Ala Liberal).
Foi interrompida a via liberalizadora e reformista que culminou com o abandono dos
deputados da AlaLiberal da Assembleia Nacional e com a reeleição, em 1971, de Américo
Thomaz.
Marcello Caetano acabou por se aliar aos setores mais conservadores e a mudança que se
esperava com a primavera marcelista não se verificou. A política marcelista recuou na
abertura (política, económica e social) que tinha encetado em 1968. A transição para a
democracia ainda não era possível.
78
estatuto de “Estados honoríficos”, pouco ou nada mudava para os movimentos
independentistas.
Assim, a guerra continuava à medida que o isolamento internacional de Portugal se
acentuava:
- em 1970, o Papa Paulo VI recebeu líderes de movimentos independentistas,
provocando uma humilhação para Portugal;
- as manifestações de protesto que envolveram a visita de Marcello Caetano a
Londres, em 1973, em consequência do conhecimento dos massacres portugueses a
Moçambique;
- declaração unilateral da independência da Guiné- Bissau, em 1973, e o seu
reconhecimento pela Assembleia-geral da ONU.
79
Devido à situação de isolamento internacional vivida por Portugal relativamente à política
colonial e também devido à insatisfação da população face à ditadura instalada e face ao
custo de vida elevado, surgiu em 1973 o Movimento de Capitães.
O Movimento dos Capitães, nasceu em julho de 1973, como forma de protesto contra a
integração na carreira militar de oficiais milicianos ao quadro permanente do exército.
A única falha no plano previsto foi a neutralização dos comandos do regime de Cavalaria 7
de Lisboa que não aderiram ao golpe e que apresentaram resistência, defendendo o regime.
Salgueiro Maia, um jovem destacado da Escola Prática de Cavalaria de Santarém, não
autorizou os seus homens a abrir fogo contra o regime de Cavalaria 7 e, corajosamente,
falou com o inimigo. Coube também a Salgueiro Maia dirigir o cerco ao Quartel do Carmo,
onde se tinham refugiado alguns membros do Governo. A resistência ao quartel terminou
18 horas depois, quando Marcello Caetano se rendeu, dignamente, ao general Spínola,
entregando-lhe o poder. Terminou a operação “Fim Regime”.
Entretanto, já o golpe militar era aclamado nas ruas pela população portuguesa, cansada da
guerra e da ditadura. A multidão acorrera às ruas em apoio aos militares a quem distribuía
cravos vermelhos. Só a polícia política é que resistia, mas render-se-ia na manhã seguinte,
80
sem antes disparar sobre a população, provocando os únicos quatro mortos da Revolução
dos Cravos.
A facilidade com que o regime autoritário caiu às mãos do seu próprio exército é a prova
evidente do isolamento em que tinha mergulhado a vida política portuguesa.
81
- todos os governadores civis, no continente, governadores dos distritos autónomos,
nas ilhas adjacentes, e governadores-gerais, nas províncias ultramarinas são
destituídos;
- extinção das principais estruturas repressivas da ditadura e a prisão de grande parte
dos seus membros;
→ Censura
→ PIDE
→ Legião Portuguesa
→Acção Nacional Popular
- extinção de todas as organizações políticas de propaganda e de arregimentação do
regime;
- presos políticos amnistiados e libertados e os exilados regressaram ao país;
- formação de novos partidos políticos e de sindicatos livres;
- procedeu-se à nomeação de um Governo Provisório que integrava personalidades
representativas das várias correntes políticas;
- preparou-se eleições livres para eleger uma Assembleia Constituinte que iria redigir
uma nova Constituição;
- a 15 de Maio o general Spínola foi nomeado PR e Adelino Carlos convidado para
presidir à formação do I Governo Provisório.
O “período Spínola”
Nos meses que se seguiram à queda da ditadura, foi complicado organizar a sociedade,
tendo passado o país por confrontos políticos e sociais. O I Governo Provisório e o
Presidente Spínola não reuniam condições para controlar as imposições que se faziam ouvir
de uma população que queria alcançar a liberdade e igualdade social que há muito não
tinham, o que resultou na demissão do Governo.
O II Governo Provisório teve como primeiro-ministro Vasco Gonçalves, onde se registou
uma tendência revolucionária de esquerda, aproveitada por estudantes e por trabalhadores
para imporem processos sumários de saneamento de docentes e de empresários ou
gestores identificados com o antigo regime, de ocupações de instalações laborais, fábricas,
de campos agrícolas de residências devolutas. Cresciam por todo o país organizações com
forte poder reivindicativo e que se iam assumindo com força para imporem ao poder
público a resolução dos seus problemas. Eram manifestações de poder popular que
emergiam em Portugal.
Entretanto, foi então criado o COPCON - comando operacional do continente, sob
liderança de Otelo Saraiva de Carvalho, que fará deste órgão de poder militar e político
(forte apoio do partido comunista)um elemento essencial de ligação entre o MFA e as
movimentações populares, tendo, com o decorrer dos acontecimento, evoluído para o
apoio a uma construção de formas de poder popular.
82
Entretanto, agravam-se as divergências entre o PR (Spínola) e o Movimento das Forças
Armadas sobre os rumos a tomar no processo da descolonização e sobre a evolução política
do país. Spínola apoia o lado conservador mas, no entanto, o MFA apoia o esquerdismo
revolucionário, cada vez mais influente no exercício do poder, em prejuízo da autoridade do
Presidente da República.
Neste contexto, Spínola ao perder a influência que tinha, demite-se e Costa Gomes é
indicado para Presidente da República. Mais tarde, Spínola tenta um golpe militar, porém
não é bem-sucedido e tem de fugir para Espanha, triunfando assim as forças revolucionárias
de esquerda.
Poder Popular - Poder direto do povo, que toma em mãos a resolução dos seus
problemas e a gestão dos meios de produção. Exerce-se, normalmente, através de
conselhos ou comissões eleitas localmente. O poder popular é um conceito revolucionário
ligado à ideologia marxista.
83
Estas eleições, as primeiras em que funcionou o sufrágio verdadeiramente universal,
realizaram-se no dia 25 de Abril de 1975, marcando a vida cívica e política portuguesa.
Tanto a campanha como o acto eleitoral decorreram dentro das normas de respeito e de
pluralidade democrática.
Deu-se a vitória do Partido Socialista, seguido do Partido Popular Democrático, nas eleições
para a Assembleia Constituinte. Todavia, a predominância política continua a ser detida pelo
Partido Comunista através da sua ligação ao sector mais radical do MFA e a alguns membros
do Conselho da Revolução, que se iam constituindo como verdadeiros detentores do poder.
Como forma de protesto, PS e PPD abandonam o Governo e passam a afirmar-se como
forte oposição aos governos de Vasco Gonçalves tendo em vista o regresso ao programa
inicial do MFA. Neste Verão de 1975 (conhecido como “Verão Quente”), a oposição entre as
forças políticas atinge o rubro, expressando-se em gigantescas manifestações de rua,
assaltos a sedes partidárias e pela multiplicação de organizações armadas revolucionárias de
direita e de esquerda. Foi um tempo que esteve iminente o confronto entre os partidos
conservadores e os partidos de esquerda.
Política económica antimonopolista e intervenção do Estado no domínio económico-
financeiro:
O “Processo Revolucionário em Curso”
PREC → vaga de atividades revolucionárias levadas a cabo pela esquerda radical com vista
à conquista do poder e ao reforço da transição para o socialismo marxista.
Aonde de agitação social que se desencadeou após o 25 de Abril foi acompanhada de um
conjunto de medidas que alargou a intervenção do Estado na esfera económica e financeira.
Estas medidas tiveram como objectivo a destruição dos grandes grupos económicos,
considerados monopolistas, a apropriação, pelo Estado, dos sectores-chave da economia e o
reforço dos direitos dos trabalhadores. A intervenção do Estado em matéria económico-
financeira encontrava-se já prevista no Programa do I Governo Provisório, que referia a
nacionalização.
Foi nesta altura que assistiu-se à intervenção do Estado na eliminação dos privilégios
monopolistas do débil sector capitalista português, em consequência das medidas
socializantes adoptadas pelos sucessivos governos de Vasco Gonçalves, como:
84
Reforma Agrária - Processo de coletivização dos latifúndios do Sul, que decorreu entre
1975 e 1977. São traços característicos da reforma agrária a ocupação de terras pelos
trabalhadores, a sua expropriação e nacionalização pelo Estado e a constituição de
Unidades Coletivas de Produção (UCP),
85
↳ através da realização de eleições livres e universais que dão a liberdade dos
cidadãos escolherem os seus representantes para as várias instituições do poder
Assim, a Constituição de 1976 ao conseguir conciliar as diferentes concepções ideológicas
subjacentes ao processo revolucionário, pode ser considerada o documento fundador da
democracia portuguesa.
No seguimento da promulgação da Constituição, realizam-se eleições para: Primeira
Assembleia da República (25.4.76).
O Partido Socialista ganha formando o I Governo Constitucional chefiado por Mário Soares
e para a Presidência fica a cargo de Ramalho Eanes.
O poder local foi estruturado em municípios e freguesias dotados de um órgão legislativo,
respetivamente, a Assembleia Municipal e a Assembleia da Freguesia, e de um órgão
executivo, a Câmara Municipal e as Juntas de Freguesia.
Reconhece autonomia administrativa das ilhas adjacentes. Na Madeira e Açores foram
dotados de governos regionais suportados por assembleias legislativas regionais. Como
representante máximo da soberania nacional é designado, pelo Chefe de Estado, um
ministro da República com competências paralelas a nível local.
2.2.3 O reconhecimento dos movimentos nacionalistas e o processo de
descolonização
O outro processo imediatamente iniciado foi o da descolonização (o terceiro dos “D” que
nortearam a revolução: Democracia, Desenvolvimento e Descolonização).
Tratou-se de um complicado processo marcado por profundas divergências sobre a ação a
empreender:
- o programa do MFA propunha “o claro reconhecimento do direito à
autodeterminação e a adopção de medidas tendentes à autonomia administrativa e
política dos territórios ultramarinos”;
- uma corrente política mais moderada, representada por Spínola (PR) propunha o
“lançamento de uma política ultramarina que conduza à paz”.
86
Após a revolução, a ONU apelou que Portugal libertasse as colónias, situação que era
apoiada pela maioria dos partidos do novo regime português. Por essa razão, o Estado
reconhece a independência das colónias e iniciam-se negociações:
- o processo negocial para a independência da Guiné inicia-se a 1 de Julho de 1974;
→ sendo o PAIGC o único parceiro com legitimidade para assumir o poder
→ a nova República é reconhecida com a assinatura do Acordo de Argel
- na sequência do Acordo de Argel a 5 de julho de 1975, é reconhecida a
independência de Cabo Verde e inicia-se o processo de independência;
- o poder em S. Tomé e Príncipe é entregue ao MLSTP, um movimento não militar,
organizado no exílio e reconhecido pelo Governo português, em 12 de julho de 1975.
Estes processos não ofereceram grandes problemas , quer no decurso das negociações
quer nas suas posteriores evoluções políticas. Porém, os casos de Angola e Moçambique
vieram a tornar-se muito complicados
O caso de Moçambique
Existia apenas um movimento de libertação reconhecido pelo MFA como único
representante legítimo do povo moçambicano, FRELIMO.
No entanto, surgem organizações políticas a contesta a exclusividade da presença desta
organização no processo negocial, tanto mais que se identificava com a ideologia comunista.
↳ contestação aumenta quando Governo português celebra com os representantes da
FRELIMO o Acordo de Lusaca
↳ estabelece o cessar-fogo e a formação de um governo de transição
Imediatamente surge a Renamo:
→ grupo de resistência armada
↳ contra o que considera ser o desvirtuamento da democracia com a entrega
do poder a um único movimento de representatividade parcial
↓
como consequência, Moçambique entra numa guerra civil
Provocou o abandono do território por parte de milhares de portugueses, a grande maioria
voltou à metrópole, o Movimento dos Retornados.
O processo político moçambicano ficou resolvido com a assinatura dos acordos de paz
celebrados em outubro de 1992, o que implicou a alteração constitucional, segundo o qual o
regime admite o pluripartidarismo. A paz foi confirmada com a realização de eleições livres,
em 1994, ganhas pelo partido FRELIMO.
O caso de Angola
O caso de Angola foi muito mais complexo:
↳ luta contra dominação colonial portuguesa
→ empreendida por 3 movimentos de libertação:
- com tendências políticas diferentes
- eram constituídos por etnias rivais dominantes na população angolana
87
↳ impunham uma intervenção política mais cuidada por parte do Governo
português
A 15 de setembro de 1975, após algumas dificuldades, consegue-se a assinatura do Acordo
de Alvor
↳ previa o reconhecimento dos três movimentos como legítimos representantes do povo
angolano
- marca-se a independência para 11 de novembro
De seguida formar-se-ia as Forças Armadas Integradas e a organização de eleições livres e
democráticas para uma assembleia legislativa pluripartidária. Nada disto se concretizou, até
pelo contrário
↳ movimentos reforçam as suas posições militares no terreno e, em maio, iniciou-se o
conflito armado entre o MPLA (apoio da URSS) e a FNLA (apoio dos EUA).
julho → conflito agrava-se e internacionaliza-se ainda mais com a intervenção directa de
alguns países:
● Apoiantes da FNLA E da UNITA (que entretanto também inicia luta armada):
- África do Sul;
- Zaire;
- EUA.
● Apoiantes do MPLA:
- Europa de Leste;
- Congo;
Cuba.
● MPLA ● UNITA/FNLA
● Sede Luanda ● Sede Huambo
● Presidida por José Eduardo Dos ● Presidida por Jonas Savimbi
Santos
88
A revolução de Abril contribuiu para quebrar o isolamento e a hostilidade de que Portugal
tinha sido alvo, recuperando o país a sua dignidade e a aceitação nas instâncias
internacionais.
Para além deste reencontro de Portugal com o mundo, o fim do Governo marcelista teve
uma influência apreciável na evolução política espanhola. Em Espanha, a morte do General
Franco, em 1975, criou condições para uma rápida transição para a democracia; Estímulo
para os opositores ao regime militarista de carácter conservador instituído na Grécia (1967)
A influência da revolução portuguesa estendeu-se também a África, onde a independência
das nossas colónias contribuiu para o enfraquecimento dos últimos bastiões brancos da
região, como a Rodésia (que mais tarde viria a ser o Zimbábue) e a África do Sul; a
independência da Namíbia está ligada à evolução política da África do Sul e à evolução da
guerra civil em Moçambique e Angola.
2.2.4 A revisão constitucional de 1982 e o funcionamento das instituições
democráticas
Em 1982 foi realizada a primeira revisão da Constituição de 1976, que tinha recebido
diversas críticas relacionadas com o excesso de comprometimento com o socialismo e com
a presença militar no governo.
1982 → democracia portuguesa dava sinais de que o processo revolucionário tinha
assumido definitivamente o carácter democrático e pluralista da Constituição de 1976.
Os tempos do Verão Quente de 1975 iam sendo esquecidos com a normalização das
relações institucionais entre os diversos órgãos de soberania e, principalmente, com a
aproximação das forças políticas mais moderadas cuja importância na construção do
Portugal moderno, e em fase de plena afirmação na comunidade europeia, era reconhecido
pela instituição militar.
É neste contexto que o revolucionário pacto MFA/Povo é substituído por um novo pacto
↳ MFA/Partidos, criando as condições para que considerado excessivo comprometimento
do primitivo texto constitucional
Em 1982 o PS, PSD e o CDS chegam a acordo sobre as alterações a introduzir na
Constituição de 1976
↳ para torná-la mais ajustada aos novos e importante objectivos da governação,
quer internamente, quer no que diz respeito à integração de Portugal na Europa
comunitária.
As principais alterações ocorreram na organização do poder político, uma vez que se
conservaram as disposições de carácter económico (nacionalizações, intervencionismo do
Estado, planificação, reforma agrária).
Foi abolido o Conselho da Revolução como órgão coadjuvante da Presidência da República.
Na mesma linha, limitaram-se os poderes do presidente e aumentaram-se os da instituição
parlamentar. O regime viu, assim, reforçado o seu cariz democrático-liberal, assente no
sufrágio popular e no equilíbrio entre órgãos de soberania:
89
- dissolve a Assembleia da República;
- nomeia e exonera o Primeiro-ministro;
- manda promulgar leis;
- exerce o direito de veto.
➔ a Assembleia da República, constituída por deputados eleitos por círculos eleitorais.
Cada legislatura tem a duração de 4 anos e os deputados organizam-se por grupos
parlamentares:
- faz leis;
- aprova alterações à constituição, os estatutos das regiões autónomas, a lei do
plano e do orçamento de Estado;
- concede ao Governo autorizações legislativas.
➔ o Governo, o órgão executivo ao qual compete a condução da política geral do país
● Constituído por:
- primeiro-ministro;
- ministros;
- secretários e subsecretários de Estado;
● Compete-lhe:
- conduzir a política geral do país através de decretos-lei;
- propostas de leis que tem de submeter à aprovação da Assembleia da
República, e outros normativos regulamentadores da vida pública
nacional;
- dirige a administração pública.
➔ os Tribunais, a Constituição tornou o poder judicial verdadeiramente autónomo,
proporcionando as condições para a sua imparcialidade. A Revisão de 1982 criou,
ainda, o Tribunal Constitucional:
- zelar pelo cumprimento dos princípios presentes na Constituição, ao lado do
Presidente da República;
- garantir o funcionamento da democracia nomeadamente tutelar os vários
processos eleitorais.
90
Em Nova Iorque produzir-se-ão as alterações mais significativas e as grandes polémicas no
mundo da arte. Nos EUA, um generoso mecenato privado irrompeu e patrocinou a fundação
de galerias e de grandes museus. A Europa devastada pela guerra não fornecia um cenário
estimulante para a produção cultural e, por isso, muitos foram os intelectuais que a América
anglo-saxónica acolheu e incentivou. Do seu encontro brotou aquela que é designada por
Escola de Nova Iorque, a grande responsável pela dinamização das artes no pós-guerra. A
ela se deveram as experiências vanguardistas do expressionismo abstracto.
3.1.2 A reflexão sobre a condição humana nas artes e nas letras
O expressionismo abstracto (1945-1960)
Expressionismo abstrato - Termo que designa um conjunto de tendências pictóricas nos
anos 40 e 50 do século XX. Têm em comum a substituição do figurativismo pelo
abstracionismo, no qual integram processos técnicos de execução das formas e de
aplicação de cor influenciados pelo surrealismo e pelo expressionismo.
A pop art reconcilia o grande público com a arte. Em primeiro lugar, porque retoma a
figuração e se revela de fácil apreensão. Depois, porque retira os seus temas e objectos do
mundo de produtos e imagens que a sociedade de massas abundantemente consumia.
91
Os quadros substituem-se à publicidade, seja na divulgação de objectos de consumo
corrente, seja na exibição de rostos de artistas e personalidades famosas. Os ingleses
distinguem-se pelo senso de humor subtilmente provocatório. Para além dos processos de
impressão, fazem ainda uso de colagens e da integração de objectos comuns.
A literatura existencialista
Existencialismo- Corrente filosófica surgida na Europa, no período entre as duas guerras
mundiais, que centra a sua reflexão na liberdade individual, privilegiando a existência não
como tributo do ser mas como experiência pessoal.
92
No segundo pós-guerra, as vanguardas consumaram a destruição da arte enquanto obra
sublime do espírito humano. Sob o impulso da filosofia existencialista, colocava-se agora,
maior importância no sentido da existência humana. Para Sartre, o Homem é obra de si
próprio, produto das suas ações, um ser absolutamente livre que constrói o seu projecto
pessoal. Sartre considerava que, num mundo hostil e sem Deus, o Homem estava
inexoravelmente condenado à liberdade de encontrar por si próprio um sentido para a vida.
3.1.3. O Progresso científico e a inovação tecnológica
Os avanços científicos, fruto de equipas interdisciplinares de sábios, traduzem-se em
avanços tecnológicos que se universalizam e massificam. A Física, a Química e a Biologia
foram as ciências em que se processam maiores investigações teóricas. Os seus efeitos
tecnológicos mais marcantes fizeram-se sentir na produção e na utilização da energia
nuclear, na electrónica, na informática e na cibernética e, finalmente, nos progressos
médicos e alimentares que cuidaram da vida.
A energia nuclear
Na década de 50, a energia nuclear conheceu fins pacíficos. Desde 1956, a produção de
eletricidade por processos nucleares tornou-se tecnicamente possível. Posteriormente,
construíram-se submarinos e navios alimentados a partir de energia nuclear.
Electrónica, informática e cibernética
A invenção do transítor (1948) permitiu a miniaturização dos materiais. Uma década depois
passou-se à utilização do chip. Estes inventos permitiram o aperfeiçoamento da rádio,
televisão, computadores, telefones, eletrodomésticos e automóveis. O laser viria a ser uma
das maravilhas electrónicas do futuro, com aplicações na medicina, no lar e na guerra.
A informática registou notáveis avanços e revolucionou todos os domínios da atividade
humana. Os computadores aceleram os cálculos, o armazenamento, a recuperação e a
distribuição da informação.
Os progressos da electrónica e da informática interligaram-se com a expansão da
cibernética e as pesquisas sobre a inteligência artificial. Surgem os robôs, que penetraram
na indústria e transformaram profundamente a organização das empresas. A automatização
assim conseguida contribuiu fortemente para a terceirização da sociedade.
Os progressos na medicina e na alimentação
A penicilina foi produzida industrialmente na década de 40, permitindo salvar imensas
vidas. Efeito semelhante tiveram as vacinas. Os transplantes cardíacos, iniciados em 1967,
registaram uma taxa razoável de sucesso, suscitando a confiança progressiva na medicina
cirúrgica. Surge a primeira criança cuja concepção ocorreu com a fertilização in vitro.
Em 1953 descobre-se a estrutura do ADN e do código genético. As informações genéticas
contidas nos filamentos de ADN auxiliaram nas pesquisas patológicas e imunitárias.
Resultado de avanços na agronomia, nas técnicas reprodutivas e na genética viria a iniciar-
se, em 1962, a chamada Revolução Verde. O cultivo de variedades de trigo, milho e arroz, de
grandes rendimentos e resistência às pragas, converteu-se num auxiliar precioso para os
agricultores empobrecidos, solucionando muitas carências alimentares.
Mais bens de consumo foram prodigalizados, a esperança média de vida aumentou e a
humanidade ficou interligada por uma rede de comunicações que fez da Terra uma aldeia
global.
3.2. Media e hábitos socioculturais
93
3.2.1. Os novos centros de produção cinematográfica
O cinema converteu-se num grande espectáculo de massas, após 1945. Surgem
superproduções musicais que atraíram multidões e evitaram a decadência dos estúdios. Ao
mesmo tempo, Hollywood investia em temáticas socioculturais mais próximas do novo
público que frequentava os cinemas. Entretanto, novos centros de produção
cinematográfica surgiram no mundo, ficando assim o cinema conhecido com o estatuto
digno de Sétima Arte.
3.2.2. O impacto da televisão e da música no quotidiano
A televisão
Só após 1945 a televisão se junta ao cinema e à rádio como grande meio de comunicação.
Desde então, os EUA assumem a dianteira no que toca a progressos tecnológicos que
embrutecem a televisão e a tornam mais atrativa. A televisão assumiu-se como um veículo
privilegiado de entretenimento. Ao entretenimento, a televisão associou o papel de fonte
de informação e de conhecimento dos grandes acontecimentos internacionais. Cientes do
poder da TV, os políticos não a negligenciam. Desde a campanha presidencial americana de
1960, ficou provado o impacto da televisão nos comportamentos eleitorais.
A música
O crescente protagonismo dos jovens nas sociedades ocidentais do pós-guerra e as
maravilhas da electrónica contribuíram de forma decisiva para a popularidade da música
ligeira a partir dos anos 50. Muito em particular o rock and roll parecia ser a música que
melhor exprimia a rebeldia e o anticonformismo de uma nova juventude. Em 1956 que, na
cena nacional dos EUA, emergiu a primeira super-estrela do rock and roll, Elvis Presley. Em
1962 surgem os Beatles, um grupo britânico de Liverpool que construiu uma das mais
fulgurantes carreiras de que há memória na música ligeira. Os Rolling Stones constituíram
outro êxito da música britânica. Criaram, no entanto, uma imagem de “perigosos
degenerados” A canção converteu-se em instrumento de crítica social e política. O rock
continuava a assumir-se como um dos pilares da contestação juvenil, que marcou
profundamente o final dos anos 60.
3.2.3. A hegemonia dos hábitos socioculturais norte-americanos
Os filmes de Hollywood e os programas de TV difundem os valores e os estereótipos do
american way of life. Para os pequeno-burgueses que conheceram as dificuldades dos anos
da guerra, possuir uma casa individual e ter um carro são sonhos que fazem viver.
As donas de casa rendem-se aos cafés solúveis, às sopas instantâneas e às comidas
previamente cozinhadas que lhes aliviam a escravatura do lar. Apesar de criticada pelos
conservadores, a Coca-Cola torna-se a bebida favorita. Quanto aos jovens, usam e abusam
dos blue jeans, dos blusões de couro e das pastilhas elásticas.
3.3. Alterações na estrutura social e nos comportamentos
3.3.1. A terciarização da sociedade
Os 30 anos de expansão económica até 1970 acentuaram tendências anteriores ao nível da
estrutura da população activa. Assim, a mecanização da agricultura continuou a fazer
regredir a percentagem da população camponesa. Relativamente à indústria, os avanços
tecnológicos ocorridos contribuíram para a estabilização da respectiva mão-de-obra.
Foi ao nível do sector terciário que se verificou um forte crescimento, motivando a
terciarização da sociedade, devido ao incremento das funções sociais do Estado, à
94
complexificação da actividade económica, ao desenvolvimento dos meios de comunicação
social e dos transportes.
3.3.2. Os anos 60 e a gestação de uma nova mentalidade.
O ecumenismo
Ecumenismo - Movimento que preconiza a união de todas as igrejas cristãs. Os contactos
tornaram-se frequentes depois da Primeira Guerra Mundial e convergiram na criação do
Conselho Ecuménico das Igrejas (COE), em 1948. Reunido em Genebra, conta, sobretudo,
com a colaboração de ortodoxos e de protestantes. Embora a Igreja Católica não seja
membro do Conselho, não tem deixado de enviar observadores às suas assembleias desde
o pontificado de João XXIII.
A igreja católica procura adaptar-se aos novos tempos. O Concílio Vaticano II (1962-1965)
aborda questões relacionadas com a Guerra Fria, a promoção da paz, a desigualdade entre
homens e povos, a par de assuntos especificamente religiosos. O ecumenismo ficou como
uma das heranças do concílio. No entanto, os resultados do Concílio ficaram aquém das
expectativas. A igreja católica manteve-se arraigadamente conservadora, não conseguindo
deter a vaga de descristianização.
A ecologia
Ecologia - Ciência que estuda as relações dos seres vivos e do ambiente. As grandes
preocupações ambientalistas datam dos anos 60 e motivaram a criação de associações
para a proteção da Natureza. Com grande influência do movimento pacifista, essas
organizações veriam a sua ação completada com o desenvolvimento, já nos anos 80, dos
partidos ecologistas.
95
combate em que se viveu um conflito de gerações, o descontentamento social e a reação ao
autoritarismo.
Uma outra faceta da contestação juvenil fez-se sentir na revolução dos costumes
desencadeada pelo movimento hippie. Iniciado nos EUA, caracterizou-se pelo facto de os
jovens assumirem atitudes de contracultura em oposição às práticas sociais e à moral
tradicional: uso de drogas, despojamento de bens, amor livre, grandes confraternizações.
96
↳ entre a população desiludida com:
→ marxismo-leninismo
→ ausência de originalidade nos padrões culturais do regime
97
Este programa previa a alteração do modelo de planificação económica em vigor desde
Stalin, (descentralizar a economia), através da concessão de mais autonomia às empresas,
criação de um sector privado com maior grau de flexibilidade para responder às solicitações
do mercado e uma abertura social e política (glasnost), de modo a incentivar a participação
dos cidadãos e na viabilização da realização de eleições livres e pluripartidárias – abertura
democrática.
O colapso do bloco soviético
Entretanto, a descompressão política de Gorbatchev estendia-se a todos os países da
“cortina de ferro”, onde a democracia e a liberdade eram também ansiadas por amplos
setores da população;
Na Polónia, Hungria, Checoslováquia, Bulgária, Roménia, RDA e a Jugoslávia intensifica-se a
contestação ao poder instituído; os partidos comunistas perdem o seu lugar de “partido
único” e realizam-se as primeiras eleições livres do pós-guerra (e antigos líderes da oposição
saem das prisões e assumem a liderança política).
Neste processo, a “cortina de ferro” que separava a Europa levanta-se finalmente: as
fronteiras com o Ocidente são abertas e, em 9 de Novembro, cai o Muro de Berlim.
Depois de uma ronda de negociações entre os dois Estados alemães e os quatro países que
ainda detinham direitos de ocupação, a Alemanha reunifica-se. No mês seguinte é
anunciado, sem surpresa, o fim do Pacto de Varsóvia e, pouco depois, a dissolução do
COMECON.
A aceitação, por parte de Moscovo, da liberalização e democratização dos países da
“cortina de ferro”, por um lado traduzir-se-ia numa substancial redução de encargos
financeiros que poderiam ser canalizados para o desenvolvimento do setor produtivo; por
outro lado, facilitaria o sucesso das negociações com os Estados Unidos e garantiria o apoio
político das democracias ocidentais. Cada país acharia o seu próprio caminho.
O fim da URSS
Nesta altura, a dinâmica política desencadeada pela perestroika tornara-se já incontrolável,
conduzindo, também, ao fim da própria URSS. O extenso território das Repúblicas Soviéticas
desmembrou-se, sacudido por uma explosão de reivindicações nacionalistas e confrontos
étnicos.
Gorbatchev, que nunca tivera em mente a destruição da URSS ou do socialismo, tenta
parar o processo pela força, intervindo militarmente nos Estados Bálticos. Esta situação faz
com que o apoio da população se concentre em Boris Ieltsin, que foi eleito presidente da
República da Rússia, em Junho de 91. O novo presidente toma a medida extrema de proibir
as atividades do partido comunista.
No outono de 91, a maioria das repúblicas da União declara a sua independência. Em 21 de
Dezembro, nasce oficialmente a CEI – Comunidade de Estados Independentes, à qual
aderem 12 das 15 repúblicas que integravam a União Soviética,que excluía qualquer
manifestação de autoridade central. Ultrapassado pelos acontecimentos e vencido no seu
propósito de manter unido o país, Mikhail Gorbatchev abandona a presidência da URSS.
1.1.2 Os problemas da transição para a economia de mercado
A transição da economia de direcção central ou planificada para uma economia de
mercado implicou profundas perturbações. Por um lado, muitas empresas, desprovidas dos
subsídios estatais, foram à falência, provocando o aumento do desemprego. Ao mesmo
98
tempo, a contínua escassez dos bens de consumo, a par da liberalização dos preços,
estimulou uma inflação galopante.
Muito complicada a transição da economia socialista para a economia de mercado.
Factores:
- Estagnação da população
→ habituada à intervenção do Estado e à inexistência de iniciativa privada
- Decadência das infra-estruturas
→ vias de comunicação antiquadas
→ indústria arcaica
→ sistema da distribuição ineficaz
Brejnev apenas se concentrou na produção de armamento e presença militar nos outros
países que faziam parte da ex-URSS, o que gastava imensas capitais, deixando assim, o
desenvolvimento económico para 2º plano.
99
obrigada a emigrar para o Ocidente capitalista, onde os salários mais baixos
superaram os valores praticados nas suas terras de origem.
- Minoria de oportunistas;
→ constituída por antigos gestores
→ quadros do partido
→ chefes de redes mafiosas
100
- a política de valorização do dólar e a insistência na liberalização da circulação
financeira mundial, com o objetivo de atrair capitais estrangeiros e de fomentar o
retorno de capitais americanos investidos no mundo;
- a vulgarização do recurso ao crédito por produtores e consumidores, como forma de
reduzir o tempo que decorre entre o investimento das mais-valias pelas empresas e
de antecipar o usufruto dos bens pelos consumidores;
- expansão do mercado externo através do estreitamento de relações económicas
com novas regiões de desenvolvimento, tendo em vista a exploração das suas
potencialidades, mediante investimentos diretos de capitais ou deslocalização de
empresas para aproveitamento do baixo custo da mão de obra e das matérias-
primas locais.
Numa época hegemónica, o presidente Bill Clinton intensificou os laços comerciais com a
Ásia no âmbito:
- Da APEC → cooperação Económica Ásia-Pacífico
- Impulsionou a criação do NAFTA
→ North American Free Trade Agreement
→ Acordo de Comércio Livre da América do Norte
A APEC acabou por ser um poderoso bloco económico para promover o livre comércio
entre 20 países de uma região em forte crescimento. Por outro lado, o NAFTA constituiu-se
como um instrumento de integração das economias do Canadá e do México na esfera de
interesses americanos.
Os sectores de actividade
Marcadamente pós-industrial, a economia americana apresenta um claro predomínio do
sector terciário.
Altamente mecanizadas, sabendo rentabilizar os avanços científicos, as unidades agrícolas e
pecuárias americanas têm uma elevadíssima produtividade. Assim, e apesar de algumas
dificuldades geradas pela concorrência externa, os EUA mantêm-se os maiores exportadores
de produtos agrícolas. A agricultura americana inclui ainda um vasto conjunto de indústrias,
desde a produção de sementes e maquinaria agrícola até à embalagem, comercialização e
transformação dos seus produtos. Um verdadeiro complexo agro-industrial (exporta os seus
serviços para o mundo:seguros, vestuário, música, alimentos, turismo).
Responsável por um quarto da produção mundial, a indústria dos EUA sofreu, nos últimos
30 anos, uma reconversão profunda. Os sectores tradicionais, como a siderurgia e o têxtil,
entraram em declínio e cederam perante o dinamismo das indústrias de alta tecnologia.
O dinamismo científico-tecnológico
Os EUA, ao lado do Japão foram os pioneiros no progresso científico-tecnológico,
disponibilizando para a investigação científica e desenvolvimento tecnológico verbas que
ultrapassam os investimentos dos restantes países desenvolvidos.
Actualmente, constituem poderosas manifestações do dinamismo científico e tecnológico:
- massificação do computador pessoal, com a criação da World Wide Web (internet);
- proliferação dos parques tecnológicos, onde se articula a pesquisa científica levada a
cabo por prestigiadas universidades e a aplicação dessas pesquisas por empresas
101
que fazem da inovação tecnológica o seu cartão de apresentação nos grandes
mercados internacionais;
- imagem de marca da prosperidade americana pela Microsoft.
Supremacia militar
● A hegemonia político-militar
Enquanto a URSS teve de reduzir os seus investimentos na produção de armamento,
acabando por enfraquecer como potência militar, os EUA:
- continuam a injetar dinheiro na indústria aeroespacial, bélica e electrónica, tendo
como objetivo garantir a supremacia no sector estratégico-militar e controlo
exclusivo do espaço;
- resistem em assinar vários tratados tendentes a limitar a proliferação de armamento
não convencional;
- recusam-se a assinar o Protocolo de Quioto sobre problemas ambientais por limitar,
entre outros programas industriais, o desenvolvimento da sua indústria militar;
- rejeitam submeter os seus militares à acção do Tribunal Penal Internacional;
- dão continuidade à Iniciativa de Defesa Estratégica (“Guerra das Estrelas”), lançada
por Reagan, com objectivo de proteger o território americano de ataques nucleares
e de limitar possíveis concorrentes;
- intervêm militarmente em todo mundo;
- desenvolvem intensos programas de inovação tecnológica com o objectivo de levar a
guerra para fora do seu território e minorar os riscos de vida dos soldados e civis
americanos, mas também os danos colaterais dos alvos visados. É a chamada guerra
eletrónica, suportada por uma poderosa força aérea e por um arsenal de alta
tecnologia que inclui as armas mais poderosas da terra.
Os “polícias do mundo”
Os EUA foram a grande contribuição para que dois conflitos mundiais fossem resolvidos.
Por isso, os americanos recusam tolerar que outras ameaças venham pôr em causa os
princípios que presidiram à formação da ONU. E recusam-nos de forma mais veemente se
essas ameaças puserem em causa os interesses geoestratégicos do Ocidente, em particular
se estiverem incluídos os seus próprios interesses.
É nesta conjuntura que, nas duas últimas décadas do século XX, assistimos:
- ataque contra alvos na Líbia, em 1986, alegando o apoio do ditador Kadafi ao
terrorismo internacional;
- intervenção militar na Guerra do Golfo, em 1991, contra o Iraque, por ter ocupado
Kuwait, violando o direito internacional;
- operação “Devolver a Esperança” na Somália
- intervenção militar na Sérvia, acusada de violar os direitos do Homem na ação de
repressão sobre a população albanesa da província de Kosovo, integrados numa
força multinacional, no âmbito da NATO.
O hiperterrorismo
A agressividade da política militar americana, sobretudo a intervenção na Guerra do Golfo,
de que resultou o reforço da presença dos EUA no mundo árabe, e o apoio prestado ao
Governo israelita na repressão da resistência palestina à ocupação do seu território,
102
motivaram uma violenta reacção por parte da comunidade muçulmana identificados com o
fundamentalismo religioso.
Denunciam o que consideram ser o ressurgimento da Cruzada do Ocidente contra o Islão e
fazem do terrorismo organizado contra os interesses americanos e dos seus aliados nas
diversas partes do mundo o alvo privilegiado dos seus ataques.
Momento mais marcante da reação islâmica, o 11 de Setembro de 2001 quando membros
de uma rede terrorista da Al-Qaeda conseguem desviar 4 aviões e dirigir 3 deles contra os
símbolos do poder económico e militar dos EUA (torres gémeas e o pentágono).
A “pax americana”
O terrorismo tornou-se a pior ameaça à segurança internacional e, nessa medida, o
antiterrorismo passou a ser o novo paradigma da política internacional dos EUA, definido na
Nova Estratégia de Segurança nacional de Bush.
Começando por dividir o Mundo entre os países que estavam do lado da liberdade e da
democracia e os que estavam do lado do terrorismo, o “Eixo do Mal”, o presidente
americano anunciou que os EUA:
- reconhecem o direito de levar a cabo acções de guerra preventiva contra os países
hostis e grupos terroristas que desenvolvam planos de produção de armas de
destruição maciça;
- não permitirão que nenhuma potência estrangeira diminua a enorme dianteira
militar assumida pelos EUA;
- expressam um compromisso de cooperação internacional multilateral;
→ com objectivo de combater o terrorismo internacional mas deixam claro que não
hesitarão em agir unilateralmente se for necessário, para defender os interesses e a
segurança nacionais
- proclamam o objectivo de disseminar a democracia e os direitos humanos em todo o
mundo, especialmente no mundo muçulmano.
103
1.2.2. A União Europeia
No final da Segunda Guerra Mundial, no âmbito do Plano Marshall, nasceu a primeira
aliança económica europeia - OSCE (a Europa reconhece a necessidade de se unir para
reencontrar a prosperidade económica e, se possível, a sua influência política).
Seguiram-se outras formas de aliança, dentro das quais a Comunidade Europeia do Carvão e
do Aço - CECA (1951), constituída pela França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Luxemburgo e a
Itália, e tinham o objetivo de organizarem em comum a gestão dos recursos do carvão e o
ferro, mas também de contribuir para a elevação do nível de vida dos habitantes dos
estados-membros.
A primeira Europa comunitária
A 25 de maio de 1957, o sucesso económico da CECA ao lada da fragilidade revelada pela
Europa Ocidental em questões de política internacional motivaram a celebração do Tratado
de Roma (Alemanha, Bélgica, França, Itália, Luxemburgo, Holanda), com o objetivo de
alargar e aprofundar o mercado comum, pela união aduaneira dos estados-membros, tendo
em conta:
- o desenvolvimento coordenado das suas atividades económicas;
- a livre circulação de pessoas, mercadorias e capitais, bem como a livre prestação de
serviços;
- a progressiva superação de eventuais divergências em questões de transportes,
produção agrícola e energética;
- e, a longo prazo, ”uma união cada vez mais estreita” dos povos europeus.
Nos termos deste tratado, era também criada mais uma comunidade de interesses, a
Euratom - Comunidade de Energia Atómica Europeia, e ficava instituída a Comunidade
Económica Europeia.
Dando prioridade à integração aos países com elevada taxa de emprego nos setores de
serviços e indústria e mais reduzidas na agricultura, a Europa dos Seis acabou por se abrir à
integração de novos povos países.
Em 1973, aderem o Reino Unido, a Irlanda e a Dinamarca e a Europa económica passa a ser
conhecida como a Europa dos Nove.
A consolidação da Comunidade Europeia
O primeiro grande objectivo da CEE foi a união aduaneira (implica a livre circulação de
mercadorias e a adoção pelos Estados-membros, de uma mesma estrutura tarifária para o
comércio com o exterior) que só se concretizou em 1968, depois de uma cuidadosa
preparação. Concebida como uma estrutura aberta, a CEE foi criando um conjunto de
instituições progressivamente mais elaboradas e atuantes. Apesar destes avanços, a
Comunidade enfrentava, no início dos anos 80, um período de marasmo e descrença nas
suas potencialidades e no seu futuro.
104
- desenvolvimento económico e social;
- reconhecimento dos direitos humanos;
- consolidação da democracia pluralista.
Por isso, só depois do triunfo da democracia em meados dos anos 70, que os países da
Europa do Sul (Portugal, Espanha e Grécia) passam a ter a condição fundamental para
requererem a adesão. Portanto, depois de medidas tomadas em cada país, a adesão da
Grécia é reconhecida em 1981 e a adesão de Portugal e Espanha é reconhecida em 1986,
que passam a fazer parte da Europa dos 12.
A Europa da união económica à união política
É a partir de 1985, com a ação de Jacques Delors, instituído como novo presidente da
Comissão Europeia, que dá-se a criação e consolidação das instituições que hão de dar
forma à UE.
● Os Acordos de Schengen
Em 1985 a França, Alemanha, Bélgica, Luxemburgo e Holanda criam entre si um espaço
sem restrições à circulação de pessoas. Para efeito, era proposta a criação de uma fronteira
externa única e a abolição de medidas para salvaguarda da segurança dos cidadãos. Mais
tarde, em 1997, já abrangia todos os países da UE, com exceção à Irlanda, ao Reino Unido, à
Islândia e à Noruega, que não integram a União.
Segundo o Tratado de Amesterdão, as decisões adotadas desde 1985, passariam a
constituir mais um fundamento institucional da União Europeia desde 1 de maio de 1999.
Ficavam abrangidos pelos acordos:
- condições de entrada de estrangeiros no espaço Schengen e de circulação pelas
fronteiras internas dos estados-membros;
- harmonização de políticas relativas à concessão de vistos de entrada e de asilo;
- reforço da cooperação entre os sistemas policiais e judiciários dos países membros,
visando o combate ao terrorismo e ao crime organizado.
105
Segundo o Tratado de Maastricht, a UE passa a estruturar-se em “três pilares”:
1. incide sobre matérias de carácter económico e social, onde releva a adoção de uma
moeda única e a ampliação da noção da cidadania europeia domínio;
2. incide sobre o domínio da PESC, política externa e de segurança comum;
3. incide sobre o domínio da justiça e dos assuntos internos, em que deve haver
cooperação entre os estados-membros.
Maastricht representou um largo passo em frente no caminho da União, quer pelo reforço
dos laços políticos, quer, sobretudo, por ter definido o objectivo da adopção de uma moeda
única, a 1 de janeiro de 1999, onze países, inauguram oficialmente o euro (completou a
integração das economias europeias). Na mesma altura começou também a funcionar um
Banco Central Europeu que define a política monetária da União.
A CE tornou-se a maior potência comercial do mundo, com um PIB conjunto semelhante ao
dos Estados Unidos. No entanto, no fim do século, a Comunidade Europeia mostrou-se
menos pujante que os Estados Unidos.
O Tratado de Nice
Assinado em dezembro de 2000, deu-se a 4ª revisão constitucional operada no
ordenamento jurídico comunitário desde o Acto Único Europeu de 1986.
O princípio da integração das novas democracias é aceite e a Cimeira de Copenhaga define
os critérios que devem condicionar as entradas na União:
- instituições democráticas,
- respeito pelos Direitos do Homem;
- economia de mercado viável;
- aceitação de todos os textos comunitários.
O Tratado de Nice recolhe o Protocolo sobre a Ampliação da União Europeia. Esta
ampliação concretizar-se-á com o alargamento da UE aos países do Leste da Europa.
Por conseguinte, após a adesão da Finlândia, Áustria e Suécia, em 1995, formou-se a
Europa dos 25 com a integração dos países da antiga “cortina de ferro”: República Checa,
Eslováquia, Eslovénia, Polónia, Hungria, Letónia, Lituânia e a Malta e o Chipre em 2004. Em
2007 aderiu a Roménia e Bulgária, formando a Europa dos 27, e em 2013 a Croácia.
106
Neste contexto verificou-se nos países mais desenvolvidos, uma certa resistência à perda
de soberania, nomeadamente no Reino Unido, na Suécia e na Dinamarca, que se recusaram
a adotar o euro e para além disso, as dificuldades económicas foram muitas, uma vez que
não foi possível combater totalmente os níveis de desemprego, registando-se um
desenvolvimento económico fraco face ao desenvolvimento americano.
- elevados índices de abstenção registados nas eleições para o Parlamento Europeu.
- resistência à adopção de uma política externa comum.
- controvérsia suscitada pelo projecto de Constituição Europeia.
107
- aproveitamento de uma mão de obra abundante, esforçada, de mentalidade
conformista, que aceitava a disciplina e a ordem dispunha a trabalhar muito e
mediante baixas remunerações;
- lançamento de amplos programas de educação e formação, tendo em vista a
qualificação profissional da população.
108
Indonésia; e a FRETILIN (Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente), com um
programa independentista, ligado aos ideais de esquerda.
O ano de 1975 foi marcado pelo confronto entre os três partidos, cuja violência Portugal
não tem conseguido conter. FRETILIN declara a independência de Timor-Leste.
Imediatamente as correntes oposicionistas acusaram o partido de estar ligado ao
movimento comunista internacional e, a 7 de dezembro, o líder indonésio Suharto ordena,
em nome da sua cruzada anticomunista, a invasão do território, dando início a um violento
processo de integração que passou pelo desrespeito dos direitos humanos Demasiado
absorvido pela descolonização dos grandes territórios, os portugueses acabaram por se
retirar de Timor sem reconhecer a sua independência e sem legitimar um novo governo.
Neste seguimento a ONU continua a considerar Timor um território sob administração
portuguesa e não reconhece a ocupação da Indonésia e, para tal, Portugal tinha a
responsabilidade de proporcionar independência a Timor.
Em 1997, a ONU começou a tratar da questão de Timor. Nesse mesmo ano, Nelson
Mandela visitou Xanana Gusmão, o líder da resistência de FRETILIN que foi preso em 1992
pelos indonésios. Entretanto, a crise económica dos países asiáticos afetou duramente a
Indonésia. O regime ditatorial de Suharto começou a sofrer diversas pressões internacionais
e, em maio de 1998, perante o agravamento da revolta popular, Suharto é forçado a
demitir-se, pondo fim à ditadura indonésia de 32 anos.
O novo presidente indonésio lançou um programa de reformas democráticas que
reconhecia o direito à independência timorense. Em maio de 1999, Portugal, a Indonésia e a
ONU assinaram um acordo para a realização de um referendo marcado para 30 de agosto. O
referendo supervisionado pelas Nações Unidas, a UNAMET, deu uma vitória à
independência, mas desencadeou uma escalada de terror por parte dos pró-indonésios.
A solidariedade e a indignação internacional contribuíram, mais uma vez, para a solução
deste problema. As pressões levaram ao envio de uma força de paz patrocinada pela ONU, a
INTERFET (Força Internacional para Timor-Leste), que conseguiu a pacificação do território.
A 20 de maio de 2002, numa cerimónia solene que contou com a presença de Portugal,
Timor tornou-se oficialmente a República Democrática de Timor-Leste e, pouco depois, o
191º membro das Nações Unidas.
1.2.4 Modernização e abertura da China à economia de mercado
O arranque da China e o seu desenvolvimento económico começou em 1978 com a
ascensão política de Deng Xiaoping, após a morte de Mao Tsé-Tung, em 1976. Com o fim da
antiga política coletivista, a China adotou um conjunto de reformas capitalistas (criou a
economia socialista de mercado).
Deng dividiu a China em duas áreas geográficas: o interior, especialmente rural, e o litoral
que se abriria ao capital estrangeiro, integrando-se no mercado internacional.
A agricultura, aproveitando a abundância de matérias-primas do solo chinês, tinha o papel
de alimentar as indústrias nascentes, foi profundamente reestruturada.
- as terras foram descoletivizadas e entregues aos camponeses;
- dada a abundante mão-de-obra, não houve necessidade de uma profunda
modernização das técnicas agrícolas;
- a privatização das terras foi acompanhada pela liberdade dos camponeses de
comercializarem os excedentes e de se apropriarem dos lucros;
- os níveis de produtividade aumentaram extraordinariamente.
109
- A indústria pesada foi substituída pela de produtos de consumo e têxteis destinados
à exportação.
De modo a manter o carácter socialista do regime “um país, dois sistemas”, criaram-se
quatro Zonas Económicas Especiais (SEZ/ZEE) totalmente abertas à indústria financiada com
capital estrangeiro e com total liberdade para a realização de trocas comerciais com o
exterior. Era a influência capitalista num sistema socialista. O sucesso económico da SEZ
estimulou a criação de mais zonas livres.
Apesar da liberalização industrial e comercial das regiões costeiras numa fase inicial, o
capital estrangeiro acabou por penetrar também no interior em busca da abundante mão-
de-obra barata. Todos os setores da economia beneficiaram com esta abertura, com
exceção dos setores estatais como as telecomunicações, indústria espacial e militar.
Neste país socialista, as desigualdades entre o litoral e o interior, entre os ricos e os pobres,
cresceu exponencialmente. No litoral encontra-se uma burguesia empresarial suportada por
um próspero operariado urbano, enquanto as classes camponesas continuam
empobrecidas.
A liberalização económica não foi acompanhada pela liberalização política. O Partido
Comunista continua a ser o único do país e o aparelho repressor permanece inato e a
liberdade de expressão não existe. Existe um grande descontentamento com a falta de
democracia e os protestos aumentam.
A modernização da China implicou também o reatamento de relações diplomáticas com
blocos capitalistas. Em 1978, a China celebrou o tratado de paz com o Japão, pondo fim à
inimizade que surgiu com a 2ª Guerra Mundial e, no ano seguinte, reatou relações
económicas com os EUA.
Em 1980, aderiu ao FMI e ao Banco Mundial (o que lhe permitiu receber fundos de auxílio)
e, em 1986, apresentou a sua candidatura ao GATT. Em 2001 aderiu à Organização Mundial
do Comércio. Como resultado, os produtos chineses começaram a invadir os mercados
ocidentais: setor manufatureiro, automóveis e alta tecnologia.
Atualmente, a China tem uma das maiores economias do mundo e apresenta um dos
maiores PIB do mundo.
A Integração de Hong Kong e Macau
Dois territórios localizados no Sul da China que se encontram sob administração inglesa e
portuguesa. A constituição destes dois territórios como zonas económicas especiais fazia
parte dos planos de Deng. Assim, começaram as negociações entre os três países no sentido
de integrar estes territórios na soberania chinesa. Garantido o funcionamento democrático
das instituições políticas, que inclusivo conservaram a moeda própria, o sistema económico,
financeiro, cultural e social, Hong Kong passou a ser território chinês a 1 de julho de 1997 e
Macau a 20 de dezembro de 1999.
Atualmente, são regiões de grande crescimento económico baseado no turismo e na
exportação de produtos têxteis, eletrónicos e bugigangas chinesas. Com a integração destes
dois territórios, fechou-se um ciclo e domínio político no Oriente para Portugal e Inglaterra.
110
1.3 Permanência de focos de tensão em regiões periféricas
1.3.1 A África Subsariana
A degradação das condições de existência
Desde sempre muito débeis (fome, epidemias, ódio étnicos, ditaduras), as condições de
existência dos africanos degradaram-se pela combinação de um complexo de factores:
- o crescimento acelerado da população, que abafa as pequenas melhorias na
escolaridade e nos cuidados de saúde;
- a deterioração do valor dos produtos africanos, o progressivo abaixamento dos
preços das matérias-primas reduziu a entrada de divisas e tornou ainda mais pesada
a disparidade entre as importações e as exportações;
- as enormes dívidas externas dos Estados africanos, que originaram um círculo
vicioso de juros e novos empréstimos, consumindo uma parte elevada do
rendimento nacional;
- a dificuldade em canalizar investimentos externos e a diminuição das ajudas
internacionais, com o fim da Guerra Fria, as nações desenvolvidas perderam o
interesse em aliciar os países africanos e os programas de ajuda diminuíram, (em
parte sob o pretexto de que os fundos eram desviados para a compra de armas e
para as contas particulares de governantes corruptos).
111
Fim da colonização → Organizam novos e complexos problemas em consequência da
subalternização dos estados às etnias, nos termos do seguinte quadro político:
● conflitualidade permanente
Outros conflitos eclodiram devido às lutas pelo controle de recursos naturais, urânio,
diamantes e o petróleo.
Novas perspectivas
Na última década, a imagem de África alterou-se significativamente: as riquezas do subsolo
têm alimentado um crescimento económico contínuo; os investidores estrangeiros
mostram-se cada vez mais interessados em colocar em África os seus capitais; os africanos
fizeram nascer as suas primeiras grandes empresas de sucesso; o peso da classe média tem
vindo a reforçar-se; a tecnologia - telefone móvel e a internet difundem-se pelo continente.
1.3.2. A América Latina
A descolagem contida e endividamento externo
112
Os países latino-americanos procuraram libertar-se da sua extrema dependência face aos
produtos manufaturados estrangeiros. Encetaram, então, uma política industrial
protecionista com vista à substituição das importações. Orientado pelo Estado este fomento
económico realizou-se com recurso a avultados empréstimos contraídos junto dos
organismos financeiros internacionais e das instituições privadas de crédito.
Nas décadas seguintes, estes empréstimos, mal geridos, tornaram-se um fardo difícil de
suportar. Esta situação fez-se sentir com mais força nas nações latino-americanas, as mais
endividadas do mundo.
A dívida externa refletiu-se no agudizar da situação económica das populações latino-
americanas, pois foi necessário tomar medidas de contenção económica como
despedimentos e redução dos subsídios e dos salários.
Face a tão maus resultados, a salvação económica procurou-se numa política neoliberal.
Procederam à privatização do sector estatal, sujeitando-o à lei da concorrência e
procuraram integrar as suas economias nos fluxos do comércio regional e mundial. O
comércio registou um crescimento notável e as economias revitalizaram-se.
Ditaduras e movimentos de guerrilha. O advento das democracias
Nas décadas de 60 e 70, o subcontinente conheceu um enfraquecimento dos movimentos
de guerrilha. Este fenómeno lançou-a num clima de guerra civil e contribuiu para o atraso
da região.
EUA → Intervém no apoio ao estabelecimento de ditaduras militares em muitos países da
América Latina, principalmente após a revolução cubana (1959).
↓
objectivo → conter o avanço da influência soviética
* praticamente todo o continente sul-americano acabou por se transformar num protetorado dos
EUA (exceto Cuba).
- censura à imprensa e à liberdade de opinião;
- prisões arbitrárias;
- tortura;
- assassinatos;
- desaparecimento de opositores
↳ principalmente de militantes de movimentos de esquerda
113
Unem-se os socialistas, comunistas, operários, os movimentos feministas, os sectores da
igreja progressista e os movimentos liberais de modo a contestarem os opressores e
reivindicar regimes democráticos.
Denúncias internacionais do carácter repressivo destes regimes e o recuo dos governos
americanos no apoio dos regimes ditatoriais
↓
Conduziu ao desmoronar das ditaduras militares e à sua substituição por regimes de
carácter democrático
A ação dos movimentos de guerrilha também acalmou Muitos movimentos declaram o
abandono da luta armada optando pela sua transformação em partidos legais e
consequente integração no sistema político-institucional.
Embora firme, o caminho da América Latina rumo à democracia não está ainda isento de
dificuldades. As graves clivagens sociais, o aumento do narcotráfico, bem como a corrupção
e a violência herdadas do passado, continuam a comprometer a estabilidade política e o
futuro económico da região.
1.3.3. O Médio Oriente e os Balcãs
Nacionalismos e confrontos políticos e religiosos no Médio Oriente
Fundamentalismo ismlâmico - O fundamentalismo representa a reação extremista à
ocidentalização sofrida pelas sociedades muçulmanas durante o domínio estrangeiro. Os
fundamentalistas consideram-se os únicos depositários da verdadeira fé e defendem que
os princípios do Corão devem reger os Estados, fundindo-os num só poder político e
poder religioso. Nas últimas décadas, têm proliferado as organizações fundamentalistas
de cariz religioso.
114
➔ 1917
➔ governo britânico apoia o estabelecimento, na Palestina, do povo judeu
➔ A colocação deste território sob tutela administrativa britânica pela SDN
Apoiados pelos Estados Unidos e pelos judeus de todo o mundo mobilizados pelo sionismo
internacional, os israelitas têm demonstrado uma vontade inflexível em construir a pátria
que sentem pertencer-lhes.
No campo oposto, os árabes defendem igualmente a terra que há séculos ocupam. A sua
determinação em não reconhecer o Estado de Israel desembocou em conflitos repetidos
que deixaram patente a superioridade militar judaica. Tal situação induziu os Israelitas a
ocuparem os territórios reservados aos Palestinianos onde instalaram numerosos colonatos.
Neste contexto, a revolta palestiniana cresceu e encontrou expressão política na OLP –
Organização de Libertação da Palestina.
Na sequência de uma violenta revolta juvenil nos territórios ocupados - a intifada -, os
Estados Unidos pressionaram Israel para abrir negociações com a OLP que, conduzidas
secretamente desembocam no primeiro acordo israelo-palestiniano.
Assinado em 1993, em Washington, o acordo estabeleceu o reconhecimento mútuo das
duas partes, a renúncia da OLP à luta armada, a constituição de uma Autoridade Nacional
Palestiniana e a passagem progressiva do controlo dos territórios ocupados para a
administração palestiniana. Uma escalada de violência tem martirizado a região.
Aos atentados suicidas, cada vez mais frequentes, sobre alvos civis israelitas, o exército
judaico responde com intervenções destruidoras, nos últimos redutos palestinianos.
Nacionalismos e confrontos político-religiosos nos Balcãs
Criada após a 1ª guerra mundial, a Jugoslávia correspondeu ao sonho sérvio de unir os
“Eslavos do Sul”, mas foi sempre uma entidade artificial que aglutinava diferentes
nacionalidades, línguas e religiões.
A Jugoslávia era uma federação com 6 repúblicas (Sérvia, Croácia, Eslovénia, Bósnia-
Herzegovina, Macedónia e Montenegro) e 2 regiões autónomas (Kosovo e Voivodina)
↳ politicamente unificadas sob o governo do marechal Tito e com capital em
Belgrado
No entanto, a união política sob o regime comunista de Tito não impediu que em todas as
repúblicas, emergissem movimentos independentistas que foram alimentando entre si
fortes tensões étnicas que, a qualquer momento, podiam gerar violentas confrontações.
115
Factos que contribuíram para a desintegração da Jugoslávia:
- morte de Tito (1980)
- desmoronamento da URSS
- queda dos regimes comunistas da Europa de Leste
116
funcionalismo público) e a respetiva tutela governativa (Governo dependente de um chefe
supremo).
Por Nação entende-se a população com a mesma origem que se fixou num determinado
espaço e que, ao longo do tempo, foi consolidando por um conjunto de características e de
interesses comuns.
Por Estado-Nação entende-se um território onde coabita uma nação politicamente
organizada. É o Estado mononacional que resultou do princípio das nacionalidades, segundo
o qual a casa Nação deve corresponder um Estado, o que significa que à unidade geopolítica
deve corresponder uma unidade nacional.
No século XX, o Estado-Nação torna-se o principal elemento estruturador da ordem
internacional, em que cada nação estruturada politicamente corresponde a um Estado.
Neste contexto, o Estado-Nação caracteriza-se por centralizar o poder e a soberania, por
possuir novas estruturas administrativas, por se preocupar pela diplomacia internacional,
verificando-se ainda o princípio das nacionalidades e a autodeterminação das nações.
Dos Estados “plurinacionais” e nações “pluriestatais” ao Estado-Nação
Existem desde sempre → Estados plurinacionais
↳ Várias nações, dentro das mesmas fronteiras
↳ submetidas à mesma autoridade
política
117
- por outro lado, é o reconhecimento generalizado do esgotamento do papel do
Estado-Nação face aos desafios provocados pela globalização e questões
transnacionais: migrações, questões de segurança, problemas ambientais
Relativamente às migrações, estas foram aumentando cada vez mais, em grande parte
devido a motivos económicos e políticos.
A nível económico, as pessoas procuram sempre alternativas para as condições em que
vivem, de forma a melhorá-las, recorrendo assim à migração para fugir à miséria,
nomeadamente para países mais ricos.
A nível político, as pessoas procuram alternativas para o ambiente de guerra, de
instabilidade política ou de catástrofe natural que predomina na região em que vivem, uma
vez que não é proporcionada segurança, sendo assim necessário refugiarem-se em países
que proporcionem segurança aos seus habitantes.
Outra característica dos migrantes é que a maioria é do sexo feminino e são pessoas com
formação profissional elevada.
As migrações trazem também problemas para os países de acolhimento, nomeadamente
conflitos étnicos, problemas demográficos por passar a haver população em excesso e
problemas económicos por não haver capacidade de integrar os migrantes em postos de
trabalho o que aumentará o desemprego, podendo assim a migração obter respostas
negativas por parte da população original, como os casos de discriminação, xenofobia,
hostilidade ou racismo.
Segurança
Depois da Guerra Fria terminar, começaram a existir outras ameaças à segurança mundial.
118
➔ Expansão do terrorismo internacional associado aos múltiplos conflitos étnicos,
religiosos e políticos por todo o mundo
Pelo mundo são cada vez mais os casos de terrorismo, dominando então um clima de
insegurança nas sociedades, que não têm forma de combater eficazmente os ataques, como
foi o caso do atentado a 11 de setembro de 2001.
Neste contexto, é muito difícil para os Estados combaterem as redes de terrorismo
internacional, uma vez que com o progresso tecnológico e cientifico são utilizadas técnicas
cada vez mais desenvolvidas, em que diferentes grupos se ajudam mutuamente.
Para além disso, com a liberdade proporcionada, há mais facilidade em abalar a segurança
mundial, uma vez que existem números elevados de criminalidade, nomeadamente em
compras de armas ilegais, tanto nucleares como químicas, que são adquiridas pelos grupos
terroristas.
Ambiente
Ambientalismo - Conjunto de teorias e práticas que visam a preservação do meio
ambiente.
Relativamente ao ambiente, este tem vindo a ser destruído ao longo dos anos e a situação
tem vindo a piorar cada vez mais, estando então o planeta cada vez mais degradado.
Essa degradação deve-se, em grande parte, ao crescimento demográfico, ao
desenvolvimento económico, à constante exploração dos recursos naturais e ao progresso
industrial e tecnológico.
119
Neoliberalismo - Adaptação do liberalismo económico do século XIX pelo capitalismo dos
anos 80 do século XX. Criticando a intervenção do Estado na vida económica e social, o
neoliberalismo defende o respeito pelo jogo da oferta e da procura.
120
Os movimentos de capitais aceleram-se desde os anos 80. As grandes bolsas de valores,
como as de Nova Iorque, Tóquio, Londres e Singapura, mobilizam massas crescentes de
acções, em virtude de um aligeiramento das regulamentações que pesavam sobre a
circulação de capitais
Um novo conceito de empresa
Possuindo uma tendência para a internacionalização, as grandes empresas sofrem
mudanças estruturais e adotam estratégias planetárias.
Desde os anos 90, aumenta o número de empresas em que a concepção do produto ou do
bem a oferecer, as respectivas fases de fabrico e o sector da comercialização se encontram
dispersos à escala mundial.
Eis-nos perante as firmas da era da globalização, as chamadas multinacionais ou
transnacionais.
É essa lógica de rendibilidade das condições locais que conduz, em momentos de crise ou de
diminuição de lucros, as multinacionais a abandonarem certos países. Encerram aí as suas
fábricas e/ou estabelecimentos comerciais, para os abrirem noutros locais onde a mão-de-
obra, por exemplo, é muito mais barata.
A deslocalização de empresas para outros países teve como consequência imediata o
aumento do número de desempregados, as desigualdades entre países desenvolvidos e
países em desenvolvimento ficaram mais acentuadas e a degradação do ambiente tornou-se
mais intensiva.
A crítica à globalização
O crescimento económico proporcionado pelo neoliberalismo e pela globalização suscita
acesos debates em finais dos anos 90.
Os seus defensores lembram que as medidas tomadas permitiram resolver a gravíssima
crise inflacionista dos anos 70, ao mesmo tempo que apreciáveis franjas da Humanidade
acederam a uma profusão de bens e serviços.
Já os detratores da globalização invocam o fosso crescente entre países desenvolvidos e
países em desenvolvimento, frisando que, nas próprias sociedades desenvolvidas, existem
casos gritantes de pobreza e exclusão.
A alter-globalização contrapõe-lhe o projecto de um desenvolvimento equilibrado, que
elimine os fossos entre homens e povos, respeite as diferenças, promova a paz e preserve o
planeta.
2.1.5 Rarefação da classe operária; declínio do sindicalismo e da militância política
O fim dos operários?
Um conjunto de fatores determinam o recuo do sector industrial e a rarefacção da classe
operária, levando a que se fale na existência de uma era pós-industrial.
Indústrias que tinham sido motor de crescimento, tais como:
- têxtil;
- minas de carvão;
- siderurgia;
- construção naval;
- automóvel.
Sofrem com as dificuldades económicas dos anos 70 uma acentuada crise.
121
Nos anos 80, período do neoliberalismo, prossegue a redução dos operários no conjunto
da população activa. Com a sua política de privatização e de incentivos à iniciativa privada,
o Estado neoliberal permite aos empresários credibilizar custos, mediante despedimentos
em massa e a flexibilização de salários e do trabalho.
O trabalho conhece a realidade do contrato a prazo, realizando-se, muitas vezes, a tempo
parcial, quando não é temporário ou precário.
Sob a globalização em aceleração nos anos 90, o mundo operário parece entrar em
declínio.
- A elevada automatização praticada nas cadeias de montagem, permite eliminar
mão-de-obra menos qualificada.
- As deslocalizações aumentam, por sua vez, os desempregados.
Num sector em que o número de trabalhadores parece não ser decisivo, a mão-de-obra
desempenha tarefas cada vez mais qualificadas, mediante a aquisição de uma maior
formação geral e técnica.
O sector de serviços parece funcionar em moldes industriais, com muitos dos seus
trabalhadores alinhados em escritórios e balcões.
Facto controverso é, porém, o desemprego que progride nas sociedades desenvolvidas,
onde o rendimento das famílias operárias regride ou estagna.
Declínio do sindicalismo e da militância política
Declínio do sindicalismo
No fim do século XX o mundo do trabalho estava profundamente alterado na sua estrutura
e composição.
- o declínio da consciência de classe;
- o conformismo instaurado;
- a precariedade das condições de trabalho. A crescente flexibilização dos vínculos
laborais, num quadro de políticas neoliberais que não facilita a participação ativa dos
trabalhadores reivindicativos;
- o arrefecimento económico e alto nível de desemprego;
- a concorrÊncia dos novos países industrializados , sobretudo os países emergentes
do Oriente asiático que inundaram o mercado mundial, conseguida mediante o
pagamento de baixos salários, originando novos temores entre os trabalhadores
ocidentais perante a iminÊncia do desemprego;
- a ascensão ao poder de governos de direita conservadora que estão determinados a
limitar a excessiva ação dos sindicatos na sociedade.
122
- a afirmação crescente de novas formas de associativismo e de militância
concorrentes com a militância política.
123
- Uso de células estaminais na investigação médica;
- Decodificação dos genes (pode ajudar na descoberta de novos tratamentos para
algumas doenças).
Estas vantagens proporcionam uma melhoria na qualidade de vida e um aumento na
esperança média de vida, no entanto, é a própria dignidade humana que pode ser colocada
em causa se as experiências forem aplicadas para fins imorais e perversos.
Neoexpressionista e transvanguarda
Os pintores neoexpressionistas fazem renascer as formas e as tonalidades que
caracterizavam o expressionismo e o expressionismo abstracto. Para o conseguir,
reproduziram figuras distorcidas e temáticas ligadas a motivos mitológicos, étnicos e
nacionalistas, eróticos, e tradicionais.
No movimento Transvanguarda, um conjunto de pintores considerava que as suas obras
eram “para lá das vanguardas históricas”.
2.2.3 Dinamismos socioculturais
Revivescência do fervor religioso e perda de autoridade das igrejas
Relativamente à religião, nos últimos anos do século XX há uma clara revitalização da
religião. Explica esta revivescência de fervor religioso:
- recrudescimento do integrismo religioso que defende o regresso das religiões às
suas práticas originais;
- resposta à crise de valores e aos excessos do materialismo consumista que leva as
populações a procurarem resposta para as suas dúvidas na espiritualidade das seitas
religiosas;
- procura de conforto para os múltiplos problemas provocados pelas catástrofes
naturais e pela pobreza crónica que afecta muitas populações;
- reação à globalização económica e cultural que leva os crentes a procurarem na sua
religião uma forma de afirmar a sua individualidade;
124
- resposta ao vazio intelectual deixado pela crise das grandes ideologias que
dominaram todo o século XX, em especial da ideologia comunista.
Contraditoriamente, as igrejas tradicionais não aproveitam esta revivescência religiosa
para reforçarem a sua autoridade. Pelo contrário, a resistência da igreja, em particular da
católica, em acompanhar as transformações que se dão na sociedade no que concerne aos
novos hábitos e às novas práticas, bem como a acomodação e perda de capacidade de
mobilização dos fiéis, a que acrescem comportamentos criticáveis de alguns membros da
hierarquia religiosa levam os crentes a procurar movimentos religiosos não católicos a
resposta para as suas necessidades emocionais em matéria de fé.
Individualismo moral e novas formas de associativismo
- Novos ritmos de trabalho e de vida
- Competitividade do dia-a-dia
- Desenvolvimento do conforto doméstico, em consequência do desenvolvimento
tecnológico e da maior capacidade das populações acederem aos bens de consumo.
Porém, nas últimas décadas do século XX, há uma proliferação de novas formas de
associativismo motivadas pelas complicações do mundo contemporâneo.
↓
Favoreceram a desagregação das antigas solidariedades e a crescente afirmação do
individualismo moral
Assim, os problemas ligados:
- Pobreza crónica;
- Catástrofes naturais;
- Violência dos conflitos armados.
Mobilizam um grande número de pessoas na formação de novas solidariedades que
procuram, com a sua ajuda material e humana, atenuar os problemas dos que sofrem.
Assistimos também à expansão do associativismo em apoio dos emigrantes, refugiados e
excluídos, marginalizados, idosos, toxicodependentes, vítimas de agressões, etc.
Hegemonia da cultura urbana
A multiculturalidade domina as sociedades desenvolvidas e, muito em particular, a sua
paisagem urbana.
Novas manifestações culturais, ligadas ao espetáculo, à música e ao desporto, elegeram
cidades como palco nas últimas décadas. São os jovens que protagonizam muitas destas
formas de cultura.
A cultura urbana está interligada ao rap, ao techno, com a moda, teatro, espetáculos
desportivos, museus e galerias e concertos.
3.1 A integração europeia e as suas implicações
Em 1986 Portugal integra-se na Comunidade Económica Europeia com o objetivo de se
integrar num mercado em desenvolvimento e de beneficiar de programas de modernização
que a comunidade proporciona aos seus membros.
A integração de Portugal provocou modificações no país, tanto a nível económico, político,
social e de infraestruturas.
3.1.1 A evolução económica
O impacto imediato da integração
125
Economicamente, o país tinha dificuldades, estando então menos desenvolvido e, para se
desenvolver a economia portuguesa, a CEE financiou programas de apoio económico e
financeiro a Portugal, nomeadamente:
➔ o PEDIP, que investia na indústria;
➔ o PEDAP, que investia na agricultura;
➔ o PRODEP, que investia na educação.
O resultado foi positivo, uma vez que a economia portuguesa se desenvolveu, verificando-
se então a diminuição da dívida externa e da inflação, para além do investimento
estrangeiro, das exportações e das regalias sociais terem aumentado.
Politicamente, são consolidadas as instituições democráticas, uma vez que deixa de haver
ameaças revolucionárias e se verifica liberdade total, compromissos entre políticos que
fortalecem a democracia e internacionalmente destacam-se identidades portuguesas, como
Durão Barroso, que é convidado para o cargo de Presidente da Comissão Europeia.
Socialmente, a vida da população torna-se melhor:
- criação de novos postos de trabalho;
- o Estado dá regalias sociais e os salários são melhores, o que culmina no aumento do
consumo, devido ao poder de compra dos portugueses que vai aumentando.
126
Contudo, com a entrada no terceiro milénio, Portugal começa a evidenciar dificuldades,
uma vez que a concorrência não permite ao país destacar-se, o desemprego aumenta, as
empresas nacionais têm dificuldade em manter-se e verificam-se assimetrias relativamente
à distribuição da população pelo país.
Para além disso, o país depende da importação de energias, deixa de haver tanto
investimento, torna-se difícil controlar a imigração ilegal, o nível de escolaridade continua
baixo e verificam-se números elevados de população envelhecida.
3.2 As relações com os países lusófonos e com a área ibero-americana
PALOP - Sigla que designa os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa: Angola,
Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e, desde 2014, a Guiné
Equatorial. Juntamente com Portugal, Brasil e Timor-leste, fazem parte da Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Portugal, para além de manter relações com os Países da CEE, mantém igualmente
relações com os países lusófonos, isto é, países que partilham a língua portuguesa, como o
Brasil e os países africanos de língua oficial portuguesa, os PALOP.
3.2.1 O mundo lusófono
Portugal e os PALOP
Os PALOP têm uma economia pouco ou nada desenvolvida, sendo então imprescindível a
ajuda de Portugal, que beneficiaria do desenvolvimento destes países, como forma de
internacionalizar setores económicos e aproximá-los da União Europeia. Neste contexto são
assinados protocolos de cooperação e ajudas a nível económico, do turismo, da energiae e
de desenvolvimento de infraestruturas.
Paralelamente à cooperação económica, Portugal concede importante apoios no âmbito
da educação e da cultura, da ciência e da técnica, da saúde e do combate à pobreza, tendo
em vista consolidar a identidade cultural lusófona dos novos países.
Portugal e o Brasil
As relações económicas entre Portugal e Brasil incrementam-se nos anos 90.
O Brasil contribui com produtos primários, enquanto Portugal encontra, no mercado
brasileiro, boas condições para o investimento na metalomecânica, no têxtil, em energias
alternativas, no turismo, nas telecomunicações.
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
Portugal, Brasil e os PALOP fundaram, em 1996, a CPLP, a que Timor-Leste aderiu, em
2002, na sequência da sua independência. A CPLP pugna:
- pela concertação político-diplomática;
- pela cooperação económica, social, cultural, jurídica e técnico-científica.
A CPLP tem como contributo mais importante, o facto de elevar o português a língua
internacional.
3.2.2 A área Ibero-americana
A vertente atlêntica das relações externas de Portugal inclui também o relacionamento
com os Estados Unidos e com a América Latina.
127
Portugal como membro da comunidade ibero-americana, beneficia de trocas a nível
económico, cultural, científico e educacional e também da internacionalização da economia
portuguesa.
Em conformidade com o plano bilateral, Portugal confirma e estreita as suas relações
diplomáticas com os EUA, no âmbito da renovação dos Acordos das Lajes de 1979 e 1983, e,
no plano multilateral, reforça a sua predença na NATO e renova o seu empenho nos
compromissos que a guerra colonial tinha obrigado a abandonar desde os anos 60.
No contexto das relações internacionais e inter-regionais, a participação de Portugal na CIA
pode assegurar-lhe maior visibilidade e prestigio.
128