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Perspectivas de natureza: geografia, formas de natureza e política

Book · July 2018

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7 authors, including:

Marta Inez Medeiros Marques Pietra Cepero Rua Perez


University of São Paulo Durham University
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MARTA INEZ M. MARQUES ORGA.
PERSPECTIVAS DE NATUREZA
A coletânea Perspectivas de Natureza apresenta diferentes
e significativas abordagens sobre a natureza como categoria de PERSPECTIVAS DE NATUREZA
análise nas Ciências Humanas na atualidade. Para isso, dá visibi- GEOGRAFIA, FORMAS DE NATUREZA E POLÍTICA
lidade ao debate sobre a problemática ambiental que vem sendo
realizado por importantes escolas de pensamento e seus represen-
tantes no Brasil, na América Latina e nos Estados Unidos. ORGANIZADORES
Está organizada em dois volumes Perspectivas de natureza:
MARTA INEZ MEDEIROS MARQUES
epistemologias, negócios de natureza e América Latina e Perspec- CARINA INSERRA BERNINI, LÚCIA CAVALIERI, PIETRA CEPERO RUA PEREZ,

tivas de Natureza: geografia, formas de natureza e política. EDUARDO CASTRO, ANDREI CORNETTA, JOSÉ DE SOUZA SOBRINHO
PERSPECTIVAS DE
NATUREZA
GEOGRAFIA, FORMAS DE NATUREZA E POLÍTICA

ORGANIZADORES
MARTA INÊS MEDEIROS MARQUES
CARINA INSERRA BERNINI, LÚCIA CAVALIERI, PIETRA
CEPERO RUA PEREZ, EDUARDO CASTRO, ANDREI
CORNETTA, JOSÉ DE SOUZA SOBRINHO
Sumário

APRESENTAÇÃO.............................................................................................09

PARTE 1 – GEOGRAFIA E NATUREZA

GEOGRAFIA E NATUREZA: UMA ANÁLISE CRÍTICA


DAS PERSPECTIVAS.......................................................................................19
Carina Inserra Bernini

NOVOS MATERIALISMOS E ECONOMIA POLÍTICA: LEVANDO


A SÉRIO AS FORÇAS DA TERRA..................................................................43
Bruce Braun

DA FILOSOFIA NATURAL À GEOGRAFIA FÍSICA:


CONEXÕES ENTRE O CRISTIANISMO E O MECANICISMO
NA CONSTITUIÇÃO DA CULTURA DE NATUREZA
NA CIÊNCIA GEOGRÁFICA NO MUNDO OCIDENTAL................................ 61
Antônio Carlos Vitte

GEOGRAFIA-CIÊNCIA UNA: UMA INSPIRAÇÃO,


UMA NECESSIDADE.......................................................................................85
Marcos Bernardino de Carvalho

PRÁXIS, MÉTODO E CONJUNÇÕES: NECESSIDADES


EM GEOGRAFIA.............................................................................................101
João Oswaldo Rodrigues Nunes e João Victor Gobis Verges
A GEOGRAFIA COMO CIÊNCIA UNA, NA DIREÇÃO DA TEORIA
SOCIAL CRÍTICA................................................................................................ 113
Amélia Luiza Damiani

DICOTOMIA E INTEGRAÇÃO NAS ABORDAGENS GEOGRÁFICAS DAS


RELAÇÕES HOMEM/NATUREZA: PERCURSOS EPISTEMOLÓGICOS E
REBATIMENTOS NO PLANEJAMENTO TERRITORIAL..........................129
Fernando Souza Damasco e Sandra Baptista da Cunha

EM BUSCA DA SUPERAÇÃO DA CISÃO ENTRE CULTURA


E NATUREZA..................................................................................................147
Yanci Ladeira Maria

VISÕES DE NATUREZA: UM JOGO DA INTERPRETAÇÃO.............163


Sueli Ângelo Furlan e Maria Lucia Cereda Gomide

PARTE 2 – FORMAS DE NATUREZA E POLÍTICA

DESENVOLVIMENTO E MONONATUREZA: O CASO DO


PROSAVANA EM MOÇAMBIQUE................................................................191
Ângela Camana e Jalcione Almeida

QUESTÃO INDÍGENA, POLÍTICA E LUTA PELO TERRITÓRIO


ANCESTRAL...................................................................................................209
Sônia Guajajara

DESAFIOS E CONFLITOS DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS


FACE À POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA.......................................231
Nilce Pontes Pereira

ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS DAS TERRITORIALIZACÕES


EM DISPUTAS NO OESTE DA BAHIA........................................................243
José de Souza Sobrinho

COMPRESSÃO E APROPRIAÇÃO DO TEMPO E DO ESPAÇO NO


NEOEXTRATIVISMO: UMA CRÍTICA PELA ECOLOGIA POLÍTICA......265
Felipe Milanez

GRILAGEM PARA PRINCIPIANTES: GUIA DE PROCEDIMENTOS


BÁSICOS PARA O ROUBO DE TERRAS PÚBLICAS.................................285
Maurício Torres
A QUESTÃO AMBIENTAL E AS CONQUISTAS DA SOCIEDADE CIVIL:
CONSTRUÇÃO DE UM MOVIMENTO AMBIENTALISTA
NA CHINA ATUAL..........................................................................................315
Mariana Delgado Barbieri e Leila da Costa Ferreira

SOBRE OS AUTORES E OS ORGANIZADORES . .....................................333


Apresentação

A coletânea Perspectivas de Natureza apresenta diferentes e significativas


abordagens sobre a natureza como categoria de análise nas Ciências Humanas na
atualidade. Para isso, dá visibilidade ao debate sobre a problemática ambiental
que vem sendo realizado por importantes escolas de pensamento e seus represen-
tantes no Brasil, na América Latina e nos Estados Unidos.
Os artigos são resultado do Seminário Perspectivas de Natureza ocorrido
no Departamento de Geografia da USP em junho de 2017 e organizado pelo Gru-
po de Pesquisa Desenvolvimento Geográfico Desigual do Capitalismo: o Campo
e a Cidade em Movimento, coordenado pela Profa. Dra. Marta Inez Medeiros
Marques. O evento, que promoveu o debate entre diferentes abordagens sobre a
relação sociedade-natureza nas Ciências Humanas, e em especial na Geografia,
procurou refletir sobre a pertinência de novos e velhos aportes teóricos – conside-
rando conceitos, categorias e métodos – para pensar os fundamentos e os princi-
pais dilemas relativos à questão ambiental na contemporaneidade. Dentre os tra-
balhos apresentados, foram selecionados 32 artigos para compor os dois volumes
desta coletânea, que estão organizados a partir de eixos temáticos específicos.
O volume intitulado Perspectivas de natureza: epistemologias, negócios
de natureza e América Latina, apresenta artigos que aprofundam o debate teórico
numa perspectiva ampla e analisam o avanço de práticas de exploração e acu-
mulação envolvendo a natureza, bem como suas perversas consequências para
comunidades e povos na América Latina, cuja reprodução social se baseia numa
relação sociedade e natureza diferente daquela que se impõe sob o capitalismo.
A presente obra, Perspectivas de Natureza: geografia, formas de natureza
e política, reúne textos que tratam do debate da natureza na ciência geográfica,
promovendo discussões sobre epistemologia e Geografia. Traz também trabalhos
10 Perspectivas de Natureza: geografia, formas de natureza e política – volume 1

que analisam diferentes formas de natureza em tensão com a apropriação capi-


talista da natureza e as disputas políticas travadas em torno dessas formas de
natureza e suas bases materiais e imateriais. Ela está dividida em duas partes:
Geografia e natureza e Formas de natureza e política.
Esse volume se inicia com o artigo Geografia e Natureza: uma análise
crítica das perspectivas, de Carina Inserra Bernini, que apresenta uma sistemati-
zação das mais significativas abordagens contemporâneas sobre a natureza como
categoria de análise nas ciências humanas, especialmente na Geografia. A autora
identificou três principais correntes analíticas – a abordagem da Ecologia Políti-
ca; a Marxista; e a dos “Novos Materialistas” – e ponderou sobre as contribuições
de cada uma delas, suas diferenças e complementaridades, visando, sobretudo,
o fortalecimento de uma análise crítica da natureza e a reafirmação da dialética
materialista como caminho para a compreensão das questões ambientais. Bernini
ainda chama atenção para o potencial de estudos sobre as realidades rurais no
Brasil e na América Latina que analisam diferentes formas de natureza geradas
numa relação tensa e contraditória com aquelas típicas da sociedade moderna.
O artigo de Bruce Braun, Novos materialismos e economia política: le-
vando a sério as forças terrestres, analisa as razões que explicam as elevadas
taxas de mortalidade observadas entre os trabalhadores nos campos petrolíferos
de Dakota do Norte (EUA) durante o boom de petróleo verificado na região no
período entre 2008 e 2013. Para isso, o autor examina como se dá o encontro en-
tre as lógicas capitalistas (que não se reduziriam à lei do valor) e as qualidades e
dinâmicas particulares do estrato geológico, que para ele também desempenham
papel constitutivo na vida política e social. Como o título indica, trata-se de um
estudo baseado na abordagem dos “novos materialismos” que, seguindo Bruno
Latour, procura desenvolver uma análise em que cada elemento considerado –
seja geológico, tecnológico, ou institucional – atua efetivamente e “introduz um
desvio no modo como a história se desdobra”.
Dentro do conjunto de textos que relacionam mais claramente a ciência
geográfica e o debate sobre natureza, temos o artigo de Antonio Carlos Vitte, Da
Filosofia Natural à Geografia Física: Conexões entre o Cristianismo e o Meca-
nicismo na constituição da Cultura de Natureza na Ciência Geográfica no Mun-
do Ocidental. O autor demonstra que na civilização ocidental a reflexão sobre
o mundo natural, de uma forma sistemática, pode ser primeiramente localizada
com o advento da Filosofia Natural. Remonta ao mundo clássico, principalmente
o Grego, como um dos primeiros a produzir, a partir de uma série de concei-
tos e métodos, abstrações sobre o mundo externo ao homem (a Natureza). Vitte
evidencia como os fundamentos da Filosofia Natural atravessam os séculos se-
guintes – especialmente em um mundo ocidental que se convencionou dividir
historicamente entre Moderno e Pré-Moderno. Dessa maneira, o autor nos ajuda
a perceber como a Geografia, que bebeu nessa fonte a partir de diferentes pen-
marta inez (organizadora) 11

sadores e escolas, reforçou e reiterou em certa medida os paradigmas fundantes


da civilização ocidental para pensar os processos naturais e os processos sociais.
Em Geografia-Ciência Una: uma Inspiração, uma Necessidade..., Mar-
cos Bernardino de Carvalho recupera as raízes românticas da Geografia e lan-
ça um olhar diferente daquele que habitualmente conhecemos aos legados de
Alexander von Humboldt e Friedrich Ratzel, dois dos principais fundadores
da Geografia moderna. Considerando o movimento das ciências que vem pro-
curando fundar novas epistemologias para lidar com a crise socioambiental
– que é também uma crise do conhecimento – e o potencial da Geografia para
contribuir na construção de uma “ecologia de saberes”, Bernardino demonstra
como as análises de Humboldt e Ratzel estão coadunadas com essa construção.
Revisitando as obras dos geógrafos alemães, o autor ressalta que suas análi-
ses presavam pelo entendimento das interações entre as diversas dimensões da
existência e das paisagens daí resultantes e que esse espírito deve ser conside-
rado na busca de uma Geografia Una e nas abordagens transdisciplinares das
ciências.
O artigo de João Osvaldo Rodrigues Nunes e João Vitor Gobis Verges,
intitulado Práxis, Método e Conjunções: necessidades em Geografia, também
destaca a busca da interdisciplinaridade nas ciências e discute o papel da práxis
geográfica nesse processo. Os autores defendem que a práxis em Geografia
tem uma função transformadora frente ao paradigma fragmentador caracterís-
tico da modernidade porque, ao lidar com sociedade e natureza, essa área do
conhecimento tem a necessidade de pensar essas dimensões de forma articula-
da, o que entendem que pode ser feito a partir do método dialético. Para eles,
a dialética permite realizar a correlação entre os fatores físicos e humanos uma
vez que não abre mão da totalidade. Assim, propõe o entendimento da totalida-
de a partir do local, pois acredita que é no nível em que convivemos em socie-
dade que podemos realizar o diálogo entre os saberes acadêmicos e populares,
com vistas à sustentabilidade socioambiental.
Em A Geografia como Ciência Una, na Direção da Teoria Social Crítica,
Amélia Damiani realiza uma análise ampla e complexa dos movimentos in-
ternos à Geografia enquanto ciência humana que encontra sua identidade pelo
reconhecimento da relação “implicada dos processos naturais e sociais, sob
a égide do processo abstrato do capital, que transforma relações sociais em
relações entre coisas, de realidades a representações”. Além disso, Damiani
registra um capítulo distinto na história do pensamento geográfico brasileiro,
revelando a potência da Geografia produzida no Departamento de Geografia da
Universidade de São Paulo a partir dos anos 1970. Por fim, a autora encerra o
texto refletindo sobre a materialidade e a importância de a Geografia reconhe-
cer a unidade rítmica entre ritmos cósmicos, planetários, sociais, econômicos,
políticos e o nosso corpo a partir da produção do espaço.
12 Perspectivas de Natureza: geografia, formas de natureza e política – volume 1

Em Dicotomia e Integração nas Abordagens Geográficas das Relações


Homem/Natureza: Percursos Epistemológicos e Rebatimentos no Planejamen-
to Territorial, Fernando Damasco e Sandra Batista da Cunha visitam os autores
clássicos da geografia como Humboldt, Ritter, La Blache, Hettner, De Martonne,
entre outros. Esse percurso é feito a fim de entender os momentos nos quais a
Geografia teria avançado epistemologicamente no entendimento da relação so-
ciedade-natureza – que está na essência desta ciência – e os momentos em que
estes dois termos foram tratados por ela de forma dicotômica. Seguindo a análise,
os autores tratam das interações metabólicas e da mediação do trabalho aludidas
por Marx e Engels e, por fim, fazem o escrutínio dos conceitos de ambiente, ecos-
sistema e questão ambiental – que assumem centralidade a partir da década de
1970 com as Conferências Internacionais sobre o Meio Ambiente – para pensar
a cidade, o planejamento territorial e a crítica ao desenvolvimento sustentável.
Yanci Ladeira Maria nos presenteia com o artigo Em Busca da Supera-
ção da Cisão entre Cultura e Natureza no qual propõe uma reflexão que parte
do pressuposto da indissociabilidade entre Natureza e Cultura. Admitindo que
a cisão entre essas dimensões, resultado da objetificação da natureza, é um
modo de compreensão do mundo, que não é nem exclusivo, nem o mais verda-
deiro, a autora nos convida a pensar tais dimensões de forma unificada como
naturezas-culturas. Como caminho para essa abordagem na Geografia, ela nos
propõe a articulação entre contribuições de autores já consagrados na antropo-
logia (Latour, Ingold) e de geógrafos que discutem a paisagem (Berque) e o
espaço (Massey) a partir do entendimento de natureza e cultura como uma úni-
ca esfera. A autora defende que a abertura para essa compreensão pode ser um
ponto de partida para uma prática geográfica diferenciada, na qual “passemos
a estudar as relações entre os seres, ambientes, coisas e a co-formação, já que
simultânea e conjunta, do mundo.”
Em Visões de Natureza: um Jogo da Interpretação, Sueli Ângelo Furlan
e Maria Lucia Cereda Gomide estabelecem um diálogo fecundo com a antropo-
logia de um lado, em especial com as noções de paisagem cultural e de indige-
neidade de William Balée, e uma geografia física baseada na análise de sistemas,
de outro, na busca da construção de uma geografia da conservação atenta aos
desenhos socioambientais da conservação estabelecidos por “povos da tradição”
por meio de seus modos de vida. A aproximação de outras visões de natureza, an-
coradas em cosmologias distintas, permite às autoras uma compreensão ampliada
do conceito de natureza e o questionamento do antropocentrismo presente em
determinadas concepções, incluindo a moderna.
O artigo Desenvolvimento e Mononatureza: o Caso do PROSAVANA em
Moçambique, de Ângela Camana e Jalcione Almeida, abre a segunda parte do
livro com uma crítica aos modelos de desenvolvimento que tomam a natureza
como ‘recurso natural’ e criam a ‘mononatureza’. O Programa de Cooperação
marta inez (organizadora) 13

Tripartida para o Desenvolvimento Agrícola da Savana Tropical em Moçambi-


que (ProSAVANA) visa promover a agricultura moderna por meio de grandes
projetos em Nacala: território de 14 milhões de hectares ocupado por mais de 4
milhões de pessoas, muitas pertencentes ao grupo étnico Macua. O objetivo do
artigo é, baseando-se em autores da chamada ‘virada ontológica’ nas ciências
sociais, discorrer sobre como o ProSAVANA é produzido e se territorializa.
Sônia Bone Guajajara, em Política, Questão Indígena e Luta pelo Terri-
tório Ancestral, faz uma excelente reflexão sobre a situação dos povos indígenas
brasileiros frente à atual conjuntura política e econômica do país. Retomando a
relação do Estado com os indígenas desde o período da Ditadura Militar e a or-
ganização e luta dos povos indígenas pré-constituição de 1988, Sônia Guajajara
retrata os desafios e dificuldades enfrentados por eles para garantir os direitos
conquistados na Carta Magna. Para isso, comenta as investidas contra os disposi-
tivos legais relacionados aos direitos indígenas e ainda os conflitos mais recentes
entre grupos indígenas e forças econômicas, acirrados pelo Golpe Parlamentar
que retirou Dilma Rousseff da presidência do Brasil.
No artigo de Nilce Pontes Pereira, Desafios e Conflitos das Comunidades
Quilombolas Face à Política Ambiental Brasileira, podemos conhecer melhor a
organização e a luta das comunidades quilombolas brasileiras. Nascida no Vale
do Ribeira, região do estado de São Paulo que abriga a maior parte das comuni-
dades quilombolas do estado, Pereira nos explica como funciona nacionalmente
a articulação dos quilombolas, assim como as principais demandas dessas comu-
nidades na atualidade. Além disso, fala sobre os desafios da sua comunidade, cujo
território, localizado no município de Barra do Turvo (SP), foi incluído em uma
unidade de conservação pública (Reserva de Desenvolvimento Sustentável) e que
por isso tem a sua gestão compartilhada com o governo do estado. Tendo em vista
as mudanças recentes na política do estado de São Paulo e do governo federal,
Pereira destaca o acirramento dos embates entre diferentes formas de produzir a
natureza e a tensão entre a territorialidade quilombola e a sociedade capitalista.
O trabalho de José de Sousa Sobrinho, Aspectos Socioambientais das Ter-
ritorializacões em Disputas no Oeste da Bahia, apresenta a realidade do campo
no oeste baiano, caracterizado pela oposição entre a agricultura capitalista e a
agricultura camponesa. Trata-se de um quadro que se configura a partir de um
conjunto de políticas adotadas pelo Estado brasileiro nos anos 1970 visando a
expansão da produção tecnificada de grãos (soja, milho, etc.) e a instalação de
projetos de “reflorestamentos”. A expansão dessas atividades traz grandes impac-
tos para a região, seja aqueles relacionados aos usos e abusos de seus recursos e
riquezas naturais, como a contaminação da água e o avanço do desmatamento,
seja por sua relação com o amplo uso de meios ilícitos para a apropriação privada
de terras públicas. O autor menciona a grilagem e a especulação com as terras
como processos que movem as disputas territoriais na região, gerando conflitos
14 Perspectivas de Natureza: geografia, formas de natureza e política – volume 1

intensos e a desterritorialização de comunidades geraizeiras. O artigo também


analisa o uso da terra realizado pelas comunidades moradoras de áreas ribeiri-
nhas, que é definido como “racional” por representar uma forma de uso melhor
adaptada às condições ambientais locais.
Felipe Milanez analisa os efeitos da expansão do capital no Sudeste do
Pará entre os anos 2004-2011 a partir da perspectiva da ecologia política em
Compressão e Apropriação do Tempo e do Espaço no Neoextrativismo: uma Crí-
tica pela Ecologia Política. Neste período, são formuladas políticas para a Ama-
zônia que defendem o crescimento econômico baseado no extrativismo, agrone-
gócio e exportação como o único meio de se obter recursos para o investimento
em infraestruturas básicas como água e esgoto, educação, saúde. Contrapondo-se
a esse argumento, o autor defende que é possível o progresso e o desenvolvimen-
to humano sem o crescimento econômico e menciona o assassinato do casal de
extrativistas e ativistas, José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo
da Silva, em 24 de maio de 2011, em Nova Ipixuna (PA), como um fato que evi-
dencia a face perversa dessas políticas e sua íntima relação com diferentes formas
de violência praticadas contra o ambiente, os ambientalistas e as comunidades
locais. Milanez destaca ainda a importância de considerarmos a compressão tem-
po-espaço característica do capitalismo (de que falam Harvey e Alvater) para
compreendermos a complexidade política e econômica presente em experiências
de resistência como as desenvolvidas pelo ambientalismo popular.
O artigo Grilagem para Principiantes: Guia de Procedimentos Básicos
para o Roubo de Terras Públicas, de Maurício Torres, é bastante esclarecedor
quanto a um dos principais fundamentos dos conflitos em curso na Amazônia
hoje e de diversas formas de degradação a eles relacionadas. Ele discorre sobre a
constituição da propriedade privada no Brasil e apresenta a ideologia liberal que
lhe serve de sustentação a partir de um resgate do pensamento de Locke e Hegel,
dentre outros. Porém, chama a atenção do leitor para a forma específica como a
propriedade privada se institui no Brasil, sem se apoiar no par propriedade e li-
berdade. O autor destaca a “missão civilizatória” conferida à prática da grilagem
em nosso território e recupera alguns de seus procedimentos no oeste do Pará
desde tempos mais recuados, ainda no século XIX, até os atualíssimos protocolos
em vigência, como o uso irregular do Cadastro Ambiental Rural, o registro de
títulos de posse etc. Enfim, o texto revela que a conivência e tolerância do Estado
em relação a essas práticas tem sido uma constante ao longo do tempo.
E, para encerrar a coletânea, Mariana Delgado Barbieri e Leila da Costa
Ferreira apresentam um estudo sobre A Questão Ambiental e as Conquistas da
Sociedade Civil: Construção de um Movimento Ambientalista na China Atual.
Num momento em que a China surpreende o mundo em virtude de seus índi-
ces econômicos, são muitas as consequências ambientais, observadas em nível
local e global, das escolhas políticas e econômicas adotadas no país. Neste
marta inez (organizadora) 15

contexto, o artigo tem por objetivo compreender como as organizações não-go-


vernamentais (ONGs) ambientalistas se constituíram historicamente na China,
sua atuação, limites e o papel por elas desempenhado na sociedade global. Após
discorrer sobre todas essas questões, as autoras argumentam em favor da im-
portância das organizações ambientalistas chinesas por estas identificarem os
riscos existentes frente ao quadro das mudanças ambientais e proporem formas
de mitigação, que trarão impactos para toda sociedade global, buscando ameni-
zar as consequências destas mudanças.
Desejamos a todos uma boa e proveitosa leitura!

São Paulo, carnaval de 2018


Carina I. Bernini e Marta Inez M. Marques
sobre os autores e os organizadores

Amélia Luiza Damiani

Possui graduação em Geografia pela Universidade de São Paulo (1975),


mestrado em Geografia (Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo
(1985), doutorado em Geografia (Geografia Humana) pela Universidade de São
Paulo (1993), livre-docência em Geografia Urbana pela Universidade de São
Paulo (2008), titular em Geografia (2010). Desde 1988, é professora doutora da
Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Geografia, com ênfase
em Geografia Urbana, atuando principalmente nos seguintes temas: cotidiano,
urbano, urbanização crítica, produção do espaço e metrópole. Coordena, junto
com a profa. Odette Carvalho de Lima Seabra, o Grupo de Pesquisa Geografia
Urbana: a vida cotidiana e o urbano, desde 2003, grupo do Diretório de Grupos
de Pesquisas no Brasil, do CNPq. Desde os anos 1990, é membro pesquisador
do Laboratório de Geografia Urbana, LABUR, exercendo a prática acadêmica de
formação teórico-metodológica, envolvendo alunos, professores e demais estu-
diosos. Em 2006, coordenou a escrita do livro O futuro do trabalho: Elementos
para a discussão das taxas de mais-valia e de lucro, realizado sob os fundamen-
tos desta prática; assim como, em 2017, Atravessando a Geografia, Marx, Lefe-
bvre e os Situacionistas, volume 1, organizado em parceria com Ricardo Baitz.
O sentido das pesquisas e estudos coletivos é uma prática autogestionária, daí a
autonomia de seus membros, assim como de seus escritos. Entre seus escritos,
está População e Geografia, livro reeditado sucessivas vezes, desde 1991.
334 Perspectivas de Natureza: geografia, formas de natureza e política – volume 1

Andrei Cornetta

Doutor em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente


é pesquisador associado ao Laboratório de Geografia Agrária da USP e professor
adjunto da Universidade Metropolitana de Santos. Suas preocupações e estudos
englobam temas relacionados à Geografia Econômica, Geografia Agrária, Políti-
cas Públicas e Mudanças Climáticas. É autor de A financeirização do clima: uma
abordagem geográfica do mercado de carbono e suas escalas de operação (An-
nablume, 2012) e coautor de Cambio climático global, transformación agraria y
soberanía alimentaria en América Latina (Clacso, 2014).

Ângela Camana

Graduada em Comunicação Social – Habilitação Jornalismo (2012) e em


Ciências Sociais (2017) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFR-
GS). Tem mestrado em Comunicação e Informação (2015) e atualmente cursa
o doutorado em Sociologia na mesma universidade. Bolsista CAPES. É mem-
bro dos grupos de pesquisa Tecnologia, Meio Ambiente e Sociedade (TEMAS
- www.ufrgs.br/temas) e Jornalismo Ambiental (https://jornalismoemeioambien-
te.com). Principais temas de interesse: questões ambientais, desenvolvimento,
agricultura, conflitos ambientais, disputas territoriais e Jornalismo Ambiental.
Contato: angela.camana@hotmail.com

Antonio Carlos Vitte

Professor do Departamento de Geografia no Instituto de Geociências e do


Programa de Pós-Graduação em Geografia da UNICAMP desde 1999. Graduado
em Geografia pela UNESP de Rio Claro em 1989 e Doutor em Geografia Física
pela Universidade de São Paulo em 1998. Em 2014 recebeu da Reitoria da UNI-
CAMP o prêmio Zeferino Vaz de Mérito Científico Acadêmico. Áreas de interes-
se de pesquisa: história e epistemologia da geografia.

Bruce Braun

Professor de Geografia na University of Minnesota - EUA. Autor ou Ed-


itor de numerosos livros e artigos, incluindo The Intemperate Rainforest: Na-
ture, Culture and Power on Canada’s West Coast (University of Minnesota Press,
2002), Social Nature: Theory, Practice, Politics (Blackwell, 2001), e Political
Matter: Technoscience, Democracy and Public Life (University of Minnesota
Press, 2010). Sua atual pesquisa examina a organização da vida política e social
marta inez (organizadora) 335

no boom do petróleo em Dakota do Norte. Professor Braun foi também editor dos
Annals of the Association of American Geographers.

Carina Inserra Bernini

Doutora (2015) e Mestre (2009) em Geografia Humana pela Universidade


de São Paulo. Possui graduação em Geografia pela Universidade de São Paulo
(2005) e graduação em Turismo pela Universidade Anhembi Morumbi (1999).
Pós doutoranda no Departamento de Geografia da FFLCH/USP e Professora
Substituta da Faculdade de Educação e Ciências Humanas (FAED) da Universi-
dade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Tem experiência na área de ensino e
pesquisa em Geografia, com ênfase nos seguintes temas: Geografia Agrária, Meio
Ambiente e Populações Camponesas Tradicionais.

Eduardo Castro

Bacharel (2003) e Licenciado (2004) em Geografia pela Universidade de


São Paulo. Mestre em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (2008).
Professor Substituto do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), campus Suzano.
Tem atuado como docente na Educação Básica e no Ensino Superior em cursos
de Licenciatura em Geografia e cursos superiores na área ambiental.

Felipe Milanez

Formado em Direito da PUC de São Paulo, com mestrado em Ciência Polí-


tica pela Universidade de Toulouse, e doutorado em Ciências Sociais pelo Centro
de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, no programa de ecologia políti-
ca da European Network of Political Ecology (ENTITLE) financiado pelo Sétimo
Programa-Quadro da União Européia das Ações Marie Curie. Foi pesquisador
visitante na School of Education, Environment and Development, da Universi-
dade de Manchester e no Museu Paraense Emílio Goeldi. É professor adjunto da
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia e docente no mestrado profissional
em História da África, da Diáspora e dos Povos Indígenas. Integra o Grupo de
Trabalho Ecologia Política da CLACSO e é líder do grupo de pesquisas Ambien-
tes Indisciplinados. Seus interesses atuais de pesquisa e ativismo envolvem, pelo
paradigma da ecologia política, temas como os conflitos ecológicos, as alternati-
vas ao desenvolvimento, epistemologias decoloniais e os comuns. 
336 Perspectivas de Natureza: geografia, formas de natureza e política – volume 1

Fernando Damasco

Mestre em Geografia pela Universidade Federal Fluminense - UFF, área


de concentração Ordenamento Territorial e Ambiental, e bacharel e licenciado
em Geografia pela mesma instituição, com período de estudos e mobilidade aca-
dêmica internacional no curso de Geografia e Planejamento da Universidade do
Minho/Portugal.  Geógrafo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -
IBGE e professor colaborador do curso de especialização latu sensu em Análise
Ambiental e Gestão do Território da Escola Nacional de Ciências Estatísticas -
ENCE. Dedica-se aos estudos geográficos das relações sociedade/natureza, dos
povos e comunidades tradicionais e do ordenamento territorial.

Jalcione Almeida

Graduado em agronomia (UFRGS), mestre em sociologia rural (UFRGS),


doutor em sociologia (Université Paris X). Professor titular do Departamento de
Sociologia (IFCH/UFRGS) e pesquisador nos programas de pós-graduação em
Sociologia e Desenvolvimento Rural, ambos da UFRGS. Pesquisador CNPq e
coordenador do grupo de pesquisa em Tecnologia, Meio Ambiente e Sociedade
(TEMAS - www.ufrgs.br/temas). Temas de interesse: conflitos ambientais oriun-
dos de grandes projetos de desenvolvimento, controvérsias em ciência e tecnolo-
gia, interdisciplinaridade nas ciências sociais.

João Osvaldo Rodrigues Nunes

Graduado em Bacharelado em Geografia pela Universidade Federal do


Rio Grande do Sul (1990), doutorado em Geografia pela Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho (2002), Pós-doutorado pela Universidade de Ali-
cante, Espanha (2008-2009) e Livre Docência em Geografia Física pela Univer-
sidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2014). Atualmente é Professor
Adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia
da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Bolsista Produtivi-
dade em Pesquisa 2 do CNPq e membro do Grupo de Pesquisa em Interações
na Superfície, Água e Atmosfera (UNESP-Presidente Prudente). Orientador de
mestrado e doutorado. Tem experiência na área de Geografia Física, com ênfase
em Geomorfologia, atuando principalmente nos seguintes temas: Geomorfolo-
gia, mapeamento geomorfológico, erosão, depósitos tecnogênicos e Ambiente.
marta inez (organizadora) 337

João Vitor Gobis Verges

Graduado em licenciatura e bacharelado em Geografia pela FCT/UNESP


- Presidente Prudente - SP. Mestre em Geografia pela Universidade Estadual do
Oeste do Paraná - Campus Francisco Beltrão. Doutor em Ciências do Ambiente
pela Universidade de Lisboa (ICS/FC) e Doutor em Geografia pela FCT/UNESP
- Presidente Prudente - SP. Atua como docente no Instituto Federal de Mato Gros-
so - Campus Avançado de Guarantã do Norte. Atualmente é membro do Centre
for Ecology, Evolution and Environmental Changes (Universidade de Lisboa),
do Grupo de Pesquisa em Interações na Superfície, Água e Atmosfera (UNESP-
-Presidente Prudente) e do Grupo de Pesquisa em História e Epistemologia em
Geografia (UNIOESTE). Possui experiência em Geografia, Ensino de Geografia,
Políticas Públicas em Mudanças Climáticas, Epistemologia Ambiental.

José de Souza Sobrinho

Atualmente é Professor Temporário da Universidade Regional do Cariri, Pro-


campo. É graduado (Bacharelado e Licenciatura) em Geografia pela Universidade
de São Paulo, Mestre e Doutor em Geografia Humana pela mesma Universidade.
Participa do Grupo de Estudos do Vale do Rio São Francisco e tem expe-
riência em Geografia Humana e Crítica com ênfase em Vale do Rio São Francis-
co, modelo de desenvolvimento, questão agrária, conflitos fundiários, terras de
uso comum, formação da propriedade privada da terra e grilagem de terra. Tem
como interesse de pesquisa: acesso à terra e à água, educação do campo e ensino
de geografia.

Leila da Costa Ferreira

Professora Titular de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Hu-


manas da UNICAMP. Membro do Conselho Superior do NEPAM-UNICAMP.
Representante da UNICAMP WUN Global Challenges- Adapting to climate
change. É membro da International Sociological Association (ISA). É membro
do Associate Faculty do Earth System Governance Project (IHDP). Foi Professo-
ra Visitante da Universidade do Texas/ UT no ano de 1998 e Professora visitante
no Programa Top China na Universidade Jiao Tong em Shanghai, China. Durante
sua carreira, recebeu mais de 30 financiamentos de pesquisa das principais agên-
cias de fomento à pesquisa no Brasil (FAPESP, FINEP, CNPQ e FAEPEX-UNI-
CAMP) e vários financiamentos internacionais.
338 Perspectivas de Natureza: geografia, formas de natureza e política – volume 1

Lúcia Cavalieri

Possui graduação, licenciatura e doutorado pelo Departamento de Geo-


grafia da FFLCH-USP. É professora adjunta da Faculdade de Educação da Uni-
versidade Federal Fluminense (FEUFF), atuando principalmente nos temas:
conservação e gestão de unidades de conservação; povos tradicionais e disputas
territoriais; educação popular e libertária. Atualmente compõe o grupo Encontro
de Saberes na/da UFF que se ocupa do debate acerca das cotas epistêmicas nas
universidades latino-americanas, levando mestres da cultura popular ao lugar da
docência para alguns cursos da graduação e pós-graduação. Compõe o Coleti-
vo de Apoio à Educação Diferenciada do Fórum das Comunidades Tradicionais
(FTC) de Paraty, Angra e Ubatuba, que visa fortalecer as ações dos comunitários
na implantação de currículos que tenham como centralidade o território e a cul-
tura tradicional e popular.

Marcos Bernardino de Carvalho

Formado em Geografia pela Universidade de São Paulo-USP. Realizou


seus estudos pós-graduados na USP (mestrado), PUC-SP (doutorado) e Universi-
dade de Barcelona (pós-doutorado). Atualmente é professor doutor da USP, vin-
culado ao curso de Gestão Ambiental, ao Programa de Pós Graduação em Mu-
dança Social e Participação Política - ProMuSPP – da EACH-USP e ao Programa
de Pós Graduação em Geografia Humana da FFLCH-USP. Entre outros trabalhos
é autor dos seguintes livros: Geografia, ciência do espaço (Ed. Atual), Geografias
do Mundo (Ed. FTD) e O que é Natureza (Ed. Brasiliense).

Maria Lucia Cereda Gomide

Formada em Geografia, mestre e doutora pela Faculdade de Filosofia le-


tras e ciências humanas (FFLCH) da USP. Atualmente é professora do Departa-
mento de Educação intercultural (DEINTER) da universidade federal de Ron-
dônia (UNIR). Atua com educação indígena, e tem pesquisado sobre materiais
didáticos diferenciados para escolas indígenas. Tem ainda formação em ilustra-
ção botânica.

Mariana Delgado Barbieri

Bacharelado em Ciências Sociais (IFCH/UNICAMP), mestrado em So-


ciologia (IFCH/UNICAMP) e atualmente faz Doutorado em Ambiente e So-
ciedade (NEPAM/UNICAMP). Pesquisadora do LABGEC (Laboratory of
Social Dimensions of the Global Environmental Changes in the Global South
marta inez (organizadora) 339

(NEPAM/UNICAMP) e membro da Associação Brasileira de Estudos Chineses.


Possui interesse em Sociologia Ambiental, Mudanças Climáticas, Movimentos
Ambientalistas e Estudos sobre a China. 

Marta Inez Medeiros Marques

Professora Doutora de Geografia no Curso de Graduação em Geografia e


no Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana da Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP). Coordenadora
do Laboratório de Geografia Agrária, gestão 2016-2018, na mesma universidade.
Coordenadora do Grupo de Pesquisa registrado no CNPq “Desenvolvimento geo-
gráfico desigual do capitalismo: o campo e a cidade em movimento”. Realizou
Especialização em Desenvolvimento Rural pela Université de Paris I - França e
Pós-Doutorado pela City University of New York – EUA. Mestre e Doutora em
Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP), Graduada em Geo-
grafia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Tem trabalhado com os
seguintes temas: produção da natureza, produção do espaço e desenvolvimento
geográfico desigual do capitalismo; movimentos sociais, questão agrária e re-
lação campo-cidade. Tem publicado nestes temas em coletâneas e em revistas
como Terra Livre, GEOgraphia, Revista NERA, Revista AGRÁRIA. Foi orga-
nizadora das coletâneas O campo no século XXI (com Ariovaldo U. de Oliveira,
2004) e Geografia Agrária: Teoria e Poder (com Bernardo F. Mançano e Júlio
C. Suzuki, 2007).

Maurício Torres

Mestre e doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo,


professor colaborador do Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais da
Amazônia, na Universidade Federal do Oeste do Pará. Estuda conflitos territo-
riais na Amazônia e em especial no oeste do Pará. Desde 2005, atua como perito
ad hoc do Ministério Público Federal, sendo responsável por mais uma dezena
de laudos sobre situações que envolvem expropriação de povos e comunidades
tradicionais. Entre outras obras, é autor de “Dono é quem desmata”: conexões
entre grilagem e desmatamento no sudoeste paraense, em coautoria com Juan
Doblas e Daniela Alarcon.

Nilce Pontes Pereira

Liderança quilombola, moradora da comunidade Ribeirão Grande/Terra


Seca que integra a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Quilombos de Barra
do Turvo (RDSQBT), Vale do Ribeira-SP. É presidenta da Associação Quilombola
340 Perspectivas de Natureza: geografia, formas de natureza e política – volume 1

de Ribeirão Grande/Terra Seca e integrante da Articulação das Comunidades Ne-


gras Rurais do Vale do Ribeira (EAACONE) e da Coordenação da Coordenação
Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ).

Pietra Cepero Rua Perez

Possui bacharelado (2014) e licenciatura (2015) em Geografia pela Uni-


versidade de São Paulo (USP). É mestre (2018) em Geografia Humana pelo Pro-
grama de Pós-Graduação em Geografia Humana da Universidade de São Paulo
(PPGH-USP). Como pesquisadora tem realizado estudos com os camponeses na
Amazônia, especialmente com os seringueiros (Acre) e os quilombolas (Pará).
Nos últimos anos tem concentrado sua investigação nos seguintes temas: produ-
ção da natureza, vida cotidiana, desenvolvimento geográfico desigual, Estado,
Amazônia, Unidades de Conservação, Movimentos Sociais, Reforma Agrária,
Questão Agrária e Questão Ambiental.

Sandra Baptista da Cunha

Pós doutorado na University of London (Departamento de Geografia),


Doutorado pela Universidade de Lisboa, (Departamento de Geografia), mestra-
do pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (Departamento de Geografia) e
Graduação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). VÍnculo atual
de trabalho na Universidade Federal Fluminense: Programa de Pós Graduação
em Geografia, enquadramento funcional Professor Permanente. Linha de pes-
quisa: Dinâmica fluvial e os processos de mudança relacionados às influências
humanas. Área de interesse de pesquisa e atuação: Geociências, Geografia física
e Geomorfologia.

Sônia Bone Guajajara

Líder indígena brasileira, moradora da Terra Indígena Araribóia, Mara-


nhão. É formada em Letras e em Enfermagem, especialista em Educação es-
pecial pela Universidade Estadual do Maranhão. Recebeu em 2015 a Ordem do
Mérito Cultural. É coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas
do Brasil (APIB) e já atuou na Coordenação das Organizações Indígenas da Ama-
zônia Brasileira (COIAB).

Sueli Ângelo Furlan

Mestre e Doutora em Geografia Física pela FFLCH-USP. Bacharel e Li-


cenciada em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo. Desenvolve
marta inez (organizadora) 341

pesquisas socioambientais em Conservação de Florestas Tropicais. Credenciada


no Programa de Ciências Ambientais da USP – PROCAM e Coordenadora do
Núcleo de Pesquisas de Populações Humanas e Áreas Úmidas - NUPAUB - USP.
Área de Pesquisa: Florestas Culturais e Planejamento e desenvolvimento local
de áreas protegidas. Especialista no Programa de Educação Ambiental em Para-
gominas – PA desenvolvido pelo CEDAC (Comunidade Educativa). Autora de
vários livros e Coordenadora de conteúdo dos Atlas Ambientais Municipais da
Atina Educação.

Yanci Ladeira Maria

Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia Física da Uni-


versidade de São Paulo (2016), mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Ge-
ografia Humana (2011) e graduada em Geografia também pela USP. Em seus
trabalhos acadêmicos aborda o conceito de paisagem a partir da sua relação com
a ciência e com as dicotomias modernas, sobretudo a dicotomia entre cultura e
natureza, propondo uma reconceptualização deste conceito a partir da perspec-
tiva da trajetividade e da dissolução da divisão entre cultura e natureza. Áreas
de interesse de pesquisa e atuação: Geografia, antropologia, filosofia, teoria do
conhecimento.

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