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Vida e obra
Laurez Cerqueira
Laurez Cerqueira
FLORESTAN FERNANDES:
Vida e obra
Laurez Cerqueira
FLORESTAN FERNANDES:
Vida e obra
2ª edição
EXPRESSÃO POPULAR
ISBN: 85-87394-67-3
1. Fernandes, Florestan, 1920-1995 – Biografia.
2. Socialismo - Militante politico - Biografia.
3. Sociólogos – Biografia.
II. Título.
1 – De “Vicente” a Florestan................................................................ 11
Bibliografia........................................................................................... 165
nova fase dos “Perfis”. Lá e aqui, o texto ágil e preciso estabelece in-
teressante paralelo entre autor e personagem. Assim como Florestan,
seu biógrafo, de origem igualmente humilde, superou limitações e
conseguiu, com garra e coragem, inserir-se no contexto político e
cultural da sociedade, colocando a produção intelectual a serviço
dos despossuídos.
Natural de Mortugaba, interior da Bahia, um dos 14 filhos de
família camponesa semianalfabeta, Laurez Cerqueira trabalhou até
os 18 anos na lavoura. Concluído o antigo ginasial, embarcou num
caminhão com destino a São Paulo para tentar prosseguir os estudos.
Instalado num cortiço no bairro da Mooca e operário da construção
civil por quase um ano, transferiu-se para Brasília, onde foi faxineiro
do Banco Central, ascensorista do Ministério da Agricultura, datiló-
grafo e auxiliarde serviços administrativos nos Correios. Finalizando
o segundo grau, passou no vestibular para Geologia na UnB, mas o
curso, exclusivamente diurno, era inviável para quem precisava ga-
nhar o sustento. Depois de um período em que viveu entre Bolívia,
Chile e Peru, ligado às lutas das cidades e do campo, volta a Brasília
e, agora aluno de Letras, começa a militar no movimento estudantil.
Entra para a Câmara dos Deputados no final de 1983, assessorando
parlamentares da primeira bancada do Partido dos Trabalhadores.
Sua ligação com Florestan Fernandes deu-se por intermédio
do professor Hélio Alcântara, chefe de gabinete do então deputado
constituinte. A identificação entre ambos foi imediata e uma amizade
cresceu e consolidou-se nas longas conversas sobre as dificuldades
comuns para sobreviver e estudar. Impressionado com a curiosidade
de Laurez, Florestan, com paciência e carinho, indicava leituras e
emprestava livros.
Passando a trabalhar diretamente com o sociólogo-deputado,
Laurez aprofundou ainda mais a relação em discussões sobre os as-
suntos do dia que ia lendo nos jornais e na bibliografia recomendada
por Florestan. Na bancada do PT foi encarregado das articulações
LAUREZ CERQUEIRA 9
DE “VICENTE” A F LO R E S TA N
Não se dá filho
Florestan Fernandes nasceu em São Paulo, no dia 22 de julho de
1920, de um parto que envolveu risco de vida por subnutrição. Sua
mãe, dona Maria Fernandes, uma senhora de origem portuguesa que
prestava serviços em casas de famílias paulistanas, chegou ao Brasil
com 13 anos de idade, no início do século passado.
1
Fernandes, F. A sociologia no Brasil. Contribuição para o estudo de sua formação
e desenvolvimento. Petrópolis: Vozes, 1977, p. 142-143.
LAUREZ CERQUEIRA 13
***
“As crianças eram tratadas como ‘classe inferior’; quando estava com
fome e pedia uma ajuda a alguém, a pessoa quase sempre me servia
como se estivesse dando comida a um cão”.
Não aceitava a humilhação. Podia estar morrendo de fome, mas
recusava comida em condições degradantes. Preferia arranjar um
tostão, comprar um pudim de pão chamado “mata-fome”, que deixava
a ele e aos outros meninos de barriga cheia pelo resto do dia, embora
desnutridos. Um amigo, filho de uma professora, às vezes lhe oferecia
comida, e, sendo a única casa que o servia decentemente, ele aceitava.
A disputa pelos pontos de engraxate nas praças era grande, a
concorrência acirrava, chegavam à luta física. Florestan se destacava
por ser pequeno, franzino, mas andava limpinho e bem vestido,
apesar da maioria das roupas herdadas de outras crianças. Quando
ia para a rua com aquelas roupas inadequadas para o seu tamanho,
a meninada zombava, dizia que era roupa de defunto. Ele aguentava
calado, fingia não dar importância e fazia de tudo para não se indis-
por com os colegas.
rua. Insistiu com dona Maria, mas ela foi irredutível. Disse que não
tinham condições de mudar e que ele tratasse de esquecer aquela
ideia. Florestan foi para os fundos da casa, sentou-se no primeiro
degrau da escada que dava na porta da cozinha e começou a brincar
com uma gilete usada, apanhada no chão, enquanto matutava um
jeito de enfrentar aquela situação.
As crianças da época costumavam usar botinhas de couro,
amarradas por cadarço. Enquanto brincava com a lâmina, teve a
ideia de enfiá-la no bico da bota, entre as camadas do solado. Ele
a partiu em vários pedaços, experimentou colocar as farpas em
cada pé. Deu certo. No dia seguinte, voltou à praça e lá estava
engraxando o sapato de um homem. Papaiano chegou e ficou por
perto rondando, esperando a hora de dar o bote, não quis provocar
Florestan diante do freguês.
Assim que o freguês foi embora, Papaiano se aproximou, cruzou
os braços diante de Florestan e cuspiu no chão. Florestan passou o
pé em cima. Papaiano passou a mão na cara de Florestan e Flores-
tan fez o mesmo na cara dele. Quando Papaiano levantou a mão
para passar na cara de Florestan outra vez, levou um chute certeiro
na canela e caiu aos gritos, rolou no chão com as mãos cobrindo
o corte na perna.
Temendo a reação dos companheiros de Papaiano, que eram
muitos e podiam massacrá-lo, Florestan apanhou sua caixa e se
embrenhou entre as pessoas da praça, subiu num bonde para não
ser pego e foi embora. No dia seguinte, estava de volta ao mesmo
ponto. Nenhum dos garotos se atreveu a comentar o caso com ele.
Essa forra teve uma repercussão importante, não só no meio dos
garotos. Ele obteve apoio dos clientes que o conheciam. E da turma
da área, o reconhecimento e o respeito por sua coragem.
Florestan trabalhou também carregando compras em feiras livres.
Certa vez, acompanhou uma senhora, elegantemente vestida, que
queria comprar frutas. Ele a ajudava carregando uma sacola, enquanto
22 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
ela escolhia. Numa das barracas, ela viu umas mangas muito bonitas
e resolveu comprar. Como na sacola não cabia mais nada, o dono da
barraca arranjou um saco e ela acabou comprando uma quantidade
grande. A senhora pediu a Florestan que a ajudasse a levar a sacola
até sua casa, numa rua próxima. Como não era possível levar todas
as compras de uma só vez, primeiro ele levou a sacola, depois voltou
para pegar o saco de mangas.
Na barraca, tentou colocar o saco de mangas nas costas, mas viu
que não tinha força suficiente para carregá-lo. Mesmo assim, pro-
curou cumprir seu compromisso. A alternativa foi arrastar o saco de
mangas. Arrastou-o com toda força, até certa altura da rua. Como
era numa ladeira, e já estava exausto, resolveu amarrar a boca do saco
e rolá-lo ladeira acima, até a porta da casa. Ao chegar, percebeu que
as mangas estavam bastante amassadas. Mas não havia o que fazer.
Estava ali cumprindo o combinado.
Temeroso, bateu na porta e ficou esperando para ver o que ia acon-
tecer. Quando a dona das mangas apareceu, viu que o saco estava sujo
e molhado e não precisou muito para adivinhar o estado das frutas.
Furiosa olhou para ele, mas ao perceber o desapontamento daquele
menino de olhar envergonhado, conteve o impulso de repreendê-lo de
forma agressiva, resumindo-se a dizer algo mais brando. A vergonha
baixou-lhe a cabeça. Ela pegou no queixo dele e, procurando seus olhos,
disse: “Olha aqui: você nunca deve assumir, com ninguém, compro-
missos além das suas possibilidades. O professor Florestan dizia que
essa cena foi tão forte, que nunca mais a esqueceu. E que as palavras
daquela senhora ressoaram por muito tempo em sua memória.
Dona Maria Fernandes era uma mulher rígida e educou Florestan
de forma muito dura. Exigia disciplina, compreensão e um engaja-
mento na vida como se ele fosse um adulto. Queria que ele aprendesse
uma profissão desde criança, para garantir o ganho da sobrevivência
e a independência, para ela um valor fundamental. Não queria ver o
filho se humilhar por necessidades básicas da vida.
LAUREZ CERQUEIRA 23
fariam os meus Tupinambá. Os que não têm nada que dividir repartem com
os outros as suas pessoas.2
2
Fernandes, F. A sociologia no Brasil. Contribuição para o estudo de sua formação
e desenvolvimento. Petrópolis: Vozes, 1988.
26 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
quem ele sempre atendia. O jornalista quis saber o que Florestan lia,
deixou a mesa e se dirigiu ao balcão. Para surpresa dele, Florestan
estava lendo um romance de um escritor russo e aproveitou para mos-
trar outros livros que ele tinha. O cliente ficou admirado, perguntou
por que ele trabalhava como garçom, quando aparentava ser uma
pessoa tão culta. Florestan disse que não conseguia emprego melhor
porque havia abandonado os estudos no terceiro ano primário, e que
não tinha qualificação para outras atividades. Inconformado com o
que ouviu, o jornalista convidou-o a sentar-se à mesa e, numa longa
conversa, Florestan foi convencido a voltar a estudar. Em frente do
restaurante onde trabalhava havia sido fundado o Colégio Riachuelo.
Lá, funcionava um curso supletivo (madureza), preparatório para
exames de acesso à faculdade.
Chegando em casa, animado, foi logo dizendo a dona Maria
que tinha decidido estudar. Esperava que ela recebesse a notícia com
alvíssaras, mas a reação foi contrária. Com olhos marejados disse a
ele que não concordava com sua decisão porque tinha medo de ser
abandonada, caso fizesse carreira. Achava que os estudos o deixariam
vaidoso e, quando frequentasse o meio das pessoas cultas, teria ver-
gonha dela, por ser analfabeta.
Apesar de abatido com a reação da mãe e com as dificuldades
para pagar o colégio, não desistiu. Manteve-se firme. Procurou o
diretor do curso de “madureza” e conseguiu, num primeiro momen-
to, assistir às aulas sem precisar pagar. Depois o diretor concordou
manter a matrícula mediante o pagamentode uma taxa simbólica.
Naquela época, o ginásio era cursado em cinco anos e o curso de
“madureza”, em três.
Florestan trabalhou no Bar e Restaurante Bidu durante três anos
e, nesse período, conseguiu manter a frequência às aulas. Mas, o
Colégio Riachuelo mudou para Campos Elíseos, um lugar distante
dali, e ele teve de arranjar outra ocupação para continuar os estudos.
No bar Bidu, Florestan conheceu Manoel Lopes de Oliveira Neto, o
28 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
CAPÍTULO II
CONSTRUIR A SOCIOLOGIA
C I E N T Í F I C A E I N T E R P R E TA R O
BRASIL
3
Fernandes, F. A sociologia no Brasil. Contribuição para o estudo de sua formação
e desenvolvimento. Petrópolis: Vozes, 1977, p. 156-157.
36 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
4
Revista Veja, julho de 1995.
LAUREZ CERQUEIRA 39
Militância política
Outro aspecto da trajetória de Florestan que gerou especulações
foi sua militância política vinculada a organizações de esquerda. Ao
contrário do que se imagina, o ativismo político dele não começou na
5
Antonio Candido, entrevista à TV Câmara, 2003.
40 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
6
Coligação Democrática Radical – “Anteprojeto de Programa Técnico-Eleitoral”,
São Paulo, 1945.
44 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
7
Fernandes, F. Mudanças sociais no Brasil. São Paulo: Difusão Europeia do Livro,
1960.
LAUREZ CERQUEIRA 47
8
Revista USP – “Dossiê Florestan – A questão racial brasileira na obra de Flo-
restan Fernandes”. Pereira, João Batista B. Pereira - São Paulo, mar-mai de
1996 – citando Olga R. de M. Von Sinson (org.), op. cit., p. 16-17.
LAUREZ CERQUEIRA 49
9
Id., ibid., p.18.
50 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
10
Bastide, Roger e Fernandes, Florestan. Relações raciais entre negros e brancos em
São Paulo. 3ª ed., São Paulo: Editora Nacional, 1959.
11
Idem.
52 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
Míriam Limoeiro:
O conhecimento científico transcende as fronteiras, os continentes.
Mesmo antes dos meios de comunicação eletrônicos, havia os livros e as
ideias circulam neles, nos congressos, nos seminários. Na medida em que
há publicações, não importa a origem de quem pensou e divulgou, se um
brasileiro, um inglês, um francês ou um alemão. Portanto, essa ideia de
uma ‘escola paulista de sociologia’ não combina com a forma nem com a
prática implementada na produção cientifica do grupo da Faculdade de
Filosofia (...).
56 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
12
Míriam Limoeiro (entrevista para este livro, nov/2003).
LAUREZ CERQUEIRA 57
13
Ibidem.
58 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
14
“Problemas das sociedades em desenvolvimento industrial”. Conferência no
Segundo Colóquio Científico Ultramarinho das Universidades e Escolas Su-
periores da Alemanha Ocidental.
LAUREZ CERQUEIRA 63
15
Míriam Limoeiro (entrevista para este livro, nov/2003).
64 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
16
Fernandes, F. A revolução burguesa no Brasil. Ensaio de interpretação sociológica.
São Paulo: Zahar, 1975.
66 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
BENEDICTO
NAIR
Manifestação
dos excedentes,
março de 1968
IMAGEM
FOLHA
Passeata em defesa do ensino público, 1988
ABRIL
EDITORA
-
NAMBA
CARLOS
SIMAS
PAULA
22
Conforme Florestan Fernandes Jr. (entrevista para este livro).
LAUREZ CERQUEIRA 87
Florestan respondeu:
Então eu retiro, mas também não presto depoimento.
23
Idem
LAUREZ CERQUEIRA 89
dona Noemi, para distribuir cópias da carta aos estudantes que aguar-
davam o desfecho da audiência, concentrados em frente à diretoria
da Faculdade. Aquela carta era um símbolo. No dia seguinte, estava
estampada nos jornais:
São Paulo, 9 de setembro de 1964.
Senhor Tenente-Coronel:
Há quase vinte anos venho dando o melhor do meu esforço para ajudar a
construir em São Paulo um núcleo de estudos universitários digno desse
nome. Por grandes que sejam minhas falhas e por pequena que tenha sido
minha contribuição individual, esse objetivo constitui o principal alvo de
minha vida, dando sentido às minhas atividades como professor, como
pesquisador e como cientista. Por isso foi com indisfarçável desencanto e
com indignação que vi as escolas e os institutos da Universidade de São
Paulo serem incluídos na rede de investigação sumária, de caráter ‘policial
militar’, que visa a apurar os antros de corrupção e os centros de agitação
subversiva no seio dos serviços públicos mantidos pelo governo estadual.
Não somos um bando de malfeitores. Nem a ética universitária nos per-
mitiria converter o ensino em fonte de pregação político-partidária. Os
que exploram meios ilícitos de enriquecimento e de aumento do poder
afastam-se, cuidadosa e sabiamente, da área do ensino (especialmente
do ensino superior). Em nosso país, o ensino só fornece ônus e pesados
encargos, oferecendo escassos atrativos mesmo para os honestos, quanto
mais para os que manipulam a corrupção como estilo de vida. Doutro lado,
quem pretendesse devotar-se à agitação político-partidária seria desavisado
se se cingisse às limitações insanáveis que as relações pedagógicas impõem
ao intercâmbio das gerações.
Vendo as coisas desse ângulo (e não me parece que exista outro diverso),
recebi a convocação para ser inquirido ‘policialmente’ como uma injúria,
que afronta a um tempo o espírito de trabalho universitário e a menta-
lidade científica, afetando-me, portanto, tanto pessoalmente, quanto na
minha condição de membro do corpo de docentes e investigadores da
Universidade de São Paulo. Foi com melancólica surpresa que vislumbrei
a indiferença da alta administração universitária diante dessa inovação,
que estabelece nova tutela sobre a nossa atividade intelectual. Possuímos
critérios próprios para a seleção e a promoção do pessoal docente e de pes-
quisas. Atente Va. Sa. para as seguintes indicações, que extraio de minha
90 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
Ao Exmo. Senhor
Tenente-Coronel Bernardo Schönmann
Encarregado do Inquérito Policial-Militar junto à Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras da USP – Em mãos.
24
Ibid.
92 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
Dois dias depois, Florestan foi solto. Passou por sua casa para
rever a família, tomou um banho e em seguida se dirigiu para a Fa-
culdade de Filosofia. Conta seu filho, Florestan Fernandes Jr., que,
ao chegar, o professor Florestan se encontrou na entrada com um
funcionário. E ficou ali, em pé, conversando sobre sua prisão e os
últimos acontecimento na universidade, quando de repente alunos e
professores começaram a deixar as salas de aula e a descer as escadarias
do prédio em direção ao saguão onde ele estava. Uma multidão se
aglomerou em torno dele, aplaudindo-o e cantando o Hino Nacional.
Numa emocionante manifestação de apoio e solidariedade, como
demonstração de reconhecimento de sua força intelectual e moral. O
sociólogo, cientista, pensador e militante estavam ali, fundidos num
revolucionário, em seu campo de batalha, o qual conhecia muito bem
e, como poucos, sabia o que estava em risco.
No final do ano, Florestan foi ao jornal O Estado de S. Paulo e
resolveu visitar o Dr. Júlio de Mesquita Filho. No encontro, Flores-
tan não deixou de dizer algumas coisas que deveria ter colocado no
momento do episódio da lista.
Eu devia ter visitado o senhor para agradecer o que o senhor fez, tirando
o meu nome da lista. Mas achei que aquilo não era uma homenagem que
o senhor me prestava, porque eu de fato mereci ser punido. Eu combati a
ditadura e vou continuar a combater. Nós somos inimigos de classe, ainda
que o senhor não tenha pensado nisso. Se a situação fosse o inverso, eu não
retiraria o seu nome de lista nenhuma. O senhor seria tratado duramente
como inimigo da revolução.25
25
Ibid.
LAUREZ CERQUEIRA 93
26
Jornal Folha de S. Paulo, 23/3/1968.
LAUREZ CERQUEIRA 95
Conta seu filho, Florestan Fernandes Jr., que numa dessas viagens,
para dar um curso de curta duração nos EUA, o Ministério das Re-
lações Exteriores não concedeu passaporte a Florestan. Impedido de
viajar, telefonou para a universidade estadunidense e relatou o fato
aos professores. Naquela época, o ministro da pasta era o político
mineiro Magalhães Pinto que, coincidentemente, estava em viagem
aos EUA. Alunos e professores foram ao encontro dele e, numa sala do
hotel, sitiaram-no. Só permitiram a saída do ministro depois que ele
telefonou para o Brasil e ordenou a entrega do passaporte a Florestan.
No Brasil, à medida que se intensificavam as pressões do governo
para se implantar a política educacional subordinada ao acordo MEC/
USAID, crescia a reação nas universidades contra a reforma conservadora.
Com a decretação do AI-5 em dezembro de 1968, a repressão
política ganhou proporções ainda maiores. O Congresso Nacional foi
27
Jornal Porandubas – PUC, out/1983.
96 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
28
Relatório do Dops, s/d.
LAUREZ CERQUEIRA 97
pude lutar coisa alguma, porque, realmente, de 1973 em diante vivi dentro de
um isolamento tremendo. Até 1975 eu tinha o que fazer dentro da produção
anterior. Podia viver assim, o isolamento de maneira equilibrada. Mas, depois
eu resvalei. E a radicalização pela qual eu passei engendrou o desequilíbrio,
que tive de enfrentar como pessoa. Não vá pensar que um intelectual, um
sociólogo, está livre das contingências que afetam todos os seres humanos.
E na medida em que eu estava isolado eu vi amigos e companheiros que
sequer se lembravam de mim, eu fiquei prisioneiro da família. É uma bela
prisão, mas, entra ano e sai ano, ficava só com essa convivência e com um
desdobramento que não vem ao caso discutir. Através desse desdobramento,
eu tinha um diálogo intelectual útil e permanente. Dei alguns cursos no
‘Sedes Sapientae’ e um cursinho sobre a teoria do autoritarismo, uma coisa
intermediária. De repente, me vejo diante de um curso e da necessidade de
engolir a condição de professor, que eu não queria engolir de novo. O que
eu queria era exatamente voltar a uma atividade militante e só militante. Daí
essa tensão, essa frustração. De novo vejo que o Brasil não dá mais que isso.
Tentei fazer mais do que isso. Você fica preso a um grupúsculo e neste gru-
púsculo fica na condição em que eu fiquei na década de 1940, patinando. O
movimento socialista aqui ainda não engendrou a ponto de se diferenciar, de
criar um espaço para o ser humano poder sobreviver e lutar dentro dele. Não
conseguimos isso. A ruptura com a ordem é tão superficial que as pessoas só
sobrevivem se realmente se ‘radicalizarem’. Se as pessoas não perceberem que
o status de classe média é instrumental para sobreviver, elas se destroem. Então
o que aparece ali como tensão é uma tensão psicológica. Eu tive que aceitar o
fato de não ser nada mais do que um intelectual divergente. Tive de engolir
este fato, e estou engolindo. Durante todo o curso, ao dar as aulas, engoli essa
terrível frustração, daí a tensão. Agora, é claro que o desgaste da ditadura abre
perspectivas. Mas perspectivas que dependem de que o movimento socialista
se solte. Se ele não se soltar, nós voltamos a todas aquelas situações que nós já
vivemos longamente. Tenho a impressão de que, nesse ponto, os militantes
que ficam absorvidos pelo conformismo intrínseco ao movimento da esquerda
aqui, são protegidos por esse tipo de ruptura superficial com a ordem. Eles
podem ser úteis ao processo de luta política e ao mesmo tempo não precisam
viver o drama que nós acabamos vivendo de maneira intensa.29
29
Revista Ensaio, ano IV, n. 8, s/d.
LAUREZ CERQUEIRA 99
30
Folha de S. Paulo, 24/7/1977.
100 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
31
Idem.
LAUREZ CERQUEIRA 101
32
Ibid.
102 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
problemas de petróleo etc. Essas normas não são estabelecidas pelo país.
O ‘milagre’ é imposto por instituições mundiais.33
33
Ibid.
LAUREZ CERQUEIRA 103
34
Revista Ensaio, ano IV, n. 8, s/d.
104 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
35
O Saber Militante. Ensaio sobre Florestan Fernandes. São Paulo: Unesp/Paz e
Terra, 1987.
LAUREZ CERQUEIRA 105
36
Idem.
37
Revista Adusp, out/1995.
106 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
A Revolução Cubana
No processo de observação dos movimentos na América Lati-
na, Cuba mereceu um livro de Florestan. Depois de uma viagem
de uma semana à ilha caribenha, onde se reuniu com intelectuais
para conhecer de perto o processo revolucionário daquele país, ele
organizou um curso de pós-graduação na PUC/SP a convite do
Centro Acadêmico de Ciências Sociais (Ceupes) e do DCE Livre
Alexandre Vanucchi Leme. Repetido posteriormente na USP,
em 1979, o curso resultou no livro Da guerrilha ao socialismo: a
Revolução Cubana.
38
Fernandes, F. Democracia e desenvolvimento – a transformação da periferia e o
capitalismo monopolista da era atual. São Paulo: Hucitec, 1994.
108 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
39
Conferência: “Perspectivas da revolução democrática em Portugal”, 3/10/1967.
LAUREZ CERQUEIRA 111
CAPÍTULO 1V
O CIENTISTA MILITANTE E A
ESPERANÇA NO SOCIALISMO
A ciência é incompatível
com a irresponsabilidade.
Max Weber
40
Revista Teoria e Debate n. 13 – São Paulo, jan-mar/1991.
LAUREZ CERQUEIRA 113
41
Idem.
42
Fernandes, F. O PT em movimento – contribuição ao I Congresso do Partido dos
Trabalhadores. São Paulo: Cortez, 1991.
114 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
43
Fernandes, F. A contestação necessária: retratos intelectuais de incorformistas e
revolucionários. São Paulo: Ática, 1995.
44
Jornal do DCE – UFRGS, jun/1985.
LAUREZ CERQUEIRA 115
45
Revista Teoria e Debate n. 13, São Paulo, jan-mar/1991.
116 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
CAPÍTULO V
O PROFESSOR FLORESTAN
FERNANDES NO CONGRESSO
CONSTITUINTE
Os trabalhadores e a Constituição
Essa fase da “transição” foi considerada, por grande parte dos
analistas da época, como a mais crítica, devido à insegurança que se
tornou presente em relação ao futuro político do país. A “transição” se
prolongou amaciando as tensões políticas e sociais, tentando domesticar
as forças que trilhavam o caminho da ruptura. Enfim, a elite política
conseguiu o que queria, manteve a ordem conveniente a seus interesses.
Esse período da história do Brasil foi exaustivamente analisado
por Florestan numa vasta produção de livros, artigos para jornais e
revistas, entrevistas e palestras.
LAUREZ CERQUEIRA 127
46
Folha de S. Paulo, 2/2/1987.
128 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
Desobediência proletária
Naquele momento os conflitos que se afloravam em diversos
setores da sociedade tendiam a evoluir para uma situação de cir-
cunstâncias imprevisíveis. Os empresários falavam em movimento
de desobediência civil, numa demonstração de reconhecimento da
força das manifestações públicas e da rebelião que se espalhava nos
centros urbanos e no campo. Indagado sobre isso, Florestan respon-
deu: “Lenin dizia que quando os de cima não logram mais mandar,
os de baixo se recusam a obedecer”.
Para ele, não havia propriamente uma desobediência civil no
país e, sim,
uma desobediência proletária, os trabalhadores estavam rejeitando uma
ordem existente. (...) A desobediência civil do tipo burguesa está identifi-
cada com o aperfeiçoamento da ordem democrática burguesa, enquanto
que a desobediência dos trabalhadores quer implodir essa ordem, e isso é
um elemento recente na vida política brasileira.
47
Jornal do Brasil, 8/2/1987.
130 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
48
Idem.
49
Jornal O Corneta, ano I, n. 17, 1ª quinzena de março de 1987.
LAUREZ CERQUEIRA 131
50
Jornal do Brasil, 8/2/1987.
132 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
51
Fernandes, F. Pensamento e ação – o PT e os rumos do socialismo. São Paulo:
Brasiliense, 1989.
LAUREZ CERQUEIRA 133
A Constituição inacabada
Florestan gozava de respeito intelectual e moral não só dos seus
companheiros da esquerda, mas também de muitos parlamentares
adversários históricos, como Jarbas Passarinho, Roberto Campos,
LAUREZ CERQUEIRA 135
Delfim Netto, entre outros. Era tratado com cordialidade. Ele encan-
tava as pessoas com sua inteligência e simplicidade. Era um homem
gentil, generoso, de fala branda e muito discreto. Quando andava
pelas dependências da Casa, políticos e funcionários paravam para
cumprimentá-lo, sempre com satisfação, talvez pela oportunidade de
conviver com um parlamentar tão especial.
Apesar dos discursos dele, na maioria das vezes, provocar um raro
momento de silêncio no Plenário, emudecendo os parlamentares mais
tagarelas, e de suas intervenções nas reuniões e seus artigos publicados
nos jornais serem uma referência para o debate, ele percebia que o
conservadorismo parecia soldado como um amálgama impenetrável.
Isso o angustiou muito, mas ele se manteve firme. Sabia que a força
para as transformações do país não estava ali, mas nas ruas, nas
mobilizações da população, que poderiam repercutir no Congresso
e alterar o resultado do jogo.
No começo, sua presença no Congresso despertou expectativas,
como se toda bagagem que trouxera, sua história e o poder de co-
municação de que dispunha fossem exercer influência definidora do
rumo dos trabalhos. Essa expectativa ocorreu principalmente com
os parlamentares que não conheciam bem a cultura política da Casa,
seus movimentos envolventes e dissipadores de conflitos.
Florestan era daqueles que conhecia bem o segredo das palavras,
seu poder de construir e destruir. Seus textos e pronunciamentos ti-
nham o refino de quem escolhia com cuidado a palavra de significado
certeiro e o seu lugar adequado no discurso.
A responsabilidade do educador comprometido com a transfor-
mação da sociedade era notável na sua entrega apaixonada às causas
que abraçara como justas. Sustentava suas teses com vigor nos mais
variados foros e tinha nos textos que produzia uma força incomum,
sempre com explícita parcialidade socialista e revolucionária.
Não só os discursos de reflexões profundas marcaram a presença
de Florestan no Plenário, mas alguns episódios reveladores de sua
136 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
52
Folha de S. Paulo, 9/8/1988.
LAUREZ CERQUEIRA 139
53
Myrian Rodrigues Fernandes (entrevista para este livro, nov/2003).
LAUREZ CERQUEIRA 141
O desafio educacional
A discussão da LDB teve início em dezembro de 1988. Um processo
difícil, não só por se tratar de uma matéria complexa, mas por envolver
concepções ideologicamente conflitantes sobre a educação no âmbito da
Comissão de Educação. Nesse sentido, Florestan era uma referência para
o movimento dos educadores e para os parlamentares que se alinhavam
com a defesa das posições históricas defendidas por ele. O poderoso
lobby das escolas privadas e confessionais se articulava diretamente com
um grupo de parlamentares na Comissão de Educação. Por outro lado,
Florestan, Octávio Elísio, Zaire Rezende, Arthur da Távola, Ubiratã
Aguiar, Hermes Zanetti, Carlos Luppi, Maria Luíza Fontenelle, Renildo
Calheiros, Raul Pont e outros, trabalhavam em interação com o Fórum
Nacional em Defesa do Ensino Público e Gratuito, formado pela An-
des, UNE, CNTE, Fasubra, CUT e vários sindicatos, que manteve-se
permanentemente em Brasília dando sua colaboração.
LAUREZ CERQUEIRA 147
54
Fernandes, F. O desafio educacional. São Paulo: Cortez, 1989.
55
Florestan Fernandes, Câmara dos Deputados, 1993, n. 20.
150 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
56
Revista Teoria e Debate, n. 8, São Paulo, out-dez, 1989.
LAUREZ CERQUEIRA 151
57
Idem.
152 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
CAPÍTULO V1
COMPROMISSO E COERÊNCIA
Razões de consciência
Nos primeiros anos da década de 1990, o quadro de saúde
de Florestan se agravou. Andava pelos corredores da Câmara a
passos lentos, a voz perdia o vigor e, por recomendação médi-
ca, teve de fazer uma redução drástica em sua agenda. Tomava
medicamentos tão fortes que lhe davam prostração. Num dado
momento, começou a ter crises de hemorragia. Isso lhe causou
algumas internações.
Numa dessas crises, em São Paulo, antes da cirurgia, ele passou
mal em casa. Era madrugada e o jeito foi procurar recurso, como de
costume, no Hospital do Servido Público. Dona Myrian telefonou
para o filho e o avisou. Quando Florestan Jr. chegou ao hospital o
pai estava vestido de pijama, numa longa fila, esperando para ser
atendido. O filho o questionou por que não foi para o Hospital
Albert Einstein ou outro hospital de melhores condições, pois seria
atendido de imediato. Florestan respondeu: “Eu vim para cá porque
eu sou servidor público e este é o hospital que deve cuidar de mim.
E estou na fila porque tem fila”.
LAUREZ CERQUEIRA 155
58
Folha de S. Paulo, 4/10/1994.
LAUREZ CERQUEIRA 157
A contestação necessária
Florestan enfrentou toda essa maratona de trabalho com a
doença destruindo-o lentamente. As crises decorrentes da hepa-
tite tornaram-se mais frequentes. O sistema de coagulação do
sangue não estava funcionando como deveria. Ele passou a ser
acometido por hemorragias. Numa avaliação clínica no Hospital
59
Fernandes, F. Parlamentarismo: contexto e perspectivas. Brasília-DF: Câmara
dos Deputados, 1991.
60
Jornal da Constituinte, n. 14, Brasília, 31/8 a 6/9/1987.
LAUREZ CERQUEIRA 159
61
Fernandes, F. A contestação necessária: retratos intelectuais de inconformistas e
revolucionários. São Paulo: Ática, 1995.
160 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
BIBLIOGRAFIA
ANEXO 1
Aprendizagem
1. Curso primário incompleto (até o terceiro ano): Grupo Escolar Maria
José, Bela Vista, São Paulo.
2. Curso secundário e Colegial (“Curso de Madureza”), sob o artigo 100:
Ginásio Riachuelo (anos letivos de 1938, 1939 e 1940).
3. Curso superior: Ciências Sociais, na Faculdade de Filosofia, Ciências
e Letras da Universidade de São Paulo (anos letivos de 1941, 1942 e 1943).
Licenciatura no curso de Didática da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
da USP (ano letivo de 1944).
4. Curso de pós-graduação em Sociologia e Antropologia: Escola Livre de
Sociologia e Política, São Paulo (anos letivos de 1945 e 1946).
*
Organizada por Florestan Fernandes e Vladimir Sacchetta.
168 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
Títulos acadêmicos
1. Mestre em Ciências Sociais (Antropologia): Escola Livre de Sociologia
e Política (1947), com a tese “A organização socialdos Tupinambá”.
2. Doutor em Ciências Sociais (Sociologia): Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras da USP (1951), com a tese “A função social da guerra na
sociedade Tupinambá”.
3. Livre-Docente: Cadeira de Sociologia I, Faculdade de Filosofia, Ciências
e Letras da USP (1953), com a tese “Ensaio sobre o método de interpretação
funcionalista na Sociologia”.
4. Professor Titular: Cadeira de Sociologia I, Faculdade de Filosofia, Ci-
ências e Letras da USP (1964), com a tese “A integração do negro na sociedade
de classes”.
Cargos ocupados
1. Segundo-Assistente da Cadeira de Sociologia II da Faculdade de Filo-
sofia, Ciências e Letras da USP (1o/3/1945 a 27/11/1952).
2. Primeiro-Assistente da Cadeira de Sociologia I da Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras da USP (27/11/1952 a 31/12/1954).
3. Professor contratado da Cadeira de Sociologia I da Faculdade de Filo-
sofia, Ciências e Letras da USP (1o/1/1954) a 23/2/1965).
4. Professor catedrático efetivado por concurso de títulos e provas, a partir
de 23/2/1965. Afastado sob aposentadoria compulsória, com vencimentos
proporcionais ao tempo de serviço, em 24/4/1969, por aplicação do Ato Ins-
titucional n. 5 pela ditadura militar.
5. Vários: “Visiting-Scholar” na Columbia University (último semestre
de 1965 a janeiro de 1966); professor de Sociologia, como Latin American
in Residence, na Universidade de Toronto (1969/1970); professor titular na
Universidade de Toronto a partir de 1970. Em fins de 1972, regressou ao Brasil:
professor de cursos de extensão cultural no Instituto Sedes Sapientiae (1976 e
1977); professor contratado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
último trimestre de 1977; “Visiting-Professor” na Yale University, primeiro
semestre de 1977; professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, a partir de 1978.
LAUREZ CERQUEIRA 169
Atividade parlamentar
1. Deputado Federal Constituinte pelo Partido dos Trabalhadores no
período de 1987 a 1990.
2. Deputado Federal pelo Partido dos Trabalhadores, reeleito para o
período de 1991 a 1994.
Trabalhos publicados
Obs: com exceção de livros de múltipla autoria e de colaboração em jor-
nais e revistas. Esta foi iniciada em 1943, chegando a ter continuidade, por
longo tempo, em O Estado de S. Paulo; Folha da Manhã; Folha de S. Paulo,
desde 27/10/1980; Jornal do Brasil, desde 25/9/1987; Jornal de Brasília, desde
25/9/1988.
Distinções e Prêmios
- “Prêmio Temas Brasileiros”, Grêmio da Faculdade de Filosofia, Ciências
e Letras da USP, 1944, com o trabalho “As Trocinhas do Bom Retiro”. Sele-
cionador e Julgador: Professor Roger Bastide.
- “Prêmio Fábio Prado”, 1948.
- “Medalha Silvio Romero”, Prefeitura do Rio de Janeiro, DF, 1958.
- “Título de Cidadão Emérito”, conferido pela Câmara Municipal de São
Paulo, 24/4/1961.
- “Prêmio Jabuti de Ciências Sociais”, 1963.
- “Prêmio Sociedade Brasil-Israel”, São Paulo, 1966.
- “Prêmio The Anisfield-Wolf Award in Race Relations for 1969”, Cleve-
land Foundation sponsored by the Saturday Review. Comitê selecionador e
julgador em 1969: Ashley Montagu, chairman, Oscar Handlin e Pearl Buck.
- “Título de Professor Emérito”, Universidade de São Paulo, 1985.
- “Doutor Honoris Causa”, Universidade de Utrecht, 1986.
174 FLORESTAN FERNANDES - VIDA E OBRA
ANEXO 2
*
Lida por Florestan Fernandes Jr. no velório de seu pai, em 10 de agosto de 1995.
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