Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Nicolle Lima
2023
A PESQUISA RESULTA DA INICIAÇÃO CIENTÍFICA:
Enquanto campo historiográfico nos possibilita pensar historicamente sobre a sociedade e sua relação com
a natureza, por meio da expansão industrial ocorrida na metade do século XX, acarretando mudanças com
relação ao espaço de produção, de reprodução de capital e grandes impactos sociais e ambientais.
Crítica à Donald Worster (1991), para ele, os historiadores ambientais não deveriam se preocupar com as
questões sobre a cidade, não havendo um foco em cidade no conjunto das abordagens de História
Ambiental, compreendendo a cidade como expressão cultural e ambientel construído.
INTRODUÇÃO
a partir da década de 1990, as investigações sobre História Ambiental Urbana ascendem, com o intuito de
refletir sobre a construção histórica do ambiente urbano, buscando enfatizar o olhar para cidade e a
relação com meio ambiente;
contrapondo-se a este afastamento da cidade e do urbano nos estudos ambientais, Martin Melosi, Joel Tarr
e Christine Rosen promovem um número no Journal of Urban History, em defesa da cidade enquanto
objeto de discussão histórica ambiental.
OBJETIVO GERAL
A partir da circunscrição da História Ambiental, buscamos investigar as formulações acerca do campo História Ambiental
Urbana, a partir de uma pesquisa bibliográfica-exploratória, como este campo se constituiu e como vem sendo discutido
pela historiografia norte-americana, europeia, latino-americana e brasileira. Procuramos, nesse sentido, a partir do
enfoque da Revisão Sistemática da Literatura, investigar os principais autores desse campo, como também temas,
abordagens e métodos pesquisados. Para esta finalidade nos propomos a fazer um levantamento sistemático a partir da
consulta de sites, periódicos e banco de dados de dedicação ao campo de estudos.
MÉTODOS
buscamos a partir da Revisão Sistemática da Literatura (RSL), seguir protocolos específicos para compreender e
conceder coesão a um grande corpus documental, a fim de verificar especificamente, o que funciona ou não, no
campo de estudo investigado. (Galvão; Ricarte, 2020, p. 58)
Análise de Conteúdo
Técnica de pesquisa utilizada em pesquisas qualitativas que entendem os produtos textuais como objetos de
análise.
MATERIAL E MÉTODOS
FASES DA PESQUISA
FASE I
A primeira fase delimitou o objeto e o recorte que se pautava em análises sobre os trabalhos que
utilizavam em seus estudos, a nomenclatura História Ambiental Urbana, tratando-se de trabalhos
que se autoafirmavam nesta área por meio de títulos, palavras-chaves e/ou corpo textual.
Hipótese - além da perspectiva anti urbana e mais favorável aos estudos acerca do mundo
selvagem, das representações e de perspectivas românticas sobre a natureza que predominava
nas pesquisas de História Ambiental;
A segunda fase da pesquisa, baseando-se no processo de busca, se deu em cinco banco de dados, sende eles:
1) Biblioteca Online de História Ambiental (BOHA)
2) Portal de Periódicos CAPES CAFe
3) Portal Domínio Público
4) Scientific Electronic Library Online (SciELO)
5) Repositório Institucional da UFRJ - Teses e Dissertações.
a fim de investigar a História Ambiental Urbana em bases de estudos da História Ambiental e História
Urbana por não encontrar sites oficiais e específicos sobre o campo.
MATERIAL E MÉTODOS
FASE II
Foram mobilizados o mecanismo de operadores booleanos (AND/E; NOT/NÃO; OR/OU) e as seguintes
palavras-chaves nas bases de dados para auxiliar no recorte do objeto analisado:
1) Capes CAFe, busca avançada - cidade AND história ambiental; história urbana AND meio ambiente;
meio ambiente AND história ambiental urbana;
2) Banco de Teses e Dissertações (UFRJ), busca simples - história ambiental; busca simples – história
ambiental urbana;
3) Scielo, busca simples - história ambiental; história ambiental urbana/ busca avançada – história
ambiental urbana AND história ambiental AND urbano;
FASE II
Desse modo, tivemos o número total reduzido para 47 resultados sendo este, o corpus selecionado: 2 teses,
1 dissertação e 44 artigos.
Apenas dois livros foram selecionados, sendo eles, Cidades Paulistas: Estudos de História Ambiental Urbana
por Jorge Janes (2015) e Concepts of Urban-Environmental History por Sebastian Haumann; Martin Knoll
e Detlev Mares (2020) somando doze (12) artigos.
MATERIAL E MÉTODOS
EM SÍNTESE, AS FASES FORAM ORGANIZADAS EM 6 ETAPAS,
ILUSTRADAS NA FIGURA 1.
FONTE: ELABORADA POR PATRÍCIA VARGAS LOPES DE ARAÚJO E YURI TOMAZ DOS SANTOS (2022).
DELIMITAÇÃO DA PESQUISA,
de 1993 a 2022
TABELA I
RESULTADOS
TABELA II
DISCUSSÕES E REFLEXÕES SOBRE O CAMPO
01 02
Arborização, parques e espaços verdes - Ensino e relato de experiência - Corey
Fisher (2011); Guerrero-Farías (2012); (2010); Oliveira, Schimid (2014) -
Andrés; Ruíz (2012); Simonini (2015);
Pinto; Franco (2021) - Práticas de ensino-pesquisa realizadas
por professores e estudantes. A fim de
Demonstra como essas “infraestruturas contribuir para a formação em história
verdes” dialogam com as realidades das ambiental urbana. Sendo um bloco que
cidades e influenciam na relação se difere muito dos demais pela proposta
sociedade e natureza a partir de diversos voltada para o ensino.
aspectos, como, cultura; economia; lazer;
03
Estudos sobre diferentes cidades - Billon;
direitos civis; habitações; modelos Ganier; Barle (2012); Wells, C. W., (2014)
urbanos e de civilizações; entre outros.
Apresentando também grandes Estudos amplos entre revisões literárias de
discussões sobre a ideia de natureza. importantes autores sobre o campo de
estudo e também, sobre diferentes cidades.
As duas discussões buscam destacar o
papel das cidades entorno das discussões
urbanas ambientais.
DISCUSSÕES E REFLEXÕES SOBRE O CAMPO
04 05
Ética e justiça ambiental - Maureen, A, Paisagem - Kellog (2002); Karsskens
(2000); Noll (2015) - (2007); Stroud (2012) -
07
Produções sobre teorias e metodologias da História Ambiental Urbana - Este bloco é composto por dezesseis
(16) produções, sendo elas dos respectivos autores (as): Melosi (1993); Rosen, Tarr (1994); Platt (1999); Keys,
J, J (2000); Schott (2004); Brosnan (2004); Tarr (2005); Gandy, Haglund (2005); Potreis (2006); Massard-
Guilbaud (2007); Gugliotta (2009); Tarr (2010); Simonini, Ferreira (2012); Frioux (2012); Simonini, Ferreira
(2013); e Camargo (2016).
Destacam-se neste bloco os seguintes autores, Melosi (1993); Rosen, Tarr (1994); Schott (2004); Tarr (2005);
Massard-Guilbaud (2007); Tarr (2010) como estudos seminais sobre o campo da História Ambiental Urbana
apresentando subsídios teóricos, metodológicos e insights sobre possíveis pesquisas a partir de diferentes
objetos no que tange às preocupações sobre as cidades e o urbano. Perpassando por questões como
infraestrutura urbana, espaços verdes nas cidades, a relação entre sociedade e natureza, a natureza no
ambiente urbano, entre outras.
Sobre os estudos latino-americanos, neste bloco destacam-se, Camargo (2016) como teorizador da história
ambiental urbana e suas aplicações à realidade latino-americana, a partir de suas experiências ambientais
herdadas de contextos coloniais e imperialistas. Além de seu desenvolvimento urbano impactado pelas práticas
capitalistas. Simonini, Ferreira (2012-2015), destacam-se por serem autores brasileiros que aparecem em
diferentes temporalidades deste presente estudo, teorizando sobre o campo a partir de uma perspectiva
territorial e social brasileira, contribuindo para o engrandecimento e o desenvolvimento do campo de estudos
no Brasil.
DISCUSSÕES E REFLEXÕES SOBRE O CAMPO
Demonstra como as questões hídricas Este bloco buscou reunir todos os estudos que não
fazem parte da agenda de investigação contemplam e/ou não se agrupam aos demais
sobre a História Ambiental Urbana. blocos de discussão. Demonstrando grande
Muitas vezes, perpassando por questões diversidade de objetos/estudos, e também, o
como, de infraestrutura urbana, de acesso, entendimento da necessidade de ampliação sobre as
de desenvolvimento econômico e social; de seguintes temáticas:
aparelhos administrativos políticos identificação de alimentos/frutas como apropriação
estaduais e municipais, entre outras. As do espaço e de distribuição de recursos; História
questões hídricas, são discutidas por Ambiental de crianças, em contexto urbano;
muitos teóricos, como por exemplo, por História Ambiental Urbana das cidades medievais;
Schott (2004) como redes técnicas de os impactos da mineração em contexto urbano-
infraestrutura urbana, somando-se ambiental; e, as discussões dedicadas aos estudos de
também, às discussões sobre o saneamento favelas e a relação sociedade e natureza a partir da
urbano. perspectiva vivenciada em morros/favelas.
DISCUSSÕES E REFLEXÕES SOBRE O CAMPO
1) crítica à história ambiental de Worster por excluir explicitamente a consideração sobre o ambiente
urbano, ainda que declarasse que o desenvolvimento tecnológico e capitalista, eram preocupações centrais
para seu trabalho;
2) o cruzamento necessário entre os campos de estudos História Urbana e História Ambiental Urbana,
concluindo-se a riqueza e a vitalidade na intersecção de ambos, podendo ser verificado a partir dos
seguintes autores e livro: Keys (2000); Kellogg (2002); Schott (2004); Potrais (2006); Gugliotta (2009); Joel
Tarr (2010); Frioux (2012); Magnusson (2013); Moreira (2014); Carcerei (2017); e, Concepts of Urban-
Environmental History (2020);
3) a grande presença de discussão sobre paisagem nos trabalhos analisados, ainda que não apareça como
objeto específico de estudo.
DISCUSSÕES E REFLEXÕES SOBRE O CAMPO
Em análise, os trabalhos situados em contextos do norte global, apresentam vastas discussões de dimensões
teóricas, sendo uma característica preponderante deste eixo territorial como a grande maioria das
produções apresentadas no Bloco 7, por isso também, fez-se necessário destacar as produções latino-
americanas neste bloco.
Devida a amplitude do corpus selecionado e analisado, considera-se interessante a continuação da pesquisa para
melhor desenvolver segmentos específicos da História Ambiental Urbana, em suas diversas possibilidades de
objetos de investigação sobre o espaço urbano, sobre a cidade e sobre o meio ambiente. O campo tem como
contribuição a reflexão e a dedicação sobre diferentes aspectos da vida cotidiana urbana, abordando questões
materiais, sociais, sensíveis, técnica/tecnológicas, naturais, entre outras.
Esta pesquisa demonstra que o campo de estudo História Ambiental Urbana, tem afirmado sua existência
científica historiográfica. E também, tem revelado ainda, o quanto precisa-se avançar em direção à ampliação, à
produção e à divulgação do próprio campo para superar sua marginalização intelectual frente outras discussões
historiográficas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAMARGO, FRANK MOLANO. LA HISTORIA AMBIENTAL URBANA: CONTEXTO DE SURGIMENTO Y
CONTRIBUCIONES PARA EL ANÁLISIS HISTÓRICO DE LA CIUDAD. ACHSC, VOL. 43, N.º 1, ENE-JUN. 2016,
COLÔMBIA, PP. 375-402.
DUARTE, REGINA HORTA. HISTÓRIA & NATUREZA. BELO HORIZONTE: AUTÊNTICA, 2005.
GALVÃO, TAÍS FREIRE; PEREIRA, MAURÍCIO GOMES. REVISÕES SISTEMÁTICAS DA LITERATURA: PASSOS PARA
SUA ELABORAÇÃO. EPIDEMIOL.SERV. SAÚDE, BRASÍLIA, 23 (1): 183-184, JAN-MAR 2014.
GALVÃO, MARIA CRISTIANE BARBOSA; RICARTE, IVAN LUIZ MARQUES. REVISÃO SISTEMÁTICA DA
LITERATURA: CONCEITUAÇÃO, PRODUÇÃO E PUBLICAÇÃO. LOGEION: FILOSOFIA DA INFORMAÇÃO, RIO DE
JANEIRO, V. 6, N. 1, P. 57-73, SET. 2019/FEV.2020.
HOBSBAWM, ERIC. OS ANOS DOURADOS. IN: A ERA DOS EXTREMOS. O BREVE SÉCULO XX: 1914-1991. SÃO PAULO:
COMPANHIA DAS LETRAS, 1995. (P. 253-281)
MELOSI, MARTIN. THE PLACE OF THE CITY IN ENVIRONMENTAL HISTORY. ENVIRONMENTAL HISTORY REVIEW,
17/1 (1993), PP. 1-23
TARR, JOEL TARR; ROSEN, CHRISTINE. THE IMPORTANCE OF NA URBAN PERPSECTIVE IN ENVIRONMENTAL
HISTORY. JOURNAL OF URBAN HISTORY (1994), PP. 299-310.
WORSTER, DONALD. PARA FAZER HISTÓRIA AMBIENTAL. ESTUDOS HISTÓRICOS. 1991, VOL. 4, NO. 8, P. 198-215.
OBRIGADA!
E-mail nicolle.lima@ufv.br