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História ambiental: um olhar prospectivo

Paulo Henrique Martinez1

Resumo
Exame de abordagens metodológicas e de possibilidades de trabalho dos historiadores na
pesquisa e no ensino da história do meio ambiente, suas temáticas e potenciais objetos de
estudos. A atenção a livros e artigos auxilia neste balanço e na identificação de rumos fu-
turos para a História Ambiental no Brasil. Esta prática historiográfica tem mantido, entre
nós, salutar abertura ao diálogo com a historiografia estrangeira, com crescente valoriza-
ção da pesquisa na América Latina, e com as disciplinas das ciências sociais e naturais. O
intercâmbio incipiente sugere que as tarefas e os êxitos que esta abordagem encontrará
serão decorrência da interação entre pesquisadores, projetos conjuntos, circulação de pu-
blicações e fortalecimento institucional do conhecimento histórico neste início de século.
Palavras-chave: História Ambiental. Historiografia. Meio Ambiente. SOLCHA.

Abstract
Examination of methodological approaches and work possibilities for historians in the re-
search and teaching of history of environment, its themes and potential objects of studies.
The attention to books and articles helps on this balance and on the identification of future
routes for the Environmental History in Brazil. This historiographical practice has been
keeping, among us, a salutary opening for the dialogue with the foreign historiography,
with an increasing valorization of the research in Latin America and with social science
and natural subjects. The incipient Foreign Exchange Program suggests the tasks and the
success found by this approach will be result of the interaction between researchers, pro-
jects in group, circulation of publications and institution strengthening of the historical
knowledge in the beginning of the century.
Keywords: Environmental History. Historiography. Environment. SOLCHA

1
Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo. Professor Adjunto da Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho. martinezph@uol.com.br

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Na década de 1990 houve uma sé- lha de seu tempo. A História Ambiental é
rie de questionamentos, interrogações e mais do que a simples vontade e a inten-
exames de consciência sobre o trabalho ção de conhecimento dos historiadores.
dos historiadores e de como escrever a Ela consiste na busca de respostas diante
história após o término da Guerra Fria, de uma realidade histórica e concreta na
o impacto das transformações tecnoló- vida cotidiana no século XXI, precedida
gicas na vida social e a escala mundial e marcada pelas problemáticas do meio
dos intercâmbios comerciais e culturais. ambiente surgidas nos últimos cinqüenta
A busca de caminhos diante da chama- anos.
da crise dos paradigmas nas ciências A presente reunião de referências
sociais, em geral, e na historiografia, em sobre a abordagem da História Am-
particular, concentrou atenções e esfor- biental surgiu com o intuito de agregar
ços de reflexão teórica, sobre as práticas elementos para o seu desenvolvimento,
historiográficas, indagações sobre fontes aprimoramento e mais ampla realiza-
e acervos documentais, incorporação de ção entre os estudantes, professores e
recursos técnicos novos e interlocução jovens pesquisadores. Os métodos de
com as demais disciplinas científicas2. conhecimento e de explicação histórica
Foi neste contexto cultural de re- estão no foco destas observações, são
visão, de auto-exames, refutações e an- considerados aqui como um dos fatores
gústias intelectuais, que varreu a última recorrentes de inibição e de retenção no
década do século passado que a História potencial crítico desta prática historio-
Ambiental encontrou terreno para flo- gráfica. Estas notas se destinam também
rescer no Brasil. Este fato talvez ajude a a identificar fragilidades na abordagem
compreender o recorrente tatear intelec- e a sugerir caminhos para um esforço a
tual, político, arquivístico, pedagógico, cumprir, tendo como objetivo contribuir
presentes em textos e questionamentos para novos e futuros êxitos na História
de seus artífices nacionais. A História Ambiental.
Ambiental foi uma prática nova e des-
pontou em cenário de mudanças pro- Pensar condutas metodológicas
fundas na vida social e cultural. Seria ela
capaz de escapar a tantas incertezas e in- O estudo da história do meio am-
seguranças ? Toda história é, sempre, fi-
3
biente requer atenção ao trabalho já
realizado pela historiografia e esse pro-
2
No Brasil são emblemáticas as coletâneas publi- cedimento tem sido contemplado com
cadas de Peter Burke, A escrita da História, Ciro
Flamarion Cardoso e Ronaldo Vainfas, Domínios
da História, e Marcos César de Freitas, Historio- mas, fontes e linhas de pesquisa”; Marcos Lobato
grafia brasileira em perspectiva. As referências Martins, História e meio ambiente; Regina Hor-
completas estão na Bibliografia. ta Duarte, História & Natureza; Paulo Henrique
3
Ver, entre outros, Arthur Soffiati, “A ausência da Martinez, História Ambiental no Brasil. Recen-
natureza nos livros didáticos de história”; José temente José Augusto Pádua publicou “As bases
Augusto Drummond, “A História Ambiental: te- teóricas da História Ambiental”.

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relativa freqüência nos artigos, livros, te- vegação, fortificações, as rotas mercantis
ses e dissertações e mesmo em propostas e migratórias, manifestações artísticas
de atividades e material didático para o e culturais. Os aspectos geográficos po-
ensino de história. O desafio aqui resi- dem ser convocados para a compreensão
de em extrair as conseqüências que essa histórica também como a fonte e a base
cautela metodológica oferece e requer na da existência material de determinadas
aproximação com os temas dos estudos sociedades, antigas, diferentes – indíge-
históricos sobre o meio ambiente. Des- nas, migrantes, refugiadas, como foram
taco três dimensões recorrentes e que, os quilombos –, nacionais e civilizações.
vistas separadamente, podem colaborar Aqui ganham evidência o lugar dos solos
na elucidação da abordagem do meio para as atividades agro-pastoris, extrati-
ambiente pelo conhecimento histórico. vas e abastecimento de matérias-primas
São elas referentes aos objetos de inves- para a indústria, a diversidade biológi-
tigação dos historiadores, os problemas ca da fauna e da flora no suprimento de
historicamente definidos que despertam necessidades vitais, como alimentação,
os seus interesses de pesquisa e as abor- medicina, abrigo e vestuário, a confec-
dagens concebidas e escolhidas para ção de instrumentos domésticos, utensí-
atender aos fins do conhecimento e da lios, ferramentas de trabalho e defesa, o
explicação histórica. deslocamento e a circulação espacial de
Em primeiro lugar, é preciso su- pessoas, exércitos, o intercâmbio comer-
blinhar que o meio ambiente, enquanto cial e cultural, proporcionados pelos rios,
objeto de estudos, não é uma novidade mares e oceanos. Esta interação entre as
na historiografia e nas ciências sociais. sociedades humanas e os distintos ele-
Inúmeros aspectos da interface entre mentos da natureza não foram ignoradas
a vida social e o mundo natural foram pela historiografia e tornam-se objeto
examinados pelos analistas e intérpretes freqüente e de mais fácil visualização
do passado humano. As características quando estudados nos temas da Antigui-
do meio físico, como o clima, rios, oce- dade oriental, greco-romana, africana ou
anos, florestas, montanhas ou planícies, ameríndia, por exemplo.
comparecem com alguma freqüência em É certo que há uma continuidade
apreciações sobre a história das civiliza- com a historiografia das nações e mes-
ções e das nações do mundo. mo com o ensino, quando lembramos a
Um exemplo é o papel comumente convivência entre História e Geografia
atribuído à geografia. Esta pode ser en- nos cursos universitários, até meados do
contrada como uma espécie de cenário século XX, e, posteriormente, nos deno-
natural, no qual as distintas histórias minados Estudos Sociais, sob a ditadura
nacionais assumem suas feições próprias militar (1964-1985), no Brasil, represen-
na economia, guerras, demografia, fron- tada pela atenção aos aspectos biofísicos
teiras políticas, urbanização, portos e na- na vida social. Não caberia contemplar o

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grau de complexidade e os recursos me- As questões do meio ambiente to-
todológicos nestas abordagens. O fato é madas como problema no conhecimento
que existe, inegavelmente, uma ances- histórico foram contempladas em dife-
tralidade nesta percepção da sociedade rentes correntes na historiografia inter-
e da natureza, da história e da geografia, nacional e brasileira. Na vertente histo-
seja na historiografia, seja no ensino es- riográfica francesa da revista Annales, a
colar de História. presença da história e da paisagem rural,
Os diálogos interdisciplinares nu- desde a década de 1920, impôs a pesqui-
tridos pela historiografia em sua traje- sa e a reflexão sobre as relações sociais
tória, particularmente ao longo do sé- e as condições de existência humana de
culo XX também alcançaram os temas forma estreitamente vinculadas aos es-
ambientais. O estudo de manifestações tudos da geografia, fomentando o surgi-
das sensibilidades humanas para com mento de um ponto de convergência de
a natureza, em geral, e a paisagem, em interesses dessas disciplinas na geografia
particular, também oferecem exemplos histórica e na geohistória. As disputas
inspiradores, como são os livros de Keith pela apropriação de recursos naturais, a
Thomas e Simon Schama, ambos bastan- terra, sobretudo, encontraram na Histó-
te lembrados em trabalhos no Brasil . A 4
ria Social marxista britânica espíritos ori-
historiografia brasileira conta com obras ginais, eruditos e de refinamento crítico
semelhantes e podemos recordar aquelas incontestável nos livros de Christopher
de Claudia Heynemann e de Paulo de As- Hill, E. P. Thompson, Eric J. Hobsbawm.
sunção, entre outros . 5
A historiografia brasileira dedicou esfor-
É sempre oportuno também atentar ços analíticos e interpretativos também
para a existência de especificidades dos com o fito de melhor compreender a con-
objetos de estudos pela historiografia e quista, a ocupação territorial e a explo-
que estas marcam presença no Ensino ração de recursos naturais dos trópicos
Fundamental. O estudo do meio ambien- nos tempos coloniais, sob o Império e a
te é apenas mais um desses casos. Este República e, já há alguns anos, também
esclarecimento cumpre papel relevante, pelas populações nativas. Não há neces-
ao contribuir para dissipar desconfian- sidade de prorrogar as observações nesta
ças, inseguranças e incertezas, tanto por direção, basta estarmos cientes e atentos
parte de educadores, quanto dos alunos e aos seus significados.
novos pesquisadores. Recordo estas correntes historio-
gráficas, primeiro, por estarem ampla-
4
O homem e o mundo natural e Paisagem e Me-
mente difundidas entre o público leitor
mória. Publicado recentemente, Natureza e cul- e as atividades e materiais de ensino e
tura no Brasil (1870-1930), de Luciana Murari, é
leitura de interesse convergente. aprendizagem de história em muitas
5
Floresta da Tijuca: natureza e civilização no Rio escolas e universidades brasileiras. Em
de Janeiro - século XIX, e A terra dos Brasis: a
natureza da América. segundo lugar, para propor que, em se

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tratando da História Ambiental, seria latino-americana, a historiografia brasilei-
igualmente produtivo se os nossos his- ra também apresenta um volume expres-
toriadores conferissem maior atenção à sivo de artigos e livros publicados sobre a
historiografia latino-americana sobre o História Ambiental do Brasil, para além
meio ambiente, mais difundida na última das obras clássicas do nosso pensamento
década. As práticas historiográficas na histórico-sociológico, os sempre referidos
América Latina não possuem identidade Caio Prado Júnior, Gilberto Freyre e Ser-
única que as singularizem, perpassadas gio Buarque de Holanda, entre outros, e
como estão pelas histórias nacionais, da fecundação da nossa História Ambien-
movimentos intelectuais particulares e tal pelos estudos de Warren Dean sobre a
os intercâmbios teóricos e metodológi- borracha na Amazônia e a Mata Atlântica8.
cos múltiplos. A sua especificidade re- Nos quinze últimos anos, pesqui-
side, antes, nos problemas ambientais sadores nacionais e estrangeiros pu-
próprios do continente americano, fruto blicaram inúmeros trabalhos sobre as
de sua trajetória histórica, responsável questões do meio ambiente. As formas
por outros objetos de estudos e pesqui- desta vasta produção abrangem arti-
sa, respostas e abordagens originais e gos, entrevistas, dossiês e resenhas em
as possibilidades comparativas que se revistas, passando pelos textos de na-
abrem diante de fenômenos mundiais tureza estritamente acadêmica, como
como a ocupação humana, a monocultu- monografias, teses, dissertações, obras
ra, urbanização ou rumos e padrões do coletivas e livros. Podemos contar com
desenvolvimento econômico . 6
essa produção historiográfica ou, pelo
A professora Stefania Gallini consta- menos, com parte expressiva dela,
tou que os estudos de história do meio am- disponível em formato eletrônico ou
biente na América Latina tem se caracte- impressa. Esta historiografia emergiu
rizado por uma dinâmica própria aos seus em tempo recente em diferentes uni-
interesses e necessidades, desenvolvendo versidades e programas de pós-gradu-
pesquisas sobre os diferentes territórios no ação nos vários estados, notadamente
continente (coloniais, indígenas, agrícolas, no Ceará, Mato Grosso, Minas Gerais,
culturais), a produção de matérias-primas Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Santa
e a reflexão sobre a própria História Am- Catarina e São Paulo. Os problemas
biental, seus desafios epistemológicos, ambientais e sociais no Brasil são fa-
conceituação, metodologias, fontes e temas cilmente identificáveis e encontram-se
das análises . Quando vista na perspectiva
7
bem mapeados, não apenas pela histo-

6
Ver, por exemplo, Reinaldo Funes Monzote (Ed.), 8
A luta pela borracha no Brasil e A ferro e fogo.
Naturaleza en declive: miradas a la historia am- São inspiradores os livros de Victor Leonardi, Os
biental de América Latina y el Caribe. historiadores e os rios, e a coletânea de Rogério
7
“História, ambiente, política: el camino de la his- Ribeiro de Oliveira, As marcas do homem na flo-
toria ambiental en América Latina”. resta.

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riografia e as ciências sociais, mas tam- Esta a principal razão pela qual desen-
bém pelas ações e movimentos da so- volvo esta apreciação sobre a História
ciedade civil, ONGs, universidades, de Ambiental, destacando a presença da
estudiosos e cientistas, e pelas políticas fragilidade metodológica na aborda-
públicas nas distintas esferas governa- gem dos conteúdos para as novas e ne-
mentais (federal, estadual, municipal). cessárias pesquisas e o ensino de His-
Se, por um lado, a maioria dos temas tória. Não há como desconsiderar essas
da agenda ambiental latino-americana realizações empíricas, comparativas,
e brasileira ainda está aguardando o teóricas, metodológicas e o aparato crí-
aprofundamento de seu conhecimento tico no estudo das fontes e documen-
pela investigação histórica, por outro, tação, empreendido nas abordagens da
muitas pesquisas já foram realizadas e História Ambiental. Não será possível
algumas estão publicadas. Não há ra- construir objetos e problemáticas de
zão para ignorá-las. investigação e, logo, de ensino, sem in-
Um terceiro elemento a ser consi- corporar as formulações e as práticas
derado na discussão sobre o meio am- desta abordagem no conhecimento his-
biente reside na sua abordagem pelos tórico. As perspectivas críticas da his-
historiadores. Desde, pelo menos, a toriografia que não encontra nas ques-
década de 1970, fala-se em uma prá- tões do meio ambiente o seu núcleo de
tica historiográfica distinta, a de uma interesse, pesquisa e de reflexão, abor-
História Ecológica ou Ambiental. Nas- dando-o lateral e indiretamente – An-
cida com passaporte norte-americano, nales, História Social marxista inglesa,
a chamada História Ambiental adqui- pensamento histórico-sociológico bra-
riu outras nacionalidades e ganhou sileiro –, dado a sua pujança metodoló-
expressão na historiografia européia, gica possibilitam abordagens das ques-
latino-americana e brasileira. Aos his- tões ambientais. Não adquirem, porém,
toriadores estão abertos múltiplos ca- uma densidade epistemológica nova
minhos metodológicos pelas distintas ou inovadora que requer esta aborda-
correntes da historiografia, nacional e gem no conhecimento do passado, pois
estrangeira, no exame das relações en- se encontram umbilicalmente atadas
tre sociedade e natureza e suas múlti- a metas específicas de investigação,
plas interações. como a história econômica e cultural, a
A abordagem da história do meio micro-análise, a história das sensibili-
ambiente deverá transcender os para- dades ou a das ciências, entre outras.
digmas da historiografia anteriores, A defasagem historiográfica apon-
exteriores e alheios às especificidades tada conduz, inevitavelmente, a uma de-
dos debates da História Ambiental e fasagem social na percepção da história
de reforma social, inspirados pela cri- do Tempo Presente. No Brasil, a questão
se ecológica aberta na década de 1970. ambiental despontou com força na déca-

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da de 1990 e não cessou de ampliar seu Buscar possibilidades de crítica
espaço na mídia, no debate político, na social
universidade, na pesquisa científica, nas
manifestações culturais e, como não po- São mencionadas, aqui, observa-
deria deixar de ser, também no ensino ções pontuais com a finalidade de indicar
escolar. Os dois primeiros capítulos do e exemplificar possibilidades de trabalho
livro Introdução ao estudo da história a partir da história do meio ambiente.
geral, de Josep Fontana, por exemplo, Não há, em momento algum, a ambição
são denunciadores da busca de refe- de prover aos interessados um quadro
rências iniciais e de aprimoramento da completo e definitivo. Trata-se apenas
abordagem do meio ambiente também de sugerir algumas frentes de trabalho
na Europa. com potencial analítico disponível e de
A agenda do debate ambiental fácil acesso às perspectivas de interpre-
caminhou rápida na primeira década tação pela historiografia. Elas apontam
do século XXI. Ela transbordou, ge- antes para o futuro, mais do que para o
rando, pelo alargamento que operou, passado.
insuficiências nas propostas de ensino O geógrafo Carlos Walter Porto-
e aprendizagem do tema transversal -Gonçalves, por exemplo, considerou
sobre o meio ambiente, tal como esta- que, em futuro próximo da vida nacional
belecido nos Parâmetros Curriculares brasileira, água, biodiversidade e ener-
Nacionais, em 1997. Idéias, conceitos gia, serão temas incontornáveis e desa-
e processos sociais foram definidos e fiadores nas ciências sociais9. O que nos
redimensionados, como sugerem as coloca em sintonia com a agenda mun-
recentes preocupações com a sustenta- dial de questões ambientais neste sécu-
bilidade, biodiversidade, acesso à água, lo. A tarefa dos historiadores do meio
patrimônio e diversidade cultural, oce- ambiente no Brasil sairá engrandecida,
anos, aquecimento global, populações dado a condição de país megadiverso
indígenas e o desenvolvimento sus- que desfruta: extensão territorial e do
tentável. As memórias do economista litoral; amplidão, variedade e contraste
Ignacy Sachs, obra lançada, no Brasil, dos ecossistemas, diversidade cultural e
em 2009, fornecem o testemunho deste regional. A produção de biocombustíveis
percurso e podem auxiliar na identifi- e a exploração das jazidas petrolíferas
cação das trilhas nas quais esse deba- marinhas recentemente anunciadas, o
te caminhou na esfera internacional. nosso “pré-sal”, despontam como as no-
A História Ambiental poderá sair en- vas miragens econômicas.
grandecida com a atenção aos diversos Os biocombustíveis prenunciam o
aspectos que a questão ambiental assu- desmatamento maior e em novas áreas.
miu e proporcionou ao debate político
e cultural ao longo desses últimos anos. 9
O desafio ambiental.

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As perspectivas de reforma do Código ambientes naturais são transformados
Florestal brasileiro, em 2011, parecem e também transformam os homens e as
encarregadas de dar-lhe o conteúdo nos sociedades, suas culturas e necessidades
termos da lei. A intensificação do consu- materiais e abstratas, gerando traços de
mo de água e as perdas na biodiversida- civilização peculiares no tempo e no es-
de são inerentes à expansão das mono- paço. São expressivos, no caso brasileiro,
culturas. Seguramente elas não deixarão a pesca artesanal, as atividades extrati-
de acompanhar esse cortejo. No mar, a vistas, as populações indígenas, os mo-
extração de petróleo em águas profun- vimentos ambientalistas nas cidades e
das oferece riscos que já podem ser es- regiões metropolitanas11.
timados, diante do ocorrido no golfo do Amazônia: A expansão da fron-
México, em 2010, com o ininterrupto teira agrícola, das atividades mercantis
vazamento nos poços da empresa British e industriais na região norte do Brasil,
Petroleum e suas conseqüências para o lembra-nos que estamos diante de um
meio ambiente e a economia local, so- processo aberto de ocupação territorial,
bretudo a pesca e o turismo. Em terras de organização da produção econômica,
continentais, o estudo de Marc Gravaldà de ordenamento das relações sociais e da
nos oferece amplo panorama dos custos cidadania no Brasil. A Amazônia envol-
sociais e ambientais gerados com a ati- ve todos os grandes desafios ambientais
vidade das grandes companhias petrolí- deste século: diversidade cultural e eco-
feras10. lógica, educação ambiental, práticas e
Em âmbito mais restrito, mas não valores de sustentabilidade, recursos hí-
menos relevante e necessário, estão al- dricos, fontes de energia e alimentação,
guns objetos e abordagens de pesquisa populações tradicionais e justiça social.
que os historiadores do meio ambiente A historiografia sobre a região amazônica
poderão conhecer com maior argúcia e é pouco conhecida pela ausência de estu-
amplitude. Alguns destes foram suma- dos deste tipo, das dimensões territo-
riados a seguir, comparecendo como riais, da complexidade social e da imensa
sugestões e estímulo a futuros trabalhos proliferação de pesquisas realizadas por
investigativos e de ensino escolar e uni- estrangeiros e nos demais países amazô-
versitário. nicos12. A integração acadêmica dos his-
Ação antrópica: O exame dos toriadores do meio ambiente é, inegavel-
significados das alterações e dos impac-
tos ambientais derivados da intervenção 11
A obra de Gilberto Freyre, Nordeste, publicada
em 1937, pode servir como inspiração inicial. Ana
humana, a começar pela sua própria his-
Carolina da Silva Borges estudou o Pantanal nor-
toricidade, permite conhecer padrões de te-matogrossense, em Nas margens da história, e
Maria Antònia Martí Escanyol realizou abrangen-
conduta e manejo do mundo natural. Os te pesquisa sobre a Catalunha, La construcció del
concepte de natura a l’edat moderna.
12
Anotei algumas questões no artigo “Gente pobre,
10
La recolonización: Repsol en América Latina. gente rica nas florestas da Amazônia”.

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mente, uma das principais necessidades templados em documentos de plane-
quando se trata da maior bacia hidrográ- jamento, políticas públicas e de ação
fica sul-americana. Trata-se de superar o ambiental, desde os protocolos interna-
isolamento de investigadores e buscar a cionais sobre clima, florestas e biodiver-
articulação em projetos coletivos, inter- sidade e Agenda 21, até as Leis Orgânicas
disciplinares e multinacionais, encontros dos municípios, programas de educação
periódicos, publicação de revistas e cole- ambiental, destino do lixo, água, parques
tâneas, intercâmbios em programas de e áreas verdes, por exemplo. Aqueles do-
pós-graduação e cursos de especialização cumentos internacionais foram estabe-
e mesmo na Graduação. A organização lecidos em 1992, na conferencia das Na-
e as reuniões da SOLCHA – Sociedade ções Unidas, ocorrida no Rio de Janeiro.
Latino-America e Caribenha de História As suas propostas e diretrizes foram des-
Ambiental – tem sido um vetor desen- dobradas em versões latino-americanas,
volvimento desta prática historiográfica, européias, asiáticas, e africanas, além da
abrindo espaços para múltiplas possibili- Agenda 21 brasileira e as Agendas 21 lo-
dades de trabalho e de intercâmbios. cais e regionais, o Estatuo da Cidade e os
Ecossistemas e biomas: O es- planos diretores das cidades. A História
tudo da presença humana nos diferen- Ambiental urbana constitui uma frente
tes ecossistemas e biomas brasileiros é de trabalho rica em objetos de estudos
outra oportunidade de aproximação do e aberta a muitas experimentações (tra-
conhecimento histórico com o meio am- balho de campo, história oral, cultura
biente. Podem ser facilmente abordados material). As possibilidades de diálogos
diante dos sentidos que tiveram na vida com as comunidades locais e grupos so-
econômica, no imaginário das religiões e ciais são diversas e enriquecedoras da análi-
das artes, na interação social, como a ur- se histórica14.
banização e a cultura material. Eles for- História da colonização: A
necem também canais de comunicação unificação biológica do mundo pelas
e de diálogos com as outras disciplinas epidemias e a transferência de plantas
– ciências naturais, geografia, literatura, e animais, os impactos ambientais colo-
antropologia – subsidiando a reflexão e niais, as relações sociais associadas aos
os conteúdos no ensino13. produtos tropicais e a mineração, como
Escala local: Os problemas am- a escravidão, o genocídio, a discrimina-
bientais locais são abundantes e propí- ção e a violência, foram estudadas pela
cios para a iniciação no estudo da Histó- historiografia. A experiência humana da
ria Ambiental. As atividades de pesquisa colonização de diferentes espaços e am-
e de ensino podem partir de itens con- bientes ao redor do mundo ainda guarda

13
Ver, por exemplo, Antonio Carlos Robert Moraes, 14
Ver Janes Jorge, Tietê, o rio que a cidade perdeu,
Meio Ambiente & Ciências Humanas, e Emílio F. e Ilaria Zilli, La natura e la città: per una storia
Moran, Meio ambiente & florestas. ambientale di Napoli fra ’800 e ’900.

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muitas possibilidades de trabalho, so- sódios emblemáticos, como o da baía de
bretudo, quanto à história das ciências, Minamata, no Japão, com a intoxicação
das práticas e políticas de conservação, mortal entre pescadores e consumidores
das formas de pensamento e de relacio- do peixe local, e os riscos contidos no uso
namento com o mundo natural no mun- dos pesticidas, principalmente o DDT,
do colonial, notadamente no continente examinados no livro da bióloga norte-
americano e o Brasil15. -americana Rachel Carson, Primavera
Iconografia: Este é, sem dúvida silenciosa. As questões relativas à quali-
alguma, um dos trunfos da História Am- dade de vida, sobretudo as condições de
biental, dado a magnitude dos recursos salubridade na alimentação e moradia,
imagéticos como fotografias, mapas, fundamentais para a sobrevivência indi-
gráficos e tabelas, filmes, ilustrações e vidual e familiar, foram alvo de atenções
desenhos de plantas, animais, paisagens, na Conferencia de Estocolmo, promovi-
objetos. O trabalho analítico das imagens da pela ONU, em 1972. A constatação da
permite ir além da simples descrição, dá maior incidência de alguns tipos de cân-
mais força e clareza aos exercícios de cer e da catarata, entre as populações, em
problematização nos estudos do passado várias partes do globo, remete ao impac-
e permite maior aprofundamento crítico to das alterações na camada de ozônio
na análise dos registros e documentação que envolve o nosso planeta. Igualmente
histórica. São inúmeras as possibilidades nesta direção há trabalho para a história
de pesquisa nesta direção, seja tomando do meio ambiente. No ensino escolar, a
a imagem como fonte, seja como objeto proposição dos temas transversais so-
a sua produção, veiculação, recepção e bre Meio Ambiente e Saúde pelos Parâ-
alcance social. metros Curriculares Nacionais padecem
Meio ambiente e saúde: A con- a falta de estudos, pesquisa, divulgação
taminação dos ambientes terrestres, erudita e de material didático para a
aquáticos, atmosféricos, dos alimentos formação de professores e as atividades
e do próprio corpo humano, está na ori- dentro e fora das salas de aula.
gem das preocupações internacionais Unidades de Conservação: O
sobre o meio ambiente. As ameaças da campo de atuação dos historiadores adqui-
poluição à saúde humana foram alarde- riu novas dimensões com a prescrição de
adas após a II Guerra Mundial em epi- políticas e planos de manejo para as dis-
tintas modalidades de unidades de conser-
15
São sugestivos: Nicolau Sevcenko, “O front bra- vação no Brasil, como parques e florestas
sileiro na guerra verde: vegetais, colonialismo e
cultura”, José Augusto Pádua, Um sopro de des-
nacionais, reservas extrativistas e biológi-
truição, e Maria Elice B. Prestes, A investigação cas, entre outras. A avaliação e a redefini-
da natureza no Brasil colônia. Reinaldo Funes
Monzote estudou a cana-de-açúcar, em Cuba: De ção constante sobre a presença humana,
los bosques a los cañaverales. No mundo britâni- os usos sociais possíveis e a capacidade
co é instrutivo o livro Environment and empire,
de William Beinart e Lotte Hughes. econômica mobilizam diferentes conheci-

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mentos e demandam distintas abordagens Estimular, agregar e incorporar jo-
disciplinares. A visitação regular, o ecotu- vens pesquisadores, difundir a reforma
rismo, a educação ambiental, a pesquisa social na relação com a natureza e os de-
científica e a conservação, impõem o pla- bates sobre a sustentabilidade, promover
nejamento, a fixação de metas e diretrizes, a maior democratização da riqueza, do
ações de gestão e de infra-estrutura para a poder político e da cultura, são algumas
instalação de alojamentos, acomodações tarefas que a História Ambiental pode
para visitantes, funcionamento de labo- oferecer aos historiadores e aos brasilei-
ratórios, auditórios e museus. O conheci- ros. Este trabalho está apenas começan-
mento histórico tem se revelado um aliado do, razão suficiente para, com as devidos
freqüente na criação e na gestão de unida- pausas de ponderação e orientação, se-
des de conservação 16
. guir adiante.
As dificuldades que as abordagens
da História Ambiental podem enfrentar Referências bibliográficas:
são aquelas decorrentes de suas próprias
forças, trunfos e especificidades: uma ASSUNÇÃO, Paulo de. A terra dos Bra-
inescapável valorização das perspectivas sis: a natureza da América. São Paulo:
humanísticas no estudo da história, uni- Annablume, 2001.
versal e socialmente comprometida. Esta
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